Escape escrita por Miaka


Capítulo 9
Losing myself for you


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, me desculpem pela demora deste capítulo! Tive que trabalhar o final de Um Peso, Duas Medidas e atualmente plottando minha nova fic sinja. Eu espero que estejam gostando! ♥ Essa fic está ficando BEM MAIOR do que eu imaginava que fosse. Obrigada por acompanharem!



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Judal andava de um lado para o outro naquele corredor. Quando poderia ver Hakuryuu? Por que estava demorando tanto? A inquietude lhe enlouquecia!

Como desejava voltar no tempo e sumir com Hakuryuu antes daquela fatalidade! Se Sinbad não o tivesse envolvido naquele processo, aquela obsessão que o delegado tinha em prender aquela família criminosa, poderiam ter fugido juntos.

Devia tê-lo sequestrado! Aliás, onde estava Sinbad? Fazia uma hora que havia saído dali após uma ligação de Ja’far. Mas tudo o que lhe importava naquele momento era a saúde de Hakuryuu. Sentia tanta culpa… Como não fora capaz de protegê-lo?  Devia te-lo mandado seguir na frente. Tanta dúvida e arrependimento lhe consumiam. Estava tão transtornado…

— Judal!

Ouviu a voz de Sinbad e se virou para encontrar não só ele ao lado de seu inspetor, mas aquele loiro, o tal Alibaba que, choroso, era amparado por Ja’far.

Ótimo. Judal sabia perfeitamente como canalizar sua frustração e estravazar aquela fúria.

Marchou até os três e, surpreendendo o rapaz cabisbaixo que tinha os olhos inchados e a preocupação estampada no rosto, agarrou-o pela gola de sua camisa, arrancando-o de Ja’far.

— SEU FILHO DA PUTA! - Judal o sacudiu. - O HAKURYUU ESTÁ ASSIM POR SUA CULPA! IRRESPONSÁVEL! Deixou que ele saísse, se expusesse ao perigo! - ele praticamente cuspia. - SE ELE MORRER A CULPA É SUA! EU VOU VINGAR O HAKURYUU TE MATANDO!

Alibaba, por sua vez, estava atônito. Não sabia o que responder. Não teve reação que não fosse chorar mais, agora assustado diante de tantas acusações que ele não precisaria receber. Afinal, ele tinha plena ciência de que sua negligência era a principal causa de seu melhor amigo estar entre a vida e a morte.

— Pare com isso agora, Judal! - Sinbad exclamou, tentando contê-lo.

— E-ele tem razão, Sinbad-san.. - Alibaba murmurou entre soluços.

— Alibaba-kun… - Ja’far se apiedou, afagando os ombros do jovem.

— Claro que tenho! - não era o suficiente. - Se o Hakuryuu estivesse COMIGO, jamais teria sido levado por aqueles bandidos! E eu JAMAIS teria deixado ele sair!

— JÁ CHEGA, JUDAL!

Sinbad o segurou pelo braço, evitando que ele voltasse a partir para cima de Alibaba.

Ofegante, Judal cerrou os punhos, tentando por uma última vez esmurrar aquele rosto. Mas de que adiantava culpar outrem quando sua consciência lhe martelava? Se Alibaba não havia sido capaz de proteger Hakuryuu, quem era ele para dizer algo? Nem ao menos pudera permanecer ao seu lado, lhe fornecer um abrigo, e isso porque era tão criminoso quanto a família daquele que queria defender...

Sentia suas forças sendo esvaídas por conta de sua própria frustração. Quem seu punho queria acertar não era outro alguém que não fosse a si próprio.

Foi quando aquele letreiro luminoso se apagou que Judal empurrou Sinbad, aproximando-se daquelas portas duplas. Havia acabado a cirurgia, finalmente. Então Hakuryuu estava bem?

Os olhos vermelhos tremiam à espera de notícias e, de preferência, boas notícias.

