O Calendário de uma Garota Problema escrita por Tatti Rodriguez


Capítulo 5
Capítulo 5: Mudanças.


Notas iniciais do capítulo

Maaais um capítulo, espero que gostem.
Obrigada pelos coments *-*



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Bonnie POV

A biblioteca estava silenciosa como sempre ficava quando Sra. Steve estava presente. A rigorosa bibliotecária não permitia um som sequer na imensa sala se não fosse das folhas dos livros, as capas batendo nas mesas e nossas respirações. E eu nunca fiquei tão agradecida por ela estar lá.
Eu precisava de um pouco de silêncio para raciocinar um pouco.
Eu estava com meu caderno aberto em uma página branca qualquer. Eu iria listar o que eu poderia fazer nesses... Olhei a data, 30 de maio. Nesses 360 dias que me restavam. Mas nada de interessante passava em minha mente. Eu tinha razão. Devia ter escolhido apenas uns 6 meses. Mas não, eu fui tão impulsiva e...
Impulso! Isso! Eu preciso ser mais impulsiva! Parar de pensar nos prós e contras de tudo. Deixar as coisas tomarem seu curso natural. Eu não planejaria nada. Apenas escreveria o que eu teria mesmo que fazer. Como por exemplo...
Hmm... O que?
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Alaric.
"Ric, estou perdida. - B."
"Você sempre está perdida. - A."
" É sério! O que eu posso fazer para preencher esses 360 dias que me restam? - B."
"Ah, você pode sei ... Desistir disso. :DA."
" u.u' Eu to falando sério. - B."
" Okay, você... Bom, o que você pode fazer agora é listar algumas regras para se situar. - A."
" Regras? Tipo quais? - B."
"Tipo... Não posso morrer antes. - A."
" É uma boa ideia hahahaha. ValeuB."
" As ordens. - A."
Por isso amo Alaric. Ele é demais! Ele poderia estar certo. Poderia fazer regras. O fato de eu querer me tornar impulsiva não era a mesma coisa de me tornar inconsequente. Tem um abismo de diferença.
Comecei a escrever:

Regras dos 365 dias.
* Não posso me matar antes do meu tempo acabar.
* Não posso engravidar.
* Não posso me arrepender de nada...

