P.O.V Thalia Grace

Acordo sobressaltada devido ao som alto do despertador. Reclamo em pensamentos e tiro o braço de Nico de cima de mim com cuidado e me inclino sobre ele para desligar o maldito relógio. Assim que aperto o botão com irritação, escuto uma risada e olho para baixo, encontrando Nico com um sorriso malicioso para mim.

– Não me importaria de ser acordado desse jeito todos os dias – ele diz e pisca para mim de um jeito sedutor.

Jogo-me ao seu lado rispidamente e sinto minha bochecha esquentar.

– Cale a boca, di Angelo – eu digo, revirando os olhos.

– Relaxa, Grace – ele diz preguiçosamente e me puxa para perto pela cintura novamente, fechando os olhos antes de continuar. – Ninguém vai para aula depois de passar a noite em uma festa. A escola vai estar vazia, vamos dormir.

Reviro os olhos mais uma vez mesmo sabendo que ele não pode ver e o empurro para longe com as mãos, me levantando em seguida.

– Eu tenho outra coisa para fazer – eu digo e ele abre os olhos e me encara. –, e isso não envolve a escola ou ficar dormindo com você.

– E é o que, então?

– Um ultrassom – respondo com indiferença e ele se senta bruscamente com uma expressão irritada no rosto.

– E você pretendia me contar isso quando, Thalia? – ele se levanta em um pulo e se aproxima.

– Eu não sabia que você se importava – digo em uma voz baixa.

Ele revira os olhos e balança a cabeça com incredulidade.

– É meu filho também, Thalia. Que droga. – ele vai até o guarda roupa e se vira novamente para me olhar. – Eu vou com você.

– Desculpe não ter contato – digo com arrependimento na voz e ele balança a cabeça. – Vamos nós dois então.

Nesse momento, Bianca invade o quarto com um desespero cômico, quase derrubando a porta.

– Eu vou com vocês – ela tropeça em seus pés e respira fundo antes de continuar. – Vou me trocar e vou com vocês.

Eu e Nico rimos e ela nos encara com uma pressão confusa, colocando uma mecha de seus cabelos pretos e bagunçados atrás da orelha.

– Você estava escutando atrás da porta, Bia? – Nico indaga, fazendo Bianca arregalar os olhos e enrubescer.

– Ahn... Eu estava só me certificando que não estava acontecendo nada demais aqui dentro – ela morde os lábios. –, vocês dois... Ah, deu pra entender.

É a minha vez de ruborizar. Nico solta uma risada e coloca suas mãos em meus ombros e nos de Bianca, nos levando para fora do quarto dele.

– Tá, acabou a festa no quarto do Nico. – Ele nos larga quando chega ao corredor e encosta na porta. – Vão se arrumar e nos vemos lá embaixo. - Nós assentimos e seguimos para o quarto, ouço a porta do quarto de Nico se fechando atrás de mim.

Pego roupas simples - uma regata branca e uma calça jeans qualquer – e sigo para o banheiro. Sinto a água quente em meu corpo e percebo que só agora que eu realmente acordei. Passo bons minutos no banho e saio do banheiro já pronta, cantando baixinho.

Encontro Bianca jogada no sofá com um vestido florido e seu cabelo preso em uma trança, comendo biscoitos e com uma tigela de cereal sobre seu colo. Quando me vê, ela sorri e estende a tigela para mim.

– Você não cansa de me mimar? – eu questiono rindo e me jogando ao seu lado, colocando uma colherada de cereal na boca. Ela nega com um balanço de cabeça. – Onde está Nico?

– Sem desesperos, por favor. Eu estou bem aqui – Nico provoca, descendo as escadas com um sorriso de canto.

– Vamos logo, então. Odeio me atrasar – eu digo rispidamente.

Bianca levanta e corre em direção a saída, sendo seguida por Nico com o mesmo desespero. Eu dou uma risada e pego a chave para trancar a porta da frente.

...

– Thalia Grace – escuto uma voz masculina chamar meu nome e me levanto. Nico e Bianca fazem o mesmo.

Sinto um frio na barriga e respiro fundo. Controle-se, Grace.

– Se esse médico tentar me impedir de entrar na sala, eu juro que jogo álcool nele e... – Bianca começa e alguém ri há alguns metros de nós.

– Eu não vou – o médico diz abrindo caminho para nós. Ele tem olhos e cabelos escuros, com uma pele bronzeada. Se o visse na rua, jamais pensaria que ele seria meu obstetra. – Fiquem a vontade, os três.

Depois que entramos na sala, o obstetra fecha a porta gentilmente e se senta em sua cadeira, de frente para nós.

– Eu sou Peter – ele se apresenta e sorri para mim. – E vou chutar que você é Thalia. – eu assinto com um sorriso gentil. – E você é o pai?

Nico balança a cabeça, concordando com uma expressão nervosa. Bianca solta um suspiro e nós olhamos para ela.

– E eu sou a tia mais maravilhosa de todas – ela pisca para Dr. Peter. – E não são poucos tios, devo ressaltar.

