Escape escrita por Miaka


Capítulo 6
Forgetting You


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Peço desculpas pela imensa demora em atualizar Escape, tenho me dedicado direto a Um Peso, Duas Medidas - quem não lê, ficaria muito feliz que arriscasse! Hahaha! Espero que gostem do próximo capítulo!



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Caminhou por um longo corredor vazio e iluminado seguindo aquele homem que nitidamente era mais velho que ele, porém mais jovem que o delegado. Não podia evitar em se sentir extremamente tenso e o alvo, a sua frente, já havia notado o quão nervoso o rapaz estava.

— Não se preocupe. - ele subitamente parou diante da última porta do corredor e se virou de frente para Hakuryuu. - O suspeito não vai poder vê-lo. Fique calmo. - Ja’far sorriu.

— E-eu estou calmo.

 Então o homem de cabelos esbranquiçados abriu a porta que levava a uma pequena sala onde havia apenas um gabinete e sobre ele uma cafeteira, além de algumas cadeiras que ficavam de frente para a única parede de vidro que tinha ali.

 Assim que Hakuryuu deu o primeiro passo, tremeu dos pés à cabeça ao ver, através daquele vidro, a imagem de um dos principais guarda-costas de seu primo. O homem que estava sentado do outro lado daquela barreira estava algemado e tinha longos cabelos esverdeados que pareciam serpentes. O sorriso em seus lábios e o olhar intimidador demonstravam que ele não estava nem um pouco preocupado em estar preso, afinal, quantas vezes não passara por aquilo?

 Dando dois passos à frente, Ja’far tocou o ombro do rapaz que ficara pálido, tremia ao encará-lo.

— Acalme-se! Você pode vê-lo, mas tudo o que ele pode ver é um espelho! - o inspetor voltou a explicar. - Por favor, Hakuryuu-kun, pode me dizer se conhece esse homem?

 O moreno assentiu rapidamente, cerrando seus punhos ao estar lutando contra seu medo.

— É Seishuu Ri. É guarda-costas do Kouen.

— Guarda-costas? - o alvo piscou.

— S-sim. Está sempre acompanhando ele… - Hakuryuu desviou o olhar do homem que parecia encará-lo, mesmo não podendo enxergá-lo do outro lado. - Por favor, podemos ir? Não me sinto bem…

— Sim, sim.

 Ja’far pessoalmente o conduziu de volta, tendo sua mão ainda apoiada em seu ombro para demonstrar que estava ao seu lado e tranquilizá-lo. Hakuryuu sentia que ia sufocar apenas por ser alvo do olhar daquele homem assustador.

 Mal saíram da sala, depararam-se com o delegado que vinha acompanhado da bela moça de cabelos azul-turqueza que trazia alguns papéis em mãos.

— E então? - Sinbad cruzou os braços.

— Como suspeitávamos. - respondeu Ja’far que suspirou em seguida.

— Compreendo…

 Hakuryuu estava confuso. Sobre o que estavam falando? Ja’far não ia dizer o nome do suspeito que havia identificado? Já sabiam quem era? Então por que estava ali?

— J-já sabiam quem era?

 O delegado caminhou até o rapaz que parecia desorientado.

— Não se preocupe com mais nada por hoje, Hakuryuu-kun. - Sinbad abriu um sorriso. - Pedimos desculpas por termos lhe trazido para cá a essa hora, além do depoimento teve de fazer esse reconhecimento. Creio que está exausto.

 Não entendeu nada do que o moreno dizia, mas era nítido que ele estava tentando despistar. Lembrava-se de Judal lhe alertando para não aceitar a proposta de Sinbad, mas a quem se apoiaria naquele momento? Não tinha mais ninguém exceto Alibaba… e ele, claro, Judal. Precisava confiar nas autoridades, mesmo que aquilo significasse o fim de sua família. Era a unica saída.

— E não se preocupe, nós garantiremos sua segurança constantemente a partir de agora que faz parte do nosso programa de proteção à testemunhas. - Sinbad prosseguiu. - Seu amigo já nos deu o endereço onde você ficará agora. Só peço que evite alguns horários e ande sempre alerta.