— Foi bem rápido. - Sinbad comentou. - Tem menos de 4 horas que começaram…

Isso era um bom ou mal sinal? Judal se questionava ao ver aquele mesmo médico, de pele bronzeada, o rosto coberto pela máscara, abrir uma daquelas portas e sair. Sem conseguir se conter, o rapaz correu e agarrou os ombros daquele que tirava a touca esverdeada para revelar os belos fios alvos que caíram sobre seu rosto..

— CADÊ ELE?! - Judal o sacudiu.

— C-calma! - e rapidamente ele retirou a máscara para exibir um sorriso aliviado. - Tudo correu muito bem.

Aquelas palavras foram o suficiente para que Judal se afastasse, um largo sorriso emoldurando seu rosto enquanto as lágrimas caíam. Como tinha medo de perder Hakuryuu! Como havia sofrido esperando o pior!

— Qual o estado dele, doutor? - Sinbad deu um passo a frente.

— Estável. - ele respondeu, retomando sua postura séria. - Não podemos ignorar que foi uma cirurgia arriscada. Felizmente o Hakuryuu-san resistiu muito bem. Aliás… perdoe-me a indiscrição, mas qual a procedência daquelas cicatrizes de queimadura? Parece ter sido um grave acidente.

— Não foi um acidente! - foi a vez de Alibaba se manifestar. - Hakuryuu foi vítima de uma tentativa de homicídio!

Judal, o delegado e seu inspetor ficaram um tanto quanto atônitos ao ver Alibaba falar daquela forma. Com a expressão carrancuda, era nítida a revolta que havia em seu olhar.

— Alibaba-kun, nós…

— Todos sabemos! - o loiro interrompeu Sinbad. - Hakuryuu escapou por um milagre quando criança de um incêndio que foi planejado pela própria família dele! Os mesmos malditos que fizeram isso com ele agora! - ele praticamente gritava, a voz embargada. - Até quando o Hakuryuu vai ter que passar por isso?! QUANDO VÃO PRENDER ESSES CRIMINOSOS?! - Alibaba exclamou, furioso, questionando Sinbad e Ja’far.

— Por favor, acalme-se, Alibaba-kun. - Ja’far se aproximou.

— Eu não aguento mais ver o Hakuryuu sofrer assim!

Atento àquele que, por ciúmes, havia aprendido a desprezar, Judal observava o quão obstinado Alibaba parecia em defender seu amigo. Sentiu-se, mais uma vez, inferior diante de sentimentos tão fortes que ele parecia nutrir por Hakuryuu.

— B-bem… - um tanto quanto sem ação diante do que assistira, Sphintus coçou a nuca, um tanto quanto arrependido de ter trazido à tona aquele tópico. - Hakuryuu-san será levado a UTI e creio que daqui a, mais ou menos, uma hora, já esteja acomodado. Infelizmente, na UTI só posso liberar a entrada de uma pessoa para visitá-lo e por um curto período.

Judal mordeu o lábio inferior. Mais uma vez se via sobrando. Não tinha nem mesmo o direito de estar ali e, de certa forma, era culpado estando junto de Hakuryuu quando tudo acontecera. Já estava conformado em não poder vê-lo, mas afinal, o que importava era que Hakuryuu estivesse bem, não é? - ele tentava pensar daquela forma simplória.

— Muito obrigado por tudo, Sphintus-sensei. - Sinbad agradeceu antes de se voltar a Judal. - Podemos conversar?

O moreno apenas se jogou de volta à cadeira, jogando a cabeça entre as duas pernas abertas.

— Não tenho nada para conversar com você! - ele foi direto.

— Vamos à cafeteria. Deve estar com fome e temos que conversar sobre coisas muito importantes a respeito do Hakuryuu.

Sinbad jogava baixo e Judal sabia muito bem disso, conhecendo-o há tantos anos. Sabia como convencer alguém e foi só ouvir o nome do rapaz que ele respirou fundo.

— É assim que vai me convencer a ir ouvir suas ladainhas? - Judal riu com cinismo.

— Hakuryuu depende de você nesse momento.

Aquela afirmação fez Judal retomar a seriedade, levantando-se em seguida. O delegado foi seguindo na frente, acompanhado pelo moreno que cerrava os punhos, irritado apenas pelo fato de ter que obedecer aquele homem. Algo que nunca faria antes. Nunca faria por outro que não fosse Hakuryuu.

