Escape escrita por Miaka


Capítulo 10
Fighting for You!


Notas iniciais do capítulo

Nem acredito que consegui postar esse capítulo antes de um mês da publicação do anterior! Hahaha! Muito obrigada a todos que estão acompanhando e aproveito para anunciar que já estou publicando minha nova long sinja: Remember Me! Muito obrigada por acompanharem minhas histórias! ♥



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Os olhos azuis reluziam em meio à fraca iluminação daquele quarto. O largo sorriso era refletido naquela pequena seringa, que tinha a quantidade suficiente da substância que, silenciosamente, mataria Hakuryuu. Afinal, ninguém suspeitaria de sua morte após uma cirurgia tão arriscada.

Foi até aquela bolsa de soro e, cuidadosamente, se preparou para inserir a ponta daquela agulha no topo do plástico para injetar aquele líquido.

Na ponta dos pés, ela fazia o mínimo de barulho e, exatamente por isso, assustou-se com o estrondo que ecoou por todo o lugar quando a porta se abriu.

Ficou estática ao ver ali, naquela porta, o rapaz que vestia um avental azul, máscara e touca da mesma cor. Os olhos vermelhos, a única parte de seu rosto amostra, se arregalaram ao encontrar aquela mulher. Judal viu a seringa em sua mão e, vendo-se descoberta, a mulher rapidamente tentou escondê-la.

Tarde demais. Acabou que, na tentativa de escondê-la, fez com que a mesma caísse e rolasse pelo chão indo quase até o recém-chegado.

— O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?! - ele exclamou de forma ríspida. - O QUE IA FAZER COM O HAK...

Ela levou dois dedos na altura dos lábios, indicando que Judal fizesse silêncio enquanto que, com a mão livre, sem desviar os olhos dele, tirou uma pequena pistola 9mm da larga bolsa que trazia consigo.

Judal estreitou os olhos, tentando se manter calmo enquanto via o cano daquela arma ser apontado para si. Droga! Estava completamente desarmado desde que fora levado para aquele galpão onde tudo havia acontecido.

— Quietinho. - a mulher sussurrou, o sorriso por trás do indicador e do médio que cruzavam sua boca.

— Você ia matar o Hakuryuu? - em tom baixo, ele ousou perguntar. - C-como pode? Com suas próprias mãos! Você é mãe dele, não é?

— Mandei ficar quietinho.

Ela reiterou sem perder a calma, cada passo que dava sendo minusciosamente controlado quando seguiu até a seringa que havia rolado até a altura dos pés do leito de Hakuryuu. Ela se agachou ainda encarando Judal. A mão livre foi tateando o chão em busca daquele objeto o qual não poderia se dar o luxo de procurar com os olhos, travados em Judal.

Mas aquela pequena distração formava o momento ideal de desarmá-la.

Judal não pensou duas vezes. Dando dois passos largos, correu em direção a ela. Mas assim que Gyokuen o viu se aproximar, ela se levantou, afastando-se e aquela arma que apontava para Judal mudou seu alvo.

Agora ela apontava para Hakuryuu e, naquele instante, Judal sentiu seu corpo congelar. Aquela mulher atiraria em seu próprio filho?

— EU. DISSE. PARA. FICAR. QUIETO. - ela sibilou, a mão tremendo enquanto apontava para a cabeça de Hakuryuu.

— Você… não seria capaz.

Judal tremia. Mordia o lábio inferior sentindo os pés grudados ao chão.

Como queria tirar Hakuryuu da mira daquela pistola, mas se avançasse, ela poderia atirar.

— Você não tem ideia das coisas que sou capaz. - ela ria de uma forma maníaca.

— Não adianta fugir mais! O hospital está cercado! Como vai sair daqui sem ser vista?

— Ótimo! Antes de me prenderem, eu posso enfiar uma bala na cabeça do Hakuryuu, o que acha? - ela chegava a empurrar a cabeça do rapaz, pressionando a ponta do cano da arma contra uma das bochechas dele.

— Eu não vou permitir! - Judal afirmou, obstinado, enquanto cerrava os punhos. - Não sente nenhum afeto por ele? É seu filho, não é? Saiu de vo...

A tentativa de convencimento que ele usava como última alternativa foi interrompida por um riso cínico daquela asquerosa mulher que, o que tinha de bela, tinha de detestável.