 É, a segurança que Sinbad lhe oferecia tinha algumas ressalvas. Agora, mais do que nunca, tinha a certeza de que Kouen estava disposto a matá-lo de qualquer jeito. Parecia que finalmente caíra em si do perigo que corria. Pensava que seu primo fosse capaz de tudo, mas até ter aquela prova real, refletindo que deveria estar morto naquele momento, duvidava de que até que ponto aquilo poderia chegar.

 Seguiu em silêncio até a recepção sem nem mesmo prestar atenção no que os três conversavam que, ele tinha certeza, não tinha nada a ver com o seu caso. Certamente escondiam algo dele também…

— Hakuryuu!

 Piscou surpreso ao ouvir o chamado do loiro que, ao avistá-lo, rapidamente se levantou para ir ao seu encontro. Aladdin e Ugo, que estavam sentado nas cadeiras ao lado, se levantaram logo em seguida.
Alibaba-dono? Não precisava ter me esperado. Ainda mais com o seu amigo!

— Meu Deus! - ele fitou o relógio pendurado na parede. - Olha só a hora! Já passa de uma da manhã!

— Não se preocupe com isso, Hakuryuu-oniisan. - o garotinho de olhos e cabelos azuis sorriu. - Alibaba-kun se preocupa muito com você e ele é muito amigo meu! Isso faz de você meu amigo também!

 Hakuryuu sentiu as bochechas corarem com a declaração tão simples e direta daquela criança. Realmente Alibaba tinha muita sorte, afinal, estava sempre cercado de boas pessoas. Diferente dele…

— E como iria embora se não sabe meu endereço novo? Eu mandei mensagem, mas você nem me respondeu! - Alibaba cruzou os braços.

— Me.. me desculpe. - Hakuryuu abaixou a cabeça. - Não queria envolvê-lo, eu...

 Foi quando o moreno foi surpreendido pelo forte abraço de Alibaba.

 Manteve-o firme em seus braços e Hakuryuu não sabia se era devido ao cansaço ou por se sentir tão bem com seu amigo que sentiu o corpo ser tomado por um confortante torpor.

— Nunca mais faça isso, Hakuryuu! Não aguentaria perder você! - Alibaba sussurrou num clamor imperativo como se jamais quisesse se separar dele.
Hakuryuu nada soube dizer, mas seu corpo começava a, sem querer, reagir aos braços fortes do rapaz ao seu redor.

— Bem, estão dispensados! - Sinbad anunciou. - Muito obrigado por terem colaborado e vamos prosseguir com a investigação! Hakuryuu-kun, assim que tiver novas informações, por favor, nos avise e esteja sempre atento porque voltaremos a entrar em contato. - concluiu o delegado.

— Nós que agradecemos por ter ajudado o Hakuryuu hoje, Sinbad-san. - Alibaba se curvou.

— Não há de quê!

 Os policiais assistiram à partida do grupo assim que terminaram de cumprimentá-los e logo se dispersaram para suas atividades. Sinbad, por sua vez, estalou as juntas da coluna antes de se dirigir a seu escritório, acompanhado de um Ja’far bastante sério.

— Acha que finalmente vamos conseguir desarticular a Al-Thamen, Sin? - perguntou o inspetor que tentava alcançar o passo de seu superior.

— Eu espero que sim…

 Adentraram o amplo escritório onde Sinbad se sentou na poltrona giratória para depositar as três armas que tinha nos coldres sobre a mesa.
Ja’far imediatamente trancou a porta assim que adentrou o lugar e ligou a cafeteira próxima à porta. Estava sendo um longo dia de trabalho.

— Parece estressado… - comentou, virando-se de volta ao moreno.

 Sinbad suspirou, jogando as pernas sobre a superfície de mogno e fechando os olhos.

— Tivemos uma operação policial bastante arriscada… e falhamos. - concluiu, abrindo os olhos dourados que focaram o nada.

— Não tivemos vítimas, isso é uma vitória.

— Nossa missão era proteger Ren Hakuryuu… Se não fosse Judal, ele estaria morto agora. - o delegado disse de forma pesarosa.

