A OFERENDA - Season 2 escrita por Lervitrín8


Capítulo 3
Capítulo 02.


Notas iniciais do capítulo

Talvez eu tenha em empolgado? Talvez.
Talvez eu esteja postando antes do que planejado? Talvez.
Talvez eu tenha curtido muitoooo esse capítulo? Talvez.

Obrigada a TODOS que comentaram o primeiro capítulo. Eu não estava esperando que 95% do cast viesse aqui comentar. Acho que vocês dificultarão meu trabalho, só acho!



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Eu não estava conseguindo entender a lógica de como as coisas estavam acontecendo. Na realidade, desde que me conheço por gente – coisa de meses – eu não compreendo o que está acontecendo. Conseguir sair daquela ilha não foi fácil, mas, também não está sendo agradável permanecer aqui, embora estejamos embaixo de um teto.

Olívia?” ouço alguém me chamar e corro rapidamente para a faixa de areia onde está nossa cabana. “O corpo dele voltou”, diz Yesenia ao retirar mais um corpo da água. Fabrizio foi a quarta e última oferenda até o momento. Corro em direção à Yes e seguro os braços de Fabrizio, ela segura suas pernas, e então, conseguimos colocá-lo na faixa de areia, onde vamos enterrá-lo em breve. Sem pedir, Yes se retira por um momento, deixando-me sozinha com o corpo sem vida do rapaz que eu tinha como braço direito aqui. Me ajoelho sobre a areia fofa e branca da praia e encosto minha teste sobre a sua, pedindo que retorne à vida. Sua camiseta está rasgada, os furos provavelmente provêm das mordidas dos peixes. Consigo ver as marcas do Tubo em sua barriga.

“Precisamos fazer o buraco antes que anoiteça, Oli”, só percebo que Yes retorna quando se dirige a mim. Por coincidência – ou não –, a única ferramenta que encontramos ao chegar à Ilha foi uma pá resistente. Won Hyun está junto de Yes, na realidade, ele que segura a pá. “Podemos enterrá-lo entre as árvores?” questiono. “Ele gostava de lá”, acrescento. Won assente e dirige-se ao local, sem dizer nada. “Ele teve sorte por não ter sido mordido pelos peixes, lembra-se do último?” Yes comenta, tentando eliminar o silêncio.

Fabrizio foi pego no dia anterior e exceto pela pele murcha e um pouco mais branca, parece que ele está dormindo. Gostaria que estivesse. Sei que ele não foi o primeiro e não será o último, mas, com certeza será um dos que mais sentirei falta.

Após o incidente com as duas meninas, fomos transferidos imediatamente para pequenos quartos individuais. Eu, particularmente, preferia as redomas, pelo menos estava próximo dos demais, embora não tenha amizade com todo mundo. Após a morte de Fabrizio, Won foi uma das pessoas que mais me aproximei, mas ele costuma ser mais reservado ainda que se demonstre bastante protetor e educado. O quarto é totalmente branco e não há nada dentro dele. Caminho de um lado para o outro, já impaciente com toda essa situação. Após um longo tempo, uma imagem é projetada em uma das paredes do quarto e em questão de segundos Ambrol começa a falar.

― Sobreviventes. Tendo em vista que em alguns dias vocês estarão em um novo desafio, acreditamos que vocês precisam estar preparados para qualquer situação. Por isso, o treinamento iniciará com um dos principais pontos: combate corpo a corpo. Em alguns minutos 9 portas serão abertas, sendo três masculinas e seis femininas. Os sobreviventes livres devem sair do quarto e, no corredor, se posicionar à frente de uma porta fechada. Essas portas estão identificadas pelo número do experimento de vocês e gênero. Regras: Vocês só podem se posicionar à frente de uma porta de outro experimento e que contenha o mesmo gênero de vocês, ou seja, garotas versus garotas e garotos versus garotos. Ao entrar na sala, vocês devem duelar, acredito que já tenha ficado claro. O duelo só deve parar quando nós interrompermos. Aqueles que se negarem a realizar a primeira etapa da preparação serão pagarão por isso. Boa sorte.

Sem ter tempo para pensar, a porta mo meu quarto se abre e em pânico, me dirijo para fora. Vejo que Jess e Won também estão caminhando pelo corredor.

