Perversa escrita por Diamandis


Capítulo 42
Capítulo 42




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“Liga pra mim, se quiser conversar.” Foi a última coisa que Hermione ouviu de Ronald aquela noite. Ele havia gritado do lado de fora da sua janela, antes de ir para o carro.

Ela chegou discretamente à janela e viu os dois entrando numa linda BMW 760 Li prateada. Mas não foi Arnold W. que se sentou ao banco do motorista. Foi Ronald! Ela, Hermione Granger não tinha carro. E ele tinha uma BMW!

Durante as três noites, sonhou que andava pelas ruas de Nova York procurando pelo Central Park, onde Ronald devia estar. No caminho, haviam milhares de carros prateados e, dentro deles, todas as pessoas que ela conhecia repetiam: “Liga pra mim, se quiser conversar”. No Central Park, ao invés de Ronald, havia uma lista telefônica.

Na manhã do quarto dia, levantou-se correndo e desceu as escadas ainda com seu minúsculo pijama. Pegou o telefone e a agenda do pai. Procurou por ‘Weasley’ e encontrou o telefone da casa dele. Discou.

– Alô?

– Er.. Oi. Eu poderia falar com o Ron, por favor?

– Hermione? – Perguntou. – Sou eu, pode falar. – Disse, com a voz um pouco entusiasmada demais.

– Vem pra cá. A gente precisa conversar.

– Estou indo.

E desligaram.

Então, ela olhou ao redor. Havia um grande pinheiro com bolas, laços e uma grande estrela dourada na ponta. Embrulhos coloridos estavam espalhados em volta dela. Percorreu os olhos pelo resto da sala e viu guirlandas, papais noéis, um presépio. Lá fora nevava e Hermione sentiu falta do frio, que devia estar sentindo. Aquecedor.

Era véspera de Natal!

Subiu e tomou uma ducha. Vestiu seu suéter vermelho e verde preferido, calça jeans e pantufas com pompons. Tudo tão natalino. Uma hora depois, a campainha tocou. Ela correu para abrir e chegou à porta, antes mesmo de seu pai abrir a porta do escritório.

Era ele.

– Oi.

– Oi, entra.

Ronald estava exatamente como ela lembrava ser ‘seu’ Ron. A única diferença era a BMW 760 que ela podia ver parado à porta da casa. Hermione olhou para os lados e ouviu murmúrios vindos da cozinha. Empregadas.

– Vem comigo até a biblioteca, por favor.

– Vocês tem uma biblioteca aqui?

– Pequena. – Explicou. – E especializada em jornalismo.

Ele riu, mas logo um silêncio constrangedor se instalou entre eles. Quando chegaram, ela se sentou sobre as pernas num sofá. Ronald ficou de pé.

– Você devia ter me contado. – Ela começou.

– Por que?

– Porque eu tinha o direito de saber.

– Hermione, presta atenção. – Ele se aproximou até estar com os braços apoiados na poltrona em que ela estava. – Até antes de ontem, nós não tínhamos nada sério.

– Se você quer interpretar desse jeito, tudo bem. Mas então, você vem mentindo pra mim há dois dias.

Ronald abriu a boca para protestar, mas Hermione continuou falando.

– E não importa quanto tempo, o que importa é que foi errado, sacou? E já faz algum tempo que, o que rola entre nós dois, é mais do que... raiva e atração.

Weasley suspirou.

– Acontece que eu e meu pai pretendíamos mesmo esconder nosso parentesco. Para não eu não ser pré-julgado como ‘protegido-do-papai’. Isso acontece todo o tempo, em milhares de escolas, no mundo todo.

– Mas desde anteontem. Ou digo mais, nossa ligação foi forte o bastante para você ter o dever de me contar desde bem antes de anteontem.

– Foi? – Ele perguntou. – Pretérito perfeito?

Ela baixou os olhos.

– Não sei mais.

Ronald suspirou uma vez, conformado. Afastou-se, deixando o corpo dela um pouco mais frio, e caminhou até a porta.

– Se você prefere assim... – Cedeu. – Só queria te lembrar, que eu não sou o único com segredos. – Abriu a porta e virou-se de costas. – Não é mesmo, Perversa?

– Espera! – Ela gritou, ficando de pé. – Do que... do que você está falando?

Hermione se aproximou e puxou Ronald para trás.

– Não se faça de boba, Hermione. Você sabe do que eu estou falando. – E se virou novamente.

– Não! Eu...

Ele a encarou com seu par de safiras azuis, penetrando nos seus míseros olhos castanhos. Hermione hesitou e sentiu suas pernas menos firmes.

– Eu... Como... Como você descobriu?

Ele sorriu. Já era um avanço.

– Foi fácil. Eu apenas tive que juntar as peças e tudo ficou claro.

– Quais peças?

– Primeiro, quem era a única pessoa que sabia que eu ajudei a bibliotecária no primeiro dia em que nos falamos?

“– Não. – Ela o olhou de cima à baixo com desprezo e seus olhos pararam no que ele carregava. – O que faz com esses livros?

– Eu estava passando pela biblioteca e a bibliotecária pediu para eu levar uns livros até a secretaria.” Lembrou.

– Outra pessoa pode ter visto.

– Ok, então como com a Perversa postou que você me agradeceu depois de eu ter te tirado da piscina, sendo que só nós dois estávamos lá? – Ele desafiou. – E claro, você garantiu que todos saberiam logo antes do post ser enviado.

“– Cale a boca. – Ordenou. – Não se acostume a ouvir isso, mas... Obrigada.

– Espera, espera, espera! Eu preciso filmar isso. Nunca acreditariam em mim se eu contasse.

– Você é tão idiota!

– Você é tão enjoativa!

Hermione fechou o portão e apoiou o rosto nas grades.

– Eles vão acreditar. Tenha certeza.”

Hermione abriu a boca, mas não teve palavras.

– E, para finalizar – ele continuou –, por que a sua letra estava num papel assinado pela Perversa na estação de Little Falls? E, claro, com uma caneta com suas iniciais ao lado.

Ela desviou o olhar.

– Bem, eu... Está bem, sou eu. E agora? Satisfeito? – Ela gritou. – Já jogou na minha cara a mentirosa que eu sou. Estamos quites agora?

Ele a fitou em silêncio por um segundo. Depois, sorriu ternamente.

– Quites? – Gargalhou despreocupado. – O mais insuportável disso tudo é que, mesmo com isso tudo, você ainda gosta de mim do mesmo jeito. E vice-versa.

Ela ruborizou e fez uma expressão revoltada. Mas, mesmo relutante, se jogou nos braços dele. Aquele foi o melhor Natal de todos.


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