Imouto escrita por Mitsue chan


Capítulo 16
O passado pede vingança


Notas iniciais do capítulo

Gente, não morri, só tive que me resolver com minha outra fic, mas não abandonei essa! Devo avisá-los que a história está em sua reta final, mas vai ter uma surpresa láááá nas notas finais do último capítulo ;) Emfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640225/chapter/16

Com um suspiro resignado, Kakashi soltou o último dos bandidos no chão, sem se importar com o corpo caindo inerte. Para conseguir informações sobre onde encontrar suas crianças, ele havia interrogado quase todos os inimigos, recorrendo tanto ao seu Sharingan quanto à técnicas de tortura, não que gostasse disso.

Se havia uma coisa que Kakashi não apreciava fazer era torturar os outros, por pior que a pessoa fosse. Apesar disso, sua prioridade era conseguir informações. Antes de tudo, era um Shinobi, um sensei e um niisan.

Como já esperava, nenhum dos interrogados tinha uma localização muito precisa. Eram, em sua maioria, ninjas de baixo cacife que não participavam do núcleo de comando, poucos eram mercenários mais habilidosos. Em resumo, ele tinha uma noção geral de para onde deveria ir.

Concluindo seu interrogatório, Kakashi correu até a área que os ninjas indicaram, sem parar um instante para descansar. Se fosse rápido, poderia alcançar seu objetivo em poucas horas. Ele corria sem realmente prestar muita atenção ao seu redor, apenas se atentando para qualquer sinal quando achou que tivesse chegado bem próximo do local desejado. Por muito tempo, ele não via nada além de árvores altas e frondosas, algumas pedras, grama e, a sua direita, cadeias de montanhas. Um típico cenário da floresta. Em contraste, não havia sinal de qualquer tipo de animal, nem o mínimo ruído.

Seguindo a lógica, ele imaginou que o lugar mais provável para fazer de esconderijo seria em uma das inúmeras cavernas daquelas montanhas, então rumou para elas. Contudo, parecia que não importava o quanto avançasse os grandes rochedos não ficavam mais próximos. Irritado com essa inconsistência, algo chamou a atenção de Kakashi. Uma pequena pilha de pedras redondas que ficavam ao pé de uma árvore. As pedras, em si, eram completamente comuns. O intrigante era o fato de ele jurar já ter passado daquele ponto, o que era impossível considerando que estivera correndo em linha reta já há algum tempo.

Uma luz se iluminou em sua mente e ele entendeu tudo. Era por isso que nenhum dos ninjas que interrogou sabia da localização exata do esconderijo e por isso o jutsu de tele transporte do homem que raptou suas crianças era tão estranho, liberando tanta luz.

Toda aquela área deveria estar protegida por algum tipo de jutsu protetor que se baseava em um genjutsu e que desviava o caminho de qualquer um que se aproximasse, então, para entrar, deveria primeiro perceber a existência dele para poder desfazê-lo, ou saber o tal jutsu de tele transporte especial que o levava direto para além da área afetada.

Assim que percebeu isso, Kakashi levantou sua bandana e, com seu Sharingan, ele viu a armadilha. Reuniu seu chakra para criar uma perturbação.

– Kai! – disse.

No mesmo instante, uma névoa invisível pareceu se dissipar. Ainda mantendo seu olho esquerdo descoberto, Kakashi espetou a ponta do dedo com uma kunai e tocou o chão com a mão.

– Kuchiyose no jutsu!

De dentro de uma nuvem de fumaça surgiram oito dos melhores cães rastreadores que o mundo já viu.

– Kakashi – Pakkun cumprimentou – Algum problema?

– Sim – o Hatake respondeu – Quero que vocês se dividam e procurem pelo rastro de algum dos meus alunos ou de Kaori.

O menor dos cães estreitou os olhos para ele.

– Kaori e o garoto da kyuubi, desapareceram? – ele indagou.

