Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 4
"Eu sou dele como?"




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Eu me casaria com Shu em alguns meses. E até agora havia se passado apenas um mês desde minha chegada. Ele continuava a me procurar para me morder, mas não passava disso. Ele não conversava comigo e nem me olhava direito. Quando eu me transformar depois do casamento talvez ele não vá mais beber meu sangue mesmo podendo, ele só irá fazer filhos em mim. Mas não queria só isso, se vou ter que me casar com ele, eu queria pelo menos o companheirismo dele. Eu queria que ele pelo menos conversasse comigo...

Eu havia acabado de entrar no quarto quando o vi lá. Ele se aproximou e me encostou na porta segurando meus ombros. Eu o olhava, mas não tinha mais medo dele. Ele abaixou na altura do meu pescoço para me morder.

– Como eu devo te chamar? – Perguntei de repente, fazendo parar de se aproximar.

Ele ficou imóvel, parecia pensar.

– “Shu”. – Ele disse calmo com a franja tampando seus olhos.

– Hai. – Disse suavemente.

O fiz se endireitar e pus as mãos em seu peito, o olhando.

– Shu... A gente pode se sentar? – Perguntei docemente.

Mesmo com o olhar calmo, ele parecia surpreso. Abaixei as mãos e peguei a mão dele, indo para a cama. Ele veio sem dizer nada e se sentou comigo. Eu estava receosa, mas fiquei de frente pra ele e tirei meu cabelo da frente do pescoço, abaixando um pouco o vestido e deixando meu ombro direito à mostra. Ele me olhava com o olhar calmo. Fechei os olhos, tentando me acalmar.

– Shu, pode... Uhm... – Eu tentava dizer – Pode ser gentil?

Ele se inclinou pra frente e mordeu gentilmente meu pescoço. Torci um pouco a expressão e apertei a roupa dele, parecia sempre a primeira vez quando ele me mordia. Ele ficou ofegante e pôs o braço em volta de mim, me deitando na cama e continuando a beber meu sangue. Abri um pouco os olhos, olhando para o teto. Não sei, mas aquilo naquele momento parecia bom. Olhei para ele e levantei a mão, tocando gentilmente seu cabelo. Era tão macio... Pus a mão na cabeça dele e fiz carinho em seu cabelo, entrelaçando meus dedos entre as mechas. A respiração dele parecia ter se acalmado, eu sorri levemente. Ele parou e ficou me olhando de cima, parecia olhar cada detalhe do meu rosto. Eu estava corada e o olhava extasiada. Não soube interpretar sua expressão. Ele se sentou e já ia embora. Exclamei e me sentei, segurando em sua manga. Ele parou, limpando o sangue em seus lábios sem me olhar.

Engoli a seco e encostei meu corpo no dele, escorando minha cabeça em seu ombro. Ele pareceu surpreso. Queria abraçá-lo na verdade, mas tive medo.

– Arigatou... – Disse suavemente, quase suspirando.

Ele acalmou o olhar e tocou levemente minha mão que ainda o segurava. Me senti feliz naquele momento, mesmo levando em conta as circunstâncias. Será que... Será que ele deixou de me odiar pelo menos naquele momento? Shu levantou e foi embora. Acalmei o olhar e toquei as marcas, sorrindo levemente. Não estavam doendo.

...

Fumiko preparou meu banho e foi pegar roupas para mim. Eu me olhava no espelho, deixava escapar um sorriso enquanto tocava o pescoço, onde Shu me mordeu. As marcas já haviam cicatrizado, mas eu ainda sentia o toque dele. Só havia se passado um dia, mas eu queria que ele me visitasse de novo. Queria tentar conversar dessa vez. Deixei escapar mais um sorriso enquanto desamarrava meu vestido. Antes de tirá-lo, alguém entrou. Pensei que fosse Fumiko.

– Ora... – Ele cantarolou.

– Keiji-san? – Me virei e o fitei – Anou... – Corei por ele ter entrado quando eu ia tomar banho.

Ele se aproximou, ficando bem perto. Recuei e me choquei levemente com o espelho.

– Você parece bem feliz. – Ele abaixou na minha altura, sorrindo maliciosamente – Shu está bebendo seu sangue, ne?

– Uhm...

