Escape escrita por Miaka


Capítulo 16
Passado I


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo especial! Temos um flashback importante para introduzir mais um vilão na nossa história. Espero que gostem - eu realmente planejo essa parte há um bom tempo! ♥



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Ao ouvir aquele disparo, Sinbad não teve reação.

Seus olhos cresceram enquanto o tempo parecia correr mais devagar.

Foi quando sentiu ser empurrado, violentamente, para o lado.

Enquanto caia, ele pôde ver o projétil atingir em cheio o peito de seu inspetor, aquele que o havia afastado, tornando-se, assim, alvo daquele tiro.

O corpo de Ja’far foi jogado para trás, chocando-se com uma das portas dos armários que os cercavam. O espelho embutido naquela porta trincou. Ele foi ao chão logo em seguida.

Foi quando, da mesma forma que tudo parou, o tempo pareceu voltar ao normal e Sinbad sentiu seu coração acelerar.

— JA’FAR!!!

Judal assistiu o desespero do delegado ao correr, agachando-se ao lado de seu subordinado.

Ele estava tão em choque quanto Sinbad.

Sua mão tremia, o dedo ainda apoiado ao gatilho. O que tinha feito? - perguntava-se.

Oe, Ja’far! JA’FAR, RESPONDA!

Tomando o alvo em seus braços, o delegado o sacudiu e, tentando reanimá-lo, estapeou de leve o rosto pálido.

Não! Não era justo! Não podia perder Ja’far!

Depois de perder Serendine, perder Ja’far seria o fim.

Não teria forças para resistir àquela perda. Seu inspetor era mais do que seu melhor amigo, seu amante, seu companheiro. Sinbad estava apavorado e as lágrimas caíam enquanto encarava o rosto tão bonito, buscando alguma reação.

Foi quando os olhos verdes se abriram e Ja’far abriu um pequeno sorriso.

— Fique calmo, Sin. - ele sussurrou.

— J-JA’FAR?!

Sinbad gaguejou, espantado ao ver que ele estava bem, mas ao mesmo tempo aliviado. Então decidiu olhar de novo o pequeno buraco que fora aberto em seu terno. Não havia sequer uma mancha de sangue.

— C-como…

— Você veio despreparado… - Ja’far se desvencilhou dos braços do moreno, levantando-se em seguida - Já eu… - para abrir dois botões da camisa de linho branca e exibir o colete à prova de balas.

O moreno levou uma mão ao próprio peito e suspirou aliviado antes de abraçar forte aquele que era tudo em sua vida. Como temeu perdê-lo.

Beijou o topo dos fios esbranquiçados e agradeceu a Deus, apesar de ser um homem sem qualquer tipo de fé, por Ja’far estar bem.

Parecia até mesmo ter se esquecido do rapaz que permanecia com aquela arma em punho, mas que logo a deixou cair. Um som surdo quando a pistola caiu no chão encarpetado ao mesmo tempo em que os joelhos de Judal foram ao chão.

Ja’far e Sinbad o encararam e viram as trilhas de lágrimas que cruzavam seu rosto.

— Judal…

— Me… Me desculpa… - ele balbuciava, parecendo bastante assustado.

Entreolhando seu inspetor, o delegado se levantou e caminhou até Judal.

Agachando-se novamente e, tentando relevar o fato daquele rapaz ter atirado em Ja’far, já que ele estava sob o efeito de drogas, Sinbad tocou seu ombro.

— O que está acontecendo? Por que não está com Hakuryuu no hospital e está aqui se drogando desse jeito?

— Ha… Hakuryuu não… não quer me ver mais. - respondendo entre soluços, Judal se encolheu. E… E dá pra imaginar porquê. Olha o que acabei de… de fazer...

Mordendo o lábio inferior, Sinbad se ajoelhou e puxou o rapaz para mais perto, envolvendo-o em um abraço. Foi o suficiente para que Judal desmoronasse em lágrimas. Chorava como uma criança, agarrando-se ao terno do inspetor, o que espantou até mesmo Ja’far.

— Calma, calma. - afagando as costas do mais jovem, o delegado tentou acalmá-lo. - Deve ter sido apenas uma discussão. Vocês têm que se resolver agora.

Judal se afastou um pouco para encarar Sinbad e explicar a situação.

— Ele acha que eu… estou envolvido com a família dele, que… que armei a emboscada para ele!

— Você tem que convencê-lo, então, de que isso não é verdade. Sabe como Hakuryuu sofre naquela família louca!

— Ele me pôs pra fora! Disse que não quer me ver mais… Tsc, é sempre assim… Quando gosto de alguém essa pessoa… me lembra que sou muito ruim e não mereço ninguém!

— Judal, não é verdade! Estamos aqui com você! - Sinbad tentava convencê-lo.

— Está aqui porque chamaram a polícia! - retrucou.