— Não é bem assim também...

 Ja’far não gostaria de admitir, mas Sinbad estava certo. Aliás, Ja’far jamais admitiria que algo que envolvesse Judal era, de alguma forma, uma coisa boa.

 A cafeteira parou de funcionar e ele rapidamente serviu duas xícaras que já estavam preparadas sobre uma bandeja de prata, levando-a até o reflexivo Sinbad.

— Precisamos reconhecer… Com as habilidades de Judal, ele seria de grande ajuda, mas…

— De novo isso, Sin? - o alvo o interrompeu, entregando-lhe uma xícara para se sentar sobre a mesa defronte para o delegado.

— Tsc, me desculpe… - Sinbad balançou a cabeça, levando a xícara até seus lábios.

 Assim que terminou de bebericar o café, dispensou o mesmo e acariciou com firmeza a parte interna de uma das coxas de Ja’far. Levantou as gemas douradas para encarar o rosto avermelhado de seu inspetor.

— Geralmente tentaria fugir dessa atitude minha… - riu Sinbad.

— P-Por que acha que tranquei a porta? - gaguejando, mas confiante, o alvo o enfrentou. - Alguém ficou de me levar para jantar hoje. - lembrou.

— Me desculpe… - com a mão livre, o delegado farfalhou os próprios fios púrpura antes de se levantar. - Mas… - e deslizando-a pela nuca, ele afrouxou a gravata azul-marinho antes de se levantar. - podemos pedir algo para viagem…

— Não vou te deixar com fome. - sussurrou.

 Com a proximidade do moreno, Ja’far já se inclinava para trás. O homem entre as suas pernas abertas batia a palma da mão sobre a mesa onde estava quase deitado como se deixasse claro que o mais jovem não tinha permissão de sair dali sem seu consentimento. A excitação de Ja’far diante daquela intimidação fazia parecer que sua calça simplesmente encolhera.

— Vou aliviar toda essa tensão… - as mãos do alvo apalparam o peitoral do moreno antes de começarem a desabotoar a blusa social branca.

 E enquanto sentia os finos dedos do rapaz tocando seu corpo, Sinbad não perdia tempo e depositava leves beijos em seus lábios. Com agilidade ele se desfazia do cinto e abaixava as calças e a boxer preta do inspetor para agarrar seu membro.

— Ah!

 Ja’far deixou escapar um breve gemido que logo foi calado com um intenso beijo do moreno que permanecia a despi-lo.

 Um gemido a mais e eu calo sua boca com isso aqui… - o delegado abaixou a própria calça exibindo o membro envergado.

— Ah, é? - Ja’far riu. - Vai me dar ordens, senhor delegado?

 Sinbad apenas riu, afastando-se por um segundo para abrir uma das gavetas da mesa e tirar de lá um par de algemas. Ja’far sorriu de canto antes de morder o lábio inferior.

— Hoje não é meu inspetor… - Sinbad declarou, ficando ajoelhado sobre a mesa sobre o corpo do alvo. - Será um assassino sujo que eu prendi… - como se estivesse muito acostumado àquilo, o moreno imobilizou o menor, agarrando com uma só mão ambos os pulsos, levando-os para cima dos fios esbranquiçados, onde passou as argolas de metal para trancá-lo. - para sempre.

 Realmente, naquela noite, o trabalho naquela delegacia não tinha hora para acabar.

—--------xxxxx---------

 Àquela hora da madrugada, as ruas estavam vazias e Ugo dirigia um tanto quanto receoso, afinal, sentia-se responsável pelo filho de seus patrões. O endereço que Alibaba havia lhe dado ficava na região mais perigosa da cidade. Suava frio a cada curva…

 Aladdin ia no banco do carona ao seu lado conversando animadamente com o loiro que estava ao lado de Hakuryuu, no banco traseiro. Seu amigo, por sua vez, permanecia calado ao encarar o lado de fora pela janela.

— Sim, aquela oneesan tem seios enormes! - Aladdin ria.

— Você não perde tempo, hein, Aladdin? Seus pais vão ter muito trabalho quando você ficar maior! - Alibaba ria cutucando Hakuryuu. - Não acha,

— Hakuryuu? O que achou da assistente do Sinbad-san?

