Imouto escrita por Mitsue chan


Capítulo 4
Sonho ruim e roupas novas


Notas iniciais do capítulo

Oi meus leitores! Como estão? Estou muitíssimo feliz em ver que vocês estão gostando dessa história e espero continuar agradando. Então este capítulo é dedicado a todos vocês! Só peço desculpas se tiver algum erro, porque tá tarde e eu não revisei :P Agora, curtam os momentos Kawaii! Boa leitura ;)



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– K-Kakashi – Rin dizia, se engasgando no próprio sangue. Kakashi olhou para baixo e viu sua mão atravessando o peito da garota e crepitando com eletricidade. Sangue. Suas mãos estavam sujas de sangue. O cheiro de morte o invadiu e ele sentia vontade de chorar. Rin estava morta. Seu pai estava morto. Obito estava morto. Minato estava morto. Ele estava morto.

Ele acordou assustado, se levantando de súbito. Sua respiração estava ofegante e seu rosto estava coberto de suor. Ele estava prestes a se levantar quando sentiu uma mãozinha em seu braço.

– Oni... hã, Kakashi-san. – Kaori chamou, sonolenta.

O homem olhou para baixo e viu a garota aconchegada ao seu lado. Como ela conseguira chegar tão perto dele sem acordá-lo? Por Kami, ele era um ninja! Mas ele sabia a razão. Aqueles pesadelos eram intensos demais, não conseguiria acordar mesmo que quisesse. Kakashi reassumiu sua expressão fria.

– O que faz aqui? – perguntou duramente, não gostava de ter seu espaço invadido.

Kaori se sentou e começou a mexer na ponta do cobertor de maneira nervosa.

– Eu tive um sonho ruim – ela confessou – Não gosto de ficar sozinha quando tenho sonhos ruins. Aí eu acordei e vi que Kakashi-san também estava tendo um sonho ruim, estava tremendo. Aí eu deitei juntinho, porque pensei que assim os sonhos ruins fossem embora. O meu foi.

Kaori disse a última parte olhando-o nos olhos. Os dela eram preocupados e gentis, mas muito espertos, além de carregarem uma inocência ímpar. Os dele eram sérios e perspicazes, mas, naquele instante, estavam surpresos. Aquela criança era diferente. Ou ele a via diferente agora. Ela provavelmente havia presenciado toda sua aldeia ser dizimada e, por um milagre, estava viva, e estava sendo atormentada por pesadelos assim como ele. Por qualquer razão que fosse, ele simplesmente voltou a se deitar ao lado da garota, sem tocá-la, e fechou os olhos. Talvez pudesse dormir até de dia. Talvez os sonhos ruins fossem embora por esta noite.

...

Os raios de sol entraram pela janela atrás de onde estava. Kakashi abriu minimamente os olhos, se surpreendendo por já ser de manhã. Era a primeira vez em muito tempo que ele dormia tanto, apesar de ter tido sonhos estranhos em algum momento. Não se lembrava. Ele se lembrou da noite anterior e olhou para o lado, esperando encontrar o pequeno volume de cobertores que seria Kaori. Mas não havia nada. Ele estava prestes a procurar por ela quando ouviu o barulho de algo se quebrando na cozinha. No mesmo segundo Kakashi estava de pé com uma kunai nas mãos.

Sem fazer barulho ele saiu do quarto e seguiu o som. Passou em frente ao banheiro e pela sala, chegando à cozinha. Onde encontrou a garota em cima de seu armário com uma panela em uma mão e um ovo na outra. No chão havia um copo quebrado além de muitas outras coisas que o deixavam sujo de grudento.

O ninja ficou sem ação. Kaori não só havia acordado antes dele como havia feito uma festa em sua casa sem que ele sequer percebesse. Como, por Kami, ela fazia aquilo? E como diabos fora parar em cima do armário? Pra piorar, sua cozinha estava uma verdadeira bagunça.

– O que significa isso?!

Kaori não havia percebido sua presença e se assustou com sua aparição repentina. Ela se desequilibrou e caiu do armário, ela iria cair de cabeça no chão se Kakashi não tivesse se adiantado e a pegado no ar. Colocou a pequena no chão longe dos cacos do copo e olhou-a seriamente.

Ela parecia muito assustada, mas não mirava seus olhos, e sim sua mão. Só então o homem percebeu que ainda segurava a kunai. Um adulto ameaçador com uma arma. É, ela tinha razão em sentir medo. Ele deu um suspiro e largou a arma em cima da mesa. Não podia atacar uma criança, de qualquer maneira.

– O que você está fazendo? – ele perguntou, agora com mais calma – Não mandei que não mexesse mais nas minhas coisas?

