Eu, meu inimigo e nosso bebê escrita por Lucy


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores da Lucy! ❤



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P.O.V Jade Ellis

A cada passo que Luke dá para se aproximar, dou dois para manter distância. Tem sido assim desde a hora que saímos da sala de cinema, como um jogo repetitivo e monótono. Me seguro para não rir.

— Acho que é a primeira vez que vou ao cinema com alguém e realmente assisto ao filme - ele diz, depois de um tempo em silêncio.

— Creio que não esperava que fosse diferente - eu digo, fazendo-o rir baixo.

— Não – ele responde.

O silêncio volta à tona. Observo duas garotinhas sentadas no banco da pracinha em frente ao cinema. Elas parecem extremamente concentradas, cada uma com um caderno apoiado na perna e lápis em mão.

Dou um sorriso mínimo, me lembrando de quando era pequena. Rachel e eu desenhávamos e depois dávamos notas ao desenho da outra. Éramos exigentes com os desenhos, mas a ruiva sempre foi melhor que eu. Na parte de desenho, pelo menos.

— Não querendo estragar seu momento reflexivo, nostálgico ou seja lá o que for - Luke diz, me assustando e me tirando do mundo dos pensamentos como se tivesse acabado de me dar um tapa. -, mas você está olhando para as crianças de forma psicótica. Se eu fosse o pai delas, já teria até chamado a polícia.

Olho para ele, sem decidir se estou irritada devido ao susto ou as palavras. Mas muito provavelmente pelo susto, já que é um tanto ridículo o modo como dou um pulo no lugar quando levo um, como um gato assustado.

— Você é sempre assim? - ele faz uma expressão de dúvida. – Indelicado, irritante e intrometido?

Ele ri e balança a cabeça.

— Quase sempre - ele passa o braço sobre meus ombros. – E você, é sempre tão chata, irritada e fria assim?

— Quase sempre - dou um sorriso forçado e tiro seu braço de meus ombros.

A duas garotinhas levantam e correm até uma mulher, que ri com a euforia das duas.

— Que tal esquecermos toda essa história de irritante, irritada e blá blá blá e irmos comer alguma coisa? - eu arqueio a sobrancelha. – Dá pra você parar com toda essa desconfiança?  Eu não vou fazer nada e prometo não te provocar. Uma noite de paz?

Ele estende a mão, como se fossemos selar um acordo. Eu franzo a testa e o observo por um momento. Por fim, aperto sua mão.

— Uma noite de paz.

P.O.V Thalia Grace

Dou risada, observando os papeis na mão de Nico. Ele faz uma careta e estende para mim.

— Ela disse que vai dar tudo isso para você também – ele explica, encostando-se à parede e focando seus olhos na rua em nossa frente. – É uma loucura.

— Eu gostei – dou um sorriso. – Ela só quer ajudar.

— Eu sei – ele sorri de volta.

Nico coloca a mão em meu cabelo e enrola uma mecha em seu dedo. Eu apoio minha cabeça em seu ombro.

— É assustador, né? – solto uma risada baixa. – Estou mais acostumada agora. Não costumo mais ficar desesperada quando olho para baixo e lembro que tenho dois seres humanos na minha barriga.

Nico pega uma pedrinha em nossa frente e joga na paisagem em nossa frente. Ela cai na grama sem fazer barulho nenhum.

— Vamos para algum lugar – Nico diz se levantando e me puxando com ele.

Ele abre a porta, entrando para a sala de estar novamente, dou de ombros e o sigo para dentro novamente. Assim que coloco meus pés na sala de estar, encontro Annabeth, Zoë e Bianca dormindo. As duas morenas dividem um sofá e Annie no chão, sobre várias almofadas.

Nico aparece ao meu lado novamente, me fazendo dar um pulo para trás com o susto. Ele sorri e me entrega um casaco.

— E elas? – eu questiono, vestindo a roupa escura que ele trouxe.

— Aposto que quando voltarmos elas nem terão se mexido – ele diz, abrindo a porta e me dando passagem.

Saio e sinto o vento gelado da noite em meu rosto novamente. Me viro para Nico, que fecha a porta discretamente.

— Aonde vamos? – eu pergunto e ele olha com dúvida para mim.

— Não sei – ele faz uma careta e eu dou risada. – Vamos no Mc Donald.

— Vamos!