― Lute! – Won sussurra assim que passa por mim e eu assinto com a cabeça. Aquilo mais pareceu uma ordem, mas, eu nunca ficaria parada sabendo o que esses Russos podem fazer.

Me posiciono em frente a uma porta que indica “E21 – F”. Não sei o que esperar, não tive tempo de analisar cada uma das garotas, devido ao pouco tempo que tivemos juntos. Na realidade, só recordo da ruiva e da loira. Assim que todos estão posicionados, as portas se abrem. Observo Jesse entrar na porta ao lado da minha e então, resolvo fazer o mesmo. Me deparo com a ruiva, Alynn, agachada em um dos cantos da sala.

― Olá – digo encarando-a. – Não sei se você entendeu, mas, a gente precisa...

― Eu sei – ela responde friamente. Ela se levanta com muita agilidade e gritando vem em minha direção. Suas mãos entram em contato com meus olhos e ela insiste em apertá-los.

Sem enxergar, invisto três socos em seu estômago e ela se afasta. Abro meus olhos, mas tudo está embaçado, fora de foco. Percebo que ela toca seu estômago, contraindo-o para evitar a dor. Ela vem novamente para cima de mim, mas desvio do seu caminho, fazendo-a passar reto. Aproveito o momento de descuido e lanço um tapa em seu rosto, ou melhor, em seu ouvido. Percebo que ela fica desnorteada, mas não me sinto a vontade para abusar da sua tontura para agredi-la ainda mais.

Ela se vira e em segundos estou no chão, só entendo que ela me deu uma rasteira quando já estou totalmente caída. Rapidamente chute sua canela direita, fazendo-a tombar também. Ela parte para cima de mim, engatinhando. Rastejo para trás com o intuito de ganhar espaço e chutar seu rosto. Assim que executo o movimento, ela segura meu pé com agilidade e começa a torcê-lo. Grito de dor, no entanto, isso não parece incomodá-la. “Eu deveria ter aproveitado aquele momento e ter acabado com isso”, penso. Com minha outra perna acerto o lado da sua barriga, fazendo-a gemer de dor e se distanciar.

Nesse momento as luzes da sala se apagam e é impossível ver qualquer coisa. Pela fresta da porta, percebo que as luzes do corredor também não estão mais acesas.

― Pedi para que alguém parasse? – a voz de Ambrol sai de algum lugar.

Levanto-me silenciosamente e caminho em direção à parede mais próxima. Uma das minhas mãos permanece junto à parede, enquanto estendo a outra na tentativa de encontrá-la. Fico em silêncio para tentar escutar sua respiração, mas não tenho sucesso. De repente sinto um ar quente em minha nuca. Ela está bem atrás de mim. Me abaixo instantaneamente e então cometo um grande erro. Ela lança uma joelhada que acerta parte do meu rosto, deixando-me um pouco tonta, porém, me obrigo a ficar consciente, luto comigo mesma para não desmaiar. Ainda abaixada, seguro suas duas pernas e puxo em minha direção, fazendo-a tombar. Pelo barulho, ela acertou a cabeça no chão. As luzes se acendem, eu pisco meus olhos constantemente para de adequar à claridade. Alynn está com as duas mãos na cabeça, grunhindo.

― Todos devem voltar à sua sala de origem imediatamente – Ambrol novamente utiliza o áudio para fornecer instruções. Olho para Alynn que continua caída e percebo que a porta da sala se abre. Com passos firmes saio sem olhar para ela outra vez.

No corredor, meus olhos buscam pelos meus parceiros de experimentos. Jess possui um gigantesco roxo em seu olho esquerdo e sangue nos lábios, mas, não me parece de todo ruim. Won, aparentemente, está normal. Caminho lentamente para a sala, esperando ele passar por mim.

― Ele não lutou – ele cochicha ao se aproximar.

― A deixei no chão – afirmo e sorrio levemente.

― Boa garota – ele diz e entra na sua sala, uma antes da minha.

