Unbreakable escrita por MylleC


Capítulo 9
Capitulo 8 - Só você


Notas iniciais do capítulo

Eaeeee gente. Primeiramente ESTOU MORTA COM A NOVA PROMO, E quem não está né kkkk Então claro, não poderia deixar de vir e postar mais um capitulo pra você (ja ia postar antes de sair a promo, mas tudo bem, vamos fazer de conta que só estou postando por isso kkk)
Nem vou falar muito aqui, porque nem sei como consegui terminar de revisar o capitulo depois de todas essas emoções e escrever ainda não está dando muito certo no momento, meu coração ainda ta a mil kkkk
Enfim, espero que gostem, boa leitura!



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Eu quero reconciliar a violência em seu coração

Eu quero reconhecer que sua beleza não é só uma

máscara

Eu quero exorcizar os demônios do seu passado

Eu quero satisfazer os desejos secretos em seu coração

Agrade-me

Me mostre como se faz

Confie em mim

Você é única

(Undisclosed Desires – Muse)

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A verdade era que eu não estava pronta. Eu tinha decidido contar toda a verdade para Oliver, mas a teoria é mais fácil do que a pratica uma vez que eu não havia relatado aquela historia para ninguém. Nunca. Quando falei com a A.R.G.U.S. sobre o caso todos eles já estavam cientes de tudo. Apenas tive que dar o meu depoimento para o julgamento de James, eu não tive que contar a historia exatamente, só responder perguntas e confirmar outras. O suficiente para que ele fosse condenado.

Abri os olhos e respirei fundo, sentindo o cheiro de Oliver entrando em minhas narinas. Sorri pensando em como ele foi compreensivo comigo, entendeu por eu não conseguir contar tudo de uma vez.

–Oliver. –sussurro para ele, vendo que seria impossível eu sair dali sem acordá-lo, já que estava completamente envolta em seus braços.

Ele apenas se remexeu, sem realmente acordar.

–Hey, Oliver! – Chamei mais alto e o chacoalhei um pouco. Bem, não era minha intenção quando seu corpo pesado caiu no chão já que eu não sabia que ele estava tão na beirada da cama. E não planejava ainda menos que meu corpo fosse levado junto com o dele. E definitivamente não planejava que toda aquela massa corporal ficasse por cima de mim, me espremendo entre ele e o chão.

Mas funcionou, Oliver acordou um pouco assustado pelo impacto, mas então seus olhos encontraram os meus, piscou alguma vezes e então um sorriso arteiro desenhou-se em seus lábios.

–Felicity, se você queria que eu te espremesse não precisava exagerar, Loira.

Revirei os olhos, tentando ignorar e principalmente não demonstrar todas as sensações que eu estava sentindo no momento.

–Sai de cima de mim, Oliver Queen! – briguei, tentando empurrá-lo mais uma vez.

Oliver sorriu maliciosamente e abaixou a cabeça em minha direção, prendi a respiração e secretamente ansiei pelo contato que eu tinha certeza que viria. Mas não veio, Oliver apenas acariciou o nariz no meu e se levantou completamente. Continuei deitada observando ele andar pelo quarto com um sorriso convencido no rosto. Senti o meu esquentar e sabia que eu estava corando assim que ele me olhou, eu tive tanta certeza de que ele me beijaria que tinha até fechado os olhos. Ele realmente queria ficar me provocando? Ótimo, Oliver Queen não sabe com quem está mexendo.

Bufei e me levantei do chão, indo até o banheiro e me trancando no mesmo.

Assim que saí do banheiro olhei o quarto e Oliver vestia uma camisa. Eu pude ver parte de seu abdômen absurdamente definido antes que a camisa terminasse de escorregar por seu corpo. Mordi o lábios inferior, incapaz de sair do local e mesmo depois do tecido ter coberto seu corpo fiquei encarando.

–Felicity! – ouvi Oliver me chamar ao longe.

Abri a boca para responder, mas nada saiu.

–Fe-li-ci-ty...

–Ah, oi. – me apressei em responder. – O que?

–Seu celular está tocando, já é a terceira vez. – disse com uma sobrancelha levantada em minha direção, apontando para meu celular que tocava em cima da cômoda.

