Dramione - Start a Fire escrita por Anne Bridgerton


Capítulo 10
Be careful, my love!


Notas iniciais do capítulo

HORA DA TRETA!



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Ok, Hogsmeade estava, definitivamente, um inferno de tão frio. Isso fez sentido?

Enfim, eu lutava para não bater os dentes enquanto empurrava a porta para entrar no Três Vassouras. Quase chorei quando senti o familiar vapor do bar, tanto que fiquei parada por alguns segundos em frente a porta, absorvendo aquele calorzinho gostoso antes de ir me sentar.

Rondei as mesas e encontrei Rony sentado junto com Neville em um canto. Acenei para eles, que me viram e fizeram sinal com a mão para que me juntasse a eles. Sorri e fui até lá, parando antes no balcão para pedir minha cerveja amanteigada á Madame Rosmerta.

Ao chegar a mesa, puxei uma cadeira para mim entre os meninos, de maneira que fiquei de costas para a porta.

– Hermione, você está realmente precisando dessa cerveja. Seus lábios estão roxos! – Neville disse com um sorriso. Ri, divertida.

– Jura? Por que será, né? – esfreguei as mãos e dei um grande gole na minha bebida.

Quando abaixei o copo, os dois garotos me olharam, prendendo o riso. Joguei a cabeça para o lado, curiosa, até que raciocinei.

Revirei os olhos.

– Estou com bigode, não estou?

– O que você acha? – Rony respondeu, apoiando o queixo nas mãos. Me estiquei para dar um tapa em sua cabeça, arrancando risos de Neville. Limpei o bigode com a manga da jaqueta, enquanto os outros entravam em uma conversa sobre quadribol.

– Ei, qual será o próximo jogo? – Neville perguntou, bebendo sua cerveja.

– Sonserina contra Grifinória. Há, vou adorar massacrá-los e depois rir da cara do Malfoy. Quero ver ele vencer agora que o Harry está mais focado no jogo. – debochou. – Taí Mione, caso ele te encha o saco de novo, é só jogar na cara dele o péssimo jogador que é. – levantou seu copo para mim, como que brindando. Dei uma risada e também levantei meu copo.

– Ei, falando nisso, onde está o Harry? – olhei ao redor, sem sinal do familiar par de óculos fundo de garrafa.

– Hã... Eu acho que... – Rony começou.

– Ah, ali ele! – interrompeu Neville, apontando para trás de mim.

Me virei e vi Harry entrar no bar, trazendo uma rajada de vento frio consigo. Assim como eu, sondou todo o lugar até que pôs os olhos em nós, vindo a passos rápidos quase que na mesma hora em que nos achou. Parou ao meu lado.

– Que frio, não?

Ron, sentado de frente para ele, parecia surpreso.

– Harry, você não tinha dito que ia ficar no castelo pra resolver uma coisa sua? - perguntou, juntando as sobrancelhas.

Harry se virou para ele, confuso, mas apenas por um milésimo de segundo que acho que só eu percebi, logo voltando a sorrir.

– Ah, eu estava lá, mas tive que vir aqui para falar com Madame Rosmerta. – apontou para o balcão. Foi a minha vez de ficar confusa – e permanecer com cara de confusa. – Pode vir comigo, Mione? – se virou para mim, que continuava olhando para ele como se fosse o Snape dançando a Macarena. Ele franziu o cenho para mim. – Algum problema?

Acordei, balançando a cabeça.

– Não, Harry, não. Hã, claro, vamos lá. – levantei, meio desnorteada, deixando minha cerveja na mesa. Neville também parecia perdido, mas permaneceu calado.

Fui com Harry até o balcão, onde ele se apoiou e chamou Madame Rosmerta. Me sentei em uma das banquetas, mas Harry apenas pediu uma cerveja amanteigada.

– Na verdade, Mione, eu queria era falar com você mesmo. – coçou a cabeça, parecendo embaraçado. Há, sabia que tinha algo errado. Aquele “preciso falar com Rosmerta” me cheirava a desculpa. – Você ouviu que Rony disse que eu estava no castelo resolvendo algo, não é? – confirmei com a cabeça. – Então, era verdade, mas eu preciso da sua ajuda. – encolheu os ombros. Ok, o que eu estava perdendo?

– Claro, eu te ajudo. Do que precisa? – levantei, procurando sua mão no balcão.

– Não, eu não posso falar aqui, confie em mim. Tem que ser em algum lugar em que não vamos correr o risco de sermos ouvidos. – se aproximou, diminuindo a voz. – Será que você pode me encontrar na Casa dos Gritos, daqui a uma hora?

Titubeei um pouco.

Na boa? Aquela casa ainda me dava arrepios – de raiva – pelo que havia acontecido no terceiro ano. Mas se Harry já havia superado, quem era eu pra fazer a difícil, não é?