— Sabe que não é verdade! - insistiu Sinbad.

— Sin, estou indo ao hospital.

Aquela voz chamou a atenção do delegado, que fitou Ja’far que voltava a fechar os botões centrais seu terno.

— Ja’far…

— Vou conversar com o Hakuryuu-kun. - ele explicou. - Cuide do Judal enquanto vou resolver isso.

Sinbad estava atônito. Não imaginava que Ja’far pudesse se apiedar e se colocar à frente daquela situação, afinal, sabia muito bem como seu inspetor se sentia em relação a Judal. Ele não negava repudiá-lo após saber de todo o passado que Sinbad teve, não só com Serendine, mas com aquele rapaz.

— Vá com o carro.

— Não se preocupe, eu posso pegar um táxi. Volto quando tudo estiver resolvido. Não deixe o Judal sozinho! - ele praticamente ordenou.

Ele só teve tempo de assentir quando Ja’far já saia do apartamento, usando seu celular para pedir um táxi. Foi quando o delegado suspirou e voltou a encarar Judal e todo aquele carpete, impregnado com resquícios de cocaína.

— Eu pensava que só estava vendendo essas merdas… Pensei que tinha saído dessa.

— Decepcionei você?

Judal questionou, tendo todo o cuidado para não encará-lo. Ele conhecia a si mesmo e como decepcionar Sinbad lhe machucava.

— Acho que isso é o que menos importa. E se eu não soubesse que tem que entregar esse lixo para os clientes do Kouen, eu juro que queimaria tudo!

— Pode queimar… O que ele vai fazer? Me matar? Me jogar naquele cativeiro de novo? - Judal ria ironicamente. Sentia-se tão perdido. - Você nunca vai conseguir pegar ele, Sinbad… Como nunca conseguiu pegar quem matou ela.

—------xxxxxxx------

Uma forte tempestade castigava aquela noite.

Assim que o táxi parou em frente ao hospital e Ja’far pagou ao motorista, saiu correndo para dentro do prédio. Na recepção, apenas mostrar seu distintivo era o suficiente para que sua entrada fosse concedida.

Não demorou muito para chegar àquele quarto. Mas antes de bater à porta, conferiu em seu relógio de pulso a hora. Passava das nove. Será que Hakuryuu estaria acordado?

Bateu duas vezes com as costas da mão e esperou ser atendido.

— Pode entrar!

Assim que recebeu permissão, Ja’far girou a maçaneta e adentrou aquele quarto.

Hakuryuu estava sentado, recostado nos travesseiros, enquanto tinha um livro em mãos. Abriu um largo sorriso ao ver de quem se tratava.

— Ja’far-dono!

— Hakuryuu-kun, boa noite! - Ja’far correspondeu o gesto ao se aproximar do leito. - Peço desculpas por ter vindo tão tarde.

— Não se preocupe! - ele fechou o livro e o depositou na cabeceira. - Eu fico muito feliz de me visitar! Me sinto bastante sozinho aqui.

 Ja’far observava a melancolia que Hakuryuu tentava esconder. Era nítido que estava magoado, por mais que parecesse animado. E Ja’far sabia muito bem, afinal, sua especialidade era desvendar o que as pessoas sentiam. Formado em psicologia e se aperfeiçoando na área criminal, era muito fácil para ele compreender alguém por seus mínimos gestos e ações.

— Entendo… E como se sente?

— Estou ótimo! - ele se ajeitou na cama para se sentar melhor. - O médico disse que posso ter alta depois de amanhã! - Hakuryuu exalava alegria ao dizer aquilo.

— Que bom! - Ja’far parecia realmente feliz com a notícia. - Imagino que esteja entediado ficando internado assim.

— Bastante… - ele olhou pela janela. - Mas minha irmã tem vindo me visitar!

O inspetor piscou, receoso, ao ouvir as palavras do rapaz.

— S-Sua irmã?

— Sim, ela tem vindo me fazer companhia! E você acredita que ela me convidou para ser padrinho do casamento dela com o Kouen?!

A afirmação de Hakuryuu era surreal, mas ao mesmo tempo em que Ja’far ponderava sobre a loucura que tudo aquilo aparentava, ele sabia que não era o momento de questionar se ele, sequer, cogitou ir à cerimônia cujo anfitrião era seu maior algoz.

— Q-que ótimo, Hakuryuu-kun! Deve estar bem feliz! - ele precisava agir rápido. - E Judal? Não está aqui com você?

Era melhor que Hakuryuu acreditasse que não soubesse do ocorrido.

Mas assim que escutou aquele nome, ele franziu o cenho. Mordiscou o lábio e desviou o olhar.

— Ele foi para casa.

— Sério? Ele estava tão preocupado. Fizemos de tudo para que tivesse liberação judicial para permanecer ao seu lado.