–Ah! Claro.

Caminhei até meu celular e franzi o cenho ao ver que era Diggle. Ele quase nunca me ligava, sempre tinha alguma coisa para contar quando me ligava, raras eram as vezes que era algo “qualquer”. Fiquei tensa de imediato, atendi a chamada e esperei.

–Dig?

–Felicity... Antes de qualquer coisa, preciso que se acalme.

–Diggle, o que aconteceu?

–Acharam... Talvez, Felicity, estou dizendo Talvez tenham encontrado Miles.

–O que? –Praticamente gritei incrédula. Meu coração bateu rapidamente em meu peito e as lágrimas vieram em meus olhos.

–A A.R.G.U.S. acabou de me ligar e estou levando algumas pessoas para reconhecê-lo, pois as características batem com a de Miles, mas também com outras crianças desaparecidas.

–Tem que ser ele Dig, por favor Deus... Que seja ele.

–Sinto muito por estar te ligando no meio da sua pequena viajem, mas...

–Eu sei. Preciso voltar não é? Estarei ai daqui algumas horas, John.

–Tudo bem. Chegue até as quatro, Felicity.

–Certo, eu estou indo agora mesmo.

Desliguei o telefone e me virei para Oliver um tanto trêmula.

–Estamos... Voltando? – perguntou incerto.

–Oliver... – eu nem sabia o que falar primeiro, estava ansiosa e agitada demais com a noticia de que talvez Miles tenha sido encontrado e esteja lá. Apenas esperando por mim. –Me desculpa. Eu sei que disse que nós podíamos passear por Central. Mas isso é muito importante.

Oliver assentiu e pegou as chaves do carro no bolso da calça.

–Parece que estamos voltando. – disse e um sorriso brotou em seus lábios e fiz o mesmo. Grata por ele não fazer perguntas ou ficar chateado comigo. Bom, pelo menos aparentemente não estava. Deus, e se ele estivesse?

–Hm... Tudo bem mesmo? – pergunto.

–É claro, ãnn... Podemos comer antes? Estou faminto. – ri de seu pedido e assenti, indo até Oliver e beijando sua bochecha. Peguei minha mochila que eu já tinha arrumado.

–Vamos, eu também estou com fome.

(...)

Encostei minha cabeça no vidro do carro, olhando a paisagem lá fora. Suspirei, pela primeira vez parando para pensar... E se isso fosse outro alarme falso? Não sei se estou psicologicamente preparada para isso outra vez. Mas mesmo assim, algo dentro mim me dizia que dessa vez não seria engano, dessa vez era verdade e logo eu teria o pequeno corpinho de meu irmão em meus braços. Seguro.

E eu o faria feliz.

Meus pensamentos voltaram para Oliver e eu virei o rosto para olhá-lo dirigir. Suspirei, pensando no que eu faria quando chegássemos. Pediria para me deixar em casa e depois ir até o local onde reconheceria Miles? É... Parece um bom plano.

(...)

–Então, para onde vamos? – Oliver perguntou quando enfim chegamos em Starling.

–Eu... ãnn... Me leve para casa.

Oliver me olhou, dividido entre mim e a estrada. Levantou uma sobrancelha em confusão.

–Sua casa?

–É... De lá eu me viro.

Ele suspirou pesadamente e os traços em seu rosto se tornaram sérios. Pude ver ele cerrar os dentes e respirar fundo novamente, fazendo com que sua expressão suavizasse.

–Felicity... Você confia em mim?

Fiquei muda com a pergunta por um momento. Não por duvidar da resposta que daria, mas sim pela surpresa dele ter perguntado.

–Eu... Sim. Confio.

Oliver parou o carro e soltou o sinto. Se virou, ficando de frente para mim, levou a mão até meu rosto e a deslizou por minha bochecha. Fechei os olhos com o toque e deixei o ar, que eu nem tinha consciência de que prendia, sair.

–Não posso te deixar sozinha assim. Prometi a Diggle que quando ele não estivesse com você eu estaria.

–Prometeu quando? – pergunto, abrindo os olhos para encará-lo.