Passou por um choroso Alibaba, que era confortado por Ja’far. Não poderia deixar aquilo barato.

— Oe, nem pense em ir ver o Hakuryuu antes de mim! - ele apontou, decidido.

Não houve resposta, tampouco nada mais vindo de Judal. Ele mesmo sabia que estava fazendo aquilo apenas para voltar a se afirmar como costumava ser… apesar de, desde que havia conhecido Hakuryuu, parecia não se reconhecer.

Chegaram à cafeteria do hospital, que estava relativamente vazia. Afinal, os primeiros raios de sol adentravam pelas vidraças que iam do assoalho ao teto daquele ambiente.

Judal não podia negar que estava, realmente, com fome. Até que não tinha sido uma má ideia, se ele já não suspeitasse sobre o que Sinbad queria conversar.

— O que você vai querer? - perguntou Sinbad ao se aproximarem do balcão. - Pode ir se sentar. Não se preocupe. - ele retirava a carteira do bolso interno do terno.

— Não estou tão na merda que preciso que pague pra mim! - Judal retrucou sendo orgulhoso, puxando a própria carteira.

— Valorizo o dinheiro que você consegue correndo tantos riscos. - Sinbad não deixou barato. - A sua vaga na minha delegacia estará sempre aberta.

— Numa cela, não é? - Judal cruzou os braços. - Porque é o único lugar que pode enfiar um criminoso como eu!

— Não, como meu assistente que um dia foi! Você está nessa porque você quer! - Sinbad foi categórico.

— Olha aqui! - Judal espalmou o balcão de mármore. - Me trouxe aqui para me passar sermão?! Se for, sinto muito, estou indo embora! Hakuryuu não precisa de mim, aquele escrotinho já está aqui! ADEU...

Sinbad segurou firmemente o braço de Judal, forte o suficiente para assustá-lo.

Os olhos rubros cresceram ao encararem o delegado que não parecia disposto a recuar.

— Hakuryuu precisa muito de você, Judal! Mais do que ninguém! - Sinbad sussurrou de forma áspera. - Se existe alguém que tem como ajudar o Hakuryuu aqui é você! O que o Alibaba quer, porque ele chora… só você pode ajuda-lo!

Suspirando, irritado e ao mesmo tempo intrigado com aquelas palavras, Judal se afastou, sentando-se em uma das mesas que estava próxima a uma das janelas. Aceitaria a gentileza daquele idiota, afinal, o que tinha a perder? E aliás, podia ouvir seu próprio estômago roncar. Mas o que ele precisava naquele momento não era comida. Ele sabia muito bem o que era…

Sinbad voltou à mesa e se sentou diante do moreno, que não ousava fitá-lo. O rapaz encarava perdido o lado de fora, o trânsito de poucos carros que trafegavam por volta de 5:30 da manhã.

— Já vão trazer o que pedi. Espero que ainda goste de… croissant. - Sinbad sorriu de forma nostálgica.

— Tsc, pare de forçar a barra, Sinbad! - Judal suspirou. - Não temos como voltar àquele tempo em que eu fui um estúpido e fodi a sua vida!

— Eu ficaria feliz se não falássemos sobre o passado. - o delegado cruzou os dedos e apoiou o queixo sobre eles, nitidamente desagradado com aquela menção.

— Quem começou foi você...

Judal ainda não tivera coragem o suficiente para encará-lo quando uma moça uniformizada se aproximou trazendo uma bandeja de prata.

— Com licença. Um capuccino, um expresso forte e dois croissants?

Sorridente, ela questionou. Recebendo a confirmação através de um menear gentil de cabeça e um largo sorriso de Sinbad, a garçonete corou antes de organizar sobre a mesinha redonda o pedido que os pertencia para se curvar e se retirar em seguida.

— Ainda lembra que gosto de capuccino? Não quer se esquecer do passado? - Judal riu ao encarar a bebida.

