Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 19
Liberdade da escolha




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Quando as outras duas grandes famílias chegaram antes do casamento eu mal podia esperar para que elas fossem embora, porém dias depois quando elas o fizeram, eu mal podia esperar para que elas voltassem. Irônico de fato.

Saburo-sama ficou um pouco perturbado pela decisão de Kazuhiro-sama. Mizuna, por outro lado, concordou plenamente e até demonstrou um sorriso leve quando tocamos no assunto numa outra vez. Ela e Mayu foram embora com o pai e poucos dias depois Arata com Nana. Seiko e eu choramos ao nos despedir dela e Arata disse para não nos preocuparmos porque ele cuidaria bem de Nana. Ela prometeu que escreveria para nós sempre e o que marcou a ida dela para mim foi seu sorriso gentil logo antes de a porta da carruagem se fechar. Agora tudo iria mudar com Arata como rei e Nana como sua futura rainha. O castelo ficou mais sossegado depois que eles foram embora e era até estranho depois de tudo que aconteceu. Fumiko, depois da guerra, se casou com Norio, seu pretendente. A breve guerra foi de tal trauma que eles decidiram formar logo os laços do matrimônio. Norio trabalhava fora do castelo, mas agora morava nele com Fumiko já que ela era minha dama de companhia e queria ficar no cargo. E eu fiquei feliz.

Tudo estava bem, calmo e normal. Pelo menos até eu descobrir que meus pais viriam ao castelo para falar com o rei.

– Nani?! – Exclamei sem entender.

– Hai, hime. – Fumiko disse – Kazuhiro-sama me pediu para enviar uma carta através de um guarda.

– Para que?

– Gomen nasai, mas não tenho a informação.

Desviei o olhar, pensando e suspirei. Levei as mãos à boca, tentando imaginar o que o rei queria com os meus pais. A vila ajudara com o ataque, não era algo ruim. Certo?

– Quando eles virão? – Perguntei.

– Hum, eles já estão aqui... Hime.

Arregalei os olhos e saí do cômodo ao qual nos encontrávamos. Ela me fitou sair dali apressada e acalmou o olhar. Eu fui para o grande salão e parei de repente ao sentir aquele cheiro mesmo antes de ter me aproximado da grande porta. Abaixei a cabeça, fechando os olhos e suspirando, precisava me controlar. Pus a mão na frente da boca, tampando também meu nariz e caminhei até a porta. A puxei levemente até abrir uma fina brecha, onde aquele odor embriagante piorou meu estado. Me forcei a me manter calma e vi quem estava presente. O rei, a rainha, Keiji, Shu, meus pais e até Tane. Comecei a prestar atenção no que acontecia.

– Você não sabe por que eu o chamei, certo?

– Hum, não... Majestade. – Meu pai disse.

– Eu não agradeci oficialmente pela ajuda de seu povo. – O rei disse.

– É uma honra, majestade.

– Porém.

Senti o sangue do meu pai gelar, senti literalmente.

– Há séculos os líderes da vila têm oferecido suas filhas aos filhos dos reis Kazuhiro. – O rei dizia – O que houve naquela noite me fez perceber algo.

Meus pais e Tane prestavam atenção.

– Vampiros e humanos vem vivendo em “harmonia”. Vampiros sugam o sangue humano e os humanos não são capazes de se defender contra nós. – O rei continuava – Para protegerem a vila, um dos líderes aceitou o acordo com o rei, dando sua filha. Desde então, sempre que precisamos vocês dão suas filhas. Vocês continuam suas vidas, mas mesmo sabendo que estarão seguros e que ninguém os atacará, vocês têm medo. – Ele deixou escapar um meio sorriso, achando graça – Porém naquela noite... Vocês nos ajudaram. Por quê?

Meu pai pensou por poucos segundos.

– Minhas filhas estão aqui. – Ele disse.

– Mas Megumi já é uma de nós. – O rei disse com simplicidade.

– Com todo respeito, meu rei, isso não importa para nós. – Meu pai dizia – Ela continua sendo nossa filha, assim como Seiko continuará quando for uma de vocês.

– E assim como sua filha Tane continuará. – O rei disse.

Meu pai arregalou os olhos.

– C-Como assim?

O rei sorriu e fitou Tane.

– Tane... Está se envolvendo amorosamente com um dos meus súditos e mais leal amigo.

Eu arregalei os olhos, fitando Tane. Ela quem disse que nunca iria querer se envolver com um vampiro estava fazendo isso?! Meu pai olhou para Tane, que abaixou o olhar. Isso confirmou o que o rei dissera.

– Tane... – Minha mãe disse surpresa – Quem?

– Eu o conheci naquela noite, quando fugi de casa para ajudar. – Ela dizia – Megumi me salvou quando um daqueles guardas me atacou e ele se aproximou para nos ajudar.

Arregalei mais os olhos, o único que se aproximou naquela noite foi...! Toshi! Tane estava se relacionando com ele?! Eu olhava para eles com os olhos arregalados, perplexa e não percebi ele se aproximar.