–Isso não vem ao caso agora. A questão é: Não vou lhe deixar em casa, porque não é lá para onde você precisa ir. Vou te levar até onde você precisa e quando chegarmos lá, apenas quando Diggle estiver com você eu irei embora, se quiser. Sem perguntas ou... Mágoa.

Senti as lagrimas emocionadas virem aos meus olhos. Oliver era perfeito. Como a mídia podia pintar um cara tão diferente do que Oliver realmente era? Esse Oliver era tão melhor e mais interessante. Com um bom coração, um bom amigo e uma ótima pessoa. Por Deus, ele estava me levando a um lugar e aceitando ficar no escuro. Eu realmente me sentia culpada por esconder tanto dele, não esconder, mas... Omitir.

Assenti para ele que sorriu minimamente.

–Então, Loira. Para onde vamos?

(...)

Entrei no grande local que era onde a A.R.G.U.S. trabalhava. Bem, não exatamente a sede deles, ali era apenas onde cuidavam da parte burocrática e a parte não secreta da organização. Mas a A.R.G.U.S. fazia mais do que aparentava para ter sucesso em suas missões.

Oliver entrou comigo, como disse que faria. Assim que dei nossos nomes para uma mulher que estava ali na recepção ela nos levou até outra sala, uma menor, mas aconchegante onde haviam outras pessoas. Três casais e dois jovens que pareciam ter seus vinte anos e também havia um homem barbado vestido em um terno impecavelmente arrumado. John estava ali, em pé parecendo me esperar.

–Felicity! – veio até mim e eu o abracei fortemente, não cabendo em mim de anciedade.

–Não acredito John. Tem de ser ele, tem que ser.

–Eu sei, também estou nervoso. – percebi que dois casais observavam nossa conversa, apreciam apreensivos também. Claro, todos ali tinham uma criança de cinco anos... quase seis, perdida. Com a possibilidade dele estar na sala ao lado.

–Então... –ouvi a voz de Oliver ao meu lado, que se afastava devagar. Me virei para ele, por um segundo confusa por seu afastamente, até me lembrar de nossa breve conversa minutos atrás – Eu... já vou. – sussurrou.

Antes que ele se afastasse muito segurei sua mão. Oliver se virou para mim com os olhos brilhando, mas uma expressão um pouco confusa.

–Fica. –pedir, olhando fundo dentro de seus olhos que pareceram brilhar um pouco mais, acompanhando o breve sorriso que apareceu em seus lábios. - Eu... Preciso de você. –continuei.

Era verdade. Pensei em como Oliver conseguiu me confortar quando eu contei sobre a morte da minha mãe e se isso hoje fosse um engano... Eu precisava de Oliver. Precisava muito.

–Okay... Sr. E Sra. Jones por favor. – chamou uma mulher com uma prancheta nas mãos.

O casal ao nosso lado se adiantou para frente rapidamente e entraram na sala. Meu coração palpitava tão rapidamente em meu peito, distribuindo um frio em minha barriga e causando náuseas. Oliver apertou um pouco minha mão, talvez notando em como ela estava gelada e tremula.

–Não se preocupe. Aconteça o que acontecer... Vou estar aqui com você, Loira. – sussurrou para mim.

Assenti e me aproximei dele, o abraçando, buscando um conforto antecipado, tentando a todo custo tirar o aperto em meu peito e diminuir todo aquele nervosismo.

O casal saiu da sala e a mulher tremia chorando compulsivamente enquanto o homem ao seu lado a abraçava em conforto, parecendo também muito abalado. Eles não tinham nenhuma criança com eles... E ali, uma pequena esperança em mim foi aumentada. A esperança de que meu baby brother estava ali, me esperando.

E assim foi, com todos os casais ali presente. E a cada segundo eu ficava mais nervosa ainda, o jovem que entrou sozinho a nossa frente demorava mais do que os outros ali. Apertei a mão de Oliver mais forte, uma vez que não estávamos mais abraçados. E no momento em que a porta abriu tudo a minha volta parou, meu coração voltou a acelerar ainda mais e senti minhas pernas amolecerem a media que as lágrimas banhavam sem dó meu rosto. Parecia até mesmo que o ar fugia de meus pulmões quando vi o pequeno garotinho loiro, os cabelos lisos e os olhos azuis, sendo carregado pelo jovem que tinha entrado. O garotinho chorava, mas tinha um sorriso no rosto assim como o mais velho que o segurava firme em seus braços.

