A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 33
Capitulo 32 - Quando os laços perduram




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A esperança de uma vitória, fazia com que os corações dos cavaleiros de Ouro batessem como nunca bateram, embalados por aquela reconfortante sensação de união e companheirismo. Júpiter jazia imóvel no chão de mármore, observado de perto por Shion de Carneiro e pelo Grande-Mestre Sage, prontos para cumprir as vontades de todos ali, prontos para proteger a sua amada Deusa, prontos para libertar a Terra de mais um aterrador e fatal perigo.

De súbito, um enorme e assustador cosmo pairou irredutível sobre a atmosfera ainda trovejante, o Deus Supremo voltara a erguer-se, mais furioso e louco do que nunca. Com uma onda elétrica e devastadora atirou Sage e o Carneiro Dourado pelos ares, ele estava perdido nos escuros caminhos da raiva e do ódio, a sua mente estava pintada de vermelho vivo.

– Pensavam que seria assim tão fácil? Eu sou um Deus, ou melhor dizendo, o Deus dos Deuses. Jamais seria derrotado por meros e insignificantes mortais, jamais! – Gritou Júpiter, atirando alguns poderosos trovões aos Dourados.

– Não! Pára por favor! – Pediu Atena, cruzando o caminho do ambicioso Deus.

– Atena, escuta com atenção, teres tido a ousadia de me desafiar foi o pior erro que já cometeste. Agora não destruirei apenas os teus preciosos lacaios, mas destruirei da mesma forma a Terra que tanto prezas e amas. Assiste tranquila a essa devastação. – Ameaçou Júpiter.

– Não! – Gritou Atena desesperada, olhando para os seus cavaleiros deitados e indefesos, à mercê daquele poder estonteante.

– Devastação de Júpiter! – Berrou o Deus Supremo, ignorando os lamentos da corajosa Deusa. Um perfeito e elétrico círculo apareceu no céu que silenciosamente sobrevoava o santuário Grego. Ondas de energia, trovões, relâmpagos, raios e uma potente luz amarela decoravam o firmamento. – Quando este círculo se expandir ao nível do globo terrestre, ele pousará sobre a Terra reduzindo-a a puro e imprestável pó. Não existe saída, não há nada que possam fazer, aguardem serenos a vossa morte. – Júpiter riu alto, radiante do seu feito.

De facto, o Deus Romano falara a verdade, o seu indestrutível círculo elétrico movia-se agressivamente em todas as direções. Talvez a existência dos cavaleiros, do santuário, de Atena e do planeta Terra estivesse à beira de colapsar.

– Não me irei render. – Proferiu uma voz fraca, no entanto decidida.

– Shion. – Murmurou Dokho apreensivo, olhando o amigo que lentamente se erguia para espanto de todos.

– Grande-mestre eu tenho um plano. Não sei se é o mais assertado mas talvez resulte. – Desvendou o carneiro Dourado falando em voz baixa.

– Qualquer solução será bem-vinda, meu jovem. – Respondeu Sage.

– Bem, eu irei teletransportar-me e a Júpiter para bem longe do epicentro desta tempestade infernal, desta forma ele provavelmente ficará mais fraco. – Explicou Shion esperançado. – Enquanto eu o levo daqui, o senhor poderá tentar manter a Devastação longe da superfície da Terra. O que acha?

– Certo, não sei se resulta, porém é a única solução que nos resta. – Assentiu Sage. – Se for necessário eu próprio darei a minha vida para evitar que aquela coisa toque a Terra, dou a minha palavra. Agora vai Shion, nunca percas a esperança, porque ela é dos bens mais preciosos que possuímos. Vai meu rapaz, guia-nos até à vitória! – Incentivou o velho Sage.

– Coragem Shion, confiamos em ti. – Um couro de vozes encorajadoras preencheu o coração do jovem Carneiro Dourado.

– Shion, se tu acreditares na nossa vitória, eu estarei sempre a teu lado, recorda-te destas palavras. – Pediu a Deusa Atena.

– Sim. – Confirmou o jovem defensor do primeiro templo sagrado.

Uma brilhante luz dourada invadiu o local trovejante. Com uma velocidade alucinante o carneiro segurou Júpiter, transportando-o para milhares de quilómetros dali.

O grande-mestre elevou o seu poderoso e antigo cosmo, banhado pelas vontades e esperanças de duas gerações de cavaleiros, impregnado de sonhos e desejos, repleto de bondade e companheirismo, coberto de coragem e valentia.

Uma corrente de calor e devoção percorreu os espíritos dos dez dourados quando sentiram aquela energia lutadora e decidida. Levantaram-se do chão de mármore branco, que refletia a tempestade elétrica na perfeição.

– Nós também vamos ajudar. – Prenunciou Sísifo liderando o grupo.

– Queremos lutar a seu lado, Grande-mestre. – Disse Dégel.

– Não pense que vai ficar com o mérito todo para si, velhote. – Brincou Manigold, unindo-se ao seu mestre.

– São estes laços de fraternidade que nos distinguem dos outros seres humanos. São estes laços de amizade que fazem da nossa existência algo suportável. São estes laços de união que nos tornam o que somos, homens de coragem, sonhos e valentia. – Afirmou Sage, apelando a toda a sua sabedoria e experiência de vida.