P.O.V Jade Ellis

Coloco outra colher de sorvete na boca e foco na paisagem em nossa frente. Luke tivera a ideia de ir até a praia. Desvio meu olhar para ele e vejo que ele olha para mim. A mania que Luke tem de me encarar me deixa irritada, então decido fazer o mesmo. Infelizmente, ao contrário de pessoas normais, ele não desvia o olhar e me olha ainda mais intensamente.

Reviro os olhos e volto a olhar para o meu sorvete. Ele ri e eu tenho vontade de estrangulá-lo. Alguém tem ideia do quanto sua risada é irritante?

— Consigo sentir sua irritação daqui – Luke diz, fazendo-me olhar com raiva para ele. – Sua frieza faz o sorvete ter inveja.

— Mais uma palavra e nem se você me amarrar vai conseguir me manter aqui – eu ameaço, apontando a colher para ele. Ele levanta os braços em rendição.

— Você precisa parar de levar tudo a sério, Jadelyn – ele diz, dando um sorriso. Cruzo os braços, mantendo a expressão séria. – Você não relaxa nunca?

— Quando estou sozinha ou com alguém que eu goste, talvez? – eu forço um sorriso sarcástico. Ele faz uma careta.

— Percebi isso – ele comenta. – Você é sempre gentil com o Di Angelo.

Dou de ombros.

— Sou.

Ele apoia o rosto na mão e olha para mim como se tentasse decifrar alguma coisa. Me seguro para não desviar o olhar novamente.

— O que foi que você viu nele? – ele solta, me fazendo olhar surpresa para ele. – Quer dizer, ele pode ser um cara legal e tal. Mas você é tão... Incrível. Por que ficaria atrás de alguém que já estava com outra?

Arqueio a sobrancelha, tentando dizer o que ele quis dizer. Então, compreendo e sinto meu rosto esquentar.

— Você está falando da Grace? – eu arqueio a sobrancelha e ele balança a cabeça, assentindo. – Você sabe que eles não estavam juntos quando eu estava com ele, né? – ele arregala os olhos, claramente surpreso. Eu respiro fundo. – Por que é que sempre acham que eu que cheguei depois, tentando atrapalhar tudo?! Quando eu estava com Nico eu não fazia ideia que ele já tinha ficado com Thalia, muito menos que ela estava grávida. Que mania de me fazer a vilã da história!

— Ei, foi mal – ele se desculpa, fazendo uma careta. – Eu só...

— Não quero saber – eu o corto, colocando a última colher do sorvete na boca.

Ele se levanta e estende sua mão.

— Me dê sua bolsa – eu arqueio a sobrancelha. – Eu não vou fazer nada demais, Jade.

Entrego a bolsa, me segurando para não revirar os olhos. Ele pega a bolsa e sai andando, sigo-o com os olhos e vejo-o andar até onde está seu carro, colocar a bolsa lá e voltar até ao banco onde eu estou.

— Por que você... – ele me puxa pelo braço, fazendo com que eu levante. – Está maluco?

Ele não responde e continua me guiando. Percebo que ele está me levando para a areia e paro. Ele se vira, olhando para mim.

— Olha só para o meu pé – eu aponto para o meu salto. – Vou cair.

Ele dá um sorriso de canto, como se tivesse acabado de ter uma ideia incrível. Quando ele começa a se aproximar, percebo que não tem nada de incrível na ideia.

— Luke, não. Nem pense nisso – eu tento dar um passo para trás no momento em que ele me pega no colo. Solto um grito e ele ri. – Castellan, me solte. Me solte!

Ele me ignora e volta a andar em direção a praia. Tento me debater, mas ele não se importa. Faço uma careta.

— Eu vou gritar! – eu exclamo, dando tapas no braço dele. – Luke!

— Ninguém vai escutar você – ele dá um sorriso provocador.

Eu solto um suspiro e faço a expressão mais simpática que posso.

— Tudo bem, me coloque no chão e eu tiro o salto – eu sugiro e ele me olha com desconfiança. Faço um bico. – Por favor!

Ele me coloca novamente no chão e dá um sorriso. Olho com raiva e dou-lhe um tapa no braço.

— Nunca mais ouse me carregar assim! – eu exclamo, tirando o salto.

Assim que meus pés tocam a areia, faço uma careta. Apesar de ser uma sensação gostosa, eu nunca simpatizei muito com praia, principalmente com essa parte. Volto a olhar para Luke e vejo que ele me olha com uma expressão incrédula e um sorriso irritante.