— Hm?

 Hakuryuu nitidamente não estava prestando atenção na conversa. Tanta coisa passava por sua mente, em especial… Judal. Sentia-se em débito com o rapaz. Ele havia se preocupado tanto, sentia como se devesse sua vida. E ao mesmo tempo lembrava-se do beijo que haviam trocado.

— Ei, Ugo-kun! - o garoto foi mais rápido. - Não acha que aquele tio da delegacia é muito parecido com meu avô?

 O mordomo ajeitou os óculos, engolindo a seco. Parecia que não lhe agradava muito tocar naquele assunto.

— V-você acha, Aladdin? - gaguejou sem desviar a atenção do trânsito. - Aquele moço deve ser ter uns 30 anos, por aí! Hahaha. - ele tentou disfarçar.

— Seu avô é jovem, Aladdin? - Alibaba se pendurou entre os dois bancos para se aproximar da conversa.

— Não, na verdade aquele tio seria parecido com meu avô, se o vovô David fosse mais jovem! - riu.

— Que engraçado, nunca o vi quando estava na sua casa ou em alguma festa em que estive. - Alibaba comentou.

— Ah, é que o vovô David está viajando para a América do Sul! Ele está fazendo um curso de gastronomia. - Aladdin explicou. - Ele não se dá muito bem com o papai, está sempre ocupado viajando e agora que está aposentado e meu pai cuidando de nossas empresas, ele foi para o Brasil se especializar na arte de fazer churrascos!

— Churrasco? Nossa, eu só ouvi falar! - o loiro estava admirado.

— Quando ele voltar de viagem, pedirei para que ele faça um churrasco para nós, Alibaba-kun! - Aladdin estava animado. E neste instante, viu o rosto entristecido de um apático Hakuryuu pelo retrovisor. - Hakuryuu-oniisan virá também, não é?

— Hm? - ele arqueou uma sobrancelha, tentando se integrar na conversa. -

— S-sim, muito obrigado pelo convite, Aladdin-dono.

— O que acha da ideia, Ugo-kun?

— D-depois falamos sobre isso, Aladdin… - o mordomo desconversou, estacionando o carro. - Chegamos! Estão entregues!

— Anh? - Aladdin abaixou o vidro do carro. - Tem certeza de que é aqui?

— É o endereço que o Alibaba-kun nos deu.

 O rosto do loiro parecia um tomate ao ver a expressão assustada não só de Aladdin, mas de Hakuryuu também. O prédio em que estava morando atualmente tinha uma péssima aparência. A fachada toda destruída e pichada da construção de três andares era adornada com calcinhas penduradas na janela de um dos apartamentos, além de algumas bandeiras de times de futebol e pisca-piscas de Natal quebrados… Mas não estavam em Março já?

— N-não está errado, não. - Alibaba abria a porta do carro.

 Mal perceberam quando viram uma sombra que jogava sabão de uma pequena garrafa sobre o painel do carro e começava a esfrega-lo com uma esponja.

— O… O que é isso? - Ugo abaixou o vidro. - Oe, o que...

 Por pouco não levou um banho quando uma boa quantidade de água no carro foi atirada no painel para tirar aquele sabão. Alibaba sentia que não aguentaria tanta vergonha quando o garoto deu a volta no carro e deu duas batidas na porta para chamar a atenção do motorista.

— São cinco paus, meu tio.

— Anh? - o mordomo arqueou as sobrancelhas. - Mas o que esse rapaz está fazendo?

— Não vai me pagar pelo serviço?

— O-Olba! Sou eu!

 Alibaba rapidamente saiu do carro e deu de cara com o garoto que tinha a cabeça raspada de um lado, enquanto que do outro tinha longos cabelos castanhos. Pelo odor que ele exalava, parecia que não havia se banhado hoje… não só hoje como há muito tempo.

— Ah, Alibaba! Que carrão é esse, hein? Do seu patrão?

— Me faz um favor! Some daqui, pelo amor de Deus! - o loiro sussurrou.