– Hum. – Ele cantarolou tocando levemente minha bochecha – Está um pouco pálida.

– Por favor... Não faça isso. – Pedi receosa – Vá embora, por favor. – Disse apertando minha roupa.

Ele deixou escapar uma risada.

– Nande? Nande? – Cantarolou – Você parece tão... Apetitosa.

– Hum? – Arregalei os olhos com medo.

– Esse seu cheiro me fascina. – Ele disse sadicamente com um sorriso maldoso.

– Por favor... – Quis chorar.

Ele sorriu e eu vi seus caninos. Exclamei desviando dele para fugir, mas ele me segurou e me virou pra ele.

– Por favor...! – Exclamei com os olhos cheios de lágrimas.

Ele me obrigou a deitar do chão e abaixou um pouco meu vestido, me mordendo abaixo da clavícula. Exclamei, doía. Me debati, mas não adiantou. Rangi os dentes chorando até ele parar. Ele se ajoelhou.

– Sugoii! – Ele suspirou – Você tem um gosto tão doce! – Sorriu – Shu tem mesmo sorte, ne?

Ele levantou rindo e foi embora. Me encolhi no chão, chorando. Por que ele fez aquilo? Quando voltei para o quarto, fechei a porta e me escorei nela, suspirando. O que Shu faria se descobrisse que o irmão dele me mordeu a força? Me assustei ao ver Shu sentado na minha cama.

– Uhm...

Ele me olhava. Me aproximei dele, receosa. Engoli a seco quando segurou minha mão e me fez sentar. Ele ia se inclinar para chegar perto do meu pescoço.

– Anou... Pode não fazer isso... Hoje? – Perguntei nervosa.

– Nande? – Ele perguntou se endireitando.

– Hum... – Pensava – É que...

– Que cheiro é esse? – Ele franziu a testa em dúvida.

– Ah... – Gaguejei – Eu tomei banho...

– Não é isso. – Ele franziu mais a testa.

Se aproximou de repente de mim e cheirou meu pescoço, descendo até a clavícula.

– Anou... – Gaguejei.

Ele abaixou meu vestido um pouco, me fazendo exclamar e corar. Viu as marcas de mordida abaixo da minha clavícula e se endireitou franzindo o cenho.

– Quem te mordeu? – Ele perguntou sério.

– Gomen... – Quis chorar.

– Quem?

Abaixei o olhar com vergonha. Ele pegou no meu braço e me fez olhá-lo.

– Quem foi? – Disse irritado.

Apertei os olhos com medo.

– Keiji-san...

Shu rangeu os dentes e levantou irritado indo em direção à porta.

– Shu! – O chamei nervosa, receosa.

Ele passou pela porta e a bateu ao sair, meus olhos marejaram. O que ele ia fazer? Levantei e saí do quarto. Tentei segui-lo, mas ele desapareceu de vista.

– Shu... – Disse baixo tentando imaginar onde ele poderia estar.

Aquele lugar era tão grande! Eu não fazia ideia de onde ele estava, mas ouvi gritos, uma briga. Segui as vozes e quando cheguei num certo ponto a parede do corredor rachou e Keiji passou por ela, quebrando-a brutamente e se chocando violentamente com a parede oposta do corredor. Exclamei, recuando e pondo as mãos na frente da boca. “Nani...”, pensei assustada. Me escorei na parede, perplexa e sem reação. Vi Shu passar pelo grande buraco que Keiji deixou. Ele foi até o irmão e o pegou pela roupa, levantando-o.

– O que pensa que estava fazendo? – Ele rangeu os dentes.

– Gomen, gomen. – Keiji cantarolou debochadamente – Não consegui me controlar. Ela é tão cheirosa e o sangue dela é tão doce... – Ele sorria debochadamente.

Shu o puxou e o bateu contra a parede, prensando-o até eu ouvir a parede se quebrar aos poucos. Keiji torcia a expressão.

– Nunca mais chegue perto dela! Se fizer isso de novo eu te mato! – Shu exclamou enfurecido – Ela é minha!

Arregalei os olhos, surpresa.

– O que está acontecendo? – A rainha perguntou chegando no corredor.

Shu largou Keiji, que quase caiu sentado. A rainha se aproximou com olhar de reprovação e os fitou, me fitando também em seguida.

– O que houve? – Ela perguntou séria.

