Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 3
Beijo escarlate




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Acordei com meu café da manhã em cima do criado-mudo. Sorri e comi feliz, pensando em Fumiko. Fui para minha aula e Toshi começou a falar das três grandes famílias.

No mundo dos vampiros, havia três grandes famílias: Kazuhiro, Akihiko e Saburo. Kazuhiro, ao qual eu faria parte em breve, era a família principal dentre as três. Ela que comandava, que era a maior potência dentre as três. A família Akihiko é composta em sua maioria por ruivos irlandeses e apreciam a caça aos humanos, tendo como lembrete para si pararem com isso já que eles não controlam muito a sede e bebem o sangue até a pessoa morrer. A família Saburo é composta por vampiros com cabelos e olhos rosados bem claros. Eles eram os que respeitavam a vida humana e tentavam substituir o sangue humano pelo animal. Desde o começo das grandes famílias, sempre houve uma rivalidade entre a Kazuhiro e a Akihiko, que se achava no direito de ser a Família Principal. E sempre que havia a reunião das três grandes famílias, o assunto era posto em cima da mesa pela Família Akihiko.

– Sugoii... – Disse surpresa – Não sabia sobre isso.

– É, apenas os vampiros tem esse conhecimento. E as futuras princesas. – Ele sorriu.

Deixei escapar um sorriso. Tomei banho e almocei com eles. Shu estava presente e eu fiquei um pouco mais feliz, porém Keiji falou bobagens e ele saiu logo depois de comer. Passei a tarde na biblioteca de novo e não o vi, me perguntava o que ele fazia durante o dia já que todo o reino era dentro de uma montanha. Fechei o livro, cabisbaixa ao terminar de lê-lo e o pus no lugar. Saí da biblioteca e andei um pouco pelos corredores. Nem sei quanto eu andei, mas foi muito já que vi a brecha da luz do dia atrás de uma cortina no final de um corredor. Fui até lá por curiosidade e abri a cortina, era uma janela. Raridade! Sorri por ver o sol, que já ia se pôr. Não era a vila que eu via, acho que era o vale atrás da montanha.

– Sugoii... – Deixei escapar, tocando o vidro para sentir o calor do sol.

Eu não fazia ideia, mas Shu apareceu no corredor e parou vendo a luz do sol e tampando o rosto com o braço, se escondendo na sombra. O pôr do sol começava e eu o admirava. O vale ficava magnífico! Quando ele se pôs eu fechei as cortinas, me lembrando do sol aquecendo meu rosto durante aquele pequeno e precioso tempo. Me virei suspirando e vi Shu escondido.

– Uhm...! Daujoubu?! – Exclamei preocupada, indo até ele.

Nem pensei duas vezes, pus a mão em seu peito vendo se ele estava bem.

– Se queimou? – Perguntava preocupada.

Ele me olhou surpreso e segurou meus pulsos. Arregalei levemente os olhos, ele nos girou e me pôs contra a parede de repente, ainda me segurando.

– Etto...

Ele se aproximou rápido do meu pescoço, exclamei pelo susto. Estava ofegante, seus caninos à mostra.

– Não ache que você é algo pra mim... – Ele disse com a voz calma – Você é só um recipiente que tem o que eu preciso para sobreviver.

Meus olhos marejavam.

– E quando for transformada... – Ele continuou – Não vai passar de alguém que eu tenho que fazer filhos.

Abaixei o olhar, surpresa. Ele me soltou e saiu andando, pondo as mãos nos bolsos. Eu olhava para o vazio, perplexa. Escorreguei pela parede até sentar no chão. As lágrimas caíram e abracei meus joelhos, apoiando a testa neles e começando a chorar. Ele me odiava mesmo...

No jantar eu não demonstrava expressão e logo que terminei, fiz uma reverência e me retirei, indo para o meu quarto. Fiquei olhando pela janela, mesmo que estivesse escuro. Me perguntava quando a neve ia começar a cair, era a única coisa que me acalmava. Encostei a testa no vidro e fechei os olhos. “Porque...”, pensava. Suspirei e me virei, me assustando ao ver Shu no meu quarto.

– Nani...

