Pov. Alexander:

Apesar de amar minha cidade natal, não suportava ter que voltar para Genova pois tudo naquele lugar me lembrava meus pais, por isso preferia ficar na escola.

–Que bom que resolveram voltar para casa.- meu tio disse sorrindo antes de me abraçar assim que entrei em casa junto com Charlotte.

–Na verdade foi o senhor que nos obrigou a vir, afinal é nosso tutor.- disse me soltando do meu tio.

–Não seja mal agradecido Alex, se não fosse por mim você e sua irmã estariam em orfanados diferentes até que você tivesse idade suficiente para cuidar dela.- meu tio me lembrou furioso.

–Jamais vou esquecer disso tio Douglas.- sussurrei serio enquanto Charlotte se escondia atrás de mim.

–Ótimo. Agora vão para os seus quartos e se preparem por que o primeiro ministro e sua filha viram nos visitar. Vamos acertar os últimos detalhes para o seu casamento com a jovem Belinda Prescott.

–Mas titio, o Alex gosta da Allegra.- Charlotte sussurrou inocente e meu tio se aproximou dela, mas a puxei para trás do meu corpo.

–Nem ouse fazer algo a ela. Se quiser bater em alguém, bata em mim.- disse sério e ele me olhou com raiva.

–Sempre me desafiando Alex. E como sempre, terei que castiga-lo.- meu tio disse com raiva enquanto tirava seu cinto para me bater.

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–Está doendo muito Alex?- Charlotte questionou preocupada assim que havia colocado uma poltrona atrás da porta do meu quarto.

–Claro que não querida, estou bem. Por que você não vai tomar um banho? Irei ajuda-la em seguida.- sugeri suave e ela concordou antes de ir para o banheiro.

Charlotte dormia comigo desde que nossos pais morreram, pois em uma noite acordei com falta de ar e percebi que havia uma almofada em meu rosto me impedindo de respirar. Mesmo com oito anos lutei com todas as minhas forças para me livrar da almofada, e quando consegui arfei ao ver que meu tio estava ao meu lado.

E naquele momento compreendi três coisas.

A primeira era que meu tio havia tentado me matar para ficar com o trono.

A segunda era que ele não desistiria, e que talvez tentasse fazer o mesmo com a minha irmãzinha.

E a terceira era que faria de tudo para proteger minha irmã, nem que para isso eu precisasse morrer.

Assim que a governanta da casa veio nos chamar para o jantar descemos e encontramos o primeiro ministro e sua filha na sala.

–Primeiro ministro, sra. Prescott e srta. Prescott.- os cumprimentei assim que apareci na sala ao lado de Charlotte.

–É um prazer vê-lo príncipe Alexander e princesa Charlotte.- a sra. Prescott nos cumprimentou sorrindo.

–E então, podemos falar sobre o casamento de minha filha com seu sobrinho? - o primeiro ministro questionou sem paciência e meu tio concordou enquanto Belinda sorria feliz.

–Será que se incomodariam se eu fosse na cozinha? Charlotte precisa tomar seu remédio.

–Claro e não demore.- meu tio alertou e concordei antes de ir até a cozinha.

–Aconteceu algo menino Alex?- sra. Suzete questionou preocupada enxugando as mãos me um pano.

Sra. Suzete era a cozinheira do palácio, ela trabalhava conosco desde a época dos meus pais. Ela era a única naquele lugar em quem confiava para deixar a minha irmã.

–Preciso que a senhora tome conta da minha irmã por algumas horas, não quero que ela veja minha felicidade ser negociada.- pedi e ela concordou.

–Meu amor, preciso que você fique aqui com a sra. Suzete na cozinha, por favor.- pedi a Charlotte que me olhou preocupada.

–Mas quero ficar com você.- ela sussurrou com medo.

–Vai ficar tudo bem.- prometi acariciando seu cabelo de leve antes de Suzete segurar a mão da minha irmã.

–Quer me ajudar a fazer o molho da salada querida?

–Não, quero ficar com meu pai.- Charlotte sussurrou chorando antes de correr para me abraçar.

Toda vez que Charlotte se sentia assustada ou acuada ela me chamava de pai, e eu sempre lhe dizia que não era seu pai e lhe contava sobre nosso pai. Mas Charlotte sempre dizia que eu era o pai dela, afinal cuidei dela durante esses oito anos com dedicação e amor como um verdadeiro pai, e saber disso me deixava feliz.