— Hm? Mas esse tio não…

— Eu te pago depois, ok?

 Os três que permaneciam no carro se entreolharam, um tanto quanto preocupados.

 B-bem, muito obrigado por ter nos trazido, Ugo-san e Aladdin! Vamos, Hakuryuu?

— Alibaba-kun… - Aladdin o encarou de forma piedosa. - você tem certeza de que vai ficar bem aí?

— N-não se preocupe! Aqui é ótimo de se viver! A aparência por fora não é muito boa, mas por dentro é ótimo! Hahahahaha!!!! - ele exibia um sorriso amarelo.

— Tudo bem então. - o garoto sorriu. - Até a aula de amanhã então, Alibaba-kun!

— Até, Aladdin! Muito obrigado por hoje!

— Obrigado, Aladdin-dono e Ugo-dono. - Hakuryuu se curvou ao sair do carro.

— Não há de quê!

 O carro logo se afastou e deixou ali um aflito Alibaba. Hakuryuu era acostumado a viver em uma mansão em meio à riqueza como Aladdin. Sentia-se envergonhado de trazê-lo até ali.

— Me… me desculpa, Hakuryuu. É o melhor que consegui alugar. Você sabe que… estou tendo que juntar dinheiro para pagar a dívida da minha família.
Alibaba-dono. - ele tocou no ombro daquele que tinha quase a mesma altura. - Estou muito feliz de ter me trazido pra cá. Sou muito grato. Não se acanhe!

 Alibaba sorriu de forma confiante. Hakuryuu tinha realmente um jeito especial de fazê-lo se sentir bem com quem Alibaba era de verdade. Mas tinha de assumir que era praticamente um contraste ver o jovem da família Ren tão bem vestido chegar naquele cortiço. Bem, ele se acostumaria. Seria por pouco tempo, afinal, Hakuryuu herdaria os bens da família após desmascararem Kouen, então…

 Seguiram até a entrada, de onde tiveram de desviar de alguns sacos de lixo revirados. As escadas tinham alguns degraus quebrados, mas logo conseguiram chegar ao terceiro andar onde havia apenas dois apartamentos. Na porta de um deles havia sido pichado na vertical, em letras garrafais: “PUTA” e na outra: “VIRGEM”. É, Hakuryuu já sabia qual era o apartamento de Alibaba.

 O loiro caçava a chave dentro de sua mochila quando a porta ao lado se abriu, uma música alta vinha de seu interior.

Oe, Alibaba!

 Hakuryuu gelou quando viu a bela mulher que se exibia apenas com uma curtíssima camisola transparente vermelha. Uma perna apoiada na outra formando um quatro para mostrar a intimidade que não estava vestida. Os seios fartos saltavam pelas laterais do tecido que não cumpria nem um pouco sua tarefa de cobri-la.

— Ah, Toto! - o loiro se virou de frente a ela, abrindo um sorriso. - Acordada a essa hora? Teve cliente?

— Que nada… - ela cruzou os braços. - mas posso ter ainda. Quem é ele? Gosta de mulher?

 O moreno apontou a si mesmo estando confuso, mas Alibaba tomou a frente.

— Esse é o Hakuryuu, Toto! Ele vai passar uns dias comigo, mas não espalha por aí, ok? - explicou.

— Claro… contanto que você pague a conta d’água que vence amanhã.

 Alibaba engoliu a seco. Como pudera se esquecer? Tinha de pedir um adiantamento a Aladdin justamente por causa disso, mas com tantas atribulações, acabara não falando nada sobre.

— Droga! Eu me esqueci de falar com o Aladdin… - resmungou.

— Então já era! Posso postar no facebook agora mesmo que esse teu amigo tá morando aqui e que vocês tão tendo um caso!

— Não! - ele arregalou os olhos.

— Calma, Alibaba-dono! - Hakuryuu deu um passo a frente. - Senhorita, quanto o Alibaba-dono deve?

— Hakuryuu! - Alibaba tentou impedi-lo.

— Hm? - ela puxou um cigarro de dentro do vão dos seios e levou à boca, interessada ao ver o jovem abrir a carteira.

