Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 18
O veredicto




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Foi a primeira vez que vi uma guerra. Nunca pensei que veria uma na vida e muito menos que participaria de uma. Metade dos súditos foram mortos no reino, assim como um terço dos empregados e a rainha Saburo. Depois de tudo, fizemos os enterros de quem não teve seu corpo virado pó. Saburo-sama aceitou que o enterro da esposa fosse no reino. Mizuna e Mayu choraram bastante, e mesmo tendo certeza de que o rei Saburo queria chorar, ele se manteve sério enquanto fitava o retrato da esposa. Ela estava com um penteado parecido do dia que chegou ao reino e sorria gentilmente. O caixão dela ficou aberto até o final e em volta dele tinha velas da cor rosa e a rainha segurava um buquê de flores brancas. Muitos dos súditos choraram por seus parentes enquanto olhavam para suas fotos. O local estava repleto de velas e até as pessoas da vila foram ao enterro em forma de respeito e apoio.

Dias depois do enterro, enquanto os súditos reconstruíam o reino, houve um julgamento. Arata é o último Akihiko, então a responsabilidade do que os pais dele planejaram recaiu sobre ele. A família Saburo e todos nós da família Kazuhiro estávamos presentes. O rei Kazuhiro estava em seu trono ao lado de Ironi-sama. Shu e eu estávamos sentados ao lado direito do rei, assim como Keiji e Seiko, que estavam ao nosso lado – Eu tentava não respirar fundo por causa do cheiro de Seiko –, e a família Saburo ao lado esquerdo da rainha Inori. Mayu estava com Fumiko, era jovem demais para participar daquilo. Mizuna encarava Arata, que estava à nossa frente, entre dois guardas prateados.

Kazuhiro-sama dizia as acusações, que no caso seria omitir o plano dos pais, e disse sua sentença caso a maioria votasse: pena de morte.

– Então, – Kazuhiro-sama dizia – todos estando a par dos crimes cometidos, Akihiko Arata, você tem algo a dizer?

Os olhares foram em direção a Arata, que fitou o rei.

– Eu entendo bem os meus atos – Ele dizia – e confesso que estava disposto a participar do ataque, porém eu nunca compreendi a sede de poder dos meus pais, Kazuhiro-sama. E comecei a questionar o plano depois de conhecer alguém daqui.

Kazuhiro-sama levantou uma das sobrancelhas.

– Nome. – Ele disse.

Arata hesitou.

– Ela... Me servia. Nana.

Kazuhiro-sama não pareceu ter ficado surpreso. Nem Inori-sama, que ficara com Arata e Nana no esconderijo, como pedi aos dois que o fizessem. Enquanto Arata relatava o que acontecera, desde a mordida em Nana até o dia da cerimônia de transformação, eu esperava que Kazuhiro-sama tivesse piedade.

– Então, se apaixonou. – Kazuhiro-sama formulava.

Arata hesitou.

– H-Hai.

– Hum. – Ele pensava – Levem-no para a cela. Votaremos agora.

Os guardas fizeram uma reverência e retiraram Arata do grande salão. Esperamos ele sair e as portas se fecharem, então começamos a votar.

– Então senhores? – Kazuhiro-sama perguntou.

– Ele se arrependeu, está disposto a recomeçar com as famílias. – Inori-sama disse docemente.

– Com todo respeito, Inori-sama. – Saburo-sama disse – Mas ele sabia desde o começo sobre o plano.

– Ele discordava sobre o plano dos pais. – Shu disse.

Suspirei com as mãos no colo, fiquei feliz por ele ter apontado essa questão.

– Concordo que Arata-sama sabia de todo o plano. – Mizuna disse – Mas admito que quem matou mamãe foi Isitsey. Arata não matou ninguém, certo Megumi? – Ela me fitou.

A olhei e depois fitei seu pai com certa hesitação.