— Ja’far-san. - voltando a encará-lo, Hakuryuu estava sério. - eu vou ser sincero com você. Por favor, não ajudem mais o Judal. Eu descobri que ele está trabalhando com o Kouen para me matar!

Os olhos esverdeados cresceram ao mesmo tempo em que Ja’far não sabia o que responder. Hakuryuu parecia bastante convencido do que ele mesmo afirmava.

— Eu mandei ele embora justamente porque descobri que ele está…

— Hakuryuu. - Ja’far o interrompeu.

Piscando, o mais novo nada entendeu quando Ja’far puxou a cadeira para mais perto de seu leito. Ele encarou Hakuryuu e suspirou profundamente.

— Eu sou a pessoa que mais odeia o Judal nesse mundo.

Foi a vez de Hakuryuu ficar assustado. Era possível que alguém tão dócil quanto Ja’far declarasse ódio assim por alguém?

— D-Deve saber bem o que ele faz e quem é…

— Na verdade não. - um melancólico sorriso cruzou os lábios daquele que evitou encarar Hakuryuu. - Eu apenas não consigo perdoar ele… pelo simples fato de Sin amá-lo tanto.

Os olhos azuis piscaram. Amar?

Agora ele se perguntava se Judal teve algum relacionamento mais sério com o delegado. Mas assim que notou a confusão na expressão de Hakuryuu, Ja’far riu.

— Calma, calma! Não do jeito que está pensando! Na verdade… o que Sin tem é um amor muito forte como de um pai e eu me esforço para entender isso.

— Conhecem Judal há muito tempo, não?

— Sin o conhece há muito mais tempo que eu. E justamente pelo Sin confiar cegamente nele é que eu garanto a você que Judal é uma boa pessoa, por mais que não pareça.

Pensativo, Hakuryuu refletia sobre as palavras de Ja’far. Sentia-se cruel e, principalmente, injusto ao tê-lo expulsado dali.

— Ele está sofrendo muito porque não confia nele. - o inspetor prosseguiu.

Tsc, eu acabei falando besteiras e mandei ele embora. Para mim é difícil confiar em alguém…

— Eu imagino. Sua vida também não foi nem é nada fácil. E o amor… - ele se recostou naquela cadeira e abriu um sorriso. - também não é nada fácil.

— Ja’far-dono, como conheceu o Sinbad-dono?

Aquele homem lhe transmitia segurança e lhe deixava à vontade o suficiente para que fizesse aquele tipo de pergunta. Mas, subitamente, Ja’far pareceu um tanto quanto assustado ao ouvir aquela pergunta.

— M-Me desculpe! Perguntei algo que não devia?

— Não, não. - o alvo sorriu. - É que… estamos exatamente onde conheci o Sin...

[...]

Não podia evitar se sentir bastante receoso. Para alguém que havia entrado na polícia há pouco tempo, estar envolvido em um caso com tamanha repercussão era incrível, mas ao mesmo tempo assustador.

De qualquer forma se sentia agradecido, afinal, quem o indicara para estar ali era ninguém menos que Rashid Saluja, um poderoso advogado e empresário determinado a salvar aquele que não era apenas seu cliente, mas também aluno e amigo.

Assim que se aproximou dos dois policiais que cercavam aquela porta ele tirou o distintivo do bolso do terno. Logo que checaram sua identificação, sua permissão foi concedida. Um dos policiais abriu o caminho e ele pôde adentrar aquele lugar.

Fechando a porta atrás de si ele deu dois passos à frente e se curvou.

— Bom dia, Sinbad-san!

Não houve resposta. Apenas o incessante bip daqueles aparelhos que monitoravam seu novo cliente.

Reergueu-se para encontrar aquele que nem ao menos o encarou.

E como estava surpreso! Com tantas notícias acerca daquele crime, o rosto daquele homem não lhe era desconhecido, porém, vendo-o pessoalmente conseguia notar como ele era dotado de uma beleza extremamente exótica, apesar de parecer tão maltratado.

Aproximando-se daquele leito, o alvo observou os pulsos enfaixados - um deles algemado à cama.

Os olhos dourados estavam caídos, opacos, em meio à uma expressão completamente abatida. Uma barba fina e serrada ocupava metade daquele rosto. Nada diferente do que ele esperava encontrar, afinal, era o motivo pelo qual havia sido chamado ali.

Ele suspirou, deixando a maleta em cima da cadeira mais próxima e a abrindo. De lá tirou uma pequena lanterna.

— Com licença.

Examinando os olhos daquele homem ele usou os dedos para arregalar aqueles orbes. Não houve reclamação alguma enquanto analisava aquele belo par. Pareciam duas gemas de ouro. Ele nem ao menos piscou.

