A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 21
Capitulo 20 - O outro homem divino




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Os primeiros raios de Sol incidiam calorosamente nos rubis cor de sangue que adornavam a espada que Július segurava na sua mão direita.

– O poder que emana daquela espada é algo superior a tudo o que eu já senti, que força maligna é esta? – Questionou Asmita alarmado com a aparição súbita de tal arma.

– Então virgem estás assustado? Curioso talvez! – O Imperador esboçava um sorriso repleto de escarnio. – Eu como bom governante que sou saciarei as dúvidas do meu futuro súbdito.

– Nunca serei teu súbdito, disso tenho eu a certeza. – Afirmou o cavaleiro com toda a segurança.

– Não tenhas tanta certeza. Bem, voltando ao que sobressaltou o teu coração, esta espada pertencera ao Deus Marte, o qual foi morto por um companheiro teu, Aldebaran de Touro, grande cavaleiro esse! – Festejou cinicamente.

– Como pode um simples mortal invocar a espada de um Deus? – Várias perguntas sem resposta aparente surgiram na mente de Asmita pintada agora pela sombria e decadente dúvida. – Que artimanhas arranjaste para roubar a espada de um Deus?

– Terei todo o prazer em te responder caro Cavaleiro, esta espada sagrada respondeu ao meu chamado porque eu sou alguém divino, a minha categoria faz com que eu me encontre ao nível dos mais poderosos Deuses que governam a Terra e o Mar! Eu sou divino! – O imperador falava e gesticulava como se de uma peça teatral se tratasse e Asmita fosse o atento público que aplaudia o seu ator favorito.

– Alguém divino, dizes tu? Não me faças rir! – A expressão do dourado alterou-se de forma perturbadora, um sorriso arrogante aparecia-lhe no rosto normalmente sereno e inexpressivo.

– Quem ri por último ri sempre melhor, acredita nas minhas divinas palavras! – A ameaça estava demarcada em cada sílaba que Július prenunciara. Este abanava perigosamente a espade de Marte em direção ao seu oponente. – Com um único golpe desta lâmina secar-te-ão todas as tuas imundas veias e artérias, até não restar nenhum vestígio desse teu sangue nojento, por fim morrerás de forma dolorosa caindo como um simples cadáver neste local desprezível.- Dizendo isto atirou a espada contra o túmulo que se encontrava mais próximo, transformando-o apenas em pó branco.

– Como te atreves? Vais pagar por tal ação. – Gritou o protetor da sexta casa, elevando o seu poderoso cosmo dourado.

– Eu não tenho medo das tuas ameaças, já percebi que não passas de um incapaz! – Exclamou o Romano, apontando a espada ao Virgem.

Porém, Asmita previra com nitidez a intenção cheia de malícia e rancor do Imperador.

– Selo conquistador do mal! – Gritou o cavaleiro antes que a mortífera arma lhe roubasse a possibilidade de alcançar a tão desejada luz.

O presunçoso Imperador ficou estático olhando aterrorizado o cavaleiro louro que se encontrava diante de si. Tentou mexer uma mão, todavia a sua ordem cerebral não foi concretizada pelo seu corpo.

Sage caminhava lentamente de um lado para o outro no nobre e angelical Décimo Terceiro Templo.

– Este cosmo que estamos a sentir pertence a Asmita de Virgem, estou certo Grande Mestre? – Perguntou Shion interessado.

– Sim, este é o cosmo de Asmita, não existe equívoco algum. – Confirmou o velho Mestre.

– Porém, posso constatar com precisão e certeza que o inimigo com quem Asmita se defronta é bastante forte. – Disse o carneiro apreensivo.

– Sim, mais uma vez a tua dedução não podia estar mais correta, no entanto o poder de Asmita ainda é um dos segredos mais bem escondidos deste santuário, nem eu próprio como Grande-Mestre o conheço realmente. – Explicou Sage receoso.

A madrugada seguia vagarosamente o seu caminho até despontar numa manhã clara e solarenga que iluminava alegremente os túmulos vestidos de branco.

– O que se passa comigo, não consigo mexer-me! Seu maldito! – O Imperador tentava desesperadamente resistir à vontade e ao poder de Asmita.

– Este é o selo que prende todos aqueles que atentam contra Buda, antes de eu te enviar numa grande viagem até ao outro mundo. – Explicou sadicamente o Cavaleiro, colocando-se imponentemente de pé.

– Não, alguém divino como eu não vai morrer como um reles mortal imprestável! – Rosnou Július invocando todas as suas forças concentrando-as na espada cravejada de rubis escarlates.

A pressão exercida por Asmita era tremenda, algo indescritível, capaz de quebrar a montanha mais rochosa, contudo o Imperador conseguiu mover a mão que segurava a poderosa arma rompendo o selo que o prendia ao terreno cemiterial. Como o choque entre as duas energias foi algo impressionante a espada acabou por se partir, transformando-se em pequenos cacos brilhantes e valiosos.