— E você sente afeto por ele? Me diz, Hakuryuu é seu namoradinho? Que falta de consideração! - ela fez bico. - Nem apresentou à mamãe. - ironizou.

— Tsc, que besteira! - Judal corou. - Eu apenas o considero muito!

E naquele instante, ele aproveitou para enfiar a mão por dentro daquele avental, chegando ao bolso de sua calça jeans. Tinha de ser rápido.

— Sabe, fico muito feliz que tenha ensinado meu querido Hakuryuu coisas mais picantes. Sempre me preocupei em mostrar a ele o que era bom, mas ele não se interessava, sabe? - ela mexia nos fios azulados com a arma que ia roçando na face pálida.

Ele se lembrava bem. Sem olhar, ele acessava a agenda do celular. Aquele nome era escrito após um espaço, dando certeza de que seria sempre o primeiro contato de sua lista. E após tantos anos distante dele, Judal não conseguia perder aquele costume.

Sem poder ver, apenas sentiu a leve vibração que o som de um, dois, três toques faziam. Pronto.

Desligou a chamada um tanto quanto aliviado, antes de voltar a se concentrar naquela mulher completamente louca. Agora só precisava ganhar tempo.

— Por favor, pense no que está fazendo! Hakuryuu é seu filho e ele te ama.

— Eu também o amo. - ela sorria, praticamente penteando os fios do cabelo de seu filho com aquela arma. - Exatamente por isso… - o click do destravar daquela pistola fez os olhos rubros crescerem. - que eu vou acabar com o sofrimento dele.

Judal não hesitou mais. Lançou-se em direção à mulher. Não permitiria que ela matasse Hakuryuu. Havia prometido a si mesmo que jamais deixaria que alguém voltasse a feri-lo. Mas assim que o fez, ela arremessou à arma em sua direção, fazendo com que a pistola batesse em seu rosto com força.

Ele gemeu, desorientado, enquanto ela rapidamente abriu a janela do quarto e pulou.

Judal arregalou os olhos, incrédulo ao ver que aquela mulher havia fugido por ali. Não sobreviveria a uma queda tão alta. Estavam no terceiro andar, além do térreo.

Cambaleou até aquele lugar, mesmo ouvindo os passos apressados que vinham do lado de fora daquele quarto e precederam o estrondo causado pelo chute dado à porta.

— POLÍCIA! - o delegado anunciou.

Com armas em punho, adentraram Sinbad, Ja’far e Sharrkan. Masrur, que havia dado passagem chutando aquela porta, logo tirou a arma do coldre para segui-los.

Os olhos dourados perscrutaram o local, encontrando apenas um desolado Judal, que apoiava a face esquerda com uma mão enquanto ia até a janela.

— Judal!

Sem se permitir desatenção, Sinbad rapidamente, ainda com a arma pronta para disparar, foi até o rapaz que parecia completamente desorientado. Segurou seu braço e olhou para a mesma direção que ele encarava do lado de fora.

— Ela… fugiu… - ele balançava a cabeça negativamente. - Como?

— Quem estava aqui, Judal? - Sinbad questionou quando notou o inchaço e a vermelhidão que se espalhava pelo rosto do jovem. - O que… o que aconteceu com seu rosto?

Assim que o delegado tentou tocá-lo, Judal afastou sua mão e suspirou antes de voltar sua atenção ao interior do quarto.

— Sin!

Ja’far já estava agachado em frente àquela pistola, que foi o novo alvo das gemas douradas.

— Essa arma…

O inspetor já tratava de vestir um par de luvas para manejá-la. Sharrkan apontava uma lupa para o cano de metal.

— Não há impressões digitais. - constatou o moreno.

— É claro! Aquela piranha estava usando luvas…

— De quem está falando, Judal? - Sinbad insistiu.

— Você a viu aqui! Ren Gyokuen! - Judal respondeu, nitidamente transtornado.

— Há uma seringa no chão aqui também… - Ja’far, já com as mãos devidamente enluvadas, cuidadosamente a capturou.

— Eu cheguei e ela estava tentando injetar essa merda no soro do Hakuryuu! - explicou. - Quando se viu descoberta...  disse que não se importava em matá-lo! - a voz chorosa declarava. - Como essa mulher pode ser tão asquerosa?! - Judal sentia que ia enlouquecer de tanta raiva.