— O que foi? – eu questiono, cruzando os braços.

— Você é tão fresca.

Eu não sou fresca— eu rebato. – Só não gosto muito de praia, muito menos de areia. Isso não me faz fresca.

— Você está certa – eu balanço a cabeça. – Thalia também não gosta. E é a pessoa menos fresca que eu conheço.

Reviro os olhos. Sinceramente, já tinha perdido a conta de quantas vezes fizera isso na presença de Luke. Ele conseguia me deixar mais irritada que Thalia, Paige e Calipso juntas.

Ele parecia se divertir e gostar quando eu estava irritada. Como se fosse algo bom eu sentir vontade constante de matá-lo.

— Você realmente precisa parar de encarar as pessoas assim, querida Jadelyn – Luke faz uma expressão esquisita. – Você precisa relaxar e sorrir mais.

— Você vai mesmo implicar com tudo? – franzo a testa. – É por esse e mais milhares de outros motivos que...

Antes que eu possa terminar de falar, suas mãos estão na minha barriga. Penso que ele vai me pegar no colo novamente e me apavoro, mas percebo que ele fará algo muito pior: cócegas. Nos segundos a seguir, vemos uma Jade rindo descontroladamente enquanto um idiota loiro toca seus dedos nojentos nela.

— Par-ra! – eu gaguejo, tentando segurar a risada e me afastar. – Luke!

Continuo passando por essa tortura por mais longos segundos, até ele parar e rir da minha situação. A única coisa que consigo fazer é colocar minhas mãos sobre seus ombros e abaixar a cabeça, tentando fazer com que minha respiração volte ao normal.

Quando consigo voltar a respirar novamente, tiro minhas mãos de Luke e volto a olhar para cima. Quando meus olhos encontram os dele, há algo que não consigo decifrar. Contenho-me para não bufar. Sempre tive uma grande facilidade para ler as pessoas, e não ser capaz de saber o que passava nos olhos de Luke, uma pessoa tão previsível, me deixava intrigada.

Ele pisca para mim e eu continuo ali, observando-o. Então, finalmente, entendo sobre o “idiota, porém lindo” que Tia Cece sempre falou. Luke seria perfeito, se não fosse um idiota quando abrisse a boca. E ele está tão caladinho agora...

Não. Jade, não.

— Eu preciso ir para casa – eu solto, dando passos para trás. – Minha madrinha vai ficar louca se eu chegar muito tarde.

— Tudo bem – ele diz.

O caminho é longo e silencioso. Quando estamos quase chegando, peço para que ele pare algumas casas antes da minha.

— Beatrice vai me encher de perguntas – eu explico e ele assente.

Quando chegamos, saio do carro e Luke sai também. Olho para ele e abro a boca para me despedir, mas antes que eu possa proferir alguma palavra, ele junta nossos lábios. No mesmo instante em que sinto sua boca tocar a minha, o empurro e olho com incredulidade para ele.

— Como você... – dou um tapa nele e minha mão dói. – Nunca mais ouse tocar em mim novamente!

Ele apenas sorri, colocando a mão sobre o lugar onde eu dei o tapa. Eu bufo irritada e me viro, andando rapidamente até minha casa. Bato a porta com força e o xingo em voz alta, tentando controlar a raiva.

— Meu Deus, Jadelyn – a voz de minha tia diz quando estou prestes a dar um grito irritado.

Olho para onde ela está e a encontro no meio da sala, em posição de ioga. Seus cabelos ruivos estão soltos e bagunçados.

— Oi, tia Cece – eu digo, tentando sorrir.

 – Até perguntaria o que está acontecendo, mas vou aconselhar que você corra para o quarto antes que a chata da Beatrice perceba que você chegou e venha te encher de perguntas – ela diz, sorrindo maliciosamente.

Eu assinto e subo as escadas correndo, tropeçando no último degrau. Quando estou chegando na porta do meu quarto, escuto minha tia gritar.

— Você deveria dar uma chance para o loiro bonitinho – ela solta uma risada.

Reviro os olhos.

— E você deveria parar de espiar pela janela! – eu grito de volta, fechando a porta e ignorando cada sussurrinho interno que me diz que o conselho de Cece não era tão ruim assim.

