A OFERENDA - Season 2 escrita por Lervitrín8
Notas iniciais do capítulo
Mudei meus planos? Sim! Quem me conhece sabe que não consigo ficar segurando capítulo pronto! hahahaha.
Vou tentar responder a todos os comentários agora. Ah, não vejam o site antes de ler, afinal, sempre há spoilers. HAHAHAHA
Espero que vocês curtam. Boa leitura.
“Não Lex!” eu grito, assim que percebo que aquilo está ocorrendo de verdade. Harrison, depois de tentar entender como funciona a periodicidade dos buracos, responsáveis por todas as mortes, começou a apresentar comportamento muito estranho e agressivo. Ninguém mais conseguia conviver com Harrison, que além de tudo, foi o causador de uma das mortes, empurrando uma pessoa na direção de um buraco recém aberto, caindo num abismo escuro sem a certeza do que iria encontrar depois. Quando Lex percebeu a ameaça que tínhamos em nosso grupo, resolveu livrar-se dela, mas Harrison teve a mesma ideia, embora Lex não represente perigo para os demais.
“Fique longe, Kate”, foi o que Lex me disse, antes de receber um soco no lado direito do rosto. Os demais estavam imóveis, acompanhando o confronto. Na realidade, todos sabiam que, mais cedo ou mais tarde, precisaríamos acabar com Harrison. Lex o segurou pelo pescoço e o prensou na parede rochosa da Caverna. Harrison chutou Lex com toda a sua força, que retribuiu socando a cabeça do garoto contra a parede. Harrison se debatia, enquanto suas mãos atacavam o rosto de Lex, que se mantinha firme sem hesitar.
Lex soltou o garoto e correu em direção ao local onde deixamos nossos objetos. Harrison o seguiu, correndo a toda velocidade. Lex olhou para trás e percebeu que ele se aproximava rapidamente. Sem contar muito tempo, Lex pegou algo do chão e virou-se para receber o corpo de Harrison se chocando contra o seu. Lex vai ao chão, suportando o peso do outro e, só então, percebi que a estaca de metal atravessava o corpo de Harrison.
Acordo ofegante ao repassar a cena mentalmente enquanto dormia. Meus olhos estão pesados e demoro alguns segundos para identificar onde estou: de volta a campo. Levanto prontamente e olho em volta, na tentativa de identificar algo ou alguém, porém, a única que consigo identificar é uma ponte a alguns quilômetros. A única coisa que me vem à cabeça é a possibilidade de tomar água, embora não acredite na possibilidade de existência de água potável aqui.
A caminhada foi longa e exaustiva. Apesar de ter me alimentado ‘bem’ nos últimos dias, meu corpo está cansado e por não ver possibilidade de melhorias, meu psicológico está um pouco abalado. Parecia que a cada passo que dava para frente, eram três para trás. A ponte não parecia se aproximar de modo algum, todavia, permaneci forte até o fim. Ao chegar ao local percebo a presença de um garoto dormindo sobre a ponte, rapidamente identifico como sendo o oriental do E18, Won, trocamos algumas palavras no dia anterior.
― Won? – toco seu braço, chacoalhando seu corpo levemente. – Acorde.
Ouço o garoto resmungando, como se pedisse para permanecer mais alguns minutos dormindo, exatamente como os meninos do meu Experimento faziam toda vez que precisávamos acordar.
― Sou eu, a Kate – digo ao sentar ao lado do garoto.
Eu precisava acordá-lo de todo modo. Sabia que Won não era um garoto ruim, daqueles que me matariam na primeira chance. Sei também que a probabilidade de conseguirmos algo em dupla é maior do que sozinho, por isso, tê-lo ao meu lado seria benéfico, sem falar que faria bem para a mente também.
― Acorde, Won! – falei mais uma vez, balançando-o com mais forte. O garoto abre seus olhos e abre um leve sorriso ao me ver.
― Difícil de me fazer acordar? – ele questiona ao sentar-se.
― Mais do que você imagina – respondo brincando.
― Que local é esse? – ele olha para os lados, tentando identificar onde está.
― Maltrak, lembra? – comento.
― Infelizmente sim – ele responde.
― Eu acordei a alguns quilômetros daqui e a ponte era a única coisa que eu conseguia identificar – explico. – Tive sorte de encontrá-lo aqui.
― E o que devemos fazer? – ele pergunta, nitidamente intrigado com a situação.
― Será que podemos tomar da água que corre sob a ponte? – questiono. Won levanta-se e debruça seu corpo sobre o apoio da ponte, olhando pequena faixa de água corrente.
― Acredito que não – ele responde. – Não seria ruim.
― Não teríamos água tão fácil assim – sorrio decepcionada e ele assente com a cabeça. – Acho que deveríamos caminhar em direção à cidade – aponto para o local onde existem diversos prédios, embora distante, é a nossa única opção.
― Acredito que seja o melhor a fazermos – ele diz.