–Vamos nos recuperar tudo isso amigão, você vai ver... – disse para o pequeno.

Acompanhei com o olhar eles saírem e uma mulher acompanhá-los, o garotinho olhou para mim por um segundo e eu sentia todo o chão sumir de baixo dos meus pés.

–Sinto muito. – disse a outra mulher. –Aquele não era quem procuravam.

Senti braços fortes me rodearem e eu sabia que era Oliver e por isso me agarrei com toda a força que possuía a ele, como se o abraço fosse tirar a dor que me sufocava. Senti Oliver me guiar para fora dali e murmurar algo com John, mas eu não via quase nada a minha frente, as lagrimas desciam e embaçavam minha visão. Apenas senti o estofado do carro quando Oliver me ajudou a entrar ali, mas não fechou a porta. Senti suas mãos segurarem a minha e desviei o rosto de seu campo de visão, não querendo que ele me visse chorar dessa maneira, mas os soluções que escapavam por minha garganta era inevitável. Eu tinha uma promessa a cumprir e eu não estava conseguindo cumpri-la.

–Felicity... – ouvi o sussurro suave de Oliver e tentei conter um soluço. Falhei miseravelmente. –Tudo bem.

Oliver com uma força que me surpreendeu por um momento me pegou no colo, um pouco desajeitado pelo espaço do carro, então se sentou no banco do passageiro e deixou que minhas pernas ficassem no do motorista enquanto minha cabeça e parte das costas ficassem em seu colo. Me virei um pouco de lado para conseguir abraçar sua cintura. Os soluçõs não eram mais tão audíveis, mas a dor ainda me sufocava e as lágrimas ainda escorriam fervorosamente, tão rápidas que eu ainda estava com dificuldade para respirar. As imagens da criança que não era a que eu procurava rondavam minha mente, me torturando, como se zombassem da minha incompetência.

–Quando eu era pequeno... – Oliver começou, parecendo ignorar o barulho do meu choro, passando a mão por meus cabelos. –Thea e eu fomos andar á cavalo, éramos acostumados.

Obriguei meu choro a ficar menos audível para conseguir escutar sua historia.

–E eu tive a péssima idéia de apostarmos corrida. Fomos bem da primeira vez e Thea me venceu então eu pedi revanche e novamente fomos bem. Eu venci. Então, fomos uma terceira vez para desempatar. A fivela da cela de Thea se soltou e ela caiu para o lado, ficando pendurada por dois minutos até cair realmente no chão.

Prendi a respiração, imaginando a cena. Passei a ponta da língua nos lábios e respirei fundo, sentindo o ar entrar com mais facilidade. Então percebi que o choro não era mais compulsivo, as lágrimas apenas escorriam por meu rosto.

–E... – minha voz saiu rouca e ainda embargada. – O – o que aconteceu?

–Ela quebrou o braço. Mas... O momento assustador foi quando ela desmaiou por dez minutos. Corri e chamei alguém é claro, mas antes fiquei ao seu lado, morrendo de medo de deixá-la sozinha. Quando Thea acordou e depois de engessar o braço, no dia seguinte já estava correndo pela casa e não via a hora de montar novamente. A questão é que... Thea não cobrou nada de mim, não me perguntou o que eu fiz depois que ela caiu, na verdade... Ela me agradeceu por ficar preocupado depois. A questão é que... Felicity, por mais que erremos... As pessoas que nos amam sempre vêem o melhor em nós, a parte do erro... É apenas um detalhe, pois eles acreditam em nós e nos perdoam. Não sei sua história toda, mas sei que tem algo haver com seu irmão. Felicity, ele te ama e não irá te culpar por nada, na verdade quando você o tiver nos braços ele vai apenas se lembrar de como é bom estar com você, feliz e seguro. O resto não importará mais, pois tudo o que ele desejava, que era estar com você, estará sendo realizado.

