I Solemnly Swear... escrita por Addie


Capítulo 1
Mischief Managed!


Notas iniciais do capítulo

Chorei como nunca antes escrevendo essa One, e eu espero que você sinta pelo menos metade da emoção que eu senti.
Boa leitura, e até la em baixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639506/chapter/1

Professores, alunos, fantasmas e até os quadros conheciam seus nomes.

Por onde passavam era sinônimos de alegria, gritaria, confusão e principalmente; diversão.

No começo ninguém entendia o motivo daquele nome ridículo que eles mesmo colocaram no grupo, mas era impossível não ver sentido após alguns anos.

James Potter viveu uma eterna festa.

Sempre sorrindo, brincando e animando as pessoas a sua volta. Se sentia livre em cima de uma vassoura e não precisou se esforçar muito para entrar no time. Tinha um talento natural, além de uma mania irritante de chamar Lily Evans para sair todas as vezes que a via passar pelo corredor, sendo sempre respondido com um sonoro "não", mas isso nunca o incomodava. Em momento algum pensou em desistir, fraquejar, e nem chegou a tirar o sorriso do rosto.

Sirius Black não saberia viver sem mulheres nem se fosse gay, o que com toda certeza não era, e os corredores escuros de Hogwarts podiam provar isso. Gostava de uma confusão como ninguém, e fazia questão de cumprir todas as detenções sorrindo, como se para provar a Filch que nada o abalava. Mesmo vivendo um inferno em casa, encontrou em Hogwarts verdadeiros amigos, que considerou muito mais família do que os de sangue.

Peter Pettigrew nunca chamou muita atenção. Não era escolha dele, mas nunca seria bom em quadribol como James, bonito como Sirius e nem inteligente como Remus. Preferia ficar mais de fora das brincadeiras, e apenas ria das azarações, piadas idiotas e tentativas desastrosas de manter o controle, em que Remus sempre insistia. Chegava a chorar de rir dos foras que James levava de Lily Evans e dos gritos de Lily Evans ao ver James azarando Snivellus.

Remus Lupin, diferentemente dos outros marotos, não gostava de chamar atenção, e isso era claro. Desde que foi mordido por Fenrir Greyback, mantinha uma distancia segura de pessoas que não o conheciam bem e até mesmo das que conhecia. Conheceu James primeiro, e sempre ficou impressionado com a facilidade que ele tinha em se destacar. Sirius, na opinião dele, era o mais inconsequente. Não ficava satisfeito só em chamar atenção, parecia que precisava ser diferente. Mas Remus sabia como era difícil ter um rotulo perante a sociedade antes mesmo de mostrar quem você realmente é. Mas sua insegurança diminuiu pelo menos um pouco ao perceber que podia contar com aqueles três garotos estranhos.

James passou a observar Lily Evans depois do 4° ano, onde a garota apareceu com seus cabelos ruivos cortados e as sardas no rosto destacadas. Naquele mesmo ano, no primeiro passeio para Hogsmead, James levantou com um sorriso maior do que o normal, jurando que já tinha um encontro no próximo sábado. É claro que Lily Evans o esnobou e negou até delicadamente, se compararmos com os outros anos. Três longos anos de micos e gritos foram necessários para que Lily Evans dissesse "Sim" pela primeira vez. Mas também é claro que aquele foi apenas o primeiro. Mas James não se arrependia, afinal, ela era Lily Evans e ele era James Potter. Nada era simples.

Sirius começou a descobrir o efeito que tinha sobre as mulheres ainda muito novo. Quando tinha aproximadamente 12 anos, percebeu que algumas garotas até mais velhas o observavam na biblioteca. Algumas coravam furiosamente quando ele desviava a atenção para elas. Mas assim com James, se interessou pela que menos o notava. Marlene McKinnon era uma garota loira da Corvinal que tinha mais sardas no rosto que Lily Evans. Sirius só percebeu sua existência depois do 5º ano, quando a loira começou a andar com a paixonite de Remus nos intervalos das aulas. Mas Sirius não havia nascido para relacionamentos sérios, e durante uma sessão de amassos no corredor do 7° andar, ele deixou bem claro que não gostava de namorar. Marlene McKinnon pareceu hesitar, mas não falou nada. Quando Sirius percebeu que estava pronto para ter algo mais com ela, já era tarde demais, e Marlene McKinnon havia levado alguns comensais com ela antes de ser assassinada, sem nem ao menos ser Black ainda.