– Hai, Saburo-sama. – Disse – Quando eu saí do esconderijo e fui para o lado de fora, vi Arata protegendo Nana. E devo acrescentar que quando o abordei ao saber que ele a mordera, ele me disse que quer se casar com ela.

– Isso não importa. – Saburo-sama disse – Ele deve pagar pela família. Eu voto pela sentença de morte.

Mizuna o olhou perplexa, parecia surpresa com a decisão do pai.

– Papai...

– Calada.

– Mamãe não aceitaria isso.

– Eu sei. – Ele disse – Mas ela não está mais aqui, não é?

Mizuna abaixou o olhar. Todos nós votamos e a decisão foi cabida a Kazuhiro-sama, como sendo o juiz. Enquanto estávamos no grande salão, Arata estava na cela, sentado de cabeça baixa.

– Arata-sama.

Ele olhou para a direção da voz feminina que ecoou em sua mente da forma mais doce e viu Nana em frente às grades da cela. Ele arregalou os olhos surpreso e levantou, indo até as grades.

– O que está fazendo? Não pode vir aqui. – Ele disse com tom de preocupação.

– Não sei qual será a sentença, queria ver você. – Ela disse com os olhos marejados.

Ele acalmou o olhar e passou a mão pela grade, pegando gentilmente em seu rosto, encostando a testa na fresta entre as grades e fazendo-a fazer o mesmo. Os guardas que estavam presentes se entreolharam e um deles saiu do recinto. Arata e Nana conversaram por minutos e depois o guarda voltou, dizendo que era a hora. Nana suou frio e abriram a cela, tirando-o de dentro. Ela pegou em sua roupa, mas os guardas o levaram, fazendo-a soltar.

...

Arata estava a nossa frente novamente, esperando pela sentença. Eu disse tudo o que podia, queria ajudá-lo, mas naquele momento não podia fazer mais nada. A decisão já fora tomada.

– Akihiko Arata. – O rei disse.

Ele o olhou.

– Você é acusado de cumplicidade e omissão.

Segurei a mão de Shu e a apertei por estar nervosa.

– As regras são claras. Pelos atos cometidos, sua sentença é a morte.

Arata pareceu não ter ficado surpreso. Saburo-sama estava com o olhar sério e Mizuna com o olhar calmo.

– Porém. – Kazuhiro-sama disse, pegando todos de surpresa – Creio que devo admitir: você salvou uma de nossas súditas e não matou ninguém, estando apaixonado pela mesma. Como nada nesse mundo é certo de fato e a escolha para sua sentença é minha, você está liberado das acusações.

– Uhm... – Arata arregalou os olhos.

– Os causadores e culpados de tudo foram seus pais e você não se corrompeu. Então... Façamos um acordo.

Todos prestavam atenção, surpresos.

– Ofereço uma aliança entre as Três Grandes Famílias, como fora feito há centenas de anos. Você será libertado em troca dessa aliança e poderá governar o reino que fora deixado por seus pais. – Kazuhiro-sama concluiu.

Saburo-sama pareceu contra aquela decisão, porém não disse nada já que Mizuna conversara com ele a pouco, relembrando-o que ele sempre optou pelo perdão. Arata estava com a boca levemente aberta, sem acreditar naquilo. Kazuhiro-sama deu um meio sorriso, achando graça.

– Arata.

Ele despertou.

– Uhm... Hai,... Kazuhiro-sama. – Arata disse – Arigatou.

Kazuhiro-sama sorriu e fez um aceno para que os guardas saíssem do recinto. Naquele momento, não sei por que, me senti extremamente aliviada. Não por Arata, mas por Nana.

...

Kazuhiro-sama permitiu a Arata ficar por mais alguns dias para depois partir para o reino que agora ele governaria. Arata ficou no mesmo quarto de antes e sumira do castelo por algumas horas. Nana o procurava, porém não o achou até depois do jantar, quando ele a chamou. Ela foi até seu quarto em dúvida e bateu na porta, entrando logo depois de ele assentir. Ele sorriu ao vê-la e foi até ela.