P.O.V Thalia Grace

— Mc Lanche Feliz, Nico? – eu pergunto, rindo. – Sabe, os bebês ainda não nasceram.

Ele revira os olhos, empurrando o copo de refrigerante para mim.

— Você sabe que é o melhor – ele diz como se fosse óbvio.

— Se você diz – dou de ombros.

Comemos sem falar muito, já que só faltou um anel para Nico pedir o lanche em casamento e me deixar ali sozinha enquanto ia para uma lua de mel em Paris. Quando terminamos, Nico resolve que vamos ao parque. Então, segura minha mão e sai correndo.

— Você precisa mesmo correr até lá, Nico? – eu exclamo, rindo e sendo praticamente arrastada. – O parque não vai fugir!

Ele ri e continua correndo. Quando estamos chegando, tropeço na calçada e bato meu nariz nas costas dele.

— Você é a pior pessoa que eu já conheci, Di Angelo – eu digo, com a mão sobre o nariz.

— Não é verdade – ele para e ri, estendendo a mão para mim. Eu a pego e voltamos a andar em direção ao parque.

Nós passamos por algumas pessoas e pelo parquinho, onde não há nenhuma criança. Quando chegamos ao centro do parque – que está vazio e silencioso – Nico se senta perto de uma árvore e eu faço o mesmo.

— Minha mãe sempre trazia Bianca e eu aqui – ele fala, olhando para o céu. – Ficávamos horas observando a noite. Ela dizia que éramos as estrelas dela e ela era nossa lua. Mia luna.

— Luna – eu repito, quase num sussurro. Ele olha para mim. – É um bom nome.

Ele sorri e balança a cabeça.

— É um bom nome – ele concorda.

Nós olhamos e sorrimos novamente. Não era preciso dizer mais nada.

 - Eu e minha mãe pegávamos cobertas e passávamos madrugadas na sacada do apartamento fazendo isso também – eu digo depois de um tempo em silêncio, apoiando o queixo sobre minhas mãos.

Ele assente e volta a olhar para o céu. Eu continuo o observando, pensando em tudo que tinha acontecido até agora. Brigas e gritos que, rapidamente, deu lugar para cuidado e risadas. Como se em alguns meses o ódio se transformasse completamente em... Arregalo os olhos, afastando a mão do rosto.

Nico olha para mim com uma expressão preocupada.

— Tá tudo bem? – ele pergunta se aproximando e eu assinto. – Thalia, você tá com os olhos arregalados e me olhando como se eu tivesse acabado de te dar uma facada.

Eu balanço a cabeça e tento sorrir, mas não parece muito convincente, já que Nico se aproxima e segura meu queixo com a mão. Quando ele arqueia a sobrancelha e a única coisa que consigo pensar é o quanto ele é fofo e seus olhos bonitos, faço uma careta e grudo nossos lábios.

Quando nos separamos, continuo ali, parada com o rosto próximo ao seu. Fecho os olhos e solto um suspiro.

— O que você está fazendo comigo? – eu digo numa voz baixa.

— Bom, pelo que estou observando aqui – ele me dá um selinho – estou deixando você completa e perdidamente apaixonada.

Dou risada, jogando a cabeça para trás. Quando olho para Nico novamente, ele está com a cabeça inclinada, me observando com um sorriso de canto. A única coisa que consigo fazer é dar um pequeno sorriso e balançar a cabeça, concordando com suas últimas palavras.


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Notas finais do capítulo

Demorei? Demorei! Mas eu já tô escrevendo o próximo capítulo e essa semana tem feriado, então espero conseguir escrever bastante ❤ Como é que vocês estão? Eu tô bem, mas com muito sono.
GENTE, HOJE ACONTECEU UMA COISA MUITO BIZARRA COMIGO que me deixou muito irritada. Estava de boa, caminhando pela Paulista calmamente quando de repente uma mulher tentou cuspir em mim!!!! AI, como uma boa barraqueira, já olhei pra ela gritando E SABE PORQUE ELA FEZ ISSO??? PORQUE A FITA DO MEU CABELO ERA VERMELHA!!!1!!! Aí, eu fiquei loka da vida, e ela me chamou de comunista e entrou no metrô. Me segurei pra não pegar uma faca e ir atrás dela.
Era só isso mesmo, agora eu vou voltar pra geometria. Ignorem qualquer erro e até mais! ❤