A caminho de casa escrita por Liah


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Considerem a história original até o segundo livro quando Bella encontra a clareira. Eu alterei apenas algumas coisinhas na história do segundo livro, que vou resumir aqui no prólogo. Espero que gostem ;)



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Bella

Eu sinto que estou quase chegando. Finalmente! Pareceu uma tarefa impossível quando, há uma hora, pensei que estivesse completamente perdida. A dor nos meus pés é quase insuportável e tem tantos arranhões no meu corpo que sequer posso contá-los. Mas agora, vendo a luz logo ali na frente, tenho certeza que valeu a pena. Eu vim me despedir, e é isso o que tenho feito o caminho todo. Esse caminho que percorri entre o verde, a lama, o cheiro da chuva e lágrimas. É triste pensar que provavelmente nunca mais verei esse lugar e tudo o que agora é tão familiar pra mim, mas eu sabia, desde a morte de Charlie, que uma hora isso aconteceria. Os motivos que me prendiam aqui antes me parecem tão pequenos agora. O que é um coração partido pra quem perdeu tudo?

Há meses minha mãe vem insistindo para que eu volte para Phoenix, mas eu estava tão triste depois do acidente de caça que levou meu pai e, bem, para ser honesta, uma parte de mim não quer deixar o lugar em que vivi meu conto de fadas, em que acreditei em felizes para sempre. O lugar em que fui verdadeiramente feliz, em que achei que finalmente pertencia. Forks não é mais nada disso pra mim agora.

Os meus amigos na escola quase não falam mais comigo, a culpa é minha claro. Primeiro estava tão perdida dentro da minha concha que simplesmente parei de falar com qualquer um deles. Depois estava tão focada em manter meu passado vivo que nem percebi o quanto estava sendo egoísta. Agora aguento as consequências. Todos os dias ouço as farpas de Jéssica e Lauren. Jéssica, que foi minha primeira amiga, e que, apesar de me irritar as vezes, também me divertia e me deixava mais próxima da minha adolescência com a sua futilidade. Eu realmente espero que um dia ela me perdoe. Eu já a perdoei. Mas, sinceramente, isso não me importaria se não fossem os olhares de Angela, Ben e Mike. É como se eles estivessem esperando uma explosão, como se a qualquer momento eu fosse surtar ou me acabar de chorar e desmoronar na frente deles. Angela fica sempre ali, tentando ser uma boa amiga, e Ben acaba no meio de nós duas. Mike, que antes parecia um cachorrinho atrás de mim, agora só falta sair correndo quando eu chego e só fala comigo de uma distância segura. E a escola é o menor dos meus problemas.

O verdadeiro problema é a casa vazia. A minha e aquela de vidro no meio da floresta. São os e-mails não respondidos da Alice, são as legendas sem foto no álbum. É retirar os produtos da geladeira e depois voltar metade pra lá porque só terei minha própria companhia no jantar. Os jantares silenciosos com Charlie eram confortáveis. Os jantares silenciosos com a ausência de Charlie são opressores. Nunca pensei que sentiria tanta falta dos seus resmungos, das tentativas de conversa sobre o meu dia, do som do canal de esportes na TV. Então eu tiro a comida da geladeira, eu volto a metade pra lá, eu cozinho, eu como, eu ligo a TV. Eu choro. As frases de ação que guiam a minha vida para que eu não morra. Mas aprendi a duras penas que não há diferença entre viver automaticamente e morrer um pouquinho a cada dia.

Depois há Jacob. Como eu posso cobrar mais dele? Ele que me tirou da depressão uma vez, que tentou tantas vezes subir aqui comigo. O meu melhor amigo, que me conhece melhor até que eu mesma. Que, não tenho orgulho em admitir, eu usei pra manter viva a lembrança de quem me deixou. Não, chega disso, Jacob precisa viver, e viver por ele mesmo, não em função de mim. E eu preciso viver também, verdadeiramente, não em função de lembrar ou de esquecer.

É por isso que estou indo embora. Mas antes eu precisava fazer esse percurso. E, enquanto o faço, vou revivendo o percurso da minha vida. Eu amei, eu sonhei e fui feliz. Eu também perdi e também sofri. Eu me enterrei em um buraco dentro de mim mesma e, de alguma forma, eu saí. Eu descobri amigos, amigos que me mostraram outra forma de amar. Eu conheci e perdi meu pai e tive a chance de ver que ele vive em mim, porque somos tão parecidos. E agora é hora de partir. De deixar esse lugar que abriga tanta magia no local a que pertencem, minhas lembranças. As boas e as ruins. Porque as ruins me fizeram crescer. E espero mesmo que um dia, quando finalmente puder sorrir saudosa de tudo isso, sinta novamente que estou em meu lar, mesmo que este seja a milhas de distância de Forks.

Eu seco a última lágrima e finalmente entro na clareira que um dia parecera encantada.


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