– K-Konbanwa. – Ela disse com o olhar baixo.

Ele deixou um sorriso escapar, pegando gentilmente em sua bochecha.

– Quando eu estava na cela você me olhou nos olhos.

– Hum. – Ela olhou levemente para o lado, corando – Nee, onde esteve o dia todo?

– Ajudando em algo nas construções e... – Ele disse, tirando algo do bolso.

Mostrou a ela, que arregalou os olhos surpresa. Era um anel prateado com uma esmeralda em forma de losango. Nana ficou boquiaberta, gaguejava.

– N-Nani... Eu não posso aceitar! – Ela disse envergonhada, balançando as mãos e apertando os olhos.

Arata deixou uma risada escapar.

– Eu comprei pra você.

– Hum... – Ela pôs a mão na altura do peito, corando – Arata-sama... Eu...

– Você viria comigo para Mariwara? – Ele perguntou gentilmente – Se casaria comigo?

– Uhm... Eu... – Ela abaixou o olhar, corando – Mas assim eu me tornaria...

– Hai. – Ele sorriu.

– Eu só sou uma empregada, não posso... – Ela disse envergonhada.

– Você se tornaria minha rainha. – Ele disse, fazendo-a olhar em seus olhos.

Nana acalmou o olhar, corando levemente. Apertou os olhos, se encolhendo. Ele fechou os olhos calmamente, pegando sua bochecha novamente e aproximou o rosto do dela, encostando a bochecha na dela e sentindo seu cheiro. Nana abriu um pouco os olhos, vendo como ele estava perto e pôs a mão em seu peito, apertando levemente sua roupa.

– Desculpe por... – Arata ia dizer.

– Hum?

– Quando eu bebi seu sangue... Apertei sua coxa. – Ele disse envergonhado – Prometo que eu vou te respeitar.

– Hum. – Ela abaixou a cabeça, corando – H-Hai.

– “Hai” para o que?

– Uh?

– Vai vir comigo? – Ele a olhou e sorriu gentilmente.

Ela corou de novo.

– H-Hai... – Disse timidamente.

Arata sorriu e aproximou o rosto, beijando-a. Pegou a mão dela e pôs o anel em seu anelar. Nana não era o tipo de mulher imponente. Na verdade ela era tímida, insegura e obediente. Comparada a Isitsey, ela não fazia o perfil de rainha Akihiko e era justamente isso que Arata gostava nela. Nana era totalmente diferente e ele amava isso. Quando ela nos contou que iria embora com Arata, eu fiquei triste assim como Seiko. Quando ela se casasse Nana não seria sua dama de companhia, mas Seiko estava feliz por ela. Tínhamos certeza de que Nana seria feliz com Arata. Ele estava demonstrando gostar mesmo dela e no jantar do dia seguinte, Arata deu um vestido elegante para Nana e pediu ao rei que ela jantasse conosco. Olhei para Seiko, que fez o mesmo e sorrimos juntas ao vê-la tão bonita à mesa. O vestido dela era um azul claro que parecia combinar com sua gentileza. O cabelo dela estava solto e notamos que as pontas eram enroladas naturalmente, pelo fato dela não ser o tipo que arrumava o cabelo para chamar a atenção. Quando terminamos de comer, Arata se levantou e estendeu a mão para Nana, que levantou ao pegar na mão dele. Ela estava visivelmente sem jeito e corada, então Arata nos deu a notícia formalmente. Seiko e eu abrimos um grande sorriso em direção a Nana e até Mizuna ficou feliz pela notícia.


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Notas finais do capítulo

Meus lindos, maravilhosos. Eu estive pensando no final da história e achei sem graça parar na história de Shu e Megumi, então tive a ideia para a próxima geração. O que acham? Os filhos de Megumi com Shu, de Keiji com Seiko e até os de Arata com Nana e Mizuna com o marido que eu ainda vou inventar 'kkk

O que acham da ideia? Por favor, me digam. Estou ansiosa e quero saber a opinião de vocês xD



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