— Judal… - Sinbad suspirou antes de se voltar a sua equipe. - Masrur e Sharrkan, quero que façam guarda na porta do quarto do Hakuryuu-kun desde já. Faremos revezamento, mas não vamos deixa-lo sozinho um segundo mais.

— Sim, senhor! - os dois assentiram.

— Também quero as janelas trancadas e reforçadas. Ja’far, - ele se voltou ao alvo. - por favor, leve isso para a perícia para que Yamuraiha investigue a procedência dessa seringa. Idem à pistola.

— Ok, Sin!

Judal estava tão atordoado com o que assistira que não conseguia encarar Hakuryuu. Não conseguia assimilar tudo o que havia acontecido.

Apesar de nunca ter tido o carinho de uma mãe, ele tinha ideia de como era esse amor. Como ele poderia sofrer tanto? - questionava a si mesmo. E, mais uma vez, havia sido alvo de pessoas que fariam de tudo para matá-lo e ele, impotente, não pôde fazer nada.

A porta se fechou assim que os três saíram para cumprir as ordens do delegado, deixando assim Sinbad e Judal a sós, com o inconsciente Hakuryuu, alheio a qualquer fato que ele mesmo havia protagonizado.

— Vou falar com a enfermeira para cuidar desse machucado em seu rosto e para que lhe disponibilize mais tempo com o Hakuryuu. Afinal, o tempo de visita foi todo gasto com…

— Não precisa. - Judal o interrompeu.

— Judal? - Sinbad piscou.

— Mais uma vez… - ele soluçou. - Mais uma vez o Hakuryuu esteve entre a vida e a morte e eu não pude fazer nada!

O moreno se surpreendeu ao notar as lágrimas que escorriam pelo rosto de Judal. Suspirou em desolação, olhando de canto um Hakuryuu adormecido. Era o momento ideal de trazer de volta aquela ideia.

— Entende o que quero dizer? Se você depor, Judal… Ainda mais agora…

— CALA A BOCA, POR FAVOR! - Judal exclamou. - Não insista! Não há nada que eu possa…

— Se não tivesse feito nosso código dos três toques, Judal, eu não teria chegado aqui. Você salvou o Hakuryuu! - o delegado o segurou pelos ombros e o encarou de forma agressiva. - Por que não enxerga isso?

— Eu só pude pedir socorro porque não poderia fazer nada pra protegê-lo!

— Se você vier comigo, Judal, vai poder fazer muito por ele e você sabe disso!

— NÃO INSISTA! - retrucou.

Sinbad já estava sem paciência. Massageou as têmporas e então pôs a mão por dentro do terno, tirando de lá uma das pistolas e a entregando a Judal, que nada entendeu. Apenas ficou observando a arma que lhe era estendida.

— O que significa isso?! - ele questionou.

— Você tem que se defender e proteger o Hakuryuu. - Sinbad foi categórico.

— Não preciso disso! - Judal disse com indiferência. - Tenho outra em casa, além da que os capangas do Koumei me tiraram. - bufou.

— Exatamente por isso que estou lhe entregando essa. - ele especificou. - Essa arma está registrada como minha. Qualquer coisa que fizer com ela será atribuída a mim!

— Há! - Judal riu. - Sabe o que está fazendo? Colocando sua vida em minhas mãos!

— Sim. - Sinbad assentiu. - Assim consigo provar que confio em você?

Dando de ombros, Judal recebeu aquela arma, conferindo a trava e não evitando em ficar admirado em ver uma semiautomática daquele porte. Sinbad havia enlouquecido?

— Agora, se me dá licença, acho que está precisando ficar a sós com ele.

Judal sabia bem do que o delegado falava. Guardou a arma por dentro da blusa para que não a descobrissem e ouvindo os passos de um Sinbad que se afastava, ele teve coragem de encarar Hakuryuu. E só então se deu conta de quão delicado era o estado dele.

Assim que ouviu a porta se fechar, constatando que estava sozinho com ele, caminhou vagarosamente até aquela cama. De fato, até aquele instante estava evitando encarar a realidade.

Aquele som constante permitia ouvir o coração de Hakuryuu. Observava o rosto que estava fantasmagórico de tão branco, se não fosse a cicatriz que cobria quase metade dele. Os tubos que adentravam seus lábios e narinas o assustavam, como aqueles que eram inseridos nos braços dele. Judal nunca tinha visto algo parecido. Chegava a ser difícil acreditar que Hakuryuu estava vivo. Aquele bip constante lhe transmitia calma, diante daquela imagem.

