A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 35
Capitulo 34 - Até uma nova Guerra!




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Numa Guerra não existem bons nem maus, não existe um lado certo nem um lado errado, nem existem ideias válidas nem ideias inválidas, nem existem Deuses nem seres humanos, apenas existem vítimas submissas a uma vontade superior que somente se interessa pelos seus propósitos, pensamentos, sonhos e desejos ignorando a perda de milhares de vidas brilhantes e preciosas.

Aos poucos a rotina no nobre santuário de Atena foi voltando à normalidade, a passividade dançava alegre entre as doze casas Zodiacais, a serenidade cantava canções de esperança e coragem misturando-se com a calma e leve brisa, a doce segurança voltara a erguer muralhas em redor de todos os habitantes. Os servos limpavam, cozinhavam e tratavam das roupas dos poderosos cavaleiros de Ouro, deixando tudo perfeito como já era habitual.

A jovem e dedicada Deusa Atena retomara feliz os seus passeios de fim de tarde com o seu grande protetor, Sísifo de Sagitário. Noutras ocasiões, igualmente divertidas, brincava com o seu amigo Kardia de Escorpião, para enorme desagrado e reprovação do Dourado Alado. Kardia por seu turno, voltara a sua usual traquinice, fazendo partidas a todos os que com ele partilhavam a divina morada. Por sua vez, não hesitava tornar a vida do Sagitário um autêntico e puro Inferno, aparecendo aqui e ali com o seu sorriso trocista a brincar-lhe nos olhos azuis. Porém, Dégel de Aquário sempre lhe mordia os calcanhares para o tentar impedir de cometer algo que superasse os limites do aceitável, e essa atitude aborrecia imenso o guardião da oitava casa. O aquário era um homem estudioso por isso enquanto não estava a treinar, ou a tomar conta de Kardia, dedicava-se profundamente à leitura de pesados e grossos volumes sobre diversos e improváveis assuntos que a mais ninguém interessava. Aldebaran de Touro derretia-se em demoradas e divertidas brincadeiras na companhia dos seus meninos, mergulhando por vezes em pensamentos melancólicos, sobre quanto mais tempo aquela paz iria durar. Asmita de Virgem passava grande parte dos seus dias encerrado na angelical sexta casa, exercitando, fortalecendo e acumulando o seu divino cosmo dourado, desta forma os outros cavaleiros raramente o viam. Manigold voltara aos seus treinos preguiçosos e às suas habituais partidas desnecessárias que irritavam todos ali, era um excelente parceiro para Kardia, imaginem estes dois juntos seria sem dúvida um enorme desastre, uma catástrofe irremediável! O pequeno grande Régulos treinava mais do que nunca, sobre vigilância apertada do seu tio Sísifo, recordando todos os momentos que passara naquelas arenas enquanto combatia com o malvado Gladiador Brutos, recordava com saudade o seu querido pai e os leões que libertara, talvez estivessem todos juntos, pensava ele esperançado. El Cid tentava a todo o custo aperfeiçoar o mais possível a sua lendária e sagrada espada, perdendo-se esporadicamente em tristes memórias acerca do dia que abandonara o santuário num momento de alarme extremo, porém aprender com os erros é a forma mais inteligente de encarar a vida. Dokho e Shion estavam mais vinculados do que nunca, eram inseparáveis, mal sabiam eles o que o futuro lhes reservava. Por fim, Albafica estava mais só do que nunca, imerso numa tristeza horrenda que lhe martelava pesadamente no espírito sofredor. Passava grande parte do seu tempo olhando para trás, recordando a sua amada princesa dos Mares Lúccia. Muitas vezes sentado naquela areia beijada pelo sol quente observava o profundo mar, desejando que Lúccia viesse para si voando numa onda espumosa e branca, mas tal nunca aconteceu, e ele tinha plena consciência que nunca iria acontecer, pois Lúccia estava morta.

Naquele dia, o Cavaleiro estava particularmente triste, sentado na areia, apenas ele, o mar e o distante firmamento infinito. Pousada delicadamente a seu lado estava uma bela flor carmesim que a Princesa lhe enviara. Ele acariciava-a com ternura e desespero, algumas lágrimas rolaram teimosas pelo seu atraente rosto.

– Boa tarde Albafica. – Murmurou uma profunda e suave voz, fazendo o belo Peixes dar um salto.

– Quem… Ah! Asmita de Virgem. – Reconheceu Albafica vendo os lindos cabelos de ouro do Virgem brilharem à luz intensa do brilhante sol. – O que fazes aqui? – Perguntou.

– Vim reconfortar um amigo. – Respondeu Asmita. – A tua tristeza é algo tão poderoso que destrói o meu coração Albafica. – Disse o Virgem, levitando sobre a areia quente.

– Não tenho motivos para estar feliz. – Respondeu amargamente o Peixes, limpando lágrimas que lhe manchavam o bonito rosto. – Lúccia está morta, ela não devia ter morrido, que ato tão estúpido e precipitado. – Desabafou.

– A morte não é um ato que se possa chamar estúpido Albafica. Eu compreendo a tua tristeza o teu sofrimento, todavia tenta ver as coisas noutra perspetiva, tenta encarar a morte dessa rapariga como o início de um novo ciclo. – Explicou sabiamente o Virgem.

– Um novo ciclo? – Questionou o cavaleiro que protege o Décimo Segundo Templo, não compreendendo aquela conversa.