Me mantive em silencio, absorvendo as palavras e Oliver e sentindo meu coração se aquecer de um jeito confortador. Voltei a abrir meus olhos que não mais derramavam lágrimas. Observei a camisa úmida de Oliver e mordi o lábio inferior, um tanto envergonhada por ter chorado tanto. Uma pontada se fez em meu peito ao me lembrar do ocorrido de agora apouco.

–Eu tinha tanta certeza... – sussurrei. – Tanta...

–Está tudo bem, você vai conseguir. Ele deve estar bem, apenas... Esperando por você e você vai encontrá-lo. – disse com uma convicção que no momento eu não tinha.

Assenti com a cabeça, ainda um pouco incapaz de dizer algo.

–Vamos para um lugar. – disse Oliver e eu me levantei para que ele saísse do carro e o encarei com uma expressão questionadora. Mas Oliver apenas sorriu e entrou no banco do motorista.

Ele dirigiu por um tempo e um silencio confortável ficou entre nós e em minha cabeça ainda martelava o fato de Oliver não ter feito mais perguntas.

–Oliver... Você... Não quer me perguntar nada?

Ele sorriu e olhou no retrovisor, então para mim e volto para frente.

–Eu te disse. Quando você estiver pronta e confortável para me contar eu estarei aqui para ouvir, e o que você precisa agora não é de minhas perguntas.

–Certo, e aonde vamos?

Oliver parou o carro e olhei para fora, percebendo que era uma loja onde se vendia varias coisas para reformas e construções de casa.

–Ãnn, e porque estamos aqui?

–Quando eu era pequeno, na verdade estava passando pra adolescência enjoei do meu quarto e resolvi que queria mudar, naquela tarde meu avô passou mal e foi para o hospital. Ele ficou internado por dias e nós ficamos muito mal por ele nesses dias. Então em uma tarde, meu pai chegou em casa com várias coisas para eu pintar meu quarto e organizá-lo. Achei estranho, mas fiz isso com ele. Passamos a tarde pintando e decorando e durante aquelas horas eu... Me esqueci de tudo o que estava acontecendo. Mesmo que tenha sido por umas horas, foi bom dar uma folga para minha mente. Bem, no dia seguinte meu pai contratou profissionais que redecoraram todo o quarto novamente.

O encarei chocada pela ultima revelação.

–E todo o trabalho que tiveram no dia anterior? – pergunto.

–Bem... – Oliver riu pelo nariz, absorto nas lembranças. –Em primeiro lugar, realmente tinha ficado horrível e depois eu entendi que ele apenas queria me distrair. E é isso que faremos. Vamos dar um jeito no seu apartamento de paredes horríveis.

–Oliver... – resmunguei. – Estou cansada.

–Ah não, Loira. Ainda são quatro e meia. Quando você estiver tão cansada então pode dormir no meio da sua sala, mas ainda não. Vamos começar isso ainda hoje, devo dizer que agora sei pintar melhor do que quando era criança, então vamos sim dar um jeito naquele lugar.

–Oliver... Mas eu vou embora daqui a alguns meses. – argumentei. Sentindo um misto de decepção dentro de mim ao constatar isso outra vez. Percebendo em como eu não queria ir embora mais.

–Isso não quer dizer que terá que morar naquele lugar sem graça por tanto tempo. Não estou te dando escolha Loira, vamos. – abriu a porta do carro e saiu. Apenas sorri e fiz o mesmo.

Chegamos na loja e Oliver comprou algumas latas de tintas, pinceis próprios e etc.

(...)

–Tem certeza disso, Oliver? – perguntei quando chegamos em minha casa e observei as paredes. Nenhuma delas tinha uma pintura recente. Pelo amor de Deus, quem morava aqui antes de mim?

–Absoluta, Loira. Agora vamos, troca essa roupa que temos muito trabalho pela frente.

–Mas e você? Vai sujar suas roupas?

–Bem, não toda ela. – respondeu. Oliver levou as mãos na barra da própria camisa e a tirou.