Kakashi não respondeu, apenas deixando que seu olhar reafirmasse a gravidade da situação. Entendendo a mensagem, Pakkun e os outros cães se dividiram a procura de algum cheiro familiar. Enquanto isso, Kakashi foi fazer o reconhecimento da área. Pelo que podia ver, o paredão rochoso se estendia por quilômetros à esquerda e à direita, sendo preenchido por incontáveis cavernas, grandes e pequenas. Ele precisava esperar até que algum de seus cães achasse o rastro e indicasse a caverna correta.

Enquanto esperava, sentiu uma perturbação no ar causada pela comoção de um chakra muito poderoso. No instante seguinte, ele identificou o local de onde aquele poder todo vinha e já sabia o que era. Correu até lá o mais rápido que pôde, sabendo que, se não corresse, aquilo poderia terminar em um desastre.

...

Sasuke e Naruto carregavam Kaori e seguiam os passos de seu raptor, que ainda mantinha Sakura presa pela coleira. A Haruno fazia o possível para acompanhar as passadas largas do homem porque, cada vez que ela ficava um pouco para trás, ele dava um puxão brusco no chicote, praticamente a enforcando.

Eles caminharam por algum tempo até que se viram cara a cara com um imenso paredão rochoso, pontilhado por inúmeras cavernas. Subindo por uma estreita passarela, foram guiados até uma das mais altas delas, com a entrada bastante pequena em contraste com a imensidão que era seu interior.

Assim que suas vistas se adaptaram a repentina escuridão, as crianças engoliram em seco ao perceberem a presença de pelo menos mais dez ninjas do lado de dentro, todos com a aparência hostil. Dois deles se levantaram em silêncio e amarraram as mãos e os pés de Naruto, Sasuke e Kaori, então o homem que os havia conduzido até ali amarrou Sakura do mesmo jeito e jogou os quatro em um canto da caverna, vigiados de perto por quatro outras pessoas.

– Muito bem – o raptor proferiu, soando bastante satisfeito – Agora que estamos todos aqui, hora das apresentações. Me chamo Gaiten, e sou o líder desse belo grupo de mercenários. Os nomes dos outros não importa, só precisam saber que eles são as pessoas que vão matar vocês bem lentamente se tentarem fazer alguma gracinha.

As crianças ficaram estáticas, tentando a todo custo manter o olhar firme e descobrir como sair dali.

– Por que nos raptou? – Naruto, como de costume, foi o primeiro a se pronunciar.

– Porque vocês, crianças inconvenientes – ele respondeu com desdém – simplesmente pularam no meio do meu jutsu de tele transporte. Então achei que seria divertido trazê-los junto. O mercado de escravos está em alta ultimamente. E a garotinha de cabelos rosa é uma gracinha. Poderíamos ficar com ela. Depois arrancaríamos os olhos do Uchiha e venderíamos no mercado negro.

Todos os bandidos riram alto e ficaram entusiasmados com o planos, especialmente com a parte sobre manter rosada com eles.

O Uzumaki rangeu os dentes com raiva e Sakura prendeu a respiração, mas Sasuke sabia que seria melhor agir cautelosamente, então tomou a palavra.

– Não foi só isso – o Uchiha disse – Foi um ataque planejado. Você queria levar ela – ele moveu a cabeça na direção de Kaori ao seu lado.

– Correto, pequeno Uchiha – Gaiten sorriu para ele – Usei aquele bando de incompetentes para distrair seu sensei, já que, honestamente, nenhum de nós aqui é páreo para o Copy Ninja de Konoha. Nessas horas, números e esperteza valem mais do que qualidade. Meu objetivo era simplesmente trazer a garota, mas vocês complicaram tudo.

– E por que você quer a Kaori-chan? – Sakura perguntou.

– Não é óbvio? Somos mercenários, fazemos tudo por dinheiro – os outros ninjas riram em concordância.

– Dinheiro? – Kaori perguntou, confusa – Quem poderia querer pagar para me matar?

– O motivo eu não sei, mas – ela parou de falar assim que uma sombra se projetou na entrada da caverna – Deveria perguntar para ele.