— É o suficiente? - ele lhe entregou algumas notas.

 A mulher imediatamente arregalou os olhos ao ver aquela quantia de dinheiro.

— Com isso você paga a água e ainda ganha um programa comigo, o que acha?

— Na-não, obrigado. - Hakuryuu corou violentamente.

— Com licença, Toto.

 O loiro logo pegou o menor pelo pulso e o puxou para dentro de seu apartamento. Sabia que não seria fácil livrá-lo de Toto agora que ela viu que o rapaz tinha dinheiro.

 Assim que adentraram o lugar, Alibaba acendeu as luzes e Hakuryuu se surpreendeu. O lugar, apesar de bastante humilde, era bastante organizado. Alibaba realmente era bem cuidadoso com suas coisas.

— Fique à vontade, Hakuryuu! A casa é sua!

— Obrigado, Alibaba-dono!

 E sentindo-se realmente como Alibaba havia lhe dito, o moreno soltou sua mala já na entrada e retirou o pesado sobretudo para depositá-lo nas costas do único sofá de três lugares que havia no centro daquela sala.

— Peço desculpas pelo Olba e pela Toto. Eles podem não parecer, mas são ótimas pessoas. Me ajudaram muito quando… meu pai morreu e falimos.

— Não se preocupe. - Hakuryuu sorriu. - Se são seus amigos, certamente são boas pessoas!

 Alibaba sugeriu que pedissem uma pizza, mas estavam tão exaustos. Hakuryuu apenas quis tomar um banho e adormeceu ali mesmo, naquele sofá. Não teve tempo de pensar em nada. O anfitrião pensou em acordá-lo e chamá-lo para ir para a cama, mas preferiu deixá-lo descansar. Viu que ele parecia estar tão em paz. Achou injusto tirá-lo daquele sono profundo. Apenas o cobriu com uma grossa manta, tendo em vista que seu apartamento não era tão aconchegante quanto ele merecia.

—--------xxxxx---------

 Tudo tinha sido bem rápido, Mas aos seus olhos, tudo estava em câmera lenta.

 Seus olhos cresceram ao mesmo tempo em que sua única reação, em meio aos gritos e correria que começava ao redor, foi se virar para trás e ver aquele que se jogou em sua direção. Seus lábios não tiveram tempo de pronunciar seu nome, ainda mais quando viu aquela bala atravessar de uma só vez a cabeça dele.

— JUDAL!

 Acordou em um sobressalto chamando o nome que, em seu sonho, não conseguiu. Duas lágrimas caíram de seus olhos enquanto tremia, impressionado com o que tinha acabado de ver. Sentia um terrível pressentimento.

 Afastou as cobertas e pôs as pernas para fora. Como havia sido capaz de não ir atrás de Judal? Tinha sido tão… egoísta. Ele podia ter morrido tentando protegê-lo.

 Caçou o celular que estava no meio das almofadas e deslizando o polegar algumas vezes chegou àquele número que havia deixado tantas chamadas na tarde anterior. Levando o aparelho até o rosto ouviu chamar uma, duas… tantas vezes. Judal não atendia. Será que estava dormindo? Por que sentia uma urgência terrível por encontrá-lo?

— Tsc, me desculpa, Alibaba-dono!

 Hakuryuu rapidamente se vestiu, sentia como se não tivesse tempo para mais preparativos. Num papel qualquer sobre a mesa rabiscou um rápido bilhete para Alibaba e partiu.

 Desceu rapidamente as escadarias e sentiu a gélida brisa daquela madrugada.

 Droga, nem sabia onde estava! Era melhor andar até a avenida e chamar um taxi. Porém, naquela correria, Hakuryuu não percebeu o homem que se escondia atrás daquela montanha de lixos acumulada na entrada do prédio, que abriu um largo sorriso ao apertar o botão do rádio em suas mãos.

— Ele saiu sozinho. Avise ao Koumei-sama.


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Notas finais do capítulo

Parece que o Hakuryuu não está tão protegido quanto parece. E Judal? O que aconteceu com ele? Muito obrigada por lerem e lembrando que críticas, sugestões, comentários são sempre bem-vindos! ^^



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