One day escrita por Ana


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiie :3 Eu disse que voltaria, não disse? -q Então, eu tive essa ideia em uma aula de redação na minha escola e decidi aprimorá-la mais; sabe, dar um final mais legal, mudar algumas ideias, etc. Tudo se passa no ponto de vista da Lina. Espero que gostem e até lá embaixo *u*



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Eu estava cansada de olhar tudo pela janela.

Toda semana ia de encontro com a psicóloga Bianca, na clínica do outro lado da cidade. Você deve estar se perguntando: Lina, você é louca? Não, não sou. Na verdade, eu entrei em parafuso quando perdi o último vestígio da minha família, minha mãe, em 2009, quando tinha 11 anos. Ou pelo menos, era o que todos falavam. Não acreditava nessa hipótese de morte. Eu sei que ela está viva. Em algum lugar.

E meu pai, que tanto gostaria de rever, nunca mais deu notícia. Então, desde o ocorrido, moro com as pessoas mais delicadas e afetivas que uma adolescente poderia ter. Meus avós, Sarah e John. Eu fui os conhecer logo após a suposta morte da minha mãe. Até então, nem sabia da existência deles. Por outro lado, estou sendo recompensada por todos esses anos perdidos de esquecimento.

Estava na caminhonete vermelho-cereja de meu avô, á caminho da minha psicóloga. Sempre pensava em: Devo contar á ela pela décima nona vez que quero encontrar minha mãe, e ficar vendo Bianca me olhar por minutos. Eu queria deixar disso. Não quero mais ir para lá. Não tem nada de mais em conversar por uma hora sobre o que se passa com você; é porque não vejo mais sentido. Eu já a perdi. Não teria mais volta. Sei que ela está viva, mas ficar falando não adiantaria muita coisa. Porém, sempre que toco no assunto de não ir mais, eles não permitiam, diziam que era algo necessário.

O barulho de algo estourando me tirou do meu transe e pisquei algumas vezes. Meus olhos azuis estavam cansados e com sono. O que um dia fora um cabelo liso e loiro, agora é um cabelo loiro e mau arrumado. Odeio acordar cedo.

– Desculpa – disse meu avô – essa lata-velha não está mais dando conta do recado – ele sorriu e suas bochechas ficaram rosadas, como de costume.

Sarah, minha avó, se virou e tocou meu joelho com delicadeza.

– Você está pronta, meu bem?

– Claro, vovó. Não se preocupe. –digo, sorrindo para ela. Ela sorri de volta e se acomoda novamente no banco da frente.

Vovô para o carro. Lá vamos nós. De novo – penso.

Ambos me dão um beijo na testa e desço do carro, fechando a porta com delicadeza. Vejo de relance os dois irem embora. Entro na clínica em passos lentos. Tudo parece estar diferente. Muito quieto. Sem movimento.

Porém, todas as luzes estão acesas.

– Que estranho – sussurro.

Entro na sala de Bianca. O cheiro de canela e perfume tomam conta do local. Mas ela não está ali. Onde ela está? Já está na hora da consulta, e odeio atrasos. Largo minha bolsa na cadeira acolchoada e vou á procura de Bianca.

– Ela deve estar tomando café – digo.

Me aproximo cada vez mais. As luzes piscam e falham. Á cada passo, estou ainda com mais medo. Não é medo das luzes ou do silêncio, mas sim do pressentimento ruim; um arrepio na espinha.

Bianca está jogada no piso decorado, com os olhos quase fechados. Me aproximo dela, pondo sua cabeça em meu colo.

– Lina...

– Sim – digo – o que houve? Porque você está assim? – Meu sono passou. A adrenalina estava correndo ainda mais rápido pelo meu corpo.

– Tem uma coisa que eu quero lhe contar desde á nossa primeira consulta – diz Bianca

– O que...?

– Sou sua mãe, Lina. – Vejo sua respiração falhar. – E eu não queria deixá-la jamais.

O que? Minha mãe? Um lado meu estava feliz por ter finalmente á reencontrado. O outro triste, por perdê-la novamente. E um com raiva, por ela ter escondido isso de mim por todos esses anos. Guardei todas as minhas emoções na minha caixinha secreta na cabeça. É um lugar onde apenas eu tenho acesso e ninguém nunca pode saber o que estou realmente sentindo. Nem mesmo Bianca, que tentara me ajuar por todos esses anos sabia os meus sentimentos mais profundos.

Meus olhos estão arregalados, olhando Bianca de várias formas diferentes. Eu tentava assimilar tudo em silêncio.

– Mas me lembro de minha mãe ser loira – apenas digo.

Ela sorri levemente, parecendo fazer um esforço. Seu sorriso se transforma em careta e ela aperta as costelas do lado direito. Estava sangrando.

– Pintei meus cabelos, Lina. Tinha que te supervisionar e não perder contato, sem te colocar em perigo.