— Hmmm… Creio que a anemia se deve à perda de sangue recente. Foram duas tentativas na semana passada, não? É normal que esteja bem debilitado. - ele concluiu ao guardar novamente aquela lanterna e tomar o lugar da maleta na cadeira. - Meu nome é Ja’far, Sinbad-san. Sou psiquiatra forense, apesar de não ter vindo aqui à mando da polícia, mas sim do seu advogado, o senhor Rashid Saluja. Esse senhor está muito preocupado com você, sabia?

Como esperado, Ja’far não recebeu resposta. Não era incomum cuidar desse tipo de caso, em especial, um tão delicado como o de Sinbad.

— Soube que é um dos melhores detetives da cidade e que preferiu ser delegado a juiz, cargo pro qual foi nomeado também. É formado em direito e mesmo muito jovem ganhou cargos bem altos devido a seu ótimo desempenho. Além disso, pelo que soube das pessoas que convivem com você, é uma pessoa espirituosa, gentil e caridosa. - ele pausou para encará-lo. Era como se falasse com as paredes, mas nada que abalasse Ja’far. Fazia parte de sua profissão lidar com aquele tipo de comportamento, que ele compreendia perfeitamente. - Não quer falar comigo? Sei que está sendo acusado injustamente. - seria a melhor maneira de começar? - Não é? - nada novamente. Ja’far suspirou. - É por isso que se machucou assim? Foi por isso que desejou morrer?

Ele sutilmente balançou a cabeça. Um sorriso apareceu no rosto do psiquiatra. Certamente era um avanço.

— Então por que fez isso consigo mesmo? - ele apontou os pulsos enfaixados. - Não quer morrer?

Agora o moreno balançava a cabeça positivamente. Ja’far analisava cada movimento daquele que se tornava seu paciente.

— Quer morrer porque sua esposa e seu filho morreram?

Ele permaneceu a assentir, mesmo que não encarasse os olhos verdes que tanto o questionavam.

— Quem os matou, Sinbad?

Não houve resposta.

— Foi você?

Mais uma vez a resposta era positiva.

— Está mentindo. - Ja’far foi direto. - Não foi sua arma que disparou os sete tiros que mataram sua esposa.

Saia daqui… - ele murmurou. - Por favor…

Não posso. - o alvo suspirou. - Eu vim ajudá-lo e só posso sair daqui quando você se recuperar e eu provar que você é inocente.

Eu não sou inocente. - outro sussurro.

Ja’far se levantou e encarou aquele homem. Ele parecia tão frágil, mas precisava tomar uma postura rígida.

— Você sabe que é, por mais que tente convencer a si mesmo disso. Eu estou reunindo provas com seu advogado, o doutor Rashid, Sinbad. Mas se permanecer mentindo até para si mesmo e se machucando assim, a única forma que vou ter de te salvar é atestando sua insanidade e vai ter que ficar numa clínica, preso também, mas por si mesmo. Me deixe te salvar, Sinbad!

Foi quando, finalmente, Sinbad decidiu encará-lo. Os olhos marejados encontraram os daquele que estava tão decidido a salvá-lo daquela condenação.

— Você não entende… Não quero que me salve! Não quero!

Vai jogar sua vida inteira fora, Sinbad? É jovem, inteligente, bem sucedido…

Jogaram a vida da minha mulher e do meu filho…

Viva por eles, então! Acha que sua esposa ia querer que morresse? Imagina o quão triste ela não deve estar vendo que está buscando a morte?!

Aquele rapaz estava deixando Sinbad no limiar de sua paciência.

— Eu não tenho mais ninguém! - ele vociferou. -  Será que não entende!?

TEM A MIM! - Ja’far respondeu no mesmo tom. - E EU NÃO VOU DEIXAR QUE MORRA! SERÁ QUE NÃO ENTENDE?! - ele repetiu o próprio questionamento de seu paciente.

Atônito, Sinbad o encarava sem saber o que dizer. Não era como se ele estivesse falando aquilo da maneira profissional que diria a qualquer um. Havia sentimento naquelas palavras.

— O doutor Rashid está muito preocupado com você também. - Ja’far suspirou. - Meus honorários são bem caros e ele está fazendo questão de te ajudar, então, não desperdice isso, ok? - ele se levantou, trazendo a maleta consigo mesmo. - Eu volto amanhã. Não faça nenhuma besteira, ok?

O agora criminoso nada respondeu. Apenas observou aquele jovem deixar seu quarto. Sua exclamação ecoando em sua mente.

— ME DEIXEM ENTRAR! EU PRECISO FALAR COM ELE!

Assim que Ja’far cruzou a porta, encontrou um rapaz que se debatia ao ser segurado por um dos policiais.

— EU PRECISO VER O SINBAD! QUERO SABER COMO ELE…

O que está acontecendo? - Ja’far perguntou. - Quem é este rapaz?

Não interessa pra um franguinho como você! - rebateu Judal que, com muito esforço, saiu do encalce de um daqueles homens. - Droga!