Peter teve alguns rolos durante os anos em Hogwarts, mas não posso dizer que ele chegou a namorar de verdade. Os anos foram gentis com ele, e sua aparência melhorou bastante durante sua estadia em Hogwarts. Mesmo sabendo que algumas meninas só ficavam com ele por causa do grupo, ele conseguiu aproveitar bem algumas vezes. Não se comparava a Sirius e James, mas eu me arrisco a dizer que talvez tenha aproveitado melhor que Remus nesse sentido. Não teve nenhuma paixão avassaladora como James, nenhuma vergonha como Remus, nem esperou demais como Sirius, porque ele sabia que quando acabasse os estudos, não tinha mais escolha.

Remus sempre foi uma criança cheia de inseguranças. Quando entrou no expresso pela primeira vez, quase desmaiou de ansiedade. "E se eles não gostarem de mim?", "E se alguém descobrir o que eu sou?". Remus tinha medo de que as pessoas não o aceitassem por ser um lobisomem, mas o que ele não esperava era que três alunos quebradores de regras se tornariam animagos ilegais por ele, e nem que uma garota linda e inteligente pudesse se apaixonar por um lobisomem sabendo o que ele era.

Dorcas Meadowes era tudo e ao mesmo tempo era nada. Remus sentiu alguma coisa diferente dentro de si desde que a viu pela primeira vez. Ela estava com seus cabelos escuros amarrados em um rabo de cavalo alto e sua expressão nervosa estava bem pior do que a de Amus Diggory ao seu lado, esperando a sua vez na seleção.

Quando o chapéu gritou um "Grifinória!" Alto o suficiente para todo o salão ouvir, foi como se alguma coisa quente escorresse pelo corpo do garoto. Alivio. Mas diferentemente do que você possa estar pensando, eles nunca chegaram nem a se falar direito. O maior medo de Remus era que alguém que ele gostasse se machucasse por sua causa, e já bastava James, Sirius e Peter para tirar seu juízo. Achou que ia morrer quando lhe disseram que Dorcas Meadowes havia sido morta pelo próprio Lorde das Trevas, e a sensação de calor, agora era frio.

Frio.

Seja no sentido literal ou figurado da palavra, era a sensação mais presente naquela guerra. Pelos dementadores ou pelas mortes, o frio estava sempre presente.

Quando Lily Evans passou a ser Potter, as coisas começaram a desandar de vez. Mesmo que a felicidade estivesse ali, disputando um lugarzinho no meio da dor, era não era suficiente para fazer as pessoas sorrirem com a mesma frequência de antes. Quando James Potter descobriu que ia ser pai, a luz voltou a brilhar, seu sorriso antes tão apagado, agora era como um farol. Todos da Ordem sorriam novamente, e a felicidade estava conseguindo se destacar mesmo com a dor sempre presente.

Marlene McKinnon foi um baque grande demais para todos. Molly Prewett sentiu na pela a dor de perder alguém próximo quando encontrou o corpo dos irmãos Gideon e Fabian. Dorcas Meadowes não teve tempo de dizer ao grande amor de sua vida que não se importava com a licantropia.

E a felicidade de uma criança no meio daquela dor não parecia muito agradável naquele momento.

Frank e Alice Longbottom descobriram que também iam ser pais algumas semanas depois dos Potter. Tudo indicava que as duas crianças nasceriam na mesma época, mas o que eles não imaginavam é que uma data seria responsável por colocar sorrisos nos rostos de uns e lágrimas nos olhos de outros.

James Potter quase desmaiou quando Dumbledore o avisou que seu filho corria perigo. Se esconderam em Godric's Hollow e mesmo com todo cuidado, James Potter nunca iria imaginar que uma pessoa tão próxima a ele o trairia. Não deu tempo de pensar em nada que não fosse impedir que sua mulher e seu filho fossem mortos.

Aquela velha historia de que a vida passa pelos seus olhos não é realmente verdade. James não tinha tempo para ver nada que não fosse a varinha apontada para ele.