— Certas coisas nunca mudam… - Sinbad sorriu, bebericando daquela pequena xícara para depositá-la de volta à mesa. - Judal… eu consegui uma medida provisória que proibe que o Hakuryuu-kun seja visitado por seus parentes.

— É o mínimo que um policial que ganha o que você recebe devia fazer. - ele deu de ombros.

— E tudo o que posso alegar é que todos podem ser suspeitos dos atentados que o Hakuryuu-kun sofreu. - ele prosseguiu. - Não tenho prova alguma contra sua própria família porque… preciso de uma testemunha.

— A palavra do Hakuryuu é o suficiente. - ele cerrou os punhos sobre a superfície de madeira, evitando encarar o delegado.

— Se você não depor a favor do Hakuryuu-kun, Judal, ele vai receber alta e a família vai, sem dúvidas, matá-lo. - Sinbad foi categórico. - Eu preciso abrir um inquérito contra essa familia. Você sabe quem eles são, mas insiste em compactuar com eles!

— Não viaja, Sinbad! - Judal se recostou na cadeira para encará-lo. - E como eu pago minhas contas? Dependo do fornecimento deles!

— Você não depende de nada! Eu sempre quis que trabalhasse comigo, melhor, que continuasse a trabalhar ao meu lado!

— DEPOIS QUE EU MATEI A SUA MULHER?!

Judal exclamou, o suficiente para que aquela afirmação ecoasse por todo aquele amplo salão. Os olhos dourados de Sinbad cresceram, como se a realidade que ele conhecia, mas se negava a reavivar em sua memória, lhe desse um novo golpe.

Vendo o delegado sem reação, o rapaz sentiu seu peito apertar um pouco, mas decidiu continuar.

— Nesse mesmo hospital há cinco anos, Sinbad, eu soube que a Serendine estava morta e por MINHA CULPA!

— Eu nunca te culpei por isso, você sabe! - foi tudo que ele conseguiu responder.

— Assim como ela morreu, você também ficou entre a vida e a morte! Tudo por culpa da minha incompetência e do meu caráter! - Judal o encarou sem vacilar. - Sinbad, assim que eu ver o Hakuryuu bem, eu pretendo ir embora do país! Ele viveu até agora com esses loucos sem tantos riscos, e agora comigo… Como todo mundo que se mistura comigo, parece que atrai meu azar. Sou como um gato preto.

— Não diga besteiras! Por que não pára de tentar se destruir ao menos uma vez na tentativa de se redimir de um erro que nem foi seu?! - Sinbad foi direto. - Até quando vai se culpar e buscar seu próprio fim?! Não se afeiçoou pelo Hakuryuu-kun? Veja isso como uma oportunid…

— CALA A BOCA! CHEGA! - ele se exaltou, levantando-se. - Quem é você para dizer o que sinto? O que faço?

— QUALQUER UM NOTA ISSO! QUALQUER UM VÊ O QUANTO É AUTODESTRUTIVO! SE SE SENTE CULPADO, SE É MEU PERDÃO QUE PRECISA, EU JÁ TE PERDOEI! MAS EU NUNCA SENTI RAIVA DE VOCÊ, EU SÓ QUERO QUE VOL...

— CALA A BOCA!

Frustrado e ciente da verdade que as palavras de Sinbad carregavam, Judal deu meia-volta, saindo em passos largos. Mas assim que o fez, o delegado se levantou e o seguiu. Chegaram até a recepção do hospital para pausarem ao encontrar um par de belas mulheres naquele balcão. A que parecia mais velha, dona de uma beleza incrível, chorava copiosamente. Sinbad sabia muito bem de quem se tratava.

— Senhora, me perdoe, mas não tenho autorizaçã…

— Você não entende o desespero de uma mãe? - chorosa, a mulher interrompeu a recepcionista. - Meu filhinho está aqui!

— Com licença.

Sinbad tomou a frente de um Judal que permanecia atônito. Aquela mulher, assim como a mais jovem ao seu lado, tinham os mesmos olhos de Hakuryuu e o sinal no rosto idêntico ao dele.

— Posso ajudar, senhora?