– Gomen nasai, Megumi-hime.

Olhei para o lado assustada e vi Toshi.

– Vocês estão juntos?! – Exclamei, porém cochichando.

– Eu a protegi como me pediu, hime. – Ele disse e olhou para a fresta, fitando Tane – Porém fiquei com ela todo o tempo já que no esconderijo que estávamos havia vários com olhos vermelhos. Não consegui chegar a uma das entradas para ir onde a rainha estava.

– O que houve depois?

– Aquela noite acabou e saímos dos esconderijos. E ela foi embora.

– Mas como...?

– Gomen, hime. Eu sei que ela é sua irmã, mas... Eu não parei de pensar nela um momento. – Ele disse – Eu quis vê-la de novo e quando saí do reino... Ela estava na floresta. Disse que queria me ver também e que todas as noites ficava perto do reino para ver se eu sairia. – Ele sorriu levemente.

– Mas você deve ser uns mil anos mais velho que ela!

– Na verdade, 140 anos mais velho. – Ele deixou uma risada leve escapar.

– Você é um velho tarado. – Eu fiz cara de tédio, indignada.

– Posso ter muitos anos a mais que ela, mas é diferente para nós, hime.

Revirei os olhos, ainda não os entendia muito bem e mesmo sendo uma deles, ainda continuava a aprender.

– Megumi-hime, eu garanto que minhas intenções são as melhores.

– Espero. – Suspirei.

Ele sorriu levemente, achando graça e nos voltamos para o salão.

– Mas... Majestade. – Meu pai disse – Afinal... Qual a razão para virmos para cá?

O rei sorriu, pareceu feliz por ele ter feito essa pergunta.

– Otohime. – Ele disse – Estou disposto a quebrar o trato que foi feito.

– Uhm...? Nani? – Meu pai não entendia.

– Se quiser, a partir de hoje o filho de Shu não pedirá a filha do próximo líder em casamento. – O rei disse.

– Uhm... Majestade...?

– Vocês poderão viver em paz sem precisar mais oferecer suas filhas. É uma promessa, Otohime. – Ele concluiu.

Meu pai ficou boquiaberto, assim como eu atrás da porta.

– Você sabia disso? – Cochichei com Toshi.

– Não, hime. – Ele disse – O rei toma suas decisões inesperadamente. – Ele deixou uma risada leve escapar.

O rei esperava por uma reação. Minha mãe estava chorando, feliz e Tane paralisada.

– Arigatou... Majestade. – Meu pai disse.

O rei fez um aceno leve com a cabeça e sorriu.

– Então já que concordamos, Megumi e Toshi podem entrar. – Ele disse.

Toshi e eu engolimos a seco na hora, arregalando os olhos. Nos endireitamos e entramos no grande salão.

– Majestade. – Toshi e eu fizemos uma reverência.

Ele sorriu, nos fitando. Shu sorriu levemente com os olhos fechados, achando graça e Inori-sama também, levando a mão à boca.

– Bem, já que estavam tão curiosos, podem falar com nossos convidados por uns instantes. – O rei sorriu.

Me senti envergonhada por ter sido descoberta, mas Toshi parecia calmo. Inori-sama se retirou com o rei e Shu ficou comigo. Seiko chegou logo depois e correu para abraçar nossos pais e Tane. Eu não consegui ficar muito tempo lá, já que havia muitas pessoas, mas consegui ficar até o momento que Toshi pediu para Tane ficar no reino. Ficamos surpresos e sem reação. Meus pais olharam para Tane, que estava paralisada, mas que começou a sorrir aos poucos. Toshi pediu permissão ao meu pai para esposar Tane e ele aprovou, mesmo não querendo aceitar. Claramente entendemos a situação dele: três filhas e as três foram embora de repente. Tane pediu perdão pela decisão, mas ele disse que mesmo ela querendo aquilo – Seiko e eu não tivemos opção mesmo estando felizes agora – ela ainda seria filha dele e ele a amaria sempre. Sorrimos e logo depois meus pais foram embora. Eu não acreditava que minhas irmãs estavam agora comigo. Para quem pensava antigamente que ficaria sozinha com alguém que talvez não me amasse, eu estava muito bem agora.

...

Ter minhas irmãs conosco era bom e ruim ao mesmo tempo. Eu não conseguia ficar com elas por mais de cinco minutos. Depois desse tempo eu saía do lugar onde estávamos e me afastava bastante até não sentir mais o cheiro delas, o que me fazia ir para o outro lado do castelo. Eu estava me controlando ao máximo, mas era difícil demais. Principalmente quando eu tentava dormir.

Shu e eu estávamos na cama. Ele dormia calmamente e eu me mexia o tempo todo de um lado para o outro. Por fim pus a mão na cabeça e suspirei.

– Não consegue dormir? – Shu perguntou.

– Nem um pouco. Gomen.

– Sem problema. Quer companhia?

– Não adianta. – Eu disse – É o cheiro delas...