Enquanto observava o braço esquerdo que havia sido perfurado pela outra bala estava devidamente enfaixado, segurou a mão do rapaz e sentiu contra a sua pele os dedos frios, as pontas quase congeladas. Logo tentou aquecê-los entre os seus, levando-a até seus lábios para beijá-la com carinho. E por mais preocupado e assustado que estava, ele esboçou um sorriso.

— Você vai ficar bem, Hakuryuu. - ele sussurrou, a mão livre acariciando o rosto e aproveitando para limpar a marca vermelha de batom que ficara no canto dos lábios de Hakuryuu. - Eu… eu queria ir embora, sumir da sua vida… - desviando o olhar, Judal parecia certo de que estava sendo escutado. - Desde que apareci na sua vida, tudo tem estado tão dificil para você, não é? - Judal entrelaçava os dedos nos dele. - Mas eu não consigo! Eu… eu estou sentindo algo por você que nunca senti antes! Sei que devo parecer patético, mas… - os rubros voltaram a refletir o rapaz adormecido. - eu te amo. - sussurrou.

Aquelas palavras, quando proferidas, fizeram Judal se aliviar de um enorme peso. Um tanto quanto chocado de ter sido capaz de falar aquilo, ele esboçou um sorriso para o rapaz.

— Eu não vou deixar que nada de mal lhe aconteça mais! Eu prometo! Eu vou te proteger… E… - ele rangia os dentes. - nem que eu tenha que ir para a cadeia, eu vou matar aquela piranha da sua mãe!

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Angustiada, Ren Hakuei tentava novamente ligar para o celular de sua mãe. Onde ele estava, afinal?

Sentada no banco traseiro do carro estacionado em frente àquele hospital, ela estava preocupada. Será que havia conseguido ver Hakuryuu?

Foi quando a avistou cruzando a rua, em passos apressados. Mesmo com aquele enorme salto agulha, ela não tropeçava nem uma vez sequer enquanto caminhava até o luxuoso veículo.

Assim que a avistou, Hakuei abriu a porta do automóvel e sua mãe entrou, ofegante.

— Hahaue-sama, onde est…

— Cala a boca!

A resposta tão direta e ríspida assustou a moça que nunca tinha visto sua mãe, geralmente tão doce e delicada, falar daquela forma.

Manteve-se em silêncio enquanto via a mulher tirar o celular de dentro da bolsa. Por que ela estava usando luvas? Não havia saído de casa com elas e estava relativamente quente… - Hakuei se perguntou.

Do escritório da presidente, na sede de seu conglomerado cuja família Ren era dona, o ruivo viu o celular, sobre a mesa de vidro, vibrar. Suspirou pesado quando viu quem se tratava. Atendeu-o deixando no mesmo lugar e ativando o viva-voz.

— Fale.

— Aquele pivete não trabalha para você?

Ao ouvir aquilo, Kouen arqueou uma sobrancelha, girando a cadeira.

— De quem está falando?

— Daquele namoradinho do Hakuryuu.

Do outro lado da linha, Gyokuen pôde ouvir seu filho adotivo bufar.

— Não conseguiu matá-lo?

— Não graças a ele. Pode tirá-lo do nosso caminho?

Kouen massageou as têmporas.

— Vou ver o que posso fazer.

— Ótimo.

E assim sendo, a mulher desligou o celular e voltou a guardá-lo em sua bolsa e logo, em seguida, começou a tirar aquelas luvas. Hakuei permanecia com os olhos arregalados a observar sua mãe que, ao encará-la, abriu um largo sorriso.

— Minha queriiiiida, - ela cantarolou, levando uma das mãos já desenluvadas ao rosto tão parecido com o seu. - não se preocupe com seu irmãozinho! Já falei com Kouen, vamos entrar com uma ação para que possamos visitá-lo!

— M-me desculpe, a senhora devia estar nervosa… - Hakuei abaixou os olhos, resignando-se. - Não devia tê-la questionado.

— Não fale assim, querida. Estamos todos preocupados com o bem-estar do Hakuryuu, não é?