Nossa senhora... Aquilo tava uma merda. Rasguei a folha e a amassei. Que se dane as regras! Eu sou uma pessoa impulsiva agora! Eu vou fazer algo que eu jamais pensei que faria antes. Bom, há tantas coisas... Começar pelo o que?
Peguei o celular de novo e mandei outra mensagem para Ric.
" O que eu posso fazer de radical? - B."
Demorou alguns minutos para que me respondesse.
" Hmmm.. Não sei. O que você fez de radical nesses dias? - A."
" Bom... Eu não sei... Ah! Eu bebi o leite direto da caixa! - B."
" ...... - A."
" O que foi? - B."
" Meu Deus! Eu nunca conheci uma pessoa tão rebelde como você! Se continuar assim vai ser presa e pegar pena de morte. - A."
" Para de ser chato. Eu nunca tinha feito aquilo. Minha avó nunca deixou... - B."
" Okay Miss Rebeldia. Vamos pensar em algo. - A."
" Obrigada. O que seria de mim sem você? - B."
" Eu realmente não sei. - A."
Eu ri um pouco alto de mais o que chamou a atenção da Sra. Steve. Ela me olhou com repreensão e eu me calei. Decidi deixar a pauta: " O que fazer nesses 360 dias restantes" para depois. Precisava terminar o trabalho que teria que entregar no dia seguinte. Eu daria o melhor de mim nesse meu último semestre aqui. Eu o terminaria e então eu trancaria a faculdade. Eu pensei em fechar minha matrícula, eu nunca voltaria mesmo... Mas eu tinha uma minúscula ponta de esperança de que pedissem para que eu desistisse. Que Damon me pedisse para desistir... Se ele me pedisse, eu desistiria de tudo na hora. Mas a quem eu quero enganar? Damon já recebeu o calendário e com toda a certeza do mundo já estaria contando os dias como eu.
Isso me entristeceu. Saber que Damon contava quantos dias ainda teria que sobreviver até ter Elena de volta era demais para mim. Ainda mais por que isso significaria minha morte.
Eu o odiava tanto, desde o primeiro cruzar de olhos, eu sabia também que era recíproco esse sentimento. E então aconteceram tantas coisas que nos obrigaram a trabalharmos juntos. Eu tinha que admitir. Fazíamos uma bela dupla. Quase imbatível. Ao longo dos dias, meses e dos anos nos aproximamos mais do que gostaríamos, ele havia se tornado um amigo estranho. Eu sabia que não podia me aproximar mais do que ele permitia, ele sempre colocou uma barreira entre nós dois, que aos poucos foi se quebrando. Na verdade ambos erguemos barreiras resistentes em nossa volta. Qualquer um poderia entrar na minha, exceto Damon. Não era todos que podiam entrar na de Damon, mas eu era inaceitável.
E então, houve o Outro Lado.
Eu sabia desde o momento em que estávamos de mãos dadas rodeados pela cegante luz branca e o vento gélido que algo entre nós mudaria.
Eu só não sabia dizer se para melhor ou pior.
Eu acho que foi um pouco dos dois.
Foi bom ter ele ali para mim, companhia - mesmo que rabugenta e bêbada companhia -, ter suas panquecas e sua voz.
Foi ruim porque sempre brigavamos, porque ele sempre foi um teimoso e ignorante e principalmente porque eu me apaixonei por ele.
Eu estava com tanto medo de morrer sozinha... Eu estava com tanto medo de não ter mais ninguém para olhar por mim uma última vez... Naquela floresta eu me vi tão solitária, eu estava sem esperança alguma. Eu me sentia perdida e vazia, me permiti chorar porque eu precisava disso. Eu precisava extravasar minha angústia de algum modo. Mas... Então ele surgiu...
– Tudo está acabando não é? - a voz dele soou como um salva-vidas para mim.
– É. - ele se aproximou e eu soube que ele não iria me abandonar ali. Ele ficaria comigo, estava ao meu lado. O único. - Eu sei que há milhões de pessoas que queríamos estar agora. Mas...
E eu peguei sua mão. E todo o medo e insegurança se esvaiu de minhas veias dando espaço para uma forte corrente elétrica. Ele apertou minha mão na dele e então nossos olhares se encontraram.
– No máximo 200.000.
Eu não pude evitar sorrir. Era bem a cara de Damon falar algo do tipo em um momento como aquele. Seus olhos azuis brilhavam intensamente, não por conta das luzes ao nosso redor, mas porque era o brilho próprio. O brilho que apenas ele possuía. Ele não estava com medo, e se Damon Salvatore não estava com medo, eu também não precisava ficar.
Então apertando minha mão ele olhou para frente e eu fiz o mesmo. As luzes se intensificaram.
– Acha que vai doer? - eu não pude evitar perguntar. Era uma pergunta idiota, mas que eu não podia deixar de pensar.
– Não faço ideia.
A resposta não era uma certeza, era uma dúvida. Tão dúvida quanto a minha. Mas mesmo assim, me acalmou. Foi a primeira vez que confiei verdadeiramente em Damon.