Mas naqueles segundos de ansiedade, ele se sentiu bem. Lembrou-se dos momentos bons e dos maus, das lágrimas e sorrisos, dos beijos e dos gritos, das detenções e dos elogios. Lembrou-se de Lily, e do café forte que tomava de manhã. Também lembrou de quando ela parou de tomar café por casa dos enjoos, e lembrou de quando Harry nasceu. Lembrou das vergonhas que passou, das escolhas que teve que fazer, e das decepções que aguentou. Da dor ao perder as pessoa que amava. Pensou em Sirius e nas suas risadas que pareciam latidos. Lembrou de Remus, e das suas bochechas coradas quando Dorcas Meadowes entrava no salão comunal. Lembrou de Peter e das pausas demoradas que ele fazia durante as conversas para terminar de mastigar.

Antes que pudesse sorrir, sua vida foi interrompida pelo egoismo daquele que não sabia amar. Que nunca saberia como é se sentir feliz e completo só de ver uma pessoa que ama sorrir. Que morreria sem sentir nem um traço do que James estava sentindo naquela hora tão triste e tão feliz ao mesmo tempo. A sensação de que havia vivido tudo que tinha de viver.

Sirius Black nunca imaginou que sorriria antes de morrer, mas percebeu que sua hora ali já havia acabado. Sorriu no meio de uma eterna piada mal contada, e admirou sua ultima visão. Seu afilhado ainda não havia entendido muito bem o que estava acontecendo, mas sabia que seus dias haviam acabado. Não pensou muito antes de cair e sentir a leveza doentia do véu, mas ainda pode lembrar do que valia a pena.

Primeiramente pensou em Harry, e em como ele parecia com James. Pensou em seus olhos confusos e em como eles pareciam com os olhos verdes de Lily Evans. Pensou em Remus, e em como ele se sentiria ao ser o ultimo Maroto de verdade. Pensou em Peter, e em como doeu saber que ele o havia traído. Traído Remus. Traído James.

Pensou no Largo Grimmauld, e em como odiava aquele lugar. Pensou em Regulus e em quando descobriu que ele havia morrido por trair os comensais. No orgulho momentâneo que sentiu do irmão. Pensou nas reuniões da Ordem, em Molly Weasley reclamando por causa do barulho, pensou nos gêmeos e no legado que havia deixado para eles. Pensou na risada doce de Emmeline Vance e na escandalosa de Nymphadora Tonks. Pensou em Andromeda, oh, doce Andy... Pensou nas lágrimas de desespero que derramou ao saber que Marlene McKinnon estava morta e no arrependimento por ser tão indeciso. Pensou em seu cabelo loiro, e em quanto ele gostava quando ela o prendia. Pensou em suas sardas, e em todas as vezes que pôde conta-las de perto. Pensou nos olhos claros de Dorcas Meadowes e em como não podia cobrar nada de Remus naquela situação.

Pensou em Azkaban, e em como preferia morrer à ser preso novamente. Fechou os olhos, imaginou um lugar melhor, sem guerras, dor, sofrimento... Se deixou levar, para onde quer que fosse.

Peter achou que já havia morrido quando viu Remus na casa dos gritos. Aquela cena era tão natural e ao mesmo tempo tão estranha. Trazia um sentimento de nostalgia, saudade. Não percebeu que sentia falta de seus amigos até ver Sirius de pé novamente.

A única forma de consertar os erros do passado, era se sacrificando por algo maior que seu orgulho. Nem teve chance de fazer alguma coisa para se redimir. Seu coração falou alto o suficiente, e ele sabia que o Lorde das Trevas não gostaria de um servo arrependido, e no momento em que Peter sentiu que não tinha mais controle, se deixou levar, achando que aquilo era o suficiente.

Encarou o garoto a sua frente, tentando não pensar em como ele era igualzinho ao pai. Viu os olhos —antes gentis— de Lily Evans o encarando com nojo e tentou não pensar no que fez. Estava arrependido, mas não tinha como não sentir culpa em matar seu melhor amigo. E ver Harry Potter ali, na sua frente, o olhando morrer sem poder fazer nada, foi o suficiente para entender que não podia mudar o que havia feito. Todo trabalho para livrar o mundo do sangue impuro, quando o mais impuro ali era ele.