Ignorando os machucados em minhas costas peguei minha irmã no colo e a enchi de beijos fazendo-a rir.

–Vai ficar tudo bem, é só mais uma conversa chata de adultos, a qual você é muito pequena para participar. Agora me prometa que irá se comportar.- Pedi e ela concordou antes de beijar minha bochecha.

–Sra. Suzete, não a deixe ir para a sala. Se Charlotte ficar cansada a leve para seu quarto, assim que terminar o jantar a levarei para a cama.- pedi e ela concordou.- Agora, cadê meu beijo?

Ainda sorrindo Charlotte beijou minha bochecha novamente antes de colocá-la no chão.

–Onde está Charlotte? - meu tio questionou a mim assim que apareci na sala novamente.

–Achei melhor deixa-la com Suzete, afinal não será uma conversa para que uma criança ouça. E já quero deixar de antemão a minha opinião sobre isso.

–Diga príncipe.- o primeiro ministro disse esperançoso enquanto meu tio me olhava de uma forma ameaçadora.

–Jamais irei me casar com Belinda ou com outra garota. Amo a princesa Allegra, e só me casarei com ela.- disse sério e todos me olharam confusos.

–Alexander, agradeço por sua opinião, mas quem decide sua vida sou eu, afinal sou seu tutor. E como tal, digo que você irá se casar com a senhorita Belinda Prescott por bem, ou por mal.- meu tio disse furioso enquanto olhava para mim.

E aquele olhar estava cheio de promessas de castigos severos por minha desobediência.

–Hoje não Conde Douglas.- ouvi o príncipe Lukas dizer furioso entrando no palácio ao lado de sua filha a princesa Nicole, que carregava uma pasta marrom nas mãos.

–Não lembro de ter convidado o senhor.- meu tio disse sério e o príncipe sorriu.

–Minha mulher diz que tenho o péssimo habito de aparecer sem ser convidado e de escutar a mente dos outros sem permissão. E devo dizer que sua mente é perversa.

–E que também temos uma supressa.- a princesa disse balançando de leve a pasta.

–O que está acontecendo aqui? - o primeiro ministro disse confuso.

– Meu pai me pediu para que investigasse o acidente dos pais de Alex e Charlotte, pois ele tinha certeza que havia algo errado naquele acidente, e adivinhe o que achei conde?! Tenho provas de que os reis de Genova foram assassinados pelo conde.- a princesa disse e arfei em choque.

–Isso é um absurdo. Vou processa-los por calunia.- meu tio gritou nervoso.

–Isso o senhor terá que provar. Senhores.- a princesa disse seria e logo os carabinieri entraram em minha casa e deram voz de prisão ao meu tio.

Os carabinieri eram a polícia militar da Itália, eles cuidavam da defesa da pátria, garantindo a defesa da coletividade nacional em caso de calamidades públicas, controle e repressão de desordem pública. Ela também é responsável pela segurança das casas reais de Florença e das representações diplomáticas do país.

–Acrescente maus tratos a lista de acusações filha.- o príncipe pediu e a princesa concordou seria.

–Como pode matar seu irmão? Como pode tirar meus pais de mim e da Charlotte? - questionei enquanto olhava para meu tio com ódio.

–O trono não era para Daniel. Afinal, eu era o filho mais velho e por direito o trono era meu. Mas aquele velho cretino do meu pai deixou o trono para o caçulinha amado. E não deixaria seu pai ficar com o que é meu.- meu tio disse com ódio e gritei de raiva antes de avançar para cima dele, mas fui impedido pelo príncipe Lukas.

–Me solte, ele matou meus pais.- gritei tentando me soltar dele.

–Sei disso, mas deixe ele pagar o que deve a justiça, não suje suas mãos com ele.- o príncipe disse antes de pedir para os carabinieri leva-lo.

–Ele acabou com a minha vida príncipe Lukas.- solucei sem forças antes de ser abraçado por ele, e naquele momento me senti seguro.

E ali soube que todo o meu tormento havia chegado ao fim.

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Nem conseguia acreditar que depois de tanto sofrimento agora estava livre do meu tio, e havia sido coroado rei de Genova com apenas 17 anos.

Sorri feliz ao lembrar que minha irmã cresceria em um ambiente amoroso e feliz, e tudo garças ao príncipe Lukas, ao qual seria eternamente grato.

Procurei Allegra pela festa da minha coroação, mas não a encontrei em lugar algum. Confuso fui até Isla e Clara, melhores amigas de Allegra, para saber onde ela estava.