A caminhada é bastante longa, inúmeras vezes maior do que a distância entre o local que acordei e a ponte. Won não e muito de conversar e eu decido respeitar o seu jeito, sua opção. Porém, em todo o trajeto ele andou próximo a mim, do meu lado ou um pouco atrás e eu me senti completamente protegida com a sua presença, se bem que não há com o que se preocupar aqui. Estamos em um local totalmente aberto, repleto de areia e pedra e sem sinais de vida por perto.
Não tenho ideia de quanto tempo se passa até nos aproximarmos de um casebre, que fica consideravelmente antes dos prédios. Estou exausta e a noite se aproxima, não sei se chegaremos antes do anoitecer ao local desejado.
― Será que não é melhor parar e descansar aqui? – sugiro um pouco constrangida por desejar interromper nossa caminhada.
― Tudo bem – ele se limita a dizer, me deixando um pouco desconfiada por tamanha rapidez em responder.
― Mm, ok – esboço um pequeno sorriso e tomo a iniciativa de entrar no casebre primeiro, que possui a porta entreaberta. O local não é muito grande, deve ter o tamanho das salas individuais que Ambrol nos ofereceu. O casebre de madeira continha apenas feno, provavelmente utilizado para os animais. De todo modo, seria mais confortável dormir ali do que ao relento.
Won entra em seguida, deixando a porta aberta, com intuito de iluminar o local. Ele avalia o local e parece se dar por satisfeito, considerando as opções que temos.
― Passaremos a noite aqui? – ele questiona.
― Acho que sim. Você concorda?
― Aham – ele assente ao caminhar em direção ao feno e organizá-los lado a lado.
― Estou com fome – reclamo, mesmo sabendo que não há o que fazer.
― Eu também estou – ele concorda. – O que vocês costumavam comer na Caverna?
― Descobrimos que todos os dias surgiam alimento de uma espécie de buraco, sempre próxima de onde estávamos, não importa o quanto caminhássemos. E era basicamente daquilo que sobrevivíamos – explico. – E vocês?
― Cocos, na maioria das vezes – ele responde. – Dávamos sorte quando pegávamos algum peixe que vinha parar na faixa de areia ou sobre as pedras e não conseguia voltar pro mar.
― E essa pulseira? – questiono. – Tens desde que acordou na Ilha?
― Não – responde seco.
― Não precisa comentar, se não quiser – digo, tentando aliviar o clima. Won termina de arrumar o feno, formando uma espécie de retângulo. Ele deita sobre o local, deixando o lugar encostado à parede para mim, que rapidamente ocupo.
― Era de um grande amigo que fiz na Ilha – ele explica. Com o tempo, me apeguei muito ao Mark, se tornou um irmão para mim. Infelizmente ele não conseguiu chegar até o fim.
― Entendo – ele parecia desconfortável ao falar disso e então, resolvi permanecer em silêncio. Não muito tempo depois, passei a escutar a respiração calma de quem dorme profundamente e foi então que percebi que essa seria uma noite difícil pra mim.
Apesar de me sentir segura com Won ao meu lado, não consegui pegar no sono. O silêncio era quebrado somente pela respiração do garoto e aquilo estava me levando à paranoia. Levantei, tentando não me movimentar muito, para não acordá-lo. Caminhei de um lado para o outro dentro do casebre, incansavelmente, por longos minutos. Quando cansada, sentei ao chão e escorei minhas costas na parede de madeira, e por fim, meus olhos se fecharem. Brevemente. Ao escutar barulhos de passos se aproximando do casebre meus olhos se abriram rapidamente.
― Won? – chamo em voz baixa, não o suficiente para acordá-lo. A porta está semiaberta e ir despertar Won poderá me entregar.
Levanto sutilmente e encosto meu corpo na parede, ao lado da porta. Os passos estão mais próximos, porém noto que a pessoa diminuiu a velocidade. Quando os passos cessam, imagino que a pessoa está o mais próximo possível da entrada, e por isso, tranco minha respiração por alguns segundos. Quando o corpo passa correndo pela entrada, em direção ao fundo do casebre sem me notar, sei que é a minha chance de correr e sobreviver. Olho para trás constantemente e percebo que o garoto me viu, porém, preferiu continuar com seus planos.
Corro com toda minha força em direção aos prédios e ao longe escuto os gritos de dor, supondo ser de Won. Com o tempo não escuto mais berro algum, não sei se devido à distância ou... à morte.
Continuo correndo até minhas pernas se negarem a realizar o movimento que meu cérebro solicita. Tropeço em meu próprio pé e vou ao chão, sem forças para me levantar. O tempo todo imagino o garoto me alcançando e tirando minha vida também, mas, estou ofegando e ainda jogada ao chão, meu olhos pesam e se fecham vagarosamente.
Assim que a luz retorna à cidade, meus olhos se abrem e vibro por ter sobrevivido à primeira noite de Maltrak. Caso eu tivesse dormido ao lado de Won, provavelmente seríamos os dois primeiros mortos. Interrompo meus devaneios ao perceber que os prédios estão a alguns passos de mim, o que justifica o cansaço em minhas pernas antes de tombar. Levanto rapidamente, verificando se não existe ninguém próximo em nenhuma das direções, e como sempre, tudo tão vazio.