Quem é você? - Ja’far indagou. - Por que precisa ver Sinbad?

Já disse que não te interessa! Quem é você pra saber disso?!

Ja’far suspirou, irritado com a petulância daquele rapaz. Porém, será que ele seria capaz de ajudá-lo em seu caso? Precisava ser paciente, sua profissão exigia isso.

— Sou Ja’far, psiquiatra do seu amigo. - ele estendeu a mão para cumprimentá-lo. - Se está preocupado com Sinbad, pode ficar tranquilo. Ele está bem, descansando.

Contorcendo os lábios, o moreno estava hesitante em cumprimentar aquele homem. Psiquiatra? Pela aparência Ja’far não parecia tão mais velho que ele. De qualquer forma, estava grato pela informação. Havia saído de casa às pressas ao saber que Sinbad havia sido transferido do présidio ao hospital, após mais uma tentativa de suicídio.

— Judal. - ele o cumpirmentou, evitando encará-lo.

Você é o Judal?! - os olhos verdes cresceram.

C-como me conhece? - o moreno se assustou.

Podemos conversar?

Não demorou muito para que chegassem à cafeteria do hospital. Um tanto quanto relutante, Judal aceitou o convite de Ja’far. Ele parecia uma pessoa bem-intencionada e, de qualquer forma, precisava de aliados naquele momento tão difícil.

A garçonete terminava de depositar dois cafés sobre a mesa quando Ja’far começou.

— Eu ouvi as gravações telefônicas. Foi você quem deu a localização da operação policial.

Não precisa me lembrar disso. - Judal observava seu reflexo flutuando no líquido escuro. - Eu me lembro o tempo todo.

Por que está deixando Sinbad se incriminar por algo assim? Ele.. nem ao enos teve o direito de ir ao funeral da esposa.

— Porque ele me proibiu de dizer. - ele foi direto. - Ele acha que vão me prender porque eu fiz uma merda. Mas ele disse que ia se matar se fosse solto, mas está tentando isso preso! - dizendo entre os dentes, Judal bufou. - Eu sei que sou culpado do que aconteceu.

— Quem atirou na Serendine-san, Judal?

— Acha que foi quem? Sinbad? Foi o maldito do Barbarossa. O ex-noivo dela…

— No processo consta que Sinbad assassinou sua esposa por ciúme de um amante, o tal Barbarossa… - Ja’far se recostou na cadeira.

— Tsc, Barbarossa jamais seria amante da Serendine! Aquele miserável a usava, batia nela, só queria o dinheiro que sua família sempre teve! - Judal estava inconformado. - Ainda querem manchar a lembrança da Serendine… Como se ela fosse uma adúltera.

— Eu vou reunir provas, Judal. Mas vou precisar que confesse sua participação nas ligações. Prometo que não será incriminado.

Judal desviou o olhar sem dar resposta alguma ao psiquiatra.

Por favor…

E o que me garante que não serei preso? - ele se levantou.

Se não tem envolvimento com o crime, não precisa se preocupar!

Sinbad não tem envolvimento nenhum e está enjaulado!

— PORQUE VOCÊ O DEIXOU ASSUMIR UMA CULPA SOZINHO!

Foi a vez de Ja’far se levantar e exclamar. Judal nada disse, apenas balançou a cabeça negativamente antes de deixar aquela mesa.

Como conseguiria ao menos tirar Sinbad da cadeia sem a ajuda daquele rapaz?

—------xxxxxxx------

Durante todos os dias daquela semana, Ja’far foi visitar Sinbad.

Quando ele recebeu alta, Ja’far comparecia ao presídio todos os dias. E por mais que ele se recusasse a falar muito, aos poucos ia conhecendo melhor do detetive. E quanto mais o conhecia… mais apaixonado o psiquiatra se via.

E reunindo provas a favor de seu paciente, Ja’far acabava passando seu tempo livre ouvindo novamente as conversas que tinham. Como amava ouvir sua voz.

Estacionando o carro em frente àqueles enormes muros, ele pausou a gravação que ouvia. Foi no mesmo momento em que seu celular tocou. Ele rapidamente atendeu, sem nem ao menos ver quem o ligava.

— Ja’far-kun?

Imediatamente reconhecendo aquela voz, ele se assustou.

— R-Rashid-sama! Boa tarde! Eu estou cheg…

Judal depôs ontem, por vontade própria. - ele interrompeu o psiquiatra. - Sinbad vai ser solto hoje.

A surpresa e a alegria tomaram Ja’far. Como agradeceu por estar ali naquele exato momento. Então Judal realmente havia seguido seu conselho.

— M-Mas Judal vai ser preso, então?

Não, não se preocupe. Eu já agi e ele não está sendo envolvido. Com o depoimento dele e as gravações que encaminhou na denúncia, o Barbarossa vai ser indiciado.