– Gomen, – ela disse, fitando o chão – mas fiquei com fome. Achei que pudesse fazer o café pra eu e Kakashi-san. Mas fiz bagunça.

E como. Não só havia um copo quebrado como muito de sua comida estava espalhado pela cozinha, juntando ainda o ovo que a garota havia deixado cair. Uma verdadeira guerra com coisas que ele nem sabia identificar o que eram. Contudo, ele sabia que a intenção dela era boa. Ela queria cozinhar para ele. Há quanto tempo ninguém fazia isso?

Eu posso derrotar um exército de ninjas assassinos, eu posso fazer isso.

– Eu limpo! – Kaori se prontificou. – Eu fiz bagunça.

Ela começou a voltar para a cozinha, se esquecendo completamente dos cacos de porcelana espalhados pelo chão e que estava descalça. Kakashi a segurou pela cintura com uma mão, suspendendo seu corpinho e depositando-o sobre a mesa.

– Você não se mexe. Eu limpo.

Kaori achou melhor obedecer. Ficou paradinha em cima da mesa, mal respirando de tão parada. Kakashi achou que ela ficaria bem, desde que se lembrasse de que precisava de ar, claro, e foi se ocupar de arrumar sua cozinha. Teve que catar os cacos, guardar as coisas nos armários, jogar as louças sujas na pia e, por fim, esfregar do chão aquela mistura de leite, arroz, ovos, farinha, entre outras coisas. Aquela gosma que havia se formado não saía fácil. Depois de muito trabalho ele foi ver como a criança estava.

Foi com grande espanto que ele percebeu que a mesa estava vazia. A garota não estava lá... e nem a kunai. Kuso! ele praguejou Tenho que parar de deixar armas jogadas por aí.

Ele olhou para todos os lados, preocupado. Checou em baixo da mesa, atrás do armário, olhou pela sala, mas nada da pequena aparecer. Então ele ouviu um gritinho agudo. Mas não era um grito de medo ou de dor, era aquele grito de guerra que ninguém realmente dava quando ia lutar, mas que todo mundo imitava. Kaori havia gritado um sonoro “IÁÁÁ” da sacada. Kakashi parou encostado no batente da porta de vidro, olhando aquela criancinha empunhar a kunai como se fosse uma espada, atacando um inimigo imaginário.

– Eu sou uma ninja! – ela gritava, de costas para ele, então começou a se virar – Ninja poderosa! E meu oniisan tamb-

Ela o viu parado na porta, observando-a, e no mesmo instante parou de brincar. Ela ficou vermelha de vergonha, soltou a kunai e começou a mexer na barra da roupa.

– G-g-gomen, Kakashi-san. – Kaori gaguejou.

Kakashi a olhou bem. Ela ainda era bem pequena, mas era esperta e parecia saber se mover sem fazer barulho. Mesmo ele sabendo que o fato de não ter dormido direito por anos influenciava em seu sono pesado, ainda era admirável a capacidade que aquela criança tinha de se mover como um ninja. Contudo, ela jamais seria uma boa kunoichi vestindo roupas de outro garoto.

– Não importa. – ele respondeu – Venha comigo. Vamos arranjar roupas novas pra você.

Os olhos de Kaori brilharam. Ela passou correndo por ele e agarrou sua mão, obrigando-o a se curvar para acompanhá-la.

– Ikimashou, oniisan! – ela gritou para ele.

Kakashi esticou a mão até a estante onde mantinha seu dinheiro e se deixou ser conduzido por aquela criança. Oniisan, não é? ele pensou Acho que posso permitir isso. Apenas isso.

...

Kakashi não sabia como, mas agora ele se encontrava com a garotinha sentada em seus ombros, apontando para tudo e falando muito enquanto puxava seu cabelo. Ela era muito persuasiva. Ele se sentia incomodado com o número de pessoas que olhavam para eles. Aquela criança podia se mover como uma ninja, mas era muito barulhenta quando queria.

– Kakashi! – ele ouviu alguém o chamar. Olhou para trás e avistou Gai, Kurenai e Asuma correndo em sua direção. Ele deu um suspiro, aquilo não era bom.

– Ohayo, Kakashi! – Kurenai disse – Quem é essa gracinha com você?

O homem sentiu Kaori se encolher atrás de sua cabeça, constrangida. Mesmo Kurenai sendo uma bela e amigável jovem, ainda era uma estranha.

– Ohayo, mina. – ele respondeu, entediado – Essa é Kaori. Ela é-

– Por Kami-sama! – Gai gritou, escandaloso como sempre – Você já é pai, Kakashi?!

A expressão do Hatake se alterou.