Shu abaixou o olhar com a testa franzida.

– Shu. – Ela disse.

– Keiji mordeu Megumi. – Ele disse calmo sem olhá-la.

– Hum, claro. – Ela pensou.

A rainha se aproximou de Keiji e bateu em seu rosto.

– Nunca mais faça isso, bakayarou. – Ela disse em tom de reprovação – Megumi-chan vai se casar com seu irmão.

– Hai, okaasan. – Ele disse com o olhar baixo.

– Vá até seu pai e diga o que houve.

– Hai.

Keiji saiu andando de cabeça baixa.

– Shu. – Ela se virou para ele – Vá também, você acabou quebrando a parede.

– Hai, gomen.

– Hum. – Ela assentiu – Vou levar Megumi-chan para se acalmar.

– Hum? – Ele não entendeu.

Shu me fitou, percebendo que eu estava ali o tempo todo e fez uma expressão surpresa. Foi a primeira vez que o vi assim.

– Megumi-chan, vamos? – A rainha sorriu gentilmente.

– Hai... – Fiz uma reverência.

Olhei para Shu e a segui. Ele foi para o lado oposto. Enquanto caminhávamos pelo corredor, ela sorria alegre.

– Uhm... Kazuhiro-sama...?

– Hum? Pode me chamar de Inori. – Ela sorriu.

– Eh?

– Não se esqueça de que eu também já fui da sua vila. – Ela deixou uma risada escapar.

– Hum, hai... Inori-sama. – Disse, me lembrando de que ela também já foi humana.

Ela riu pela formalidade.

– Fale.

– Anou... Shu e Keiji-san sempre brigam assim?

– Está o chamando pelo nome! – Ela juntou as mãos sorrindo – Que maravilhoso! – Deixou uma risada escapar – Hum, bem... Shu sempre foi sério e Keiji foi sempre imaturo. Desde pequeno ele pegava as coisas de Shu para si e Shu não fazia nada, não se importava. Mas você não é uma coisa, ne? – Ela deu um meio sorriso.

– Hum, hai. – Assenti – Shu... Gosta de mim?

– Bem, isso eu não sei dizer. Ele é bem reservado, até para mim quando se trata disso. – Ela riu – Mas creio que aos poucos ele está se afeiçoando a você. Te morder e brigar com o irmão deixou isso bem claro.

– Ah... – Compreendi – Foi... Difícil pra você, Inori-sama?

– Viver aqui?

– Hum, tudo... Na verdade.

– Bem... – Ela pensava – Fiquei arrasada por ter que deixar minha família. Eu era a única mulher na família, mas Sakamatsu me tratou bem logo que cheguei aqui. Como eu não tinha irmãs, ele não precisou escolher. Aprender tudo foi um pouco dificultoso, mas eu consegui. – Ela sorriu – O quarto onde você está foi meu naquele tempo. Ele me pôs lá por achar que eu sentiria saudade da luz do sol. Me apaixonei por ele naquele momento.

Enquanto a rainha falava, eu a olhava admirada. Ela dizia tudo aquilo com um sorriso apaixonado e admirado.

– Depois da transformação eu fiquei um pouco incomodada.

– Nande?

– Hum, por causa dos olhos vermelhos. – Ela riu – Eu trabalhei no meu controle, mas mesmo assim os deixava vermelhos sem querer. Hoje eu estou acostumada. – Ela riu.

– Eu... Vou ver minha família um dia? – Abaixei o olhar.

Ela me olhou em dúvida e sorriu levemente.

– Realmente não sei minha querida. Eu demorei algumas décadas para me controlar e quando pude visitar minha família, muitos já haviam morrido.

Fechei os olhos, cabisbaixa.

– Mas não fique triste. – Ela disse – Você ficará bem aqui.

– Hai.

“Nunca mais chegue perto dela! Se fizer isso de novo eu te mato! Ela é minha!”, me lembrava. Ele estava no meu quarto e me fez sentar na cama gentilmente para me morder. Ele ficou com raiva quando descobriu que Keiji me mordeu. Shu disse que eu sou dele. Fiquei um pouco feliz por ouvir isso, mas... Como exatamente eu sou dele? Ele gostava de mim ou só ainda me via como um recipiente de sangue ao qual ele bebia?


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