– Uniremos as nossas forças e venceremos! – Exclamou Atena reunindo-se a todos os outros, com os olhos postos na vitória.

Num lugar, perdido no tempo, abandonado pela sorte e desprezado pelos humanos, Shion e Júpiter preparavam-se para dar um fim àquela sangrenta e indigna batalha. Aquelas rochas afiadas, egoístas e solitárias rasgariam a vida do Deus dos Deuses.

– Aqui será o teu túmulo! – Exclamou Shion, lançando diversos golpes contra Júpiter, os quais foram defendidos sem problema.

– A ingenuidade dos seres humanos é tão divertida. Tu nunca pensaste que me ias derrotar, assume Carneiro. – Provocou O Deus dando um valente murro no peito de Shion. Uma poderosa vibração elétrica percorreu a sua armadura destruindo-a.

– A armadura de Ouro de Carneiro! – Lamentou o jovem Dourado.

– Sem a tua veste lendária a tua derrota é inevitável. – Constatou orgulhosamente o Deus do trovão.

– Só se eu não poder evitar! – Uma voz rouca e cansada cortou o ar da antiga montanha.

– Mestre! – Pensou Shion, reconhecendo aquela voz.

– Quem está aí? Quem se atreve a interromper a morte do cavaleiro de ouro? – Perguntou Júpiter, olhando em volta, tentando reconhecer o vulto que se escondia no nevoeiro cerrado.

– Hakurei de Altar, o mestre das armaduras. – Anunciou o habitante daquele lugar decrépito e deserto. – Aqui uma única pessoa irá morrer, e não será Shion nem eu. – Afirmou convicto o velho Hakurei.

– Estou farto desse discurso repleto de confiança absoluta, estou farto! – A voz de Júpiter ecoava na atmosfera rarefeita de Jamir

– Shion, a força de um ser humano não se avalia pela patente que ocupa, mas sim pelas decisões que toma e pelos caminhos que percorre. – Afirmou Hakurei, observando o seu aluno.

– Sim mestre, eu jamais me poderia esquecer desse ensinamento. – Disse Shion, recordando os seus momentos de infância junto a seu mestre.

– Então sabemos o que fazer. – Confidenciou o velho mestre.

– Sim, claro que sim. – Assentiu Shion, sentindo o seu sangue pulsar de hesitação.

– Que bonito reencontro, é realmente pena que não vá durar mais um segundo. – Disse Júpiter, intensificando o seu cosmo trovejante.

– Agora Shion! – Gritou Hakurei, esgueirando-se para as costas do seu adversário.

– Revolução estelar! – Gritou Shion. Um belo cenário de estrelas poderosas envolveu o maligno Júpiter.

– Achas que são estas estrelinhas que me vão deter? Não sejas ridículo, cavaleiro. – Desvalorizou o Deus, tentando-se libertar do ataque estrelado do jovem Dourado.

– Hecatombe dos Espíritos! – Gritou Hakurei surpreendendo o Supremo Deus Romano.

– Mas… O que raios vem a ser isto? – Gritou ele, encurralado pelos dois ataques.

Duas centenas de almas vagueavam famintas à volta da prisão estelar, ansiosas por levar a pérfida e poluída alma de Júpiter numa viagem até ao mundo dos mortos.

– Não, não pode ser verdade. – Júpiter estava pasmado, observando um pequeno grupo de almas bem conhecidas. – Seus traidores imundos! – Gritou ele, reconhecendo os seus antigos servos. – Não me irão vencer! – Garantiu, exercendo uma pressão aterradora contra os dois ataques que o rodeavam.

– Resposta errada, nós já te vencemos. Apenas tu ainda não viste isso. – Proferiu Hakurei, estalando os seus dedos desgastados pelo passar dos anos. Uma explosão de almas deitou Júpiter por terra. – Bem, passados tantos anos ainda não perdi o jeito! – Disse o velho mestre orgulhoso. Shion na sua intimidade sorriu como nunca sorrira. Era maravilhoso estar novamente naquelas montanhas assassinas. Era maravilhoso estar novamente junto do seu mestre.

– Parece que já terminou. – Arriscou o carneiro, deitando uma olhadela ao Deus.

– Ainda não Shion. Ainda sinto o seu cosmo. – Disse Hakurei. – Este tipo é duro de roer, bolas!

Apesar de estar bastante ferido e debilitado Júpiter colocou-se de pé, estava decidido em não dar tréguas naquela batalha.

– Shion, eleva o teu poderoso cosmo e galopa através da imensidão do universo estelar. Coragem meu rapaz! – Pediu Hakurei, depositando nas mãos de Shion o desfecho daquele combate.

– Por favor mestre faça o senhor as honras. – Respondeu o jovem, ansioso por ver novamente o surpreendente poder do seu mestre.

– Não será um velho medíocre que me vai matar! – Berrou Júpiter, invocando alguns trovões furiosos.

– Prepara-te para atravessares o rio que te conduzirá à tua última morada, prepara-te para abraçares a morte. E já agora sê gentil com o barqueiro, escutei rumores de que ele é um tipo bastante maldisposto. Adeus! – Afirmou Hakurei, elevando o seu cosmo à muito escondido. – Ondas do Inferno!

Será que o infernal poder de Hakurei fará com que Júpiter cruze o rio que conduz ao mundo dos mortos?


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