Com passos lentos e tranquilos a figura encapuzada adentrou na caverna. Ela pareceu analisar o ambiente por um instante, enquanto Gaiten simplesmente se sentou com as costas contra a parede e pegou uma maçã de dentro de um saco, como se estivesse se acomodando para assistir a um show.

O homem encapuzado voltou a andar, se dirigindo para onde as crianças estavam, então ele se abaixou e pegou Kaori pelas cordas que atavam suas pernas, a arrastando pelo solo pedregoso da caverna sem o menor cuidado e a fazendo se contorcer pela dor de ter seu ferimento da perna forçado daquela maneira e por sentir o chão dura arranhar sua pele. Naruto, Sasuke e Sakura se mexeram, como se quisessem se levantar para ajudar, mas um rosnado de aviso dado por um dos mercenários foi o necessário para mostrar que qualquer movimento seria suicídio. Contra sua vontade, eles se aquietaram.

– Quem... – Kaori tentou falar assim que o homem a largou deitada no meio da caverna – Quem é você?!

Em resposta ele abaixou o capuz, o que não ajudou muito, pois ele usava uma máscara negra que cobria todo o lado direito de seu rosto e os dois olhos.

– Sabia que não me reconheceria – ele disse com a voz calma – Afinal, faz muito tempo. Você era só uma criança.

– Você me conhece? – Kaori indagou, ainda mais confusa do que antes.

– Ah, conheço. Eu vim da vila que você aniquilou.

Os olhos castanhos da garota se arregalaram em surpresa. Aquele homem era da mesma vila que ela? Ele havia sobrevivido? Ela fitou seus amigos e, assim como esperava, eles a fitavam de volta, com explícita confusão no olhar.

– Você se lembra, não é? – o homem perguntou, sua voz soando como se estivesse preso em uma lembrança – Todos sabiam que isso aconteceria.

As memórias que Kaori havia reprimido por tanto tempo voltaram a assombrá-la, junto com a culpa inerente.

– E-Eu – ela gaguejou – Não me lembro da vila, das pessoas só... daquele dia.

– Não? – ele pareceu levemente surpreso, mas ainda mantinha o tom frio – Talvez seu pequeno cérebro esteja tentando suprimir lembranças desagradáveis. Desde o dia que seu pequeno surto feriu uma criança, você e sua família repulsiva eram odiados.

Como que por mágica, imagens que Kaori nem sabia que existiam saltaram em sua mente. O dia em que ela, apenas com três anos, provocara um deslizamento de terra ao se assustar com um animal qualquer da floresta e acabara machucando uma criança da vila. Os dias seguintes, em que os aldeões tentaram expulsar ela e seus pais da vila, desistindo apenas porque a família não tinha lugar para ir, também passaram tal qual um filme diante de seus olhos. Aquilo chegou ao ponto de algumas crianças terem tentado afoga-la no lago, falhando apenas porque o tousan de Kaori estava por perto e a salvara. Ela praticamente não saía de casa, as pessoas se negavam a vender alimentos para seus pais e havia noites em que eles passavam fome apenas para ela poder comer. Não tinham dinheiro nem para ficar, nem para partir, mas ainda amavam sua filha.

Lágrimas de desespero brotaram nos olhos da garota.

– Desde aquele dia – o homem continuou, parecendo meio amargurado – ninguém mais viu a figura da pequena demoniazinha andando pelas ruas. Os covardes dos seus pais a trancaram em casa ao invés de pensarem no que seria melhor para a vila e acabarem logo com essa sua vidinha infeliz.

As lágrimas que Kaori segurava banharam seu rosto, enquanto seus olhos permaneciam vidrados na figura assustadora que pairava sobre ela.

– Depois disso, as pessoas passaram a ignorar sua existência e a paz voltou a reinar – ele continuou com seu discurso – Isso até o dia em que a vila foi atacada. Foi algo terrível, sem dúvidas, mas pelo menos alguns estariam vivos, mesmo que sem dinheiro. O pior veio quando você finalmente perdeu o controle e explodiu tudo. Por um milagre ou por uma maldição, eu sobrevivi, só para ver minha esposa, minha mãe e meus três filhos mortos, junto com o resto da vila.