Perigo. Essa palavra atravessa minha mente.

– Porque está sangrando? Quem fez isso com você? – minha voz estava falhando. Acabei de reencontrá-la e já ia perdê-la de novo. Não conseguia pensar com clareza; eu estava realmente correndo perigo?

Ela demorou a responder.

– Não chore, meu doce – ela tocou minha face e uma lágrima quente percorreu o caminho pela minha bochecha. - Só... Tome cuidado...

E seu último suspiro á impede de completar a frase. Tomar cuidado com quem?

Um turbilhão veio á tona. Como pude perdê-la de novo? Eu senti tanto sua falta durante todos esses anos... Como contaria isso para meus avós? Eu nem conseguia chorar. Aquela lágrima que descia lentamente, secou. Eu não tinha reação alguma.

Não contaria nada. Guardaria para mim. Eu iria resolver isso sozinha, quanto tempo demorasse para que isso ocorresse.

A polícia chega e só quando o policial me arrasta eu começo a gritar.

– Me soltem! Eu tenho que ficar! Eu tenho que ficar!

Eles não me acusam de nada, e não conto nada á eles também. Todas as perguntas que fizeram eu me mantive calada. Falaram que eu não era suspeita, tentando me fazer falar, e eu apenas disse:

– Ela era minha mãe, eu não sei mais como salvá-la, já que alguém tirou sua vida. Ninguém pode fazer nada.

Os policiais ficaram calados diante da minha declaração e do meu olhar encarando-os.

Eles me perguntam o que poderiam fazer para me ajudar, e pedi que me levassem para casa.

Saio de lá com rumo á minha casa, me preparando para mentir para meus avós. Dizer a eles que cheguei lá e encontrei Bianca morta, e que a polícia chegou. Eles não poderiam saber que ela era minha mãe, muito menos que eu corro perigo por alguém que não queria ver Bianca viva. Minha mãe viva.

Meus avós me esperavam sentados em cadeiras de madeira no jardim. Eles vieram ao meu encontro e me deram um forte abraço. Eu chorei. Só consegui chorar agora. Meu avô me largou e foi falar com o policial. Deve ter agradecido e dito mais alguma coisa, já que o policial saiu com rapidez.

Todos nós entramos em casa e eu não consegui ir para a escola á tarde, óbvio. Meus amigos me mandavam mensagens e me ligavam, porém não estava podendo falar, mesmo assim, respondi as mensagens. Era bom saber que se preocupavam comigo.

Lina, é a Margot.

Amiga, o que houve? Eu quero saber tudo. Soube que os policiais te levaram pra casa. Está tudo bem? (eu sei que não está, mas quero saber para ter certeza).

Me responde. Te adoro.

Bjs, Margot.

Margot me mandou milhares de mensagens e eu me perguntava se ela estava prestando a atenção na aula. Pelo jeito, não.

Já á noite, antes de dormi, fiquei deitada em minha cama, olhando para o teto branco. A luz da Lua iluminava meu quarto e me deixavam ver com clareza meus móveis. Virei- me de lado, observando a porta. De repente, duas formas fazem uma sobra. Meus avós. Tentei ouvir o que diziam. Deviam achar que eu estava dormindo, já que era sobre o ocorrido de hoje. Eu sei que é errado ouvir a conversa alheia, porém era sobre mim.

– Ela tem que saber, John. Se Suzan morreu, não podemos esperar outra coisa. – Minha avó disse o nome da minha mãe. Desse o nome de Bianca. Eu reprimi um soluço. Eles conheciam Bianca além de sua profissão. Sabiam da trama.

– Mas não podemos colocar Lina em perigo, prometemos isso á Suzan. E a Erick também – Meu pai? Não pode ser. O que está ocorrendo aqui? Eu não conseguia nem piscar.

– Eles vão vir atrás dela. Lina é o tesouro. Não vou deixar tocarem em um único fio de seu cabelo. – Meu avô falava com firmeza. Perdera a doçura em sua voz. Eles iam... Me proteger?

– Eu avisei que esse trabalho não poderia dar certo. Eles tinham que saber.

– Sarah, escute. Vamos ter que chamar Erick. Não tem mais como evitar o óbvio.

– Ele já deve estar á caminho. Suzan morta é sinal para vingança.

– Até lá vamos guardar Lina. É a ela que eles querem. Não podemos deixar que nada a machuque.

Eles param de falar. As luzes desligaram. Meu pai está vivo. Eu estava em perigo. Como eu iria sair na rua agora? Meus avós falaram que iam me guardar, como se eu fosse um objeto. Isso não está correto. Estou mergulhada em meus pensamentos.

Minha mãe e meu pai trabalhavam para quem? Eles... Estavam apenas me protegendo?

É nessas horas que eu queria alguém para conversar. Eu queria alguém como Bianca.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Deixem comentários, adoro comentários :3 Bjins e até a próxima ♥



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