Fazendo como quem não soubesse de quem se tratava, Sinbad se aproximou. E perspicaz como era, não deixou de notar a forma provocante que ela o fitou, dos pés à cabeça, enquanto mordia o lábio que era tingido pelo rubro. Ao observar a beleza daquele homem, era como se estivesse faminta diante de uma suculenta refeição.

— S-senhor, meu filho está internado neste hospital e não querem permitir que eu o veja!

— A-acalme-se, mamãe.

A moça ao lado estendeu um lenço cor-de-rosa para sua mãe, que usava um tailleur vermelho, justo o suficiente para exibir as sinuosas curvas daquele corpo perfeito. Trazia uma grande bolsa vinho com detalhes dourados pendurada em um dos braços, a qual agarrava durante seu pranto.

— Peço que se acalme. Creio que é a mãe do Ren Hakuryuu-kun.

— S-sim, ele mesmo! - ela piscou, fingindo descrença. Aproveitou para dar dois passos à frente e, num falso desespero, se apoiar ao peito do moreno. Sutilmente o apalpou. - O senhor o conhece?!

— Claro que sim. - ele puxou o distintivo do bolso do terno e o mostrou. - Não precisa me chamar de senhor. Sou Sinbad, delegado da polícia especial. Estou cuidando do caso do seu filho.

— D-delegado? - a mulher gaguejou. - O que meu filho fez? Eu pensava que… tinha sido vítima de…

— Acalme-se. O Hakuryuu-kun foi vítima de... - ele a encarou. - bandidos muito perigosos, sabe? - a voz quase sussurrava de forma provocativa, ele sabia como intimidá-la. - Estou aqui para fornecer segurança a ele.

— Bandidos?! - questionou. - Foi um assalto? Algo assim?

— Como mãe, não sabe que seu filho sofreu, pela segunda vez em uma semana, um atentado?

— O que está insinuando?! - Hakuei tomou a frente. - Minha mãe está passando por um momento muito difícil! Meu irmão está completamente desequilibrado, inventando histórias sobre ser perseguido! - ela dizia de forma convicta.

Sinbad sentia a genuidade da angústia nos olhos daquela jovem. Será que ela realmente acreditava na inocência de sua própria família e naquela história louca?

— Eu sinto muito, mas não será possível visitar o Hakuryuu-kun. Ele está sendo transferido para a UTI. A cirurgia foi um sucesso e ele está estável, mas está proibido de receber visitas.

— Não podem nos impedir de vê-lo! - Hakuei retrucou de forma ríspida.

— Entenda que seu irmão está sob proteção policial e não é permitida a entrada de NINGUÉM em seu quarto. Até mesmo os médicos que cuidam dele estão registrados. Ninguém sem autorização pode acessá-lo.

— Eu sou a mãe do Hakuryuu! - a moça deu um passo a frente. - Pense na minha situação, em como estou preocupada! - ela se agarrou às barras do terno do delegado. - Eu preciso ver meu filhinho! Por favor! Eu imploro!

Sinbad permanecia impassível ao choro da mulher, apenas observando a ação completamente fingida. Bem diferente daquele que o acompanhava e balançava a cabeça, mordendo os lábios, completamente indignado ao ver aquele teatro. Não conseguia se conter.

Estava prestes a cometer uma loucura, quando sentiu uma mão tocar seu ombro.

— Judal?

Assustou-se quando se virou para trás para encarar o alvo inspetor que se aproximara.

— O Sphintus-sensei pediu para ir se aprontar para ver o Hakuryuu-kun. - ele explicou, chamando a atenção de todos.

— Meu filho… - a mulher soltou Sinbad. - Eu quero ir ver meu filho!

Foi só então que os olhos de Ja’far encontraram aquela mulher. Ren Gyokuen.

Esforçou-se para se conter e trocou um rápido olhar com Sinbad, que assentiu cautelosamente como se apenas estivesse confirmando como ele deveria agir.

— Sinto muito, mas apenas o Judal pode entrar, já que ele é o acompanhante do Hakuryuu-kun. - Ja’far especificou, voltando-se ao moreno. - É o quarto 307. Como ele está na UTI, é preciso que se prepare para entrar.