Que bom… - ele estava tão feliz. Apoiou-se ao volante e abriu um largo sorriso.

Ja’far-kun, eu não posso ir buscar o Sinbad. Teria como…

— É CLARO, SENHOR! - dispondo-se prontamente, Ja’far abriu um sorriso.

— Obrigado… Além disso, eu gostaria de pedir, sei que isso não está incluso em seus serviços, mas… se pudesse ficar um tempo com Sinbad até eu poder trazê-lo para minha casa. Tenho medo que ele tente alguma coisa novamente…

— Não se preocupe, Rashid-sama. Vou ficar ao lado do Sin, digo, - ele se corrigiu, corando. - do Sinbad-san o tempo todo. Não se preocupe!

—------xxxxxxx------

Esperando naquela recepção, Ja’far foi surpreendido ao ver o homem que era trazido até ele sem aquelas algemas. Sinbad não parecia nada feliz em estar sendo solto. Tão melancólico quanto algumas carcereiras que o viam partir e suspiravam pelo delegado, Sinbad arregalou os olhos ao ver Ja’far se levantar daquela cadeira.

— Você aqui?!

Vim levá-lo pra casa!

Sinbad nada respondeu. Foi conduzido por aquele homem para o lado de fora. A claridade daquele dia de sol ofuscando seus olhos. Havia pelo menos uma semana que não via a luz do dia. E apesar do exemplar comportamento, Sinbad mesmo não desejava sair para banho de sol.

— Meu carro está na outra rua.

Ja’far indicou quando notou que o moreno segurava uma bolsa, provavelmente com os pertences que lhe foram devolvidos. O pulso ainda enfaixado parecia se esforçar para segurá-la.

— Me dê isso aqui, não deve se esforçar.

Ele tomou a bolsa do detetive, que não protestou. Na verdade Sinbad se sentia bastante confuso. Aquele homem não era apenas um psiquiatra? O que fazia ali lhe buscando e parecendo tão íntimo?

Chegaram em frente ao Peugeot verde-escuro e Ja’far logo destravou as portas, jogando a bolsa de Sinbad no banco de trás Parecia impossível esmaecer aquele sorriso em seu rosto quando se sentou do lado do motorista e Sinbad ao seu lado.

— Sabe onde… onde eu moro?

Claro que sim. Li e reli seu processo umas mil vezes e lá repete pelo menos umas dez vezes o seu endereço. - Ja’far riu, abrindo o porta-luvas. - Tem doces e chocolates aqui, se quiser. - indicou enquanto dava partida no carro.

Quem é você, afinal?

Aquela pergunta surpreendeu o psiquiatra. E por um instante ele se perguntou, realmente, por que estava fazendo tudo aquilo por um paciente. Porém alguém como ele, que estudava a alma das pessoas, conhecia muito bem o que passava consigo. Não havia motivo para questionamento.

— Hm? - ele arqueou uma sobrancelha. - Ja’far, seu psiquiatra e amigo, não? - parecia óbvio.

Por que está fazendo tudo isso… por alguém que nem conhece?

Os olhos verdes pareciam confusos, piscando ao encará-lo. Era a primeira vez, de fato, que seus olhares se encontravam. Ja’far sentiu seu coração palpitar, o rubor tomou conta da típica palidez.

— Eu conheço você muito bem já, Sinbad-san…

Não teme que eu realmente tenha matado a Serendine?

Como eu disse, eu o conheço muito bem e sei que não, jamais faria isso.

Sem vacilar, Ja’far permaneceu a fitar os olhos dourados. Ele confiava em Sinbad de olhos fechados e aquilo surpreendia tanto o delegado. Como Ja’far, ele estava acostumado a analisar comportamentos, trejeitos e era estranho como quase tudo o que aquele rapaz fazia parecia encantá-lo.

— Como pode confiar em alguém acusado de assassinato?

Porque eu sei que não é um assassino. - era simples demais.

Sinbad riu e Ja’far pareceu não entender o porquê daquele riso. Mas como se sentiu feliz ao vê-lo sorrir. Desde que o conhecera, jamais havia visto um sorriso cruzar aqueles lábios.

— Você é uma pessoa engraçada, Ja’far.

Meus colegas de faculdade diziam o mesmo, Sinbad-san. - ele sorriu. - Podemos ir para sua casa?

Ja’far… - ele desviou o olhar. - já que sabe tudo de mim… sabe onde a Serendine foi enterrada?

Aquela pergunta fez Ja’far engolir a seco. Ele assentiu enquanto mordia o lábio inferior.

— Pode me levar até lá? Eu… não pude ir ao enterro dela. Me prenderam antes.