E com um largo sorriso, Ren Gyokuen escondeu a fúria que lhe tomava. A frustração de ter a chance perfeita de matar Hakuryuu desaparecer bem diante de seus olhos a corroía.

—----xxxxx-----

— Judal-san?

Ele se virou em direção à porta quando ouviu a voz do médico. Ele já sabia o que aquilo significava e, instintivamente, segurou com mais firmeza a mão que estava entre as suas. Encarou Hakuryuu com tristeza. Não queria deixá-lo ali.

Não tinha como evitar. O máximo que pôde fazer foi se levantar daquela poltrona e, deixando a mão do rapaz de volta à cama, depositou um beijo carinhoso em sua fronte.

— Assim que puder eu volto. - ele sussurrou, afagando os fios escuros dele.

Saiu do quarto e cruzou com os dois policiais que faziam a segurança de Hakuryuu. Aquele robusto ruivo e aquele moreno que, coincidentemente, era bastante parecido com o médico que cuidava do caso de Hakuryuu e o esperava no corredor.

— Espero que esteja mais tranquilo depois de vê-lo.

— S-Sim… - Judal disse, retirando aquela máscara e a touca que abafava parte dos seus cabelos. - Quando posso voltar a vê-lo?

— Tendo progressos, pretendo tira-lo da respiração mecânica amanhã. E saindo da sedação, podemos transferi-lo para um quarto normal.

— Que bom… - ele estava aliviado.

— Soube do que aconteceu, da invasão da mãe do Hakuryuu-san. - comentou.

— Não basta Hakuryuu estar fora de risco! A família dele quer matá-lo de qualquer forma!

— Não entendi por que não prenderam aquela mulher ainda...

Aquela constatação do médico era bastante óbvia para Judal. Ele, mais do que ninguém, sabia muito bem porque Ren Gyokuen não tinha sido presa e Sinbad nem ao menos havia ordenado que seus subordinados a perseguissem. Onde estariam as provas de que ela tentara matar Hakuryuu? Não havia impressões digitais. Ele estava de mãos atadas enquanto não tivesse… seu depoimento. Aquele que ele não ousaria dar por se ver como um covarde.

— Com licença.

Já reconhecia bem aquela voz.

Olhou para o lado e encontrou o loiro que trazia uma grande bolsa consigo. O desagrado parecia estampado no rosto de Judal ao encontrá-lo.

— Alibaba-san. - Sphintus se curvou levemente.

— Sphintus-sensei, - ele repetiu o gesto. - trouxe algumas roupas do Hakuryuu e algumas coisas que acho que ele possa precisar.

— Não precisava trazer nada! Eu estou saindo daqui agora e poderia trazer!

— A bagagem dele estava na minha casa. - Alibaba explicou, meio sem jeito.

Humpf, - Judal cruzou os braços. - eu compraria roupas novas para ele.

— Bom, - o moreno sorria. - preciso prosseguir com meu plantão, tenho alguns pacientes para ver. Qualquer novidade em relação ao estado do Hakuryuu-san, estaremos entrando em contato.

— Muito obrigado, Sphintus-sensei. - Alibaba se curvou.

— Eu só vou tomar um banho e volto para cá. - Judal deixou claro.

Uma música chamou a atenção de Judal quando viu o médico se afastar. Foi quando Alibaba tirou o celular da calça jeans que vestia.

— S-sim, já estou chegando! Me desculpe, eu vim trazer umas coisas para o Hakuryuu!

Judal observava a conversa do rapaz.

— Quê?! Já são três horas? Eu fiquei de te buscar, é verdade! Me desculpe!

O loiro desligou o celular e estalou a língua, nitidamente estava atrasado para algum compromisso. Revirando os lábios, lembrou-se de Hakuryuu. Afinal, era amigo dele. Uma boa ação não faria mal a ninguém, certo?

— Para onde está indo?

— Anh? - o loiro piscou os olhos cor-de-mel. - Eu estou indo para a casa do Aladdin, eu tenho que dar aula para ele hoje.

Hm? - Judal arqueou uma sobrancelha. - Você é professor?

— N-na verdade eu estudo para ser economista, mas faço uns bicos dando aulas de matemática. - explicou.

atrasado? - o moreno desviava o olhar.

— S-sim, mas meu ônibus passa aqui em frente!

— Eu te levo. - Judal foi direto.