Não sei se é seguro entrar em algum desses prédios, afinal, me parecem tão antigos que não sei se suportariam um peso a mais antes de desmoronar. Continuo caminhando entre os prédios e admito, o único pensamento que me ocorre é encontrar água ou comida.
Passo por um beco sem saída e vejo um tipo de movimentação no final da rua e, após sair do campo de visão, começo a correr desesperadamente, acreditando que mais um assassino – se não o mesmo – pode estar ali. Escuto passos atrás de mim, tento aumentar a velocidade com que corro, mas, parece que a pessoa também esta aumentando. Evito olhar para trás para não me distrair e então, me surge uma alternativa. Repentinamente, paro de correr e encolho meu corpo junto ao chão, como se fosse uma pedra no caminho. Sinto as pernas da pessoa se chocarem contra o meu corpo rígido e vejo-a voar de encontro ao chão.
― Ai – ela geme baixinho e começa a rir logo em seguida. – Não imaginei que você faria isso.
― E eu não imaginei que era você que estava me perseguindo – acho graça também. Levanto e estendo minha mão para levantá-la.
― Queria testar sua resistência física – Serena responde, me abraçando logo em seguida.
― Você deveria ter visto a distância que eu corri essa madrugada – comento. – Ficaria orgulhosa.
― E correu por quê? – ela me estende a mão e juntas caminhamos em direção... Bem, em direção nenhuma.
― Encontrei Won, o oriental do E18 próximo a uma ponte – explico. – Passamos o dia juntos e, próximo da noite, encontramos um casebre, para repousarmos. Acontece que alguém invadiu o local na calada da noite, felizmente eu consegui fugir, porém, acho que Won já era.
― Fico feliz que não tenha sido você – ela sorri.
― Eu também – assinto com a cabeça. – E o seu primeiro dia?
― Sozinha o tempo todo – ela dá de ombros. – Acordei dentro de uma lixeira em um desses becos e resolvi passar o dia de beco em beco, procurando algo para comer.
― Não encontrou ninguém? – pergunto intrigada.
― Vi o outro oriental, o do E21 e uma menina correndo por essa rua, enquanto eu estava em um dos becos. Mas eles não estavam sendo seguidos, nem nada do tipo, corriam por vontade própria.
― Será que descobriram algo? – questiono.
― Poderíamos seguir na mesma direção – Serena sugere.
― É seguro? – deixo transparecer um pouco de receio.
― Não – ela rapidamente enfatiza –, mas pode ser nossa chance de sair daqui.
― Vamos – afirmo. – Caminhando, não aguento mais correr – brinco.
― Certo.
Caminhamos a manhã inteira e no início da tarde começamos a intercalar corrida e caminhada – julgamos o início da tarde a partir do momento em que o sol passou sobre a linha central imaginária no céu. A estrada é bastante extensa e em saída. Um muro comprido interrompe a estrada, fazendo-nos optar em ir para esquerda ou direita.
― Acho que para esquerda voltaremos para o imenso deserto que eu estava ontem – opino, sem saber se a informação é de fato, real.
― Vamos para a direita então – ela diz.
O caminho à direita segue rente ao muro e, em poucos minutos de caminhada, identificamos que existem outras quadras como aquela em que estávamos. A cidade não parece ser pequena, muito pelo contrário.
Adentramos em uma área onde os prédios e as estradas estão pintadas com tinta branca e não desgastada, como se a pintura fosse recente. Assim que invadimos a área, sinto um mal estar tomar conta do meu corpo e, sem contar tempo, sinto ânsia de vômito e em segundos ponho a bile para fora, afinal, não há mais o que sair.
― Estou com muita dor de cabeça – Serena reclama. – Está tudo ok aí?
― Definitivamente não – vomito um pouco mais, fazendo meus olhos lacrimejarem.
― Você escutou? – questiona.
― Meu vômito? – brinco. – Escutei.
― Não, Kate. Shhhh! – ela põe um dedo sobre a boca, pedindo silêncio. – Tem alguém vindo, temos que ir.
Ela pega em minha mão e me puxa para dentro de um dos prédios do outro lado da rua, que não faz parte da zona branca. Prontamente me sinto melhor e Serena também parece estar bem. Ainda no térreo, ficamos observando pela janela e avistamos o oriental passar correndo acompanhado por uma garota de cabelos loiros. Ficamos em silêncio até que eles retomem o caminho rente ao muro.
― Estão mapeando a área – ela comenta pensativa.
― Então não encontraram nada de importante nesta quadra – suponho.
― Provavelmente não – concorda. – Você notou que eles evitam a área branca?
― Foi só sair dela que me senti melhor – acrescento.
― Há algo estranho lá – Serena conclui. – Por isso está demarcado. Não nos aproximaremos mais.
― Certo – assinto. – Acho que devemos segui-los – sugiro, saindo de perto da janela.
― Cautelosamente – ela sorri de canto.
― Exatamente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E então, o que vocês acharam? Espero que tenham curtido, assim como eu =D
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Enfim, sugestões, comentários e críticas são bem recebidos! Beijos e até mais.