Não, aquilo não era possível. Hinata realmente falou que sempre gostou dele? Justo ele?! Bateu a mão esquerda na mesa e passou a direita pelos longos cabelos pretos, os olhos adquiriram uma coloração avermelhada, isso sempre acontecia quando ficava com raiva. Ele estava com raiva, raiva de si mesmo. Como foi um tremendo babaca, assim como ela disse, por que não conseguiu controlar a língua grande? Poderia ter evitado que ela fosse correndo enquanto deixava lágrimas para trás. Abaixou a cabeça na mesa e bufou. Segundos depois não se via mais Madara dentro da sala.

Ele correu até o estacionamento, talvez desse tempo de alcançá-la e pedir desculpas, como naquelas cenas de filmes melodramáticos que pedia perdão e logo depois estariam se beijando. Balançou a cabeça, que idiotice! Olhou por todos os lados e não viu o carro da Hyuuga estacionado, correu mais um pouco e viu ela saindo pelo enorme portão de ferro, se ele fosse rápido com o carro chegaria nela a tempo. Foi isso que fez, bom, mais ou menos.

Madara resolveu seguir a dona de olhos perolados, chamar por ela no trânsito poderia causar um acidente. Argh, sentiu-se como um psicopata, mas foda-se, faria de tudo para pedir desculpa.

Minutos depois de ir atrás de Hinata, o carro dela tinha parado em frente à igreja da região. Hinata era religiosa? Não lembrava dela ter citado sobre isso. A morena desceu do carro, retirou o chicote da cintura e o chapéu da cabeça, desfez o coque deixando o cabelo escorrer pelas costas parando em sua cintura, ela ficava ainda mais bonita assim. Ele bateu a cabeça no volante e decidiu sair do carro, mas uma pessoa se aproximou da mulher. Uma freira e... uma criança?

O pequeno menino correu em direção à Hinata e ela prontamente o pegou no colo, eles sorriam abertamente. Seria filho da morena? Mas o menino não parecia nem um pouco com ela. Resolveu sair do carro, aproximou-se lentamente dos três e pôde ver uma placa ali próximo.

“ORFANATO”

Em dado momento, o pequeno menino apontou pelo ombro de Hinata, justo na direção de Madara. Ela logo olhou para trás e lançou-lhe um olhar do tipo “Como chegou aqui?”, desceu o menino de seu colo e pediu à freira para que o levasse para dentro. Madara percebeu que era a brecha dela para se aproximar e fez isso mesmo, chegou perto dela e por instinto a abraçou. Seu corpo cobria o da amada, ela tão pequena e ele todo grandão.

– Desculpe-me. – Ele sussurrou ao pé do ouvido dela. – Por favor, Hina, desculpe-me. – E sem ela querer, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Acabou chorando mais do que deveria, ele realmente tinha machucado seu frágil coração. Madara passou o polegar no rosto de Hinata para secar algumas lágrimas que ainda insistiam em cair. Ela respirou fundo.

– Tudo bem, eu acho que não ia conseguir ficar com raiva de você. – Suspirou mais uma vez, aquele homem era seu amor, não havia como negar. – Vamos entrar, assim poderei explicar o que viu.

Ela segurava a mão dele e o guiava para dentro da igreja, sentaram em um dos bancos e logo depois Hinata começou a contar o que gostaria.

– Etto, por onde eu devo comear então?

– Diga o que for melhor para você.

– Tudo bem. - A partir disso, Hinata começou a contar parte de sua história desconhecida por ele.

A Hyuuga tinha o sonho de formar uma família e a partir de então começou a fazer consultas para saber se estaria tudo bem para gerar um bebê, mas não estava. Descobrira aos 22 anos de idade que tem útero infantil e por mais que ficasse grávida não conseguiria segura o bebê por muitos meses. A notícia a deixou abalada e achou que tudo estava perdido, porém, recentemente uma das funcionárias havia comentado sobre esse orfanato e que ela deveria visitar algumas vezes e foi o que fez, conversou com as freiras e elas apresentaram as crianças daquela simples igreja e foi então que conheceu aquele anjinho, – Ela apontou para a criança da pele moreninha de cabelos prateados e olhos dourados. – o Touma. Ele tem apenas 3 aninhos e chegou no orfanato com poucos meses de idade, Hinata encantou-se por ele e decidiu que iria adotá-lo, mas aí apareceu outro empecilho, teria que casar se quisesse efetivar a adoção.

– Então, fiquei quatro meses vindo para socialização e eu... bom... eu iria falar com você o quanto antes, afinal, nos conhecemos tem 7 anos, não é? – Ela sorriu tranquila, bem diferente da Hinata do serviço. – Queria saber se você... poderia ser o pai do Touma. Eu não queria que fosse assim abruptamente, eu iria falar sobre meus sentimentos com você, marcaria encontros e coisas do tipo. - Ela riu colocando a mão sobre a boca.– Isso soa como se eu tivesse 16 anos de idade. – Madara riu. – Eu gosto de você, muito, muito. Eu vi em você a pessoa ideal para ser o pai do meu filho e também o MEU marido.

Ele ficou encantado com as palavras de Hinata, se ele pudesse beijaria ela ali mesmo, mas estava em um ambiente sagrado e de puro ele não tinha nada. Segurou uma mecha do cabelo dela e beijou sua testa.

– E-Então... não vai dizer nada?

– Você aceita se casar comigo? – Ele questionou sorrindo.

Ela arregalou os olhos e as lágrimas se acumularam, mas dessa vez de felicidade. E ela riu, como a muito tempo não fazia.

– Sim, eu aceito! – Bom, ela tomou a iniciativa, deu um beijo nele independente de estar em uma igreja.

– Agora podemos acertar os papéis, não é? E além do mais, quero conhecer meu filhão. – Madara levantou e ajudou sua mais nova esposa. Eles juntos viveriam um destino que talvez há tempos já era mais do que conhecido.

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7 anos atrás

“- E quais suas qualidades, senhorita Hinata?
– Eu gosto de salvar pessoas e fazê-las felizes.”

Ele agradeceu internamente por ter sido apresentado à Hinata, ela o salvou e o fez mais feliz do que esperava.

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– Acho que agora o chicote terá uso! Como chegou até aqui, Sr. Uchiha? - Ela arqueou uma sobrancelha e colocou as mãos na cintura. É, Hinata sabia ser assustadora também.