— Sim…

—------xxxxxxx------

Não demorou mais que meia-hora para que chegassem àquele cemitério. Ventava forte quando saíram do carro e Ja’far decidiu esperar do lado de fora, indicando o lugar para Sinbad. Uma pequena mentira para que pudesse comprar flores. Sabia que, saindo da cadeia, o delegado não teria um centavo no bolso para aquilo.

Assim que comprou um belo e pomposo buquê de rosas brancas, Ja’far seguiu o moreno. E como, em seguida, ele desejou não ter feito aquilo.

Encontrou Sinbad ajoelhado diante daquela pequena lápide. Parecia um túmulo abandonado, já que a família da moça havia a deserdado quando ela decidiu se casar com alguém não-considerado do mesmo nível. A única família que ela escolhera e tinha eram Sinbad e Judal.

Ja’far se manteve afastado, dando a Sinbad a privacidade que ele precisava naquele momento.

E como doeu ouvir os soluços e murmúrios daquele homem. As súplicas e inúmeros pedidos de desculpas que não ajudariam a confortar seu coração. A culpa o corroía.

Quando o choro cessou, Ja’far decidiu se aproximar, entregando aquele buquê ao delegado.

— Você sabe o que fazer. - ele sussurrou.

Beijando uma daquelas rosas, Sinbad as depositou sobre aquela lápide e chorou o máximo que pôde, agora confortado por um compreensivo Ja’far, que se manteve o abraçando e afagando os fios púrpura.

“Eu prometo que vou cuidar dele para você, Serendine-san… Nada de mal vai acontecer com ele enquanto eu estiver perto. Eu prometo!”

Foi o último pensamento de Ja’far ao se afastar dali ao lado de Sinbad.

E enquanto caminhavam de volta ao carro, o psiquiatra se condenou ao se ver completamente envolvido com aquele que devia ser só mais um paciente. Como se apaixonara daquela forma? Nunca havia se sentido assim.

—------xxxxxxx------

Meses depois, com todas as provas que o advogado de defesa, Rashid Saluja, e o psiquiatra forense, Ja’far, haviam reunído, além do depoimento de Judal, Barbarossa foi condenado, porém a polícia jamais o encontrou.

Sinbad havia voltado ao seu posto de detetive assim que Ja’far o liberou para voltar a suas atividades. Aos poucos ele conseguiu recolocar sua vida aos eixos e não desejar mais sua própria morte. Talvez devido à companhia daquele que, gradativamente, esquecia cada vez mais de voltar para sua casa. Ele mesmo havia perdido a noção de quanto tempo havia ficado morando naquele apartamento.

— Vamos fazer um brinde?

Ja’far estava radiante, não só por mais uma vitória em sua carreira, mas por ver Sinbad partilhar de tamanha felicidade e estar ali, hoje, ao seu lado.

— S-Sin, não há necessidade. - o alvo riu.

— É claro que tem necessidade! Agora é, oficialmente, inspetor do delegado Sinbad! Além de, finalmente, ser um psiquiatra forense de verdade. Está triste por deixar a clínica? Ou por ter que trabalhar comigo? - ele brincou.

— N-não, de jeito nenhum! - Ja’far balançou a cabeça. - Fico muito feliz de podermos trabalhar juntos!

— Então vamos brindar!

Ele sabia que não tinha como impedir Sinbad, quando ele colocava algo na cabeça. E como estava animado, o delegado decidira fazer um churrasco. Na cozinha americana do apartamento, Ja’far estava sentado na banqueta em frente ao balcão enquanto assistia o moreno abrir uma garrafa de vinho tinto.

Assim que depositou a bebida nas duas taças, Sinbad se sentou do lado oposto de Ja’far.

— Ao seu sucesso e a sua felicidade, Ja’far! - ele ergueu a bebida.

— A nossa, Sin.

Brindaram e Sinbad assistiu seu novo inspetor beber. Ficou ali, apenas a admirar aquela beleza sem par. A pele tão pálida, as feições tão finas, as sardas que salpicavam a alvura e aquele par esverdeado que contrastava com tanta palidez.

— Não vai beber? - ele perguntou.

Eu queria brindar a mais uma coisa. - Sinbad disse.

Hm? - Ja’far arqueou uma sobrancelha. - E ao que seria?

A… nós. - Sinbad corou. - A nossa amizade, ao… que ganhei, mesmo quando perdi tudo.

— Sin… - ele sorriu. - Eu que sou grato pelo tempo que estamos juntos…

Verde e dourado se encontraram. E apesar de desconfortáveis ao se encararem, parecia impossível evitar um ao outro.

A mão de Ja’far, sobre o balcão, foi coberta pela do delegado. Ele se perguntava se aquele era o momento ideal. E como se questionou se estava correto o que estava fazendo, afinal, havia pouco mais de um ano da morte de Serendine. Como pudera se apaixonar tão facilmente, sendo louco como era por aquela mulher? Ele mesmo acreditava nunca poder amar novamente, mas Ja’far era tão especial…

Não falaram nada. Apenas permaneceram a se encarar, inconscientemente aproximando os rostos quando os lábios se encontraram.

