A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 25
Capitulo 24 - Caçadora e Presa




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O sol iluminava alegremente a penumbra das doze casas, revelando a destruição e o caos que agora substituía à habitual frescura e tranquilidade do Santuário. Algumas cegonhas sobrevoavam os doze Templos sagrados, lançando neles sombras difusas e indistintas. Atena caminhava em paços insertos e inseguros no grandioso salão, desejando do fundo do seu nobre espírito que aquela batalha desse por fim tréguas.

Na sétima casa o clima era bastante pesado e sufocante. Dokho mergulhara num lago profundo de raiva, ódio e confusão, como se a presença de Diana a Deusa da Lua e da Caça alterasse por completo o verdadeiro valor da vida humana. Dokho arquejava olhando aquela mulher imponente, implacável e fatal. Diana, por outro lado, observava o cavaleiro com aparente desprezo e desaprovação, exibindo na sua mão direita um arco igualmente imponente e poderoso, realçando a presença da Deusa.

– Porque a mataste? – Questionou o dourado esforçando-se por controlar a sua respiração ofegante e pesada.

– Lamento, mas não posso oferecer-te a resposta que procuras. – Respondeu Diana de forma superior com um sorriso cínico a bailar-lhe no rosto duro e calculista.

– Ela era uma das tuas servas! – Gritou Dokho. Apesar de Caterina ser interesseira e maldosa era um ser humano, não merecia que a sua vida fosse roubada daquela forma fria e desvalorizada.

– Ninguém precisa de más servas Cavaleiro. Maus servos de nada servem, são inúteis e entraves à concretização das missões pretendidas. Ela quase arruinou todo o plano. – Disse Diana irritada com o rumo da conversa.

Diana odiava homens, estar na sua presença era algo horripilante, indigno e altamente desonrante. Ela optara por uma vida de pura e honrada castidade, esta permissão foi-lhe cedida pelo seu pai, o Deus supremo Júpiter.

– Mas, como é que eu não senti o cosmo de Caterina? Apenas detetei sete cosmos na entrada do Santuário! Como é isto possível? Quantos mais inimigos se infiltraram nas doze casas sem serem reconhecidos? – Constatou o cavaleiro confuso e bastante preocupado. – Quantos mais? – Murmurou.

– Cavaleiro de Balança não detetaste o cosmo da minha serva porque o cosmo dela é tão insignificante que se mascarava facilmente com o meu. Agora, olhando para trás não compreendo como pude nomeá-la para uma missão tão delicada e importante. – Respingou Diana olhando com desdém para o belo corpo inerte da ninfa das tulipas. – Mas já chega de explicações. Considera-te um sortudo por estares na minha presença tanto tempo, sem eu te tirar a vida Dokho de Balança. Porém, agora o tempo esgotou-se! Adeus cavaleiro! - O poderoso cosmo da Deusa encheu a sétima casa. Com uma rajada de energia o dourado foi arremessado contra o pilar onde aguardara encostado a chegada do seu adversário.

Dokho tentou colocar-se de pé, no entanto uma nova rajada já esperava por si. Diana ria felicíssima ao ver o dourado ser arremessado em todas as direcções, por apenas uma insignificante fração do seu descumunal cosmo.

– Que poder impressionante! – Pensou Dokho batendo pesadamente numa das paredes que ladeavam o sétimo templo. Todavia, com um laivo de sorte Dokho conseguiu escapar a mais um demolidor ataque de Diana. O sangue já lhe escorria abundantemente pelos lábios, nariz e testa, manchando a sua armadura dourada de um vermelho reluzente.

– Não vou perder para alguém que não respeita a condição humana! – Bradou Dokho elevando o seu justiceiro cosmo.

– Que bonitos valores cavaleiro. É pena que eles não te salvem do poder arrebatador da lua. – Disse Diana ignorando o poderoso cosmo do dourado.

– Cólera do Dragão! – Dokho percorreu a distância que o separava de Diana a uma velocidade luminosa, a Deusa quase não o conseguiu vislumbrar. O jovem cavaleiro assertou com precisão o ataque, a mulher foi projetada nos ares caindo ruidosamente no solo da Casa de Balança.

Dokho não estava convicto que o seu potente ataque tivesse posto fim à vida da Deusa da Caça, e estava certo disso mesmo. Diana agitava-se com dificuldades tentando erguer-se de novo. O golpe do cavaleiro apesar de não a ter morto, tinha provocado graves danos que poderiam colocar em causa o final daquele combate.