No curto caminho até a minha sala, algo me chama a atenção. O oriental do E21 mal consegue caminhar. Ele se agarra nas paredes para se manter em pé. Algumas pessoas do seu passam por ele e não são capazes de ajudar, acredito que por temer a ação. Todos lançam olhares em choque, mas é só isso. Vou até o garoto e coloco seu braço por cima do meu ombro e o seguro pela cintura. Ele se apoia em mim, mas não deixa de segurar a parede.

― Segunda à direita – ele indica, esforçando-se para ficar em pé. Somos os únicos no corredor e eu permanecerei até o momento em que ele entrar em sua sala, que fica exatamente em frente a minha.

Quando ele se aproxima, agarra-se à porta com força e com passos curtos consegue entrar.

― Muito obrigado – ele exclama, virando a cabeça para me agradecer com um sorriso de canto. – Qual seu nome?

― Olívia e o seu? – As portas começam a descer, todas juntas. Dou meia volta rapidamente e corro em direção ao outro extremo do corredor. As portas descem rapidamente e eu temo não conseguir. Mergulho no chão e consigo passar pela pequena abertura que ainda existia entre a porta e o chão. Uma fumaça estranha invade a sala e, em poucos segundos, sinto meu corpo pesar. Meus olhos se fecham lentamente.

Estamos todos agarrados aos galhos das árvores existentes na Ilha. É noite, e pior que isso, é dia de receber o Tubo. O intuito é se esconder e, caso o Tubo venha, tentar resistir enquanto seguramos aos galhos. Estamos em cinco e, nossos planos para amanhã, é colocar o plano em prática. Plano que foi responsável por diversos atritos (confesso que "atritos" é o jeito carinhoso de mencionar o que aconteceu na Ilha) entre Alex e Yesenia – sempre apoiei Yes, não consigo suportar Alex. Escutamos o barulho do Tubo saindo da água. Com o tempo aquele barulho se tornou corriqueiro. “Continuem firmes”, Jess grita.

Por alguns segundos acredito que o Tubo não chegará até a parte das árvores, mas, percebo que estou errada assim que o vejo emergir entre os galhos. Ele ronda a árvore em que Yes e eu estamos. Minha respiração e ofegante e percebo que Yes está chorando. O Tubo parte em sua direção, agarrando e enrolando em sua cintura. Rapidamente disparo em sua direção. Ela ainda se mantém firma, abraçando um galho bastante forte. Ao me aproximar, fico do outro lado do galho, segurando seus braços, puxando-os em minha direção.

Sinto a força que o Tubo exerce sobre Yes, que aos poucos vai cedendo. Em certo momento a única coisa que lhe prende à árvore sou eu, segurando seus braços, com o galho entre nós. O Tubo puxa cada vez mais forte e minhas mãos deslizam, não suportando a força.

Acordo assustada e ofegante com o sonho. Não queria reviver o sentimento de perder Yesenia. Estou deitada no chão da sala, que agora está repleta de luz.

― Já que todos estão acordados, podemos partir para o segundo e último processo do treinamento – a imagem de Ambrol novamente aparece. – Como vocês puderam perceber, não existe mais nenhum dano físico em nenhum de vocês. Nossa intenção não é deixá-los feridos. Esse teste será diferente para cada um de vocês, baseados nas dificuldades que vocês demonstraram em seus Experimentos. Peço que todos se levantem e se posicionem no centro da sala. Em alguns minutos o teste, que é divido em três etapas, irá começar. Ah, antes que eu me esqueça: não preciso comentar sobre se negar a realizar o teste, certo?

Sua imagem desaparece e instantaneamente me dirijo ao centro da sala. Logo em seguida, um obstáculo que bate aproximadamente na minha cintura aparece em minha frente, e se aproxima lentamente em minha direção. Acredito que eu não conseguirei pulá-lo sem pegar impulso, então, decido me abaixar. Logo em seguida vem outro pelo lado direito, um pouco mais baixo que meus joelhos, levanto rapidamente e pulo por ele. O próximo vem por trás, mas não o percebo. Sinto o metal bater em minhas costas e gemo de dor. E eu acreditando que eram apenas hologramas. À medida que o tempo corre, a velocidade aumenta e os obstáculos aparecem com mais frequência, em variadas alturas. Acabo me chocando com cerca de outros três ou quadro, mas no final, tudo está sobre controle – exceto minha respiração.