Foi impossível não lembrar dos tempos em que estava na escola. Das risadas altas no jardim, de sentar ao sol e planejar a próxima lua cheia, de sumir em baixo da capa da invisibilidade e azarar algum sonserino. De caminhar com as mãos nos ombros um dos outros pelos corredores como uma eterna festa.

Enquanto sentia a própria mão tirar o oxigênio de seu corpo, lembrou de como a conseguiu. Dos sacrifícios que teve que fazer para chegar ali. E pra que? Morrer na frente de crianças que já haviam passado por mais do que ele aguentaria?

Fechou os olhos, e pensou no sorriso de Sirius, na voz doce de Remus enquanto tentava ensinar transfiguração aos primeiranistas, no cabelo curto e repicado de Alice, nos olhos castanhos de James, nas reclamações da professora McGonagall e chegou até a lembrar do nariz anormalmente grande de Snivellus.

Sentiu uma paz estranha que não sentia a muito tempo e agradeceu mentalmente a Harry por não o matar naquela noite. Não tinha se perdoado ainda. Fechou os olhos e focou a memoria nas tardes ensolaradas que passou em Hogwarts, onde o peso da guerra ainda não o havia matado.

Remus pode sentir o feitiço vindo antes de realmente ser atingido. Se perguntou por um momento se valia a pena morrer pela guerra, mas se lembrou do pequeno Teddy Lupin, e em como seria bom viver em um mundo calmo e sem revoltas estourando em cada esquina.

Pensando bem, se morrer por uma causa significava ter orgulho dela, Remus estava feliz por morrer dia 2 de maio de 1998. Claro que era estranho gostar de morrer, mesmo deixando um filho e uma mulher para trás, mas ele sabia que Nymphadora iria tomar conta do garoto. Ela era muito parecida com Sirius. E de qualquer forma, estava morrendo em Hogwarts, onde fora aceito, fizera amigos que poderia chamar de família, que estavam ao seu lado ate nos momentos onde deixava de ser ele mesmo. Ali, naquele salão, viveu tantas coisas que não seria capaz de enumerar. Riu, chorou, gritou, se irritou, se apaixonou... Lembrou-se de todas as vezes que via sua garota passar por ele e não tinha coragem nem de dizer um simples "oi".

Lembrou-se do calor que emanava de seu corpo quando ela chegava perto. Das piscadinhas sarcásticas de Marlene McKinnon quando passava por ele com seu uniforme azul brilhando ao sol. De como Sirius ficava ridiculamente exibido quando isso acontecia, e se for pra falar de garotas e ridículo na mesma frase, lembrou-se de James e dos escândalos que ele armava só pra receber outro "Não, Potter!". Lembrou-se de quando Peter se atrapalhava ao falar com alguma garota que ele estava afim, ou de quando ele mesmo errava alguma coisa em sua poção ao ver Dorcas Meadowes sorrir para alguém, que nunca era ele.

Lembrou-se das reuniões da Ordem, e de todas as vezes que tomou o café forte de Lily Evans depois de uma lua cheia cansativa. Lembrou-se de quando contou a ela sobre a licantropia, e do seu sorriso acolhedor quando assumiu que tinha medo de machucar alguém. Lembrou-se daquele dia das bruxas, onde sua vida desmoronou mais uma vez, teve medo de fazer alguém sofrer como Peter o fez.

Lembrou do carinho que sua mulher fazia nele depois de sair do porão todo machucado. Lembrou de quando Teddy nasceu, e Harry sorriu para ele lhe dando parabéns de um jeito assustadoramente parecido com James, e de como teve vontade de chorar naquele momento.

Lembrou da dor que a guerra lhe causou, e em como ela lhe mudou. Quando finalmente pode fechar os olhos e se entregar ao vazio, sentiu um alívio a muito esquecido, que só sentia quando estava na companhia de outros três garotos bagunceiros, que não conseguiam manter o dormitório arrumado.

Enfim, era o ultimo Maroto a cumprir seu caminho de dor, desespero e sofrimento, mas também era o ultimo Maroto a deixar o mundo, sorrindo, em paz consigo mesmo, tendo a certeza de que tinha feito tudo que deveria fazer.

Afinal, todas as aventuras acabam com um Malfeito feito, se não qualquer um pode ler.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi, Oi, gente..Comentem se ficou ruim, comentem se ficou bom etc
kisses