– Agora eu compreendo o que Caterina viu em ti cavaleiro. – Murmurou olhando o fundo dos cintilantes olhos verdes de Dokho. – Os seus olhos estão cheios de compaixão e doçura, não existe nenhuma réstia de maldade neles, são tão puros como as flores que tanto amo. – Pensou imersa naquele verde fascinante e maravilhoso. – Depois de me debater e cruzar com tantos homens este cavaleiro sem dúvida é diferente de todos eles. O seu coração é nobre e justo. Será que durante tantos anos agora os meus princípios serão postos em causa?

– Então o meu golpe tirou-te a vontade de lutar? – Provocou Dokho, a sua mente e o seu coração latejavam com o peso tenebroso da culpa. A potência do seu golpe não atingiu o seu efeito usual. Dokho sabia que talvez aquela fosse a única oportunidade que tivera para matar Diana, porém, a sua consciência não o deixou realizar o que pretendia.

– Agora eu entendo o que Caterina viu em ti Dokho. – Afirmou Diana cambaleando ligeiramente. – A tua consciência será a responsável pela tua morte.

– Sim, provavelmente tens razão, contudo estou disposto a lutar contra os meus valores morais para cumprir o meu dever e proteger Atena! – Afirmou seguramente o dourado.

– Adoro presas que me dão luta! Assim torna tudo bem mais interessante e disputado. – Disse Diana entusiasmada com a atitude desafiadora do guardião da sétima casa.

A Deusa da caça preparou com mestria uma afiada seta que colocou no seu imponente e brilhante arco, pronta para almejar a sua tão desejada presa. Dokho percebeu o plano da Deusa e utilizando a sua útil velocidade da Luz esgueirou-se para as suas costas. A seta perfurou suavemente o pilar branco que suportava a casa do equilíbrio.

– Mas como? Onde ele está? – Perguntou Diana atonita, olhando em redor.

– Estou aqui. – Disse o dourado colocando uma mão na cintura da Deusa da Lua.

O cenário que se seguiu foi algo assustador, parecia que uma fortíssima tempestade varrera toda a casa de Balança. Dokho estava indefeso deitado no chão. Por toda a superfície havia estilhaços de mármore, azulejo e cimento.

– Como te atreves a tocar-me. Como te atreves a manchar a minha pureza? A última pessoa que teve a coragem ou a estupidez de violar a minha intimidade não teve um final muito feliz, neste momento é um vulnerável e inútil veado. – Diana estava colérica e assustadora.

– Mas o que fiz eu? – Perguntou Dokho confuso, não compreendendo aquela atitude tresloucada da Deusa.

– Cometeste o maior crime que podias ter cometido cavaleiro, tocaste-me. – Disse Diana, o seu maxilar tremia de raiva. – Todavia, o teu destino pode ser bem diferente, basta apelares um pouco à tua inteligência.

– O que queres dizer com isso? – A confusão toldava a mente do dourado.

– Armadilha da Lua Cheia! – Gritou a Deusa. Várias partículas platinadas voaram da ponta dos seus finos dedos, envolvendo Dokho numa intransponível cúpula. - Como já pudeste constatar agora estás à mercê da minha vontade e misericórdia cavaleiro. Eu agora vejo com clareza o que Caterina viu em ti. Tu tens algo que cativou o meu coração e o meu espírito. Algo especial que eu não consigo explicar. Algo que quebrou por completo todos os meus princípios. Algo que te salvará a vida se aceitares ser meu marido, pelo contrário o teu destino será pior do que a morte? – Diana respirou fundo, olhando para o Cavaleiro encarcerado como um animal.

Dokho não queria acreditar no que os seus ouvidos lhe transmitiam, estava confuso, perplexo e horrivelmente tentado por aquela implacável mulher.

De súbito um imponente e misterioso ser apareceu diante dos olhos do cavaleiro, despertando a sua atenção.

– Meu querido Dokho… - Principiou o recém-chegado em voz profunda e reconfortante.

Qual será o destino pior do que a morte do qual Diana falou? Qual será a decisão do Cavaleiro? Quem será esta misteriosa criatura?


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Notas finais do capítulo

O meu plano original era de pôr a Diana como sedutora, mas depois de fazer algumas pesquisas descobri que assim estaria a mudar a personagem da Mitologia, desta forma criei a ninfa Caterina, mas mesmo assim eu queria incluir a minha ideia original e por isso coloquei a proposta de casamento de Diana ao Dokho, para realçar a sua personalidade autoritária e controladora



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