Vi seus olhos vermelhos e me fitando, fiquei com medo e tentei recuar quando ele começou a se aproximar calmamente. Me choquei com a parede e ele ficou bem perto de mim, pondo as mãos na parede. Eu respirava nervosamente enquanto o olhava. Ele abaixou a cabeça até a altura do meu pescoço, respirava ofegante. Virou o rosto e cheirou levemente meu pescoço, comecei a chorar.

– Por favor...

– Fique quieta. – Ele disse calmamente tirando meu cabelo da frente do pescoço.

– Não! – Exclamei o empurrando, tentando afastá-lo de mim.

Ele me segurou enquanto eu tentava sair de perto dele e me virou, me pondo contra a parede. Tirou o cabelo da frente do meu pescoço e abaixou o lado esquerdo do meu vestido deixando meu ombro à mostra. Ele segurava meus pulsos contra a parede enquanto eu chorava. Por que ele estava fazendo aquilo?

– Por favor...

Ele se aproximou e mordeu meu pescoço por trás. Exclamei e tentei me soltar, mas ele ainda me segurava. Eu sentia os caninos dele no meu pescoço e chorava mais. Sentia sua respiração ofegante e o barulho que ele fazia quando bebia meu sangue. Cerrei as mãos e as apertei, rangendo os dentes. Ele parou e me soltou aos poucos. Se afastou um pouco passando o dedo no lábio e lambendo o sangue que o sujava. Eu estava encolhida contra a parede ainda rangendo os dentes.

– Se você se mexer muito vai doer. – Ele disse ofegante.

Me virei pra ele e fui em sua direção, batendo em seu rosto. Tentei bater mais nele, mas ele me segurou e me pôs de novo contra a parede. Rangeu os dentes, mostrando os caninos pra mim enquanto eu fitava seus olhos vermelhos.

– Me mata de uma vez! – Exclamei – Se me odeia me mata! – Comecei a chorar de novo.

Ele desfez aquela expressão e me olhou surpreso. Me soltou ainda me olhando e foi embora, saindo do quarto. Encarei a porta, pondo a mão na mordida e sentindo a dor. Fui até a penteadeira e a analisei, duas marcas distintas. Me endireitei e suspirei ainda com a mão nas marcas. Por que... Ele me olhou daquele jeito?

Não sei por que Shu fez aquilo de repente, mas ele continuou a fazer. Eu sempre ia para a biblioteca depois do almoço. Ele ia para lá e me segurava contra a estante, me mordendo e bebendo meu sangue. Comecei a ver o pôr do sol naquela janela para o vale, e quando eu fechava as cortinas e me virava, ele me segurava no corredor e colocava o braço em volta de mim, me mordendo. Eu sempre apertava sua roupa, mas tentava me mexer o menos possível para não doer tanto. Ele parecia gostar daquilo, sempre quando terminava passava a língua nas marcas e suspirava ao sentir o gosto do sangue. Eu sempre chorava, mas comecei a chorar em silêncio quando percebi que ele gostava daquilo. Pelo menos ele gostava de algo em mim.

Toshi me ensinava na biblioteca escrevendo num quadro, mas percebeu que mesmo o olhando eu não estava prestando atenção.

– Megumi-san? – Ele me chamou.

Despertei e o olhei de verdade.

– Hum, gomen... – Pisquei os olhos e o fitei de novo.

– O que houve? – Ele perguntou preocupado.

– Hum, nada demais.

Ele franziu a testa em dúvida e me analisou.

– Shu-kun está bebendo seu sangue, ne?

– Hum? – Fiquei surpresa – Etto...

– Você está pálida. – Ele disse com um sorriso leve – Quando ele fizer coma melhor, se não vai ficar anêmica.

– Hum, hai... – Abaixei o olhar.

Ele suspirou e sentou a minha frente.

– Eu posso imaginar que ele te morder é algo traumático. – Ele dizia de uma forma calma – Mas se Shu-kun está te mordendo é porque de certa forma ele gosta de você.

– Ele gosta de beber meu sangue. – Disse cabisbaixa.

Ele suspirou e tentou sorrir.

– Ele é um bom rapaz, ok?

Balancei a cabeça, assentindo, mas na verdade queria chorar. Havia outras formas de demonstrar que se gosta de uma pessoa. E mesmo ele apreciando beber meu sangue, eu ainda achava que ele me odiava. Ele apenas ia até mim para me morder. Mas eu... Na verdade... Queria conhecê-lo.


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