– Nem as armas dos Deuses estão em posição de rivalizar com o meu poder, de facto sou único e o mais poderoso! – Gabou-se o Imperador banhado em vaidade desmedida.

– O meu selo foi destruído, como vencerei este homem sem recorrer aos meus ataques mais fortes? – Asmita estava perplexo com o rumo que a batalha estava a levar.

Július principiou uma lenta caminhada em volta dos túmulos olhando Asmita pelo canto do olho, não era estúpido ao ponto de ficar desprevenido na presença de tal homem.

– Tenho a certeza que o teu poder é bem maior do que mostras, do que estás à espera para revelares o jogo? – Pensou o oponente do cavaleiro.

– Vais ficar aí a andar durante quanto tempo, é que estou com pressa? Por outro lado também não me agrada que um homem tão malvado e desrespeitador da condição humana ande por aí a profanar este espaço sagrado e de culto. – O dourado estava a começar a perder a paciência, esperar de facto não era uma das suas maiores virtudes.

– Não deves apressar o destino Cavaleiro, ele virá ao teu encontro sem demora, aguarda-o tranquilamente. – Aconselhou falsamente Július.

Num momento, o Imperador deambulava serenamente, no seguinte arremessara uma longa e afiada lança que lhe surgira na mão contra Asmita.

– Kahn! – Berrou o dourado.

– Não penses que essa defesa conseguirá deter a vontade Divina empregue nesta Lança do Destino! – Avisou o homem pressionando a Lança Sagrada contra o escudo defensivo do Virgem.

Num instante alarmante o inexplicável acontece. O poderoso Kahn invocado pelo cavaleiro desaparecera com um estrondo bastante gritante, e este encontrava-se a sagrar abundantemente do rosto. A raiva e a repulsa por aquele sujeito envenenaram as puras veias de Asmita.

– Agora dar-te-ei o fim que mereces! Esta lança Divina arrancará a tua alma, e ela servir-me-á para todo o sempre! Parece que o teu destino vai mudar de novo Asmita! – O ar ressuava com os estrondosos e maquiavélicos risos do imperador.

– As duas divindades que estou disposto a servir são Buda e Atena! Lamento mas não estás na lista. – Garantiu o dourado limpando o seu sangue que lhe escorria para os sábios lábios. – Esta maldita lança não aprisionará mais ninguém no seu interior gélido e pérfido, repousará para todo o sempre junto daqueles que outrora defenderam Atena. Estes bravos guerreiros a protegerão e evitaram que ela volte a cair em mãos maliciosas como as tuas. Selo conquistador do mal! – Pronunciou Asmita, selando assim a Lança do Destino para toda a eternidade.

No momento seguinte, o louro juntou as duas mãos avermelhadas, separando-as numa linha oblíqua, intensificando o seu enorme cosmo.

– Ciclo das seis existências! – Bramiu categoricamente.

– Mas, o que…! – gaguejou o Imperador caindo pesadamente através de diversos planos.

– Existem seis mundos para onde os humanos podem viajar no fim de morrerem, escolhe o que se adequa mais a tua passagem pela Terra. O primeiro é o inferno, como o próprio nome indica as almas sofrem para todo o sempre as penitências infernais. Este é o segundo mundo, o mundo dos espíritos famintos. Aqui, aqueles que viveram entregues à ganância comem incessantemente. No terceiro mundo, denominado mundo das bestas. Aqui lutarás contra animais sanguinários até que por fim te transformarás num igual. No quarto mundo, reina uma interminável guerra onde persiste a lei do mais forte sobre o mais fraco. No quinto mundo, é onde habitamos, o mundo dos humanos. Aqui o contraste de emoções é brutal, a bondade e a maldade põem à prova a cada segundo o coração das pessoas. Por fim, o sexto mundo, o Paraíso, este é considerado o pior entre os seis possíveis caminhos. Aqui qualquer deslize por mais pequeno e insignificante que pareça joga o pecador no inferno. – Asmita com um profundo suspiro concluiu a sua explicação.

O terror aprisionara o imperador nas suas sombrias e difusas entranhas. Cair a pique por todos aqueles planos bizarros e demasiado reais, era assustador, quase loucura. Ele não queria cair em nenhum deles, não iria morrer ali. Porém, a saída estava bem longe no outro lado luminoso do mundo, não a conseguia alcançar, pois esta fugia-lhe tranquilamente pelos dedos trémulos.

– Não me resta outra opção! – Murmurou o imperador, tentando ignorar as bizarras imagens que saltavam na sua frente.

Com sérias dificuldades retirou do seu bolço um pequeno e dourado pote, onde se podia ler, “Vinho de baco”. Desenroscou a tampinha e bebeu um trago.

O que será este elixir? Em qual dos mundos cairá o inimigo do santuário? Será que a estrela da desventura continuará a flutuar sobre Asmita?


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