Entreabri a boca em choque por sua ação. Não esperava por isso. Observei todo aquele abdômen definido e senti um arrepio passar por meu corpo.

–E-E-Eu... Vou... Tro-trocar de roupa. – me virei e bati no sofá no caminho para meu quarto, me virei de frente para Oliver novamente e continuei andando de costas. –Já...Já volto.

Deus me ajude.

Sai do meu quarto depois de arrumada com roupas confortáveis e que não teria problema se sujassem. Oliver já tinha coberto o chão e moveis com plástico e já começava a pintar uma das paredes. Procurei um rolo grande para mim também, para começar a pintar a outra parede.

–Hey, vai demorar muito assim. Srta.Cansada. – disse Oliver para mim. – Pegue um dos pequenos e pinte os rodapés, cantos da porta, janelas enfim. Tudo que for pequeno demais para meu rolo alcançar.

Ergui uma sobrancelha para ele, mas um sorriso escapou dos meus lábios.

–Okay, senhor pintor mandão.

(...)

Já eram onze e meia da noite quando terminamos de pintar toda a sala, a janela e o teto.

–Fizemos um bom trabalho. – falo, comendo uma quantidade da pipoca que tinha estourado para nós. Estávamos sentados no chão, no meio da sala observando todo nosso trabalho.

–Sim, fizemos. – concorda. –Mesmo eu tendo feito todo o trabalho pesado.

Olho indignado para Oliver, que sorri esperando eu brigar com ele pelo o que disse.

–Hey, você que veio com aquele papo de eu pintar todo lugar pequeno demais para o rolo alcançar.

–Sim, e a coisa mais difícil que você fez foi pintar as janelas.

–Oliver! Você não me disse que eu tinha que mudar o pincel mais fino para o médio para ir mais rápido.

–Fe-li-cy-ty. Era uma janela. Obviamente que o pincel teria que ser o maior.

Bufei contrariada, não querendo admitir que ele estava certo.

–Não tão obvio assim. – murmurei. Me virei no mesmo lugar e olhei o céu lá fora. Observando a grande e luminosa lua cheia que se exibia por minha janela.

Oliver fez o mesmo e comemos em silencio, olhando a lua. Pensei em Miles, pela primeira vez desde que Oliver e eu começamos a pintar meus pensamentos voltaram para horas atrás. Realmente, tinha me ajudado a não pensar muito e agora que estou pensando não é tão doloroso como era há horas atrás. Já tinha me decepcionado com esses enganos antes e novamente estava superando mais um. Dessa vez sendo diferente, uma vez que agora tenho não só John comigo, mas Oliver também.

–Em quem? – Oliver perguntou de repente. Virei o rosto para encará-lo confusa.

–Como assim? Em quem o que?

–Em quem você está pensando?

–Como assim?

Ele sorriu e suspirou, se ajeitando mais confortavelmente no mesmo lugar, encostando as costas no sofá.

–Bem, quem olha assim para a lua, é porque está pensando em alguém. – ele não havia desviado os olhos da lua lá fora e sorri de sua interpretação.

–Bem... – respirei fundo. –Pensei nele e... Em você.

–Em mim? – dessa vez ele virou o rosto para me encarar.

Levei mais pipoca á boca e mastiguei, engolindo em seguida.

–Sim, obrigada novamente Oliver. Realmente tudo isso... Ajudou. Não sei o que faria se você não estivesse lá. – respondo, virando a cabeça para olhá-lo novamente.

Oliver sorriu e passou o dedo indicador por minha bochecha e por seu olhar e sua meia risada eu sabia que o local estava sujo de tinta. Mesmo assim, apreciei o gesto.

–De nada, Loira.

–E você? Em quem estava pensando? – pergunto, voltando a olhar para a lua e pegando mais uma quantidade de pipoca.

Oliver suspirou pesadamente.

–Em... Em meu pai, minha mãe...

Franzi o cenho e me endireitei no lugar, o olhando intrigada.

–Você não fala muito deles. Quero dizer, o seu pai... Eu já sei, mas você não fala de sua mãe.

–É... Complicado.

Sorri e segurei a mão de Oliver na minha. ele se virou para mim e dei uma leve aperto em sua mão.