O gosto do vinho se misturou a uma doçura natural, que parecia típica dos lábios de Ja’far. O inspetor, por sua vez, se perguntava se aquilo era real, saboreando aquele beijo que tinha tanta luxúria.

Apartaram-se para recuperar fôlego e um tanto quanto assustados, mas nitidamente satisfeitos.

Ja’far, eu...

Sin, eu…

Foi uníssono, se não fosse pela diferença de nomes. Ambos riram, os rostos ruborizados pelo constrangimento. Pareciam dois adolescentes.

Eu te amo, Ja’far!

Eu te amo, Sin!

—------xxxxxxx------

— Você… acreditou no Sinbad-dono mesmo quando todas as provas acusavam o contrário e quando ele mesmo assumiu ser culpado de um crime.

Hakuryuu refletia, mas sua seriedade foi rompida por um largo sorriso, o qual Ja’far não entendeu.

— O que foi? Por que está rindo? - simpático, o alvo questionou.

— A história de amor de vocês é muito bonita… Você é uma pessoa incrível, Ja’far-dono! Eu acho que nunca vou conseguir amar e… confiar em alguém desse jeito.

— Ah, e acha que por causa dessa história de novela o Sin e eu não brigamos? Brigamos o tempo todo. -e le foi bem claro. - Mas a nossa confiança é algo que não pode se abalar e o mesmo tem que acontecer entre você e o Judal. Ele pode ter todos os defeitos do mundo, Hakuryuu-kun, mas é uma boa pessoa. No fundo… bem no fundo.

— Ele se entregou no final das contas… - pensativo, o moreno ponderou. - Como ele está, Ja’far-dono?

— Nada bem. Voltou a se drogar. Encontramos ele em casa completamente fora de si.

Tsc

— Converse com ele, sim? Vocês se amam e tem uma oportunidade de ajudar um ao outro. Não deixe que essa chance escape.

— O-Obrigado, Ja’far-dono. E obrigado por me contar tudo, eu… vou ser mais maduro para que possamos ficar juntos.

— Ótimo… - Ja’far sorriu antes de se levantar. - Bom, eu tenho que ir buscar o Sin na casa do Judal. Descanse.

—------xxxxxxx------

— Há quanto tempo você não limpa essa casa?!

— ARGH! Fala baixo! Minha cabeça está explodindo!

Sinbad, que terminava de varrer toda aquela ampla sala, ouvia as reclamações de um manhoso Judal deitado no enorme sofá.

— Isso aqui está um lixo!

— Eu não tenho uma mulherzinha prendada para limpar que nem você!

— Com o que Kouen te paga não consegue uma empregada? Na polícia você teria uma remuneração melhor. - ironizou Sinbad, sem deixar de alfinetá-lo.

— Esquece esse merda do Kouen… - Judal se sentou, apoiando a cabeça na almofada que segurava. - Amanhã mesmo eu vou na delegacia depor contra ele, satisfeito? E me faz um favor, me dá mil cópias desse depoimento pro Hakuryuu acreditar em mim!

O delegado riu do desespero de Judal. Certamente o amor estava fazendo bem a ele.

— Não vai ser necessário. Ja’far vai convencê-lo. Você vai...

Sentindo o celular vibrar, Sinbad enfiou a mão dentro do bolso da calça e o tirou dali. Uma mensagem enviada por um número desconhecido?

Desconfiado, ele logo a abriu. Mesmo com pouca nitidez naquela foto, ele conseguia reconhecer Ja’far, que parecia atravessar a rua. A foto tinha sido tirada de dentro de um carro.

“Não devia deixar seu cachorrinho solto sem coleira. Já se esqueceu o que aconteceu quando largou sua cadela por aí?”

O pânico tomou conta do delegado. Sabia muito bem o remetente daquela mensagem e o que aquilo significava.

— O que aconteceu? - Judal perguntou, preocupado com a palidez no rosto do moreno. - Algum problema? É o Hakuryuu?

Com os dedos tremendo e sem responder Judal, Sinbad ligou para Ja’far. O celular estava fora de área.

— DROGA! EU VOU ATRÁS DO JA’FAR! - ele esbravejou, largando aquela vassoura.

— O que aconteceu? Eu vou com você, Sinbad!

— Barbarossa voltou, Judal! E ele vai querer matar o Ja’far!


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Notas finais do capítulo

Wow, finalmente! Perdoem o capítulo enorme!
Mais para a frente eu ainda voltarei nesse passado porque muitas coisas ficaram em aberto e importantes para nossa história!
Espero que tenham gostado! ♥ Lembrando que reviews, críticas, sugestões sempre são bem-vindas e respondidas - mesmo que eu demore um pouquinho! ♥



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