Assim que elas me informaram seu paradeiro a encontrei na sacada que dava para o jardim do palácio.

Allegra estava linda sob o pôr do sol enquanto o vento brincava com algumas mechas de seu cabelo negro.

–Allegra? - chamei e ela virou assustada para mim.- Me desculpe se a assustei.

–Não assustou, só vim tomar um pouco de ar, lá dentro está muito quente.- ela disse nervosa e sorri enquanto me aproximava dela.

–Achei que você estava fugindo de mim.

–Claro que não. Por que iria fugir de você? - ela questionou nervosa e sorri.

–Talvez por que você esteja com medo de conversar comigo. Afinal temos que falar sobre nosso relacionamento.

–Não temos um relacionamento majestade. E se me der licença, meus pais devem estar sentindo minha falta.- ela disse antes de começar a se afastar de mim, mas segurei seu braço.

–Allegra, por favor. Nós dois confessamos que nos amamos, não acha que deveríamos conversar.

–E sobre o que falaríamos Alex? Você é rei agora, e deve pensar no bem estar do seu povo e também em se casar com alguém que seja uma boa rainha. Acho melhor esquecer o que dissemos no dia do meu aniversário.

–Jamais vou esquecer. Allegra, eu amo você e tudo que quero e ficar ao seu lado. Você não me quer? - questionei confuso e ela me olhou supressa.

–É claro que quero você. Alex, eu te amo. Mas acho que não estou pronta para ficar ao seu lado governando um país. Alex, eu quero fazer faculdade de psicologia e trabalhar na área. Acho que deveríamos esquecer.- Allegra pediu triste e segurei seu rosto em minhas mãos.

– Pode fazer sua faculdade tranquila e depois trabalhar na área, por que irei esperar por você o tempo que precisar.- prometi olhando em seus olhos.

–Mas são cinco anos, fora as especializações.- ela disse confusa e sorri apaixonado para ela.

–Não importa, com tanto que aceite se casar comigo

–O que?!- ela questionou supressa e sorri .

–Aceita se casar comigo princesa Allegra Marie Scofield Cullen? - perguntei e ela piscou confusa.

–Alex, eu acabei de fazer dezesseis anos, e duvido muito que meus pais me deixem casar com você tão nova.

–Sei disso, mas meu pedido não é para agora, é para o futuro. Para depois que você realizar seus sonhos.

– Você seria capaz de esperar tanto por mim? - ela questionou emocionada.

–Seria capaz de esperar a minha vida toda por você amor.- disse e ela sorriu em meio a lagrimas.

–Eu aceito me casar com você.- ela concordou e sorri feliz antes de tirar uma caixa de joias do meu paletó.

–Por favor, não me diga que isso é um anel. Se eu aparecer com um anel de noivado meu pai tem um ataque.- ela pediu e sorri negando antes de lhe entregar a caixa.

–Não, é apenas uma pulseira. Também pensei que seu pai teria um ataque, por isso escolhi lhe dá uma pulseira, como sinal do nosso compromisso.

–Alex, ela é linda.- Allegra disse encantada assim que abriu a caixa e viu a pulseira.

–Posso coloca-la? - questionei e ela concordou antes de colocar a pulseira em seu braço.- Você gostou?

–Sim, ela é linda. Obrigada.

–Que bom, essa pulseira era da minha mãe, e sei que ela ficaria muito feliz em ver a garota que amo usando-a.

–Espero ser merecedora do seu amor.

–Claro que é amor.- sussurrei me aproximando para beijá-la, mas Allegra se afastou de mim receosa.

E naquele momento me lembrei que Allegra jamais havia beijado alguém na vida, e também da minha promessa de esperar até que ela estivesse pronta.

–Me desculpe se forcei algo, não foi minha intenção.- sussurrei envergonhado antes de beijar sua testa e me afastar.

–Espere Alex.- ela pediu me puxando para mais perto dela.

–Eu quero que você me beije.- Allegra pediu corada como um tomate e a olhei sério.

–Não precisa se sacrificar, prometi a você iria esperar até que se sentisse pronta.- expliquei e ela revirou os olhos frustrada.

–Não estou me sacrificando. O que devo fazer para você me beijar?!- ela pediu impaciente e sorri feliz antes de beijá-la com todo amor que sentia por ela.

E naquele momento soube que era o começo dos primeiros capítulos de nossa felicidade.