— E-eu vou poder entrar? - Judal gaguejou. - Mas… mas o Aliba…

— Ele foi trazer algumas coisas para o Hakuryuu. Não se preocupe. - ele explicou.

— Vá logo, Judal. - Sinbad sorriu.

Foi inevitável abrir um largo sorriso. Não podendo conter a alegria, Judal correu para chegar a Hakuryuu. Mal podia crer que ia vê-lo, finalmente.

— Hm? - a jovem que mexia no celular olhou ao redor. - Onde está minha mãe?

— Creio que ela desistiu de insistir. - Sinbad cruzou os braços. - Não nos leve a mal, é uma decisão judicial.

— Que seja! - ela guardou o aparelho na bolsa e o encarou. - Abriremos outro processo contra essa decisão absurda de não permitir a nós, familiares, vermos meu irmão!

— Faça isso. - Sinbad, calmamente, a desafiou. - Aliás, Ja’far - ele se voltou a seu inspetor. - onde estão Masrur e Sharrkan? Ficar fazendo ronda só na porta do hospital não vai dar em nada.

— Eles já estão chegando, Sin. - Ja’far puxou o celular do bolso do terno. - Parece que Sharrkan se atrasou e ainda teve de ouvir as reclamações da Yamuraiha-san

— Ah, a eficiência da minha equipe… - o delegado suspirou.

—------xxxxxx------

Um largo sorriso se abriu naquele belo rosto ao finalmente se ver diante daquela porta. Abaixo do número 307, havia o nome do seu amado filho. Não havia dúvidas de que era ali que devia entrar. Havia agido rápido enquanto estavam distraídos. Afinal, o que tinha a fazer não necessitava de muito tempo. Tinha de ser rápida.

Porém, Gyokuen ouviu passos apressados pelo longo corredor. Assustada, adentrou rapidamente o quarto e se escondeu. E agora? O que faria?

Seus olhos azuis cresceram ao ver a maçaneta girar. Havia sido descoberta. Droga!

— Ei, Judal-san! - ela ouviu do lado de fora. - Não pode entrar sem touca nem máscara. Ainda mais com esse cabelo enorme! - a voz feminina ria.

— E-eu pensei que...

— Venha por aqui. Vamos arrumar você!

Do lado de dentro daquele quarto, ouvindo aquela voz e aqueles passos se afastarem, Gyokuen suspirou aliviada. Só então olhou ao redor, atentando-se àquele bip constante que indicava que seu filho estava vivo.

Virou-se então para contemplar aquele lugar que estava pouco iluminado. Os únicos barulhos que haviam eram daqueles vários aparelhos que monitoravam e garantiam suporte a Hakuryuu.  Caminhou calmamente até aquele leito e, sorridente, inclinou-se para frente e chegou bem perto do rosto adormecido.

— Ah, Hakuryuu… - ela sussurrou. - Você insiste tanto em sofrer, meu querido? Mais uma vez lutando para sobreviver? - as unhas bem feitas e vermelhas deslizavam pela pele pálida do rapaz. - Mas vamos por um fim nisso agora, sim?

Aproveitando que seus lábios estavam entreabertos devido ao tubo que o auxiliava a respirar, Gyokuen os beijou, ousando deslizar a língua por toda aquela região.

— É um beijo de despedida, meu querido Hakuryuu. Não quero que sinta saudades!

Reerguendo-se, a bela mulher enfiou a mão na bolsa, ainda deslizando a língua pelos próprios lábios como se quisesse sentir qualquer resquício do sabor de seu filho. Seus olhos azuis reluziam ao ver a pequena seringa que retirara dali.

— Adeus.


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Notas finais do capítulo

E finalmente pude trabalhar algumas revelações acerca do passado do Sin com o Ju! ♥ Confesso que estou meio triste não podendo trabalhar o Juhaku nesses últimos capítulos. Se eu fosse o Sin, já teria demitido essa equipe ineficiente. hahaha! Como sempre, lembrando que comentários, elogios e críticas são SEMPRE bem vindos! ♥



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