A essa altura, Kaori nem tentava controlar seus soluços. Parecia que cada cena que aquele homem descrevia era vividamente reproduzida diante de seus olhos.

– Eu ouvi você chorando naquele monte de pedras – ele se agachou até ficar com o rosto perto do da garota no chão – Não achei que você merecesse o golpe de misericórdia, esperava que você definhasse naquele buraco – Kaori tentou se arrastar para trás, mas ele a segurou pela gola da roupa – Então acabei ouvindo os boatos que correram, de que o Copy Ninja de Konoha estava criando a única sobrevivente da vila no meio do lago que fora devastada por um desastre natural. Sabia que era você. Foi ali que decidi que vingaria todos da vila com a sua vida!

– N-Não foi culp-pa minha – Kaori choramingou – Eu não queria!

– Não foi culpa sua? – o homem se aproximou um pouco mais fazendo-a se encolher – E isso aqui, foi culpa sua?

Com uma mão ele alcançou a tira que prendia sua máscara ao rosto e a arrancou, revelando sua face. Até os mercenários se assustaram e gemeram com a visão.

Descendo diagonalmente desde o olho esquerdo até cobrir todo o lado direito do rosto do homem, havia apenas uma grotesca queimadura, coberta por uma camada fina e irregular de pele e transfigurando seu rosto de modo que ele ficasse congelado em um sorriso sinistro.

Kaori não sabia se chorava mais, gritava ou vomitava. Só conseguia fitar com os olhos arregalados para aquele homem tão perto dela. Pôde ouvir os arquejos assustados de seus amigos, mas não conseguiu registrar mais nenhum ruído.

– Lindo, não é? – o homem indagou com sarcasmo – Ainda acha que não foi culpa sua?

Ela não sabia mais de nada. Não conseguia falar ou pensar em nada, mas não foi preciso, porque uma voz as suas costas se pronunciou.

– Então – Naruto disse, surpreendendo a todos. Ele permanecera calado durante todo o relato, sentindo tudo aquilo que mais temia na infância voltar para ele: a solidão e os olhares de ódio. Ele não fitava o homem enquanto falava, mas o chão a sua frente – Vocês recriminaram e odiaram uma criança inocente por algo que ela não sabia o que era ou como controlar?

– Não ouviu o que eu disse? – Kaori foi rudemente solta no chão e a expressão de seu conterrâneo ficou ainda mais assustadora – Por culpa dela perdi tudo!

– Não importa! – Naruto rugiu, ainda sem levantar o rosto – Ela também perdeu tudo naquele dia.

Ainda no chão e abalada, Kaori estranhou o modo como o garoto a defendia, como se tivesse alguma propriedade sobre aqueles sentimentos.

– Não importa o que você acha! – o homem gritou de volta, agarrando a garota pela gola novamente – Um pivete como você não tem como saber como me senti! Eu vim aqui apenas para acabar com isso! E é o que vou fazer.

Sem pestanejar, ele tirou uma kunai que estava com um dos mercenários e a posicionou sobre a garganta de Kaori, mas não teve a chance de terminar o ato.

Uma onda de pura energia partindo do garoto loiro jogou ele e todos ao seu redor, incluindo seus companheiros, vários metros para trás. Sem nenhuma dificuldade, Naruto arrebentou as cordas que o prendiam e se pôs de pé. Quando finalmente levantou o rosto, suas íris estavam vermelhas e seus caninos se projetavam de sua boca.

Em seu turbilhão de emoções, ele não conseguira suprimir o poder da kyuubi, porque ninguém entendia mais sobre a solidão e sobre ser odiado do que Uzumaki Naruto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Me digam o que acharam! Queria saber o que meus adorados leitores fantasma estão pensando! Até a próxima :) Ja ne o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Imouto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.