– Posso, não tem problema. – apertei sua mão. – Mas Harry, está tudo bem? É algum problema sério? – ele começou a balançar a cabeça, negando.

– Aqui não. Lá eu te explico, mas não posso correr o risco de dizer mais nada aqui. Não se esqueça, uma hora. – apertou meus dedos, indo embora logo em seguida, esquecendo-se da cerveja que havia pedido, a qual Madame Rosmerta largou em cima da mesa, e que por lá ficou.

Seria possível que Harry estava com problemas sérios? Mas estava tudo bem até a alguns dias atrás, ele estava até tramando pegadinhas com Gina para enlouquecer Gilderoy! E se algo grave tivesse acontecido, Rony seria o primeiro a chegar desesperado no meu ouvido pra me pedir que fizesse alguma coisa.

A curiosidade e a preocupação estavam me corroendo, e eu ainda teria que esperar mais uma hora! Bufei, revoltada. Ele chega, me deixa nesse suspense e ainda estipula prazo pra minha tortura!

Voltei pra mesa, dando respostas evasivas para Ron e Neville, que também haviam notado uma coisa estranha. Ah, que legal. Quando eles não têm que notar nada, viram praticamente o Sherlock Holmes do mundo bruxo. Muito legal isso.

Estava tão concentrada no dilema de Harry – que ainda não sabia qual era -, que não notei um garoto loiro e pálido, sentado no outro extremo do bar, que havia observado tudo, preocupado.

Ele também sabia: algo estava errado.

____________________________________________________________________________

Uma hora havia se passado e eu não tinha mais uma única unha no dedo pra roer. Havia pegado uma carruagem de volta a Hogwarts e, depois de me virar em duas para apertar o botão na raiz do Salgueiro Lutador, estava agora me esgueirando pelo túnel da árvore para sair na Casa dos Gritos. Quanto mais me aproximava, mais nervosa ficava.

Tudo bem, eu admito: não tinha apenas recordações raivosas daquele lugar; ele me dava alguns arrepios de medo também.

Estava quase no buraco do chão, o silêncio ensurdecedor ao meu redor. Emergi no primeiro andar da casa, dando um giro de 360º: nenhum sinal de Harry. Dei um impulso e me levantei, dando leves tapas na calça para tirar a poeira e algumas teias que haviam agarrado.

Comecei a andar, engolindo um bolo que estava em minha garganta. Não me sentia nem um pouco á vontade para chamar por Harry, estava muito bem calada, obrigada.

Dei alguns passos lentos, ouvindo o chão ranger a medida que virava o pé para poder avançar.

Como nada acontecia, me permiti relaxar, inspirando e expirando. Que bobagem a minha, era apenas uma casa. E além do mais, caso alguma criatura aparecesse, eu era uma bruxa. Era um detalhe importante a ser lembrado. Só tinha que achar Harry.

Já estava razoavelmente calma, quase me convencendo de que nada aconteceria...

Quando aconteceu.

Senti aquele familiar frio na espinha, o desespero começando a invadir todos os meus poros. Senti todos os músculos do meu corpo congelarem e minha vontade de viver escorrer lentamentepelos meus dedos. Senti minha felicidade se esvaindo, sendo substituída pelo vazio.

Lutando contra aquilo, olhei para frente e vi uma fina camada de gelo se formar pelas paredes. Já sabia o que estava ali, não havia como não saber. A sensação era inesquecível, bem como o som de respiração rouca que ouvia atrás de mim, aumentando vagarosamente.

Me virei e lá estava ele; entrando por uma porta na outra parede, um dementador de porte relativamente pequeno se aproximava, seus trapos flutuando ao seu redor, enquanto o cheiro pútrido começava a se instalar no ambiente.

Peguei minha varinha no casaco, mas não conseguia me concentrar. Não me lembrava mais de qual memória feliz costumava usar, e agora, com aquele dementador ali, as únicas imagens que vinham á minha cabeça eram as cenas de morte e tortura que presenciei durante a guerra. Tudo de terrível que havia jogado para os cantos escuros da minha mente voltava com força total, praticamente me cegando e me dando tamanho desespero que apertei minhas têmporas e fechei os olhos, me dobrando para não gritar.

Em meio aquele pesadelo, eu tentava debilmente pronunciar “Expecto Patronum”, mas tudo o que saía eram resmungos, abafados pelo som cada vez mais próximo do dementador. A única coisa que conseguia fazer era andar para trás, me afastando da criatura, até que já me encontrava escorada na parede, ainda tentando expulsar da minha mente aquelas cenas.

Sentia um medo tão forte e irracional que a única coisa em minha cabeça além da tristeza, era a certeza de que aquele era meu fim.