– Imagina que Lúcia agora está num lugar muito mais agradável, quente, pacífico e luminoso, talvez seja esse o lugar que ela desejaria. Pensa simplesmente que ela está bem. – Reconfortou Asmita.

– Sim talvez estejas certo. – Concordou o Dourado de Peixes olhando o mar. – Talvez nades para todo o sempre nesse oceano que tanto amas. – Pensou ele.

– Pensa que ela agora está livre da condição humana e de todos os efeitos que a ela estão associados. – Continuou o Virgem, saboreando os raios de sol. – E uma última coisa, o que é nosso sempre volta para nós, de uma forma ou de outra, nesta encarnação ou noutra, pensa nisto Albafica, Adeus. – Dizendo isto desapareceu mais rápido do que tinha aparecido, deixando Albafica imerso nas suas confusas palavras.

Com uma última carícia na bela flor cor de sangue, o peixes levantou-se e dirigiu-se lentamente ao mar que o observava atentamente. Ergueu a flor à altura dos seus finos lábios dando-lhe um último beijo, onde o seu amor estaria encerrado para todo o sempre. Num leve gesto atirou-a à água.

– Vai, mergulha nas profundezas claras e azuis! – Murmurou ele, vendo a sua flor afastar-se embalada pelas amistosas correntes da paixão. Sem hesitar voltou as costas ao fascinante oceano e dirigiu-se para o décimo segundo templo.

No décimo terceiro templo, Sage estava confortavelmente instalado numa elegante cadeira de couro, examinando um importante pergaminho, onde se distinguiam vários mapas celestes, perfeitamente descritos. De súbito, várias vozes agitadas perturbaram a calmaria do grande-mestre, vindas do exterior.

– Eu quero falar com o velhote Sage, já disse. – Resmungava uma voz, que Sage reconheceu como pertencer a Manigold de Caranguejo.

– Já lhe disse que o Grande-Mestre não está disponível para receber ninguém. – Explicava irritado um dos guardas que patrulhava as imediações.

– E qual é a parte de que eu quero falar com ele que vocês ainda não perceberam? – Insistia Manigold maldisposto.

– Nós já explicámos que não é possível! – Respondeu outro guarda, perdendo a paciência. – Volte mais tarde. – Recomendou.

– Não é mais tarde, é agora. Saiam da minha frente, se não estão tramados. – Disse o Caranguejo com uma expressão ameaçadora.

Sage ergueu-se da sua cadeira e caminhou até à porta, abrindo-a.

– O que se passa aqui? Qual é o motivo desta barulheira toda, Manigold? – Perguntou Sage.

– Ele insiste em falar com o senhor, Grande-Mestre. – Antecipou-se um guarda mal-humorado.

– Nós tentámos explicar que não era possível, mas para variar ele nunca escuta ninguém. – Apoiou outro guarda.

– Sabem eu sei explicar, não preciso de papagaios, obrigado. – Respingou Manigold. – Quero falar consigo velhote. – Pediu.

– Mais respeito Manigold. – Repreendeu o Grande-mestre.

– Não disse mentira nenhuma, o senhor já não é nenhum jovem, pois não? Posso entrar ou não? – Apressou-se a perguntar, reparando que Sage ia ralhar de novo.

– Podes, entra lá. – Permitiu o Grande-mestre, fazendo sinal para que entrasse, deixando os guardas bastante frustrados com aquela atitude.

Manigold sentou-se e olhou para o seu mestre.

– Qual é a urgência? – Questionou Sage.

– Apenas gostaria de pedir desculpas pela minha atitude no dia em que me foi incumbida aquela maldita missão de reconhecimento. – Confessou Manigold. – Estou desculpado?

– Sim estás, meu rapaz. – Disse o grande-mestre, reconhecendo alguns traços daquele menino que ele retirara das ruas Italianas. – Mas existe algo que não posso evitar perguntar. – Continuou. – Quem te salvou? Onde estiveste este tempo todo?

– Foi o velhote Hakurei quem me salvou. Eu demorei um pouco a voltar porque estive a recuperar lá em Jamir. – Explicou o Caranguejo. – Sabe o seu irmão ainda é mais casmurro do que o senhor, nesse aspeto ele já o ultrapassou! – Brincou Manigold.

– Manigold! – Sage elevou a sua voz rouca, tentando reprimir um largo sorriso. – Se não tens mais nada para me dizer, podes retornar aos teus treinos, quanto sei não andam lá muito produtivos. – Disse o Grande-mestre.

– Já estou a ir, ou melhor já fui. – Respondeu Manigold saindo porta fora, fechando-a atrás de si. Brevemente, esta se voltaria a abrir para dar as boas-vindas a mais uma mitológica e tremenda batalha.

Num lindo e sossegado bosque, o herói Ilias observava de forma penetrante o luminoso céu azul.

– Desta vez o destino e a sorte sorriram aos defensores de Atena, protegendo as suas nobres e valiosas existências. Porém, receio que o futuro não será assim tão sorridente e esplendoroso. – Pensou ele.

A milhares de milhares de quilómetros dali, na quente e distante Ásia, na bela e radiosa China, nos profundos e antigos Cinco Picos, protegidos pela poderosa e misteriosa cascata de Rozan, uma imponente e maligna torre era fustigada por um vento negro, que libertava sobre a Terra a sombra de uma nova e tenebrosa Guerra Santa.


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Notas finais do capítulo

Em breve postarei o inicio de uma nova história que já estou a escrever fiquem atentos!



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