– Nani?!

– Você é rápido, Kakashi. – Asuma comentou sorrindo – E quem é a mãe?

Kaori se encolheu ainda mais. Achavam que o oniisan era seu tousan!

– Parem com essas suposições ridículas! – Kakashi gritou então se recompôs – Kaori foi uma garotinha que eu encontrei em uma missão, apenas isso. O problema é que ela confia só em mim, agora tenho que cuidar dela. Mas assim que acharem alguém melhor, ela vai embora da minha vida.

Ele sentiu a pequenina arfar atrás dele e ficar tensa. Ela estava triste. Muito bem Kakashi! Meça suas palavras!

– Yare yare, Kakashi – Kurenai disse pacificamente – Acreditamos em você. Então, o que vocês dois fazem aqui?

– Estamos comprando roupas para ela. – ele respondeu.

– Aham – a ninja concordou de maneira desconfiada – E por acaso você sabe comprar roupas para uma criança? Uma garotinha?

Kakashi hesitou. Era verdade. Não fazia ideia do que iria comprar. Ele olhou para Kurenai com um olhar levemente desesperado. Ela entendeu na hora. Chegou mais perto dele, olhando para Kaori.

– Oi, meu bem – ela disse – Que tal você vir comigo e nós comprarmos umas roupas novas pra você?

A garotinha parecia indecisa. Por mais que aquela mulher parecesse muito legal, ela preferia ficar com seu oniisan. Tinha medo de se afastar dele.

– Não se preocupe – Kakashi disse, percebendo a indecisão da garota – Eu vou ficar por perto.

Kaori pareceu mais confiante, então aceitou que Kurenai a pegasse no colo e a levasse para alguma loja ali perto. Os outros rapazes se despediram, porque nenhum homem gosta de esperar uma mulher fazer compras, e Kakashi foi se sentar em uma mesa na lanchonete logo em frente à loja.

Algum tempo depois as garotas voltaram. Kurenai carregava algumas sacolas em uma mão enquanto a outra segurava a da criança.

Kaori estava vestindo um short balonê branco, uma blusa vermelha e sem mangas e sapatos típicos de ninjas, além de ter os cabelos encaracolados presos em dois rabos-de-cavalo baixos por duas presilhas brilhantes. Ela parecia bem mais feliz e confortável ao lado de Kurenai. Ela o viu esperando e sorriu ainda mais, esquecendo-se completamente de que havia ficado triste com ele algum tempo antes.

– Kakashi-niisan! Oniisan! – ela gritava e correu para ele. – Tô bonita?

Ela começou a girar na frente dele para que ele visse todos os lados de sua roupa nova. Kakashi sabia que ela esperava uma resposta.

– Hã... está sim. – ele respondeu meio sem jeito.

Ele olhou para cima e viu Kurenai rindo de seu constrangimento. Ela estendeu para ele o resto das sacolas com as roupas da garota e, quando Kakashi fez um movimento para pegar o dinheiro que trouxera, a mulher disse:

– Não se preocupe. Considere isso como um presente para Kaori-chan.

– Arigato, Kurenai-san! – Kaori respondeu sorrindo, agarrada a uma das pernas de Kakashi. O homem ficou surpreso. Apenas duas horas com a criança e sua colega já havia estabelecido uma relação de amizade com ela. Isso fez com que ele reconsiderasse a decisão de cuidar dela. Talvez ele não fosse o mais adequado, afinal. Esse pensamento o fez se sentir estranho, receoso, talvez? Mas isso era bobagem.

– Arigato, Kurenai. – ele agradeceu e se afastou. Queria voltar para sua casa, seu território. É claro que Kaori insistiu para que ele a carregasse. Como a garota não havia tomado café-da-manhã estava bem disposta para apreciar um bom almoço, então Kakashi a levou para um restaurante. Depois de comer, repetir e comer sobremesa, eles finalmente chegaram em casa. Kakashi abriu a porta e desceu a garota, junto com as sacolas. Ela abriu uma delas e tirou de lá uma caixa de giz de cera.

– Olha, oniisan! – ela o chamou – Olha o que eu ganhei! Kurenai-san disse que era pra eu desenhar! Deixa?

Kakashi pensou que aquela era uma boa ideia, assim ela ficaria distraída e ele poderia colocar em dia todo o trabalho que havia deixado passar. Ele pegou um pergaminho extra em sua estante e o desenrolou no chão. Kaori rapidamente abriu seu presente e se sentou para desenhar. O ninja pegou outros pergaminhos, com anotações, coisas para estudar e relatórios para preencher. Seria uma tarde atarefada.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram? Mereço alguma recomendação?