Permaneço imóvel no centro da sala e, de repente, me vejo flutuando. Meus braços e pernas estão envoltos por um tipo de elástico de borracha, que se ligam a cantos distintos da sala. A cada vez que tento puxar algum dos meus membros em direção ao meu corpo, o elástico devolve exigindo que me esforce ainda mais. Com o passar do tempo parece que irei arrebentar, devido à força que cada lado exerce sobre meu corpo. Vejo pedaços de mim voando por cada lado da sala. “Relaxe Olívia, Relaxe”. Trabalho em me conscientizar que não serei estraçalhada. Respiro fundo diversas vezes e sinto o elástico afrouxar aos poucos, até o momento em que estou no chão outra vez.

Quando toco o chão, olho para baixo e meu coração bate aceleradamente. Estou no centro de um abismo, erguida por um tipo de haste redonda que não acolhe meus pés por inteiro. “Estão testando meu equilíbrio e altura”, concluo. Olhar para baixo me faz acreditar que irei cair, porém, erguer a cabeça me faz desequilibrar. Sei que estou em uma sala, todavia, tenho receio do que possa acontecer caso eu caia. Ergo minhas mãos na altura de meus ombros, acreditando que me dará mais equilíbrio, mas, o movimento acaba me desequilibrando e caio para trás. No último momento consigo agarrar o topo da haste, segurando-me. Minhas pernas balançam no ar e pela primeira vez perco o controle. Com todo o esforço tento subir, voltar ao topo da haste, mas meus braços estão cansados e não tenho sucesso. Estou totalmente desgastada, mas continuo segurando com toda minha força: não quero descobrir o que acontecerá.

Vejo a fumaça surgir mais uma vez e sei exatamente o que irá acontecer.

Ao acordar percebo que estou em um local que ainda não visitamos. Tenho Won do meu lado direito e a namorada do oriental no esquerdo. Estamos todos lado a lado, sentados em um tipo de arquibancada. Escutamos passos calmos e fortes se aproximando. Em poucos segundos Ambrol adentra no espaço, seguido por dois guardas que trazem um dos garotos do E14 preso em correntes.

― Como eu havia mencionado, haveria consequências para aqueles que não cumprissem os desafios – Ambrol comenta, ampliando a voz para que todos possam escutar. – Antony se negou a lutar e, além disso, não se dispôs a realizar nenhum dos testes individuais.

Um dos guardas posiciona Antony em um foco de luz. Ele retira as correntes e se afasta rapidamente. Quando Antony tenta correr, colide com o que parece ser uma redoma. A garota morena do E14 levante-se da arquibancada e tenta se aproximar do garoto, mas após alguns passos, também é impedida; o que me leva a crer que também estamos em um tipo de redoma.

― Como implicação pela decisão de não contribuir com a missão, anunciamos que Antony não tem mais utilidade para a OSER – Ambrol afirma, encarando o garoto que expressa o medo em seus olhos.

Os louros do E14 começam a protestas, batendo na parede da redoma, tentando salvar o colega, mas não é eficiente. Antony cai de joelho e leva a mão ao pescoço. Seu rosto começa a ficar roxo e nitidamente seu tórax contrai e dilata em um ritmo frenético.

― Parece que ele está ficando sem ar – a garota ao meu lado sugere baixinho, provavelmente pensou alto.

Antony despenca após agonizar por longos segundos. Nenhuma de nossas experiências na Ilha pareceu tão cruel quanto presenciar aquilo. A partir de hoje, tenho certeza, todos pensarão duas vezes antes de negar algo a Ambrol Olmos.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Não briguei comigo, ok?
Deixem aqui suas críticas, sugestões e elogios, isso me faz uma pessoa melhor e feliz.
Quero agradecer à BlackCat ~Eva~ e Smooth ~Winter~ por todo apoio e ajuda que têm me dado! Amo vocês, delicinhas.
Ah, antes que eu esqueça. O que vocês acham de criar um grupo no whats para A Oferenda? Eu gostaria muito! Claro, ninguém é obrigado e ninguém será prejudicado por isso, mas seria legal comentarmos sobre a FIC lá, discutir e tudo mais. Quem tiver interesse, deixa o número por MP, ok?
Beijos no coração e até logo!