Já me conformava com esse fato, pateticamente encolhida, quando ouvi uma voz masculina bradar em algum lugar atrás de mim e do dementador:

– EXPECTO PATRONUM!

Estava com os olhos semiabertos, conseguindo ver o clarão causado pelo patrono. No momento, achei que fosse Harry; fazia sentido, ele devia estar por ali e era muito bom em conjurar patronos.

Estava pronta para ver o seu cervo galopando elegantemente enquanto espantava a criatura. Mas ao invés disso, o que apareceu foi uma cobra, que rastejava de forma perigosa, emitindo um raio de luz tão forte que me obrigou a fechar de vez os olhos.

Quando os abri novamente, o dementador não estava mais lá. Fiquei observando a cobra sumir enquanto Malfoy estava parado do outro lado da sala, olhando surpreso e orgulhoso para o lugar onde o patrono estivera segundos atrás.

– M-Malfoy? – perguntei de forma imbecil, chamando sua atenção. Ele pareceu se lembrar de que eu estava ali de supetão, passando a expressão de fascinada para preocupada na velocidade da luz. Correu até mim e me segurou nos braços.

– Você está bem? Sente que vai desmaiar? Aguenta ficar de pé? – ele perguntava, frenético, colocando a mão na minha testa, me segurando firmemente, como se eu pudesse derreter a qualquer momento.

– Sim, não e sim. – respondi, dando um sorriso pela cara de confuso que ele fez. – Eu estou bem, Malfoy. – revirei os olhos, divertida.

– Tem certeza? Eu tenho chocolate aqui, talvez você devesse... – ele já procurava algo no bolso do casaco, quando toquei em sua mão que estava me segurando. Ele se virou, surpreso e preocupado.

– Eu estou bem. – sorri. Ele suspirou, me puxando para um abraço. Fiquei surpresa com aquilo, de modo que meus braços ficaram suspensos no ar por uns instantes, sem saber o que fazer. Draco me abraçava de uma forma tão aliviada e ao mesmo tempo possessiva. Incerta, coloquei meus braços ao seu redor, sentindo sua respiração quente em minha nuca. Ele afagava meus cabelos, me acalmando, até que o envolvi completamente, em um abraço apertado.

Merlin, quantas vezes mais ele me salvaria?

De repente, se afastou, apenas um pouco, de forma que pudesse ver meu rosto. Ele examinava tudo e, apesar de seus olhos serem como uma tempestade, me aqueciam de tal forma que tenho certeza que corei violentamente. Desviei para sua boca, que estava levemente aberta.

Vi ela formar um sorriso e, ao levantar novamente a cabeça, percebi que os olhos de Draco o refletiam. Correspondi, ainda que um pouco tímida.

Não nos aproximamos lentamente como nos filmes. Não, foi mais intenso que isso.

A mão de Malfoy que estava em meu cabelo desceu para minha nuca e me puxou para si, dando um demorado beijo em meus lábios. O choque fez com que ficasse com os olhos arregalados, mas ao notar a paz que ele expressava por me ter nos braços, quando senti, realmente, a sensação de seus lábios em mim, me rendi por completo.

Fechei os olhos e envolvi seu pescoço, sentindo-o relaxar os músculos, que nem percebi que estavam retesados. Suas mãos desceram pelo lado do meu corpo, me fazendo arrepiar, e agarrou minha cintura. Ao eliminar a mínima distância existente entre nós, aprofundou o beijo. Meu coração dava voltas enquanto ele mapeava toda a minha boca, nossas línguas se descobrindo e se explorando. Minhas mãos se enroscavam em seu cabelo, sentindo seus fios finos e loiros escorrerem por entre meus dedos. Nossas bocas se moviam em uma harmonia frenética, Malfoy acariciando minhas costas com uma das mãos, fazendo com que, mesmo com toda a roupa, eu sentisse minha pele em chamas.

Estava nas nuvens.

Quando eu havia desenvolvido essa necessidade dele?

Devido á falta de ar, desaceleramos até que, com um gemido relutante, Draco quebrou o beijo. Apoiei minha testa na dele, ambos ainda absorvendo o que acabara de acontecer. Era... Era como nascer de novo. Tinha consciência de todo o mundo á minha volta, mas a respiração do loiro á minha frente ludibriava meus sentidos de tal forma que a única coisa que realmente sentia era seu corpo junto ao meu. Mordi o lábio.

– Você... – pronunciei, ainda arfando, mas senti minhas pernas vacilarem. Me senti leve e sonolenta, fazendo com que, involuntariamente, fechasse os olhos, caindo no escuro, sendo que a última coisa que ouvi foi a voz desesperada de Malfoy chamando “Hermione!”.


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Notas finais do capítulo

E aí está, como prometido :)