Until It's Over escrita por JennyMNZ


Capítulo 3
Let's Hope Until It's Over


Notas iniciais do capítulo

Assim, eu sei que não atualizo nada há eras (confesso que abandonei um pouco minha conta aqui no Nyah), mas eu ainda apareço de novo! Um dia, quem sabe...

Minha vida anda muito ocupada no momento, mas como essa coisa já estava escrita, traduzida e revisa, não ia doer matar alguns minutos de aula para postá-la aqui.

Boa leitura!



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I never meant to give it away

My heart escapes and i try
To catch it when it runs to you
So here i stand in silence
With bloodstains on my raincoat
My heart escapes
My heart escapes and runs to you¹
(Blindside - My Heart Escapes)

 

 

Ela brilha.

Ela é a mulher que uma vez deu a ele todas as promessas do mundo. Ela é aquela que um dia foi seu universo inteiro; ela era o seu Sol e ele era um mero planeta orbitando em volta dela.

Ela é aquela que uma vez o traiu e tentou matá-lo. Ela é aquela que o seduziu com belas palavras sobre terras vastas e deu-lhe apenas um tiro nas costas. Ela é aquela que continuou retornando à sua mente quando ele estava encarcerado, quando ele pagava pelos erros que cometera quando estava com ela.

Ela é aquela que o descartou, que o viu apenas como um sacrifício, um degrau para alcançar o seu império.

Ela é aquela que ele amou quando era apenas um garoto.

E ainda assim, ela brilha.

Ela brilha e, apesar de ele agora ser um homem, ela faz com que ele se sinta como um garoto por dentro. Ele olha para ela, de pé em sua frente, e não pode evitar sentir a ânsia, a atração magnética que sempre o levou para ela. Ela brilha como a garota acanhada que uma vez foi e a mulher que ela se tornou, e é necessária toda a sua força de vontade para ele não correr em direção a ela.

Sentimentos não vão mudar o passado, ele pensa.

Sua expressão endurece (seu coração voa) e ele tenta manter sua voz fria.

— O que você quer? — É tudo o que deixa a sua boca. Ele teme o que pode falar se ele disser algo além disso.

Ela olha para seus pés e ele subitamente tem flashbacks do fim da guerra, quando ele a viu pela última vez. A memória que ele não pôde esconder durante todo o tempo que ele passou em sua cela, o minúsculo fio de esperança. A pontada no seu coração quando ele vê a tristeza nos olhos dela.

Ela está mais magra, ele percebe então. Ela está mais magra e apesar de sua postura ser a mesma de sempre, ela parece estar quebrada. Sua voz também estava ligeiramente mais fraca quando ela o chamara pelo seu nome.

Ela mudou.

Mas ela ainda brilha e faz o mundo dele se abalar.

— Eu achei que você gostaria de ter isso de volta, — ela consegue dizer, e um pequeno objeto brilha na palma de sua mão, atraindo a atenção dele dos olhos dela e ele congela.

Ele está chocado, completamente chocado. Tão chocado que a única coisa que ele pode fazer é olhar fixamente para a joia redonda que ela oferece para ele e seu coração derrete dentro do seu peito, alimentando aquele sentimento contínuo que vinha tentando matar todos aqueles anos.

Ela o guardou, ela o guardou, ela o guardou, ela o guardou.

Ele pega o anel dela e por um momentos suas mãos se roçam, pele toca pele e ele tenta, com muita vontade, fingir que não sentiu uma corrente elétrica entre eles, despertando mais uma vez os sentimentos antigos que ele começou a sentir quando era mais jovem. E durante aquele momento, tão rápido que é como se nunca tivesse acontecido, ele é um garoto mais uma vez.

Ele é só um garoto, se apaixonando por uma garota.

Não, isto não está certo. Ele já deveria ter desapaixonado. Ele deveria ter esquecido o que era ansiar por ela. Ele deveria ter matado aquelas borboletas que agora voam livremente no seu estômago. Ele deveria ter superado a sensação que sentia toda vez que aqueles olhos brilhavam para ele.

Ela não devia tê-lo guardado.

Ele olha para o anel, e então novamente para ela, sua mãe se fechando em um punho, sem dizer coisa alguma. Ele não confia em si mesmo para dizer nada. Ele não confia em si mesmo para fazer nada. Nada exceto olhar para ela, seu coração ameaçando escapar de suas mãos.