E depois eu passei a confiar mais. Confiar minha vida à ele. Vida que ele se arrependeu de ter salvo.
Suspirei pesadamente e terminei de escrever as últimas linhas do trabalho de filosofia. Fechei o pesado livro e o coloquei no lugar, arrumei minhas coisas e fui em direção ao meu novo dormitório.
Era menor que o outro que eu dividia com Elena e Caroline, mas eu não me incomodava com isso.
– Olá Bonnie. - Kate falou. Ela era minha mais nova colega de quarto. Era uma garota gentil e adorável, loira de olhos castanhos, alta, magra e cursava direito também, era da minha sala, ficamos muito amigas desde nosso primeiro dia de aulas juntas - Como está?
– Cansada, e você? - falei jogando minha mochila na cadeira giratória da estante do computador e deitei na cama.
– Estou bem.
– E Mel? - perguntei de sua irmã gêmea, exceto pelos olhos azuis e o jeito totalmente diferente da irmã. Melissa era super descolada e popular, gostava de chamar a atenção. Apesar de ser louca, era uma boa pessoa.
– Ah, não sei. Eu nunca sei onde ela está.
Fiquei encarando o teto, me lembrando de Caroline. As vezes ela era assim. Sumia do nada sem deixar pistas, e quando ela voltava, ela dizia que foi a uma festa curtir.
Caroline... Caroline Forbes... Eu costumava saber tudo sobre ela. Eu costumava ser sua melhor amiga. Costumava ser importante para ela. Costumava do verbo não é mais assim. Ela nem se importou com a minha mudança de quarto.
– Bonnie, nós duas podemos encarar o mundo e derrubá-lo com as mãos nas costas! - Caroline sempre falava aquilo para me animar - Você é minha melhor amiga. Nós nunca iremos nos perder realmente.
Que frase vazia... Que mentira... Nós nos perdemos Caroline. Nos perdemos e você não está a fim de me procurar.
Em todos os momentos da vida dela eu estava lá com ela.
Quando ficou banguela pela primeira vez, quando se machucou tentando andar de bicicleta, o primeiro baile do colégio, quando sua mãe ficou doente e depois.
Ela dividia sua vida comigo, e eu dividia a minha com ela. Ou... Eu costumava dividir.
As vezes nós nos cruzavamos nos corredores, mas ela não olhava para mim.
Caroline Forbes sempre foi estonteante, mas parecia tão opaca agora... Eu queria a abraçar e falar que tudo ficaria bem. Que eu daria um jeito como sempre. Mas eu não fazia isso. Ela não fez isso comigo em nenhum momento desde que Elena se foi... Não seria eu a procurá-la. Eu a procurei de mais por muito tempo, sempre mostrando que eu sentia sua falta, mas não seria assim agora. Se ela sentia minha falta, ela teria que falar.
Podem falar que sou orgulhosa, não sou. Mas eu vou ter que aprender a me tornar.
Senti meu celular vibrar em meu bolso, o peguei e vi uma mensagem de Alaric.
" Hey, eu tive uma ideia. - A."
" Qual? - B."
" que estamos em tempo de mudanças, porq não mudamos o visual? To pensando em fazer umas mechas verdes no cabelo e talA."
" Mechas verdes? HahahahaB."
" Qual o problema? - A."
" Nenhum prof. RebeldeB."
" Bom, eu não estou no seu nível de Rebeldia a ponto de beber o leite direto da caixa... Mas acho que chego . - A."
" -.-' Eu gostei da ideia. Acho legal mudarmos nosso visual. - B."
" Então amanhã nós fazemos isso. E no sábado nos encontramos e vemos como o outro está. Será surpresa. - A."
" Perfeito! Você é um gênio! - B."
" Eu sei! Hahahaha. - A."
Alaric realmente era um gênio! Estava mesmo na hora de mudar um pouco. Eu precisava.
– Kate, você conhece algum salão por aqui? - perguntei e ela logo foi ao gaveta do criado mudo pegar uma agenda rosa. Pulou na minha cama e com um sorriso no rosto abriu na página S.
– Conheço vários!
– Será que tem algum com horário para amanhã? - perguntei receosa. Sexta-feira era dia de salões lotados, estava muito em cima da hora.
– Bom, é difícil, mas vamos ligar e todos até encontrarmos um que tenha um tempo livre.
Começamos então a operação: " Vaga de Salão ". Estava difícil encontrar algum, e a lista estava quase acabando. Já estava perdendo as esperanças quando de repente Kate me cutuca e faz um joinha para mim. Ela desligou o telefone e gritou animada.
– Amanhã, 16:00. Salão Sparks. Lá é Divo demais! Aproveitei e marquei um horário para mim também.
Sorri e a abracei.

Kate estava se mostrando uma amiga maravilhosa. Não só por ter passado duas horas no telefone me ajudando a encontrar um salão com uma vaga para mim. Mas também porque desde que eu cheguei em seu quarto, ela me deu o espaço que eu tanto estava precisando, me deu também uma sensação de que eu era muito bem vinda ali. É engraçado. Uma praticamente estranha estava me fazendo sentir mais confortável que minha própria melