Tides of Time escrita por Junebug


Capítulo 1
Capítulo Único




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Depois de andar por quase meia hora, Thalia Grace chegara ao lago, uma superfície lisa e azulada em meio aos vários tons de verde à sua volta. Ela se sentou na margem, observando a vista. O mundo mudara bastante nos últimos cinco séculos, mas lugares raros como aquele a faziam lembrar que algumas coisas sempre seriam iguais.

A repentina nostalgia a fez até se lembrar do tempo que tinha passado como um pinheiro. Sim, um pinheiro mágico criado por seu pai para preservar sua vitalidade no que teriam sido seus últimos suspiros.

Ela não tinha lembrança alguma de sua vida como conífera, mas chegou a esboçar um sorriso com a velha lembrança. O pinheiro tinha continuado de pé e poderoso mesmo depois que ela voltara à vida, mas agora ela não tinha muita certeza do que tinha sido feito dele, uma vez que não mais protegia o acampamento Meio-Sangue.

O próprio Olimpo não ficava mais em Manhattan. Quase metade do Empire State estava agora debaixo d´água. O mar tinha invadido todo o litoral do país aos poucos (Poseidon dizia que a culpa era toda dos humanos), o que obrigou os deuses a transferir o centro do poder no ocidente. Agora este ficava literalmente numa área central do país, onde as inundações eram menos frequentes.

Com isso, tanto o acampamento grego quanto o romano tinham também mudado suas localizações. Fazia o quê? Vinte? Talvez trinta anos que a filha de Zeus não visitava as instalações dos semideuses. Todos os seus antigos amigos, seu irmão... Thalia suspirou profundamente.

Eles tinham tido suas famílias, deixado seu legado, seus feitos eram admirados e serviam de inspiração para jovens semideuses, como eles tinham sido um dia, mas o tempo se encarregava de fazer da memória um mero eco, muitas vezes distorcido, do que realmente tinha sido.

Seu reflexo surgiu na superfície da água. O mesmo rosto de quinhentos anos atrás a olhou de volta. O mundo tinha mudado. Ela tinha visto seus amigos envelhecerem pouco a pouco até suas vidas mortais acabarem... Mas seu rosto tinha permanecido o mesmo. Irônico. Era a única forma de descrever. Se ele refletisse como ela se sentia com tudo que vivera e aprendera todo aquele tempo, ela provavelmente pareceria tão velha quanto as parcas.

Thalia estava totalmente imersa nos próprios pensamentos, mas seus instintos de caçadora nunca a tinham deixado na mão e naquele momento não foi diferente. Um ruído quase inaudível a fez virar-se repentinamente, preparando uma de suas flechas prateadas numa velocidade impressionante, pronta para reagir a um possível ataque. Uma menina a encarava de volta, admirada com sua reação.

– Aileen! – disse Thalia, voltando a guardar a flecha e relaxando.

A garota era a mais nova seguidora de Ártemis sob seu comando, uma órfã de dez anos que se juntara a elas há menos de uma semana.

– Você me seguiu?

– Queria saber aonde estava indo – Aileen respondeu, tímida.

– Muito bem – Thalia retrucou, aprovadora. – Eu quase não consegui ouvi-la se aproximando.

Aileen abriu um largo sorriso.

– Então, a senhora vai me dizer o que veio fazer aqui? – ela perguntou, sentando-se ao lado de Thalia.

– Primeiro, nada de “senhora”. Já disse. E eu vim aqui só... para pensar um pouco.

– Pensar em quê?

Thalia pensou em dizer: “Daqui a uns cem anos você vai começar a entender”, mas sabia que era o tipo de coisa mais irritante para se dizer para alguém, então acabou se esquivando da pergunta ao comentar, depois de passar um tempo observando a expressão atenta e esperta da menina:

– Sabe, você me lembra alguém...

– Quem?

Thalia desviou os olhos para o lago. Muitas lembranças lhe vieram à mente. Um sorriso e um olhar saudoso se formaram em seu rosto.

– Alguém da sua família?

Aileen chegou um pouco mais para perto dela, com o olhar compreensivo de quem sabia o que era perder todos os seus parentes.

– Sim – disse Thalia. - Mesmo que não fôssemos parentes de sangue. Ela era minha melhor amiga.

– O que aconteceu com ela? – perguntou Aileen, baixinho.

Sua tenente sorriu mais, voltando a olhar para ela.

– Ela teve uma vida bem feliz... – e acrescentou com uma pequena careta, querendo trazer Aileen de volta ao seu estado de animação: - ao lado do garoto por quem era apaixonada.

A menina também fez careta ao ouvir aquilo e Thalia deu risada, ficando de pé.

– Vamos indo? O sol logo vai se pôr.

– Também parece que vai chover...

Enquanto se afastava do lago com Aileen, Thalia ainda deu uma olhada para trás para a água tranquila, como se dissesse um “até logo” para os que ficavam para trás. Nada podia durar para sempre e ela sabia que quando sua hora chegasse, haveria alguns bons reencontros. Por hora, no entanto, também sabia que ainda tinha muito para viver ao lado de suas irmãs.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por ler! :)

E aí, o que achou?



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