Perversa escrita por Diamandis


Capítulo 20
Capítulo 20




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– Vamos lá, Hermione. Vai ser divertido.

– Cala a boca. – Dizia ela, com a cara enterrada no travesseiro.

– Levanta daí. Vamos logo!

– Você sabe que hora são?

– Nove e meia. Logo o carro vai passar e nós ainda não vamos ter chegado.

Hermione tirou a cabeça do travesseiro e viu a imagem de Gina numa saia curtíssima e um suéter branco.

– Eu não quero mais ir.

– Deixe de besteiras, ok? Saia daí e vá tomar um banho. O trem sai as às dez e meia, vamos logo. São quase dez horas!

– Estranho... – Disse com a voz abafada pelo travesseiro fofo. – Há um minuto atrás eram nova e meia.

– Eu não vou aturar crise de preguiça agora.

A ruiva jogou o edredom que cobria a amiga no chão e puxou-a pelo braço até que se sentasse na cama.

– Abra os olhos, senhorita Granger.

A loira arregalou os olhos castanhos e depois esfregou-os lentamente.

– Está bem. Já vou...

Gina sorriu aliviada e empurrou-a até o banheiro.

– Escolhe uma roupa pra mim?

Obediente, Ginevra foi até o armário e abriu. Pegou um short jeans e um suéter xadrez de cashmere. Deixou-os sobre a cama e foi ler algumas revistas.

Minutos depois, Hermione saiu do banheiro de calcinha e sutiã. Vestiu a roupa e penteou os cabelos. Fez um rabo de lado e passou o brilho labial de praxe.

– Estou pronta.

– Ótimo.Vamos logo.

Pegaram as mochilas e desceram as escadas. Despediram-se do Senhor e da Senhora Granger e saíram apressadas pela grande porta da frente.

Estavam à caminho da estação de trem. Passariam o fim de semana com os formandos do terceiro ano numa cidade pequena. É claro que não era permitida a ida de outros alunos, mas Hermione Granger podia – sempre podia –, e Gina adorava isso.

A dupla de amigas chegou à estação. Cumprimentaram os formandos.

– Leva minha mala pra mim? – Miou Hermione.

– Claro. – Respondeu Harry. – Já está com a passagem?

– É claro, não sou idiota.

Entraram no trem.

– Qual é o nosso vagão?

– Aquele que tiver mais gatinhos. – Respondeu rindo.

Sentaram-se junto do time de futebol. Hermione passou os olhos pelas poltronas procurando alguém, mas não encontrou. “Onde ele está?”

– Procurando alguma coisa, Hermione?

– Não Harry. Não se preocupe.

Uma sirene soou avisando que o trem partiria.

– Todos a bordo! – Ouviu-se do auto falante. – O trem vai partir em dois minutos. Destino: Little Falls. A companhia deseja a todos uma boa viagem.

– QUEM? – Perguntou Gina, sem entender.

– Little Falls, surda. – Respondeu Hermione.

– Onde é isso?

– Nova Jersey. É uma cidade pequena, com uns dez mil habitantes.

– Está sabendo, hein?!

– Eu uso a internet para coisas úteis. – Sorriu, lembrando de seu blog.

Olhou pela janela, estalando os dedos. Alguém corria com uma grande mochila nas costas. O vagão começou a se movimentar e a pessoa lá atrás se desesperou. Parecia gritar, pedindo para esperarem. Aos poucos foi se aproximando. Era Ronald. Hermione segurou o braço da poltrona com força e cravou as unhas no couro. Corra... Corra bem rápido. Ele parou e respirou fundo. Estava desistindo? Não. Jogou a mochila pra dentro e entrou. Granger mordeu o lábio inferior, aliviada.

– Viu o mico que o bolsista pagou? – Zombou Gina.

– É... – Sorriu sem graça. – Eu vi.

Ronald entrou no vagão e cumprimentou os companheiros de time. Hermione o encarava, esperando que a cumprimentasse também, mas ele passou direto. Não a havia visto – ou havia? –.

Ela fingiu não se importar. Conversavam depois. Espreguiçou-se na poltrona e ficou olhando pela janela. Teria uma viagem longa pela frente.

– Ele é tão tosco... – Cochichou Gina. – Olha como cumprimenta os garotos.

Hermione olhou. E não respondeu.

– Ele é gente boa, meninas. – Harry defendeu. – Não deviam tratá-lo assim.

– Ele merece, não é, Hermione?

Granger sorriu inexpressiva.

– Ah, Hermione! Eu fui ao ringue de patinação ontem, te buscar, mas você não estava lá. Onde estava, princesa?

“Eu estava no Central Park, ficando com o Bolsista.”, pensou ela.

– Eu estava... – As palavras agarraram em sua garganta. – Por aí...

Ela definitivamente não estava “normal”. Calada demais e, por mais incrível que parecesse, não havia dito uma palavra de crítica contra Ronald. Olhou-o, de rabo de olho. Ele podia pelo menos cumprimentá-la. Talvez ela não odiasse tanto assim, certo? E, afinal, eles haviam se beijado sob uma árvore à beira da lagoa no Central Park.

– O que estava fazendo? – Insistiu Harry.

“Ficando com o Bolsista.”

– Coisas.

Estava decidido: ela o procuraria quando chegassem. Ronald podia ser petulante e auto-suficiente, mas ninguém ficava com Hermione Granger num dia, deixava-a sozinha e, ainda por cima, não falava com ela no dia seguinte. Ai, como ele era idiota! Mas beijava bem...

Última hora de viagem e já estava anoitecendo. Todos dormiam, cansados. Passaram o dia rindo, conversando e andando – escondidos – pelo trem. Ronald não dirigiu a palavra à Hermione e vice-versa. O silêncio, inacreditavelmente, reinava no vagão.

“ – Não vou responder quem eu sou. Seria muito complexo para sua capacidade de entendimento. – Provocou.

Ambos marcharam para o quarto aos berros. Enquanto isso, uma pequena garotinha morena ouvia tudo num canto do quarto, com as mãos na cabeça. Seus olhos estavam molhados e seu rosto, vermelho e inchado.”

Ela abriu os olhos assustada. Estava deitada no ombro de Harry, que dormia e resmungava alguma coisa incompreensível. Ninguém estava acordado.

Levantou-se silenciosa e foi até o banheiro. Lavou o rosto e retocou o brilho labial. Admirou-se no espelho.

– Ele é tão tolo. – Sussurrou para si mesma. – Não vê como é sortudo. Um dia você não queria nem vê-lo, no outro o dá a oportunidade de tê-la e ele não dá valor. Talvez ele seja mesmo só um idiota.

Abriu a porta do banheiro a observou cada poltrona do vagão até chegar à que Ronald dormia. “Mas eu vou tirar isso a limpo.” Foi até lá na ponta dos pés e o cutucou algumas vezes. Weasley abriu os olhos e se endireitou na poltrona.

– Já chegamos? – Perguntou sonolento.

– Shhhh. Ainda não. – Cochichou ela. – Levante-se, venha comigo.

– Aonde você quer ir?

– Ali fora. Anda, vamos logo.

– Não. – Respondeu ele. – Não podemos ficar lá fora. Se nos virem lá estamos ferrados.

– Mas é importante.

– Conversamos quando chegarmos. Volte para a sua poltrona e relaxe. Tratamos disso mais tarde.

Ele apoiou a cabeça no encosto e fechou os olhos novamente. Porcaria... Contrariada, Hermione voltou e dormiu – tentou dormir – pelo resto da viagem.


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