–De complicado eu entendo. Quer me contar?

Ele pareceu pensar um pouco e sorriu minimamente, um sorriso triste carregado de pesar. Se endireito no lugar e começou seu relato.

–Bem... Tinha essa festa importante na QC. Iríamos inaugurar a divisão de ciências aplicadas, uma mais avançada. E um novo projeto para a cidade. Eu não queria ir, não me interessava, Tommy me chamou para uma festa importante que teria, de um amigo nosso em uma boate. Eu queria ir e não ficar em um evento chato do qual eu não me importava. Mas, meu pai insistiu e eu acabei indo. No meio da festa eu pensei: Se eu sair rapidinho, passar na festa, beber algumas pegar alguém e voltar a tempo para o anuncio da inauguração... Ninguém notaria minha falta e ninguém sairia perdendo. E assim eu fiz, falei para o meu pai que iria ficar no segundo andar com Tommy, que não estava me sentindo muito bem e que na hora de anunciar eu desceria. Ele concordou meio desconfiado, mas concordou.

Vi dor passar pelos olhos de Oliver e me aproximei uma pouco mais, segurando seu braço também, tentando dar o Maximo de apoio que eu conseguia.

–O que eu não sabia, claro, é que estavam planejando um ataque na festa. O pessoal do Glades estavam um pouco revoltados pela pouca atenção que estavam recebendo e armaram isso, eu acho que não planejaram matar ninguém exatamente. Bem, acontece que eles chegaram lá e renderam todo mundo, enquanto eu estava na boate. Eu já estava voltando para lá quando o ataque aconteceu. Enquanto eu voltava a policia foi avisada do que estava acontecendo e houve um tiroteio, as pessoas conseguiram sair do local, mas o meu pai... Ele se lembrou de mim no segundo andar, provavelmente alheio ao que acontecia lá em baixo e se recusou a sair sem mim. Mandou minha mãe e Thea saírem e ele subiria até o andar de cima para me buscar. Nem que tivesse que passar pelos bandidos.

Se calou por um momento e o deixei ter esses minutos para se recompor, apenas transmiti uma pouco mais de conforto e esperei pacientemente por sua continuação.

–Nisso eu cheguei. Lembro-me de minha mãe me olhando surpresa e aterrorizada. “Você está aqui? O que está fazendo aqui, Oliver? Seu pai ainda está la dentro, atrás de você.” Ela disse. E eu... Eu não pensei em mais nada, apenas corri para dentro, não me importei. Passei pelos policiais que não imaginavam que eu faria tal estupidez e eu cheguei ali. Onde estavam os bandidos, meu pai e seu segurança que estava baleado e morrendo no chão. Os bandidos apontaram a arma para mim e no susto meu pai entrou em minha frente. Com toda a agitação um deles disparou e o tiro pegou certeiro em meu pai. Bem no peito. Depois disso os bandidos vazaram enquanto eu estava ali. Com o corpo do meu pai morrendo em meus braços. E então ele me disse... “Oliver, você precisa tomar conta de sua mãe e irmã. Precisa tomar conta da empresa e ter uma vida. Uma vida estabilizada e direita. Já esta na hora de você crescer e ser responsável. É tudo o que eu quero para você” E então ele... Ele simplesmente... Eu não pude fazer nada.

–Oliver... –sussurrei e mudei de lugar, me sentando em sua frente, apoiada em meus pés. Tanta dor em seus olhos que agora estavam vazios. Levei uma mão em seu rosto e acariciei o local delicadamente. –Eu... Sinto muito.

–Minha mãe ela... Ela me culpa. Ela nunca me disse com todas as letras, mas eu vejo a forma como ela me olha, as indiretas também.

Okay, agora eu estava chocada. Como uma mãe podia impor tal culpa ao filho? Pensei em dizer á Oliver que a culpa não era sua, mas isso era exatamente o que ele esperava que eu dissesse, e se eu o fizer agora não irá adiantar muito. Então respirei fundo e me aproximei um pouco mais.

–Você se sente culpado? – perguntei.

Oliver me olhou confuso, sem saber onde eu queria chegar, mas devagar assentiu.