Shu sorriu e levantou. O olhei em dúvida e o vi se vestir, pegando em seguida uma coberta no armário.

– O que está fazendo? – Perguntei.

– Vamos passear um pouco. – Ele sorriu, me dando meu robe.

– Para onde? – Perguntava me vestindo.

– Você vai ver.

Shu esperou eu me levantar, amarrando o robe e pegou em minha mão, nos fazendo sair do quarto. Ele nos levou até um quadro na parede e o destravou, abrindo-o em seguida. Eu sorri achando graça, para onde ele estava nos levando? Andamos até as quatro entradas e Shu tampou meus olhos com a mão.

– Shu?

– É surpresa. – Ele sorriu.

– Planejou isso? – Perguntei sorrindo.

– Na verdade não. – Ele riu – É improvisado.

Eu ri e entramos em uma das portas. Andamos bastante e num momento comecei a sentir a grama enquanto caminhava. Senti um vento leve que balançava meus cabelos e paramos. Shu sorriu e tirou a mão de frente dos meus olhos. Eu pisquei algumas vezes vendo onde estávamos e abri um sorrio sem acreditar. Estávamos na floresta antes do vale, atrás da montanha.

– Por que...? – Perguntei com um sorriso.

– Você não consegue se concentrar em nada. E vai demorar para o inverno chegar e as portas da floresta se abrirem.

Deixei escapar uma risada leve. Ele pegou minha mão e me levou até a beira de um rio ali perto. Abriu o cobertor e o estendeu em cima da grama, se sentando em seguida. Eu sorri e me sentei ao lado dele, vendo como o céu estrelado estava maravilhoso.

– Nee, quando será que Nana vai se casar com Arata? – Perguntei – Será que eles vão nos convidar? – Sorri.

– Claro. – Ele sorriu, se aproximando e beijando meu pescoço.

Eu sorri, mordendo o lábio inferior. Ele beijava meu pescoço e aos poucos me senti um pouco ofegante, sentindo os caninos dele encostarem em meu pescoço. Mordi o lábio de novo e o empurrei, subindo e sentando em cima dele. Segurei seus braços e o beijei. Quando cessei e o olhei, ele me olhava calmamente.

– Você ainda não bebeu sangue, ne? – Ele perguntou.

– Hum? – O olhei em dúvida – Por quê?

Ele sorriu e eu compreendi.

– Mas... Eu posso fazer isso?

– Hai. – Ele achou graça.

Acalmei o olhar com vergonha. Até aquele momento apenas Shu me mordera e nunca o contrário. Ele recuou a mão, me fazendo soltá-lo e desabotoou a blusa, deixando o pescoço exposto. Corei um pouco, mas meus olhos ficaram vermelhos ao sentir as veias dele pulsando à minha frente.

– Shu... – Disse ofegante.

– Vá em frente. – Ele disse calmamente.

Engoli a seco, queria mordê-lo, mas sentia vergonha. Entre a vergonha e a sede, minha sede venceu. Aproximei o rosto e abri a boca, hesitante. Ouvi a pulsação de novo e o mordi, ofegando. O ouvi como se gaguejasse, aquilo era bom. Ele pôs a mão nas minhas costas e a outra na minha cintura, apertando-a levemente. Eu respirava ofegante enquanto bebia o sangue dele e sentia aquele gosto. Era bom, doce e me saciava. Quando terminei me sentei, ainda em cima dele, e ainda respirava ofegante, recordando o gosto. Ele me olhou e apoiou os cotovelos, pegando gentilmente minha bochecha e me beijando. Fiquei mais ofegante e parei o beijo, sorrindo e levantando. Fui em direção ao rio, abaixando as alças da minha camisola.

– O que vai fazer? – Ele perguntou.

– Nadar um pouco. – Sorri, deixando a camisola cair.

Ele me olhou atentamente, a única parte do meu corpo que estava tampada eram os seios por causa do meu cabelo. Me aproximei do rio e mergulhei. Ele deixou uma risada leve escapar, surpreso. Eu emergi e o olhei.

– Não vem? – Perguntei sorrindo.

Ele riu e levantou, tirando a camisa e a calça. Mergulhou e emergiu em seguida, me segurando pelas coxas e me levantando um pouco, me beijando em seguida. Nos beijamos até ficarmos ofegantes e ele me desceu um pouco, se encaixando em mim. Nos beijávamos sem parar e saímos do rio, continuando em cima da coberta. Shu me beijava e beijava meu pescoço, acariciando meu corpo. Num momento olhei para o céu e pensei como aquela noite estava perfeita. Fizemos amor repetidas vezes e depois voltamos para o reino.

Não soubemos até poucos meses depois, mas foi nessa noite maravilhosa que concebemos nosso primeiro filho.


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Notas finais do capítulo

Amores, deixando claro que não é certo o que será: menino ou menina. Bem, eu sei xD Mas para vocês por enquanto será surpresa xD Amo vocês, não esqueçam s2s2s2s2s2

Gostaram do capítulo? xD



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