Amores escrita por Xokiihs


Capítulo 3
Lieben


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Shizune & Tsunade

~

Vim de uma família tradicional, e nasci em uma época onde mulheres deviam se casar cedo, serem mães de família e donas de casa. Me apresentaram um homem, Dan, e logo tive que me casar com ele. Dan era um homem bom, trabalhador, me respeitava e amava, tudo o que uma mulher poderia querer naquela época.

No entanto, quando olhava para Dan, não me sentia atraída ou não o amava da mesma forma que ele me amava. Nós éramos amigos, e eu o via dessa forma.

Eu me achava egoísta, pois ele percebia em minhas esquivas que eu não o desejava, enquanto tudo o que ele queria era ficar comigo. Me sentia triste, ao vê-lo me mandar olhares desanimados e, aquilo me sufocava, porque eu não queria vê-lo assim.

Era estranha, fora do lugar. Sim, era assim que me sentia.

Não o dava a devida atenção, não o amava o bastante, por isso quando eu o vi com outra mulher, não pude me magoar. Ele me implorou por perdão, e eu cedi, sem pensar muito.

Na verdade, quando o vi dentro do carro com outra, me senti aliviada. Ela poderia fazer por ele o que eu jamais poderia.

Continuamos casados por mais vinte anos, vivíamos de uma forma pacifica, embora Dan ainda me mandasse os mesmos olhares de sempre, mas há muito tinha parado de me culpar.

Com o passar do tempo, com as novas tecnologias e, também, a mudança de pensamento da sociedade, me descobri. Eu sabia o que queria, quem eu queria, e essa pessoa não tinha um pênis entre as pernas.

Quando me descobri, não me aceitei imediatamente. Me perguntava “por que eu?”, “logo eu?”, e achava muito injusto, já que eu era casada com um homem por quem eu não sentia nada. O tempo passou, e eu me oprimi, juntamente com o resto da sociedade que já fazia isso há tempos.

Levei minha vida da mesma forma de sempre, apesar que, dentro de mim, uma fera estava enjaulada, e eu fazia de tudo para não solta-la.

Aguentei calada, até aquele dia.

Dan tinha me avisado que sua sobrinha, que morava nos Estados Unidos com os pais, tinha passado em uma universidade daqui, portanto viria morar aqui por um tempo. Eu não vi porquê não, seria uma boa companhia para um casal de meia idade, já que não tínhamos filhos.

Até hoje penso se aceitar foi um erro ou um acerto.

Shizune era linda, jovem, com muito vigor e fome pela vida. Tinha acabado de sair debaixo das asas dos pais, adorava festas, bebidas e, apenas eu sabia, fumava. Não demorou muito, viramos amigas.

Ela me contava tudo, o que fazia nas festas, como estava se divertindo lá, e também as pessoas com quem ela estava saindo.

Naquele dia, quando Shizune me contou que tinha ficado com uma pessoa maravilhosa, uma fagulha de ciúmes – o que nunca senti por Dan, apareceu em mim.

Com o tempo, me apaixonei por aquela jovem, sobrinha do meu marido, trinta anos mais jovem do que eu. Era errado, eu sabia, mas não pude guardar o sentimento em meu coração.

Um dia, Shizune chegou bêbada em casa, e eu cuidei dela, para que Dan não visse. Quando a coloquei na cama, depois de vomitar e tomar um banho, ela chorou.

– Tsunade, você me acha estranha?

– Logico que não, Shizune.

– E-eu te amo, Tsunade.

– Eu também te amo, Shizune.

Foi o diálogo mais esquisito que já tive na vida, mas de certa forma, me aliviou. Porque eu amava ela, provavelmente não da mesma forma que ela me amava.

Novamente, estava enganada. Um dia antes de ir embora, Shizune me chamou em seu quarto, de madrugada. A casa estava silenciosa, Dan dormia pesado, e eu fui até lá, furtiva.

Conversamos, e ela disse que sentiria minha falta, ao que eu respondi que também sentiria. Inesperadamente, me beijou. Um beijo casto, apenas um toque de lábios, mas ainda um beijo. Eu fiquei assustada, mas quando a vi vermelha de vergonha, não resisti e a beijei mais profundamente.

Aquele fora o primeiro passo de muitos.

Ela se foi, trocamos mensagens, ligávamos uma para a outra, e, um dia, decidi me separar de Dan. Ele não estava surpreso, e disse.

– Sempre soube que você não era feliz comigo, embora não entenda o porquê.

A razão era simples. Eu não amava o Dan. Não amava homens. Eu amava as mulheres. Amava Shizune.

Fui visita-la, ficamos juntas, e prometemos que jamais deixaríamos uma a outra.

Outro erro. Shizune era nova, queria aproveitar a vida.

Depois de três anos juntas, ela se apaixonou por outra.

Fiquei triste, desolada, quase entrei em depressão. Mas deixei-a ir. Deixe-a livre, pois não queria que vivesse presa como eu sempre fui. Por isso, da mesma forma que ela tinha sido minha carta de liberdade, fui a sua.

Hoje, aos sessenta e um anos, vivo com Mei.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! ^^



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