O doutor ri e acena com a cabeça. Ele pega alguns papéis e os lê por alguns segundos, voltando seus olhos para mim logo depois.

– Você está de quinze semanas, sim? – ele questiona e eu concordo. – Hm, ok. Que tal começarmos com o ultrassom e eu lhe passo as recomendações em seguida?

– Isso, isso – Bianca concorda animada, fazendo Nico colocar a mão na testa, envergonhado.

– Bianca, cale a boca – ele murmura, mas é ignorado pela irmã.

– Vamos então, Thalia? – Peter sorri para mim e nos leva até uma porta no canto do consultório, que dá em uma sala menor e com menos luz.

Vejo uma maca e outros equipamentos que não faço a mínima ideia dos nomes ou para o que sirvam. Sinto o frio na minha barriga aumentar. Dr. Peter me ajuda a subir na maca e eu me deito. Nico se aproxima e pisca pra mim.

– A última vez que te vi deitada assim, você estava desmaiada – vejo um sorriso no canto de sua boca.

– Seria clichê eu desmaiar de novo, então? – ele ri baixinho e toca em meu cabelo, afastando a mão em seguida. Eu o encaro, mas não digo nada.

Vejo Bianca ao lado do médico, apontando para os aparelhos e pedindo explicações, recebendo todas as respostas com sorrisos e gritinhos. O doutor se vira para nós com um aparelho na mão, ele passa um gel na ponta e aponta para minha barriga.

– Você pode levantar a blusa de sua namorada, por favor? – ele pergunta para Nico, que faz – com as bochechas coradas – o que ele pediu. O obstetra dá um sorriso e se aproxima, colocando o aparelho em minha barriga.

– Ui – eu exclamo. – Que geladinho.

Dr. Peter assentiu com um sorriso e apontou para a tela ao lado da maca. Começo a ver as imagens e apesar de não enxergar nada com nada, eu dou um sorriso e coloco a mão sobre a boca. Bianca solta um suspiro, sentando em uma cadeira ao lado da tela e apoiando o rosto nas mãos.

– É emocionante – eu digo e sinto meus olhos marejarem. – Borrado e emocionante.

Sinto a mão de Nico entrelaçar a minha e olho para ele, que tem um sorriso fofo e uma expressão encantada no rosto.

– Está tudo bem, né? – ele pergunta com um olhar curioso. O médico passa o aparelho no meio da minha barriga e dá um sorriso.

– Ele está – sua expressão muda e ele arregala os olhos. – Uhm... Eles estão, aliás.

Eu e Nico arregalamos os olhos ao mesmo tempo, enquanto Bianca dá um grito e ergue as mãos para o alto, levantando bruscamente da cadeira.

– Eles? – Nico pergunta. – Então não é só um?

Aperto a mão de Nico, que devolve o aperto. Peter não tira os olhos da tela quando nos responde.

– Não – ele sorri -, são dois.

P.O.V Nico di Angelo

Thalia permanece com a boca aberta em um perfeito “O”. Bianca continua dançando no meio da sala e eu me permito encarar a tela com incredulidade.

– Eu tinha certeza! – Bianca exclama. - AI, MEU DEUS. Eu vou ter um ataque de tanta felicidade.

Vejo Thalia passar a mão livre sobre os olhos molhados e encarar minha irmã.

– Você tinha certeza? – ela pergunta incrédula.

– Isso nem passou pela minha cabeça, nem por um segundo – eu digo.

Bianca se vira para nós como se tivéssemos cometido um crime, revirando os olhos em seguida.

– Nico, você é gêmeo – ela exclama. – E sua mãe teve gêmeos também, Thalia! Como foi que vocês não pensaram nas grandes chances de ter dois bebês aí?

Dr. Peter afasta o aparelho da barriga de Thalia e nos encara.

– Dois casos de gestação múltipla e vocês nem pensaram na possibilidade? – ele ri e entrega papéis para Thalia limpar o gel da barriga. – Bom, são dois. Só não foi possível ver os sexos, mas creio que descobriremos na próxima consulta.

Thalia limpa sua barriga e desce da maca, abaixando sua blusa. Seco suas lágrimas com o dedo e ela sorri para mim, se jogando em meus braços em seguida.

– Eu estou apavorada – ela sussurra e se afasta, olhando para o obstetra novamente. – Recomendações?

O doutor sorri para ela e assentiu, nos levando de volta para seu consultório.

– Bom, agora que descobrimos que são gêmeos, devo começar com a alimentação e o peso dos bebês – ele nos olha com atenção. – A principal complicação desse tipo de gestação é o baixo peso dos bebês e a prematuridade. E para a mãe, os riscos de pressão arterial, diabetes, anemia são maiores. É de extrema importância que você se alimente bem e corretamente, para que você e os bebês permaneçam saudáveis até o fim da gestação.

Thalia encara o médico com atenção e balança a cabeça concordando.

– Não se preocupe quando a isso – minha irmã começa -, o que mais fazemos naquela casa é fazer ela comer.

Thalia concorda rindo e o médico balança a cabeça com aprovação.