— Anh? - Alibaba corou. - N-não se preocupe, eu posso ir e…

Pára de enrolação! Vamos logo, senão vai se atrasar mais!

Um tanto quanto sem jeito, Alibaba se apressou para seguir Judal que ia na frente. Não demorou para que deixassem o saguão principal do hospital e, no estacionamento, encontrarem aquela robusta 4x4 vermelha. Assim que Judal adentrou o veículo, abriu a porta do carona e o loiro entrou, logo colocando o cinto de segurança e tossindo em seguida. Havia um forte cheiro ali.

— Ah, foi mal! Eu fumo muita maconha aqui dentro! - Judal se desculpou.

Alibaba arregalou os olhos. Com que tipo de pessoa Hakuryuu estava se envolvendo?

— T-tudo bem…

Estava constrangido. Sabia que não era muito bem vindo por Judal, mas por que ele estava lhe levando de tão boa vontade? - ele se perguntava enquanto via o moreno manobrar aquele veículo com destreza e precisão.

— Ha… Hakuryuu também fuma com você? - ele não hesitou em perguntar, mesmo envergonhado.

— Que nada! - Judal riu, sem tirar a atenção do trânsito quando estavam prestes a sair do estacionamento e adentrar a avenida. - Teu amigo é super careta! Pra ser teu amigo também, né? - riu.

Alibaba não se sentiu ofendido com aquelas palavras. E era nítido que não era a intenção de Judal também ofendê-lo. Aliás, de certa forma, ao estar ali ao lado dele, conseguia compreender um pouco o porquê de Hakuryuu ter sido atraído por ele.

Judal parecia ter um espírito livre e despreocupado. Quase o total oposto de Hakuryuu. Talvez… quem pudesse dar a liberdade que ele tanto precisava.

— De onde o conhece? - o loiro perguntou.

— Mas você fala, hein? - Judal reclamou antes de ligar o som do carro. - E ele não te contou? Pensei que fossem amigos íntimos…

Daquela vez Alibaba franziu o cenho. De fato, Hakuryuu não havia lhe contado nada sobre Judal. Mas não o culpava, sempre fora uma pessoa muito reservada.

— Foi numa balada. - explicou. -  Aqueles escrotos da família dele e uma putinha barata o drogaram...

A revolta era nítida nos olhos de Judal.

— Quando a pessoa não acostumada, isso é uma maldade horrível… - ele comentou.

Apesar de Alibaba não entender muito bem sobre o que ele falava, conseguia simpatizar com Judal. Não conseguia vê-lo como uma má pessoa.

— Eu… imagino.

— Você não fuma mesmo, não é? Quer algum barato?

— N-NÃO! - Alibaba agitou as mãos abertas e balançou negativamente a cabeça. - OBRIGADA!

— Se quiser é só abrir o porta-luvas. - Judal foi direto. - É na próxima esquina o condomínio, não é? - ele apontou.

— Sim…

Alibaba assentiu. As mãos apertavam o jeans grosso que cobria seus joelhos. Os olhos mel perdidos ao encarar os próprios tênis. Será que devia confiar nele? Falar o que estava preso em sua garganta?

Olhando de canto, Judal notou que o rapaz estava angustiado. O que acontecia com ele?

— Não se preocupe. Eu vi o Hakuryuu e, tirando o fato que tá parecendo um robô, cheio de tubos e fios no corpo, ele tá bem. - tentando acalmá-lo, Judal pisou fundo na embreagem e no freio antes de estacionar em frente à portaria daquele condomínio de luxo. - Está entregue.

— Judal-san

— Hm? - os olhos escarlate piscaram.

— Eu quero te pedir uma coisa. - Alibaba o encarou. Mordendo o lábio inferior, tentava reunir coragem. - Judal-san, fuja com o Hakuryuu!

— O quê?!

— Se você não fugir com o Hakuryuu do país, da família dele, vão matá-lo! Eu tenho certeza! E eu sei que pode protegê-lo! Por favor… salve o Hakuryuu!


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Notas finais do capítulo

Estava sentindo falta de fazer o Ju falar besteira! Hahaha! E agora o Ali está vendo que ele não é uma pessoa tão ruim quanto ele pensava. Só tem que ter juízo, não é? Enfim, espero que estejam gostando e, lembrando, comentários, críticas, elogios sempre são bem-vindos! ♥



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