Ashton's POV

Eu não conseguia dormir. A única coisa que eu conseguia era sentar-me no silêncio e esperar por um sinal... Um sinal que nunca viria. Como Valery estava passando a noite? Será que ela está bem? Está sendo bem tratada? 

Eu fazia essas e mais mil perguntas durante a noite, mas não recebia nenhuma resposta. Levantei-me e andei até a janela. Estava vestindo uma bermuda azul marinho e minha camisa do Jimi Hendrix. Meu pijama favorito.

Olhava para a avenida em frente ao apartamento. Eram duas da manhã, ainda estava movimentada. 

Ouvi batidas na porta, o que me tirou dos meus devaneios com Valery.

Calum adentrou o quarto, junto com Michael e Luke. 

— O que vocês querem? — Perguntei.

Para minha surpresa, um fuzil voou em minha direção, lançado por Mikey. Peguei a arma, confuso e ergui uma sobrancelha.

— Vamos resgatar Valery. — Disse Luke.

Valery's POV

Acordei numa sela almofadada branca. Tentei me mexer, mas meus movimentos fora limitados por uma camisa de força. Me desesperei e comecei a gritar.

Me debatia no chão, tentando me soltar, sabendo que seria inútil. 

Depois de um tempo, estava estirada no chão, olhando para o teto e me perguntando como fizera para sair dali. 

***

Eu não estava entendendo. A moça machucava meu braço e me empurrava para fora da sela. Eu estava livre da camisa de força.

— Vá! Vá antes que eles te vejam aqui! - Disse ela.

— Mas quem é você? 

— Sou irmã da sua mãe. Agora vá, querida! 

E saí correndo. Irmã da minha mãe? O ódio ia me consumindo a cada passo que eu dava. Minha mãe nunca se importou comigo, e agora mandou sua irmã para me salvar?! 

Não que eu estivesse sendo ingrata, mas, poxa! 

Já estava a quatro quadras de distância do Swedder Hospice. Precisava ir mais longe. Meus pulmões imploravam por ar e os músculos de minhas coxas e panturrilhas queimavam. 

Parei em uma calçada, de frente a um beco escuro. Vozes saíam daquela pequena fenda. Me aproximei mais e as vozes ficavam cada vez mais altas. 

Beco sem saída. 

Não havia nada lá. 

— Ela tentou se matar... — Uma das vozes disse.

— Ela devia morrer mesmo. — Respondeu outra, mais parecida com a da minha mãe.

— Saudades do meu saco de pancadas! — Falou outra voz, mas dessa vez era masculina, mais parecida com a do meu irmão. 

Escorreguei minhas costas pela parede, até sentar-me no chão. 

Abracei meus joelhos e ali fiquei, ouvindo as vozes e fechando os olhos sendo torturada até dormir.

***

Estava prestes a cair no sono, quando ouvi barulhos de armas sendo disparadas repetidas vezes. Me levantei e fui até a porta, olhando na janelinha com grade que ali tinha. 

Vi uma cabeleira loira de alguém alto, que nocauteava um homem. Outra, mas essa era vermelha. 

Ashton surgiu pelo corredor, com um molho de chaves na mão.

Nunca havia me sentindo tão feliz antes.