–Oliver... Você faria tudo o que pudesse para salvar o seu pai. Tudo. – confirmei. Ele me olhava com atenção e ofereci um sorriso de conforto. Ele concordou comigo. Seus olhos se perderam por alguns minutos em algum ponto no chão.

–Tudo.

–Oliver, você não se sente culpado. Você apenas fica pensando e remoendo o que você acha que poderia ter feito, no que você acha que poderia ter mudado. Mas, Oliver, olhe pra mim. –peguei seu rosto e o fiz me olhar. Fitei seus olhos intensamente, passando toda a certeza que consegui reunir. –Não havia nada a ser feito. Nada. O que aconteceu, aconteceu. Por mais dolorido que seja, aconteceu e não tem como mudar isso. Você não foi o culpado, aqueles bandidos foram. Ele atiraram.

–Eles atiraram, mas eu mirei a arma. – falou com uma raiva contida na voz. Raiva das lembranças daquele dia.

–Você não mirou nada. Você... Tentou salvá-lo, Oliver. Meu Deus, você entrou correndo naquele lugar quando soube que ele estava lá. Não se importou com o que aconteceria com você, apenas pensou em salvar o seu pai e infelizmente você não conseguiu. Mas, todos falham em algo na vida, algumas vezes a falha é maior do que outras e mais cruel do que deveria ser. Mas você tentou salvá-lo e é isso que importa. E depois, está se esforçando em realizar o que ele desejava para você. Isso... – coloquei a mão em seu peito, em cima de seu coração, sentindo o pulsar celerado. –Isso é algo bom, isso... está diferente agora.

Nossos olhares continuavam interligados, como se uma enorme corrente de emoção estivesse passando de um para o outro, como se estivéssemos dentro de uma bolha só nossa, onde existiam apenas nós. Eu não tinha uma história do passado para contar a ele e fazê-lo se sentir bem, eu queria tirar aquela dor mínima que ainda se fazia presente em seus olhos, mesmo que a maior parte aparentemente tenha se dissipado, como se uma paz o tivesse atingido. Eu ainda queria tirar aquele resquício que tinha sobrado. Senti sua respiração quente junto a minha e Oliver parecia ler meus pensamentos, pela forma que me olhava. Então um brilho cresceu em seus olhos e um inicio de um sorriso no canto de seus lábios.

Meu coração batia forte como nunca senti na vida, e o de Oliver fazia o mesmo por de baixo da palma da minha mão. Me aproximei dele e senti quando nossos lábios se tocaram. Tudo ficou lento, as sensações se espalharam por meu corpo e meus olhos se fecharam quando entreabri os lábios deixando que a língua de Oliver mergulhasse em minha boca.


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Notas finais do capítulo

Eaeeee gostaram? Me sinto má, desculpe ter iludido o pobre coraçãozinho de vocês (e o da Felicity muahahaha) mas não foi dessa vez que Miles deu as caras, mas ficaram sabendo uma pouco mais sobre o Oliver e tudo o mais.
Próximo capitulo está cheinho de Olicity pra vocês e bem mais leve, recuperar um pouco a Fefe desse trauma de hoje né kkkk
Então ai vai os trechos:

"-Você é ótimo. – sussurrei para Oliver, encostando nossas testas. Me referindo ao fato dele me compreender. No minuto seguinte percebo o duplo sentido do que disse. –Quero dizer... ótimo por você, tipo... Me entender, não ótimo nos beijos e toques e não que você não seja ótimo nisso é só que... Não era o que eu queria dizer eu..."

"Tenho medo de que ela simplesmente decida que esta na hora de acabar, de que vai adiantar sua partida de Starling, eu estou com medo de... Perde-la. E ai volta o bendito pensamento que fica martelando em minha mente, seguido pelo... Medo. O que aconteceria se eu me apaixonasse por Felicity? Ou melhor, o que aconteceria se eu já estiver apaixonado por ela?"

É isso ae, bem dificil de escolher os trechos sem revelar muito kkkk vão ter que aguentar até domingo. (Pode ser que saia uma One Olicity nesse meio tempo, mas sem promessas) Bjsss e comentem !!!