Divergent escrita por GG


Capítulo 12
XI


Notas iniciais do capítulo

Olá, amados leitores ♥
Bem, aqui estou com o novo capítulo, esse também é programado para postagem pois prefiro desta maneira. Espero que gostem, muito obrigada por tudo até aqui ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/637915/chapter/12

Estou deitada na cama do dormitório sem conseguir pegar no sono. Passei a noite toda conversando com Tris, que descobri ser Beatrice Prior, sobre tudo que precisava. Até chegar o momento de vir para o dormitório pois Tobias iria voltar e não podia nos flagrar conversando, eu entendi que ele vem me mantendo distante para minha própria segurança, Tris explicou-me absolutamente tudo, sem exceções.

E eu lhe segredei o que nunca contei a ninguém, sobre o que sofri nas mãos de Marcus Eaton, mas eu fiz ela prometer que não contaria a Tobias, ela jurou que não contaria, que deixaria que eu contasse quando julgasse ser o momento correto.

Fecho meus olhos e em alguns minutos, acabo adormecendo.

+++

Na manhã seguinte, acordo cedo como de costume. Tomo banho e coloco roupas limpas, tenho que comprar roupas novas em breve mas no momento tenho outras coisas importantes com que me preocupar, o treinamento. Preciso conseguir uma boa colocação e garantir que não me tornarei uma sem-facção, hoje terminam as lutas, imagino.

Saio em direção ao refeitório, hoje deixo meus cabelos soltos, por causa dos anos de coque abnegado ele encontra-se marcado mas não de uma maneira feia, mas de uma maneira que o deixa mais bonito ainda. Sento-me em um canto qualquer após pegar meu café da manhã, cereal com iogurte e um copo de suco de laranjas.

Fico observando Luke de longe, seu rosto ainda está feio, como o meu, marcado pela nossa luta. Uma vez ele flagra meu olhar e me encara irritadamente, por isso eu desvio o olhar e não volto a encará-lo. Continuo a comer solitariamente, até que eles aparecem.

— Ei, transferida, podemos sentar aqui? — pergunta uma garota de pele bronzeada, rosto bonito e cabelos cor de caramelo ondulados que descem até um pouco abaixo dos ombros.

— Claro. — digo dando de ombros, suponho que são nascidos na Audácia, afinal só por isso iriam me chamar de 'transferida'.

— Sou a Ruthie. — apresenta-se enquanto desfruta da sua fatia de bolo de chocolate.

— Lena. — digo simplesmente.

— Aqueles são Dimitri, Florence, Bhell, Jone e Asher. — ela diz gesticulando para cada um enquanto enuncia cada um dos nomes.

— É um prazer conhecê-los. — digo balançando a cabeça. — Todos vocês nasceram na Audácia?

— Todos exceto eu. — diz Dimitri com um sorriso extenso no rosto. — Ei, vi você no treinamento ontem. Arrebentou a cara do Luke, legal.

— Ah, obrigada. — é tudo que consigo dizer enquanto abaixo o rosto que com certeza está corado. Realmente, tudo aqui é diferente da Abnegação. Lá eu seria repreendida eternamente por socar a cara de alguém mas aqui? Bem, aqui eu sou parabenizada.

— É, ouvimos dizer. — diz Bhell me encarando curiosamente. — Disseram que uma iniciada transferida arrebentou a cara de um garoto na primeira luta...

— Mas teve outra luta antes dessa aí, pelo menos a Lena teve. — diz Dimitri e eu o odeio por um instante por mencionar isso, mordo o lábio inferior, esse é um assunto que eu realmente gostaria de evitar.

— Então foi você que lutou com o covarde? — indaga Florence, os cabelos loiros puxados em um rabo de cavalo torto e frouxo.

— Covarde? River não era covarde.

— Claro que era. — diz Florence automaticamente. — Ele tinha medo de falhar, era um covarde, sim.

— Vai me dizer que não tem nenhum medo, Florence? — eu desafio-a friamente, ela gagueja enquanto tenta arranjar uma boa desculpa, coisa que não consegue.