Ela olha de volta para ele, e uma segunda faca encontra o caminho para o seu coração.

Ele não sabia o que esperar quando descobrira que ela havia deixado a prisão. Ele não sabia o que pensar quando lera a última declaração dela, pouco depois que ela fora solta. Ele não sabia como agir quando ele ouvira sua voz chamando o seu nome depois de tanto tempo.

Ele não sabia, mas definitivamente não era isso.

Os olhos dela estão lacrimejantes, mas ela não vai chorar, ela nunca chora. E ainda assim o sorriso triste dela á ainda mais doloroso do que quando ela atirara nele. O arrependimento que pinta o rosto dela, mas que mal toca a sua voz. E ele pode perceber a dor que ela preferiria morrer a deixar que fosse vista por outra pessoa, escondida por debaixo de sua máscara bem feita.

— Adeus, Baatar, — sua voz treme, e ela começa a partir.

Isso não está certo, ele pensa novamente.

Nada está certo, ele diz a si mesmo.

O mundo dele tem sido uma bagunça desde que ela decidira — eles decidiram — deixar Zaofu para trás e criar uma nação melhor, mas acabaram instalando uma ditadura e começando uma guerra. Agora ele andava numa corda bamba, nunca confiado plenamente pelos seus amigos — ou até mesmo sua família — conforme ele lutava para enfrentar os olhos julgadores do mundo inteiro sem um robô assassino gigante, ou uma noiva forte e focada.

Uma noiva assassina de sangue frio.

E ainda assim, apesar de tudo o que ela fez — tudo o que ele fez — ele simplesmente não pode negar o fato de que ele ainda está atado à ela, depois de todo aquele tempo.

Você devia deixá-la ir, ele pensa.

Você nunca irá deixá-la ir, ele diz a si mesmo.

— Espera, — ele a chama em uma voz ansiosa, então os olhos dela se viram para ele novamente, — Para onde você vai agora?

— Eu vou dar um jeito, — ela dá de ombros, — Eu sempre dou.

Ele engole em seco e suspira, se preparando para o que vai acontecer a seguir.

Sua mãe ia definitivamente matá-lo.

— Você não precisa. — Ele espera que ele não soe tão desesperado, mas ele sabe que se ela partir ele nunca irá ver o brilho dela novamente.

Ela respira fundo antes de repreendê-lo.

— Vamos, não seja tolo. Tenho certeza que Su já lhe alertou sobre o que pode acontecer se você se meter em mais encrencas. — As palavras são duras, mas ele pode ouvir algo em sua voz rouca.

Um minúsculo fio de esperança.

— Tenho certeza que minha mãe está acostumada comigo não fazendo o que ela manda, a essa altura. — Ele sorri, guardando o anel no seu bolso.

Ele não tem obrigação alguma para com a mulher à sua frente, nenhuma necessidade de tentar ajudá-la, mas ele vai ajudá-la assim mesmo. Mesmo que ela tenha virado as costas para ele antes, ele simplesmente não pode fazer o mesmo. Não agora quando ela precisa tanto dele. (Mas é claro, ela não vai pedir por ajuda, nunca.)

E além do mais, não é como se ele não tivesse feito nada de errado também, sendo cúmplice dela em tudo. Se ele podia ser perdoado e retornado para sua família, então ela também podia. Tudo seria mais difícil, é claro, as cicatrizes de suas batalhas ainda muito recentes, mas talvez dois ex-prisioneiros poderiam ter mais sorte do que apenas um.

Afinal, mesmo a pessoa mais resoluta pode se arrepender de suas ações e suas escolhas, repensar suas prioridades e desejar começar de novo, fazendo tudo diferente dessa vez. Talvez não. Tudo o que ele sabia era que se as borboletas não haviam morrido depois de todo aquele tempo, então ele nunca iria se livrar delas.

Ele estava de bem com isso.

 

¹Eu nunca quis deixá-lo ir
Meu coração escapa e eu tento
Pegá-lo enquanto ele corre para você
Então aqui eu estou em silêncio
Com manchas de sangue na minha capa de chuva
Meu coração escapa
Meu coração escapa e corre para você


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Notas finais do capítulo

Opiniões são bem-vindas.
Elogios sempre aceitos.
Críticas apreciadas.

:)

P.S.: Essa história já acabou, pra quem quer saber...



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