– Isso é ótimo – ele imprime algo e entrega em minhas mãos. – Isso é uma dieta, caso fique em duvida dos horários ou algo assim. Além de se alimentar corretamente, peço que você evite excesso de esforço físico e mental, nada de se estressar por qualquer coisa.

– Bom, agora temos um problema. Ela é descontrolada por natureza – eu murmuro e Thalia me dá uma cotovelada. – Está vendo?

– Cale a boca, di Angelo! – ela exclama, irritada.

O doutor franze a testa e dá um risinho.

– Tente acalmá-la, Nico – ele se vira para Thalia. – Pense nos bebês, antes de qualquer coisa. - Ela balança a cabeça e dá um sorriso simpático. – Bom, acho que agora podemos nos despedir. Meu telefone está junto com a dieta, caso precisem.

Saímos do consultório em silêncio. Assim que colocamos os pés fora do hospital, Thalia se agarra no meu braço e solta um suspiro.

– Meu Deus, Nico! – ela exclama e eu a puxo para perto. – Dois bebês! Dois!

– Ah, isso é emocionante – eu solto uma risada fraca. – Nada de brigas entre Annabeth e Zoë, né?

– E mais alegria e bebês fofos pra tia Bianca! – minha irmã grita.

Thalia esconde o rosto no meu pescoço e solta um suspiro.

– Estou tão ansiosa para o mês que vem – ela sussurra. – E não consigo controlar a vontade de chorar, isso é estranho.

– Não controle – eu digo e ela se afasta, com um sorriso. Eu a puxo pelo braço. – Vamos embora, estou com fome.

Ela acena com a cabeça e vamos para o carro. Ela me puxa para o banco de trás e encosta o corpo no meu, pegando o celular.

– Preciso contar a Jason, sabe? Vou ligar e ver onde ele está – ela diz enquanto disca o número de seu irmão.

Depois de falar com Jason, ela pede que Bianca vá para casa de Piper, pois ele está lá. Thalia manda mensagem para as duas melhores amigas e deita sua cabeça em meu ombro. Bianca canta alto as músicas do rádio.

...

Tocamos a campainha da casa rosa e a porta da frente é aberta quase imediatamente. Jason e Annabeth sorriem para nós e abrem o caminho.

– Conta, conta, conta – Zoë surge do além. – Se você mandou uma mensagem para virmos para cá, é porque é algo importante – Ela sorri esperançosa. – É um menino?

– Não sei – Thalia responde, rindo.

Vamos até a sala, onde Piper, Drew e Leo estão sentados jogando videogame.

– Piper, para de atirar em mim, sua idiota! – Drew grita.

– Eu não estou atirando em você, Leo que está!

– O que?! Eu nem estou jogando! – Leo exclama e se vira para nós e dá um sorriso, passando a mão em seus cabelos enrolados. – Rainha do suco!

– Leo – Thalia diz sorrindo e dá um abraço no garoto moreno. Me seguro para não revirar os olhos.

Drew solta um grito e joga o controle em Piper.

– Você não pode pausar só porque está perdendo!

Piper revira os olhos e pisca para mim, se virando para Thalia e a abraçando.

– Como está esse bebê? – ela pergunta e Thalia olha para mim.

– Sobre isso... – Thalia começa e Piper a corta.

– SILENA! THALIA CHEGOU! – Piper grita olhando para escada. Escuto um barulho de algo caindo e uma porta se batendo. Então Silena aparece só de toalha e cabelos molhados, descendo as escadas em uma velocidade impressionante.

– Thalia, querida! – ela se joga nos braços de Thalia, segurando com uma mão a toalha e Drew bufa.

– Tudo isso por Thalia e um bebê? – ela questiona com uma voz enojada.

Thalia vira rispidamente para Drew.

– Tudo isso por Thalia e dois bebês – ela dá ênfase no “dois”.

Todas as garotas – com exceção de Drew – soltam gritos animados e agudos ao mesmo tempo, pulando em Thalia.

– Gente, por favor, por favor – escuto a voz abafada de Thalia entre os gritos e risos.

Todas se afastam, mas continuam descontroladas, falando todas juntas e dando pulinhos.

– Eu tenho um bebê só pra mim e você tem um pra você! – Annabeth grita para Zoë, que faz uma dancinha da vitória com Leo e Piper.

– Então quer dizer que eu terei dois sobrinhos ao mesmo tempo? – Jason pergunta com um sorriso bobo. Thalia concorda com um balanço de cabeça e um sorriso.

– Nós teremos! – Bianca exclama e joga em Jason. – Seremos os tios mais legais desse universo, meu Deus!

Thalia se aproxima de mim e ri. Drew nos olha e seus olhos piscam várias vezes.

– Bom... Sorte de vocês por terem nascido em famílias ricas, não é? – ela força um sorriso. – Gêmeos ou não, terá comida suficiente.

Todos olham para ela e ficam em silêncio. Silena solta um grito irritado e puxa a irmã pelos braços.

– Venha me ajudar com a roupa, sua idiota de olhos puxados! – ela arrasta Drew pelas escadas, reclamando sobre como a morena era desagradável e irritante.