— Não sabia que gostava dele, se soubesse nem teria começado o assunto. — diz Dimitri mas vejo que ele está fazendo isso para me deixar menos a vontade ainda. Maldito, maldito, maldito.

— Bem, não é exatamente isso. É que ele morreu bem diante dos meus olhos. — eu digo explicando-me calmamente.

— Dizem que ele largou a superfície no último momento. — diz Asher como se esperasse por mais.

— É verdade. — eu preciso manter-me segura, segundo a própria Tris, não posso sair por aí falando mal de Eric ou de alguém importante da Audácia, não posso me arriscar.

Por enquanto eu preciso ser apenas uma mentirosa idiota.

+++

O treino de hoje dura menos por causa das lutas, apenas fico observando todos lutarem e somos liberados cerca de uma hora mais cedo. Quando saio da sala, dou de cara com Florence, que sorri quando me vê.

— Ei, Lena. — ela chama. — Vai ter uma festinha no Abismo, você quer vir?

O que eu diria? Diria que não dava muito certo com bebidas e tinha medo de fazer, ou dizer, besteiras? Não dava. Apenas assenti.

— Vou só me arrumar antes e já encontro você, O.K?

— Claro. — ela diz e desaparece.

Vou até o dormitório, tomo um banho e coloco a melhor roupa que tenho. Ia pegar um vestido mas desisto, encaro as marcas arroxeadas nas minhas pernas e acho melhor não deixá-las tão expostas.

Fecho os olhos e sem querer as imagens chegam em minha mente.

— Você não deveria ter feito isso, não deveria.... — diz Marcus enquanto me empurra para a parede com violência, ele puxa o cinto e eu fecho os olhos, já esperando pela dor costumeira.

— Eu não fiz nada, Marcus. — eu declaro já sentindo as lágrimas deslizando pelo meu rosto. Desde que mamãe morreu e Tobias, anos depois, foi-se embora para a Audácia, as coisas só pioraram aqui em casa.

— Você me chamou de Marcus?! — ele parece indignado, assinto automaticamente, o que mais faria? — eu sou seu pai, mereço respeito, Magdalena!

— Não merece, você é um monstro. — digo abrindo os olhos numa explosão de adrenalina e coragem, ele saca o cinto e começa a desferir golpes nas minhas pernas, com muita, muita força.

Só paro de gritar cerca de uma hora depois disto, apenas por estar total e inegavelmente sem voz.

Suspiro e saio do dormitório assim que estou pronta.

O passado não pode mais me assombrar.

+++

— Desculpa por hoje mais cedo, O.K? Eu não deveria ter criticado o River sem nem ao menos conhecê-lo, foram só boatos... — grita Florence tentado sobrepor-se a música alta e bate-estaca que toca, eu assinto lentamente enquanto beberico mais um pouco do refrigerante que Florence arranjou para mim quando eu disse que não gostava de bebidas alcoólicas, o que não é verdade....

— Está tudo bem, Florence, eu entendo. — grito para ela de volta.

Florence aos poucos parece se distanciar, talvez ela esteja indo atrás de seus verdadeiros amigos, eu sou só uma estranha para ela. Fico ali parada durante bons minutos, até notar a presença de uma garota de pele morena e cabelos curtos, ela sorri presunçosamente.

— Sou Christina. — apresenta-se.

— Lena. — digo baixinho.

— Tris falou de você. — murmura Christina alegremente.

Tris falou de mim? O que ela pode ter falado de mim para uma desconhecida? Bem, ao menos para mim ela é uma desconhecida.

— A propósito, ela estava te procurando...

— Obrigada por avisar. — digo. — Você sabe onde ela está agora?

— Não há de quê. — ela diz assentindo lentamente. — Sim, ela está logo ali, vê?

Christina gesticula na direção de Tris, eu vejo-a de costas mas reconheço automaticamente por causa da baixa estatura, ao seu lado está Tobias, está escuro mas ainda consigo enxergar decentemente.

— Muito obrigada, Christina. — Ela apenas pisca e desaparece novamente.

Caminho até Tobias e Tris calmamente, até que uma mão agarra o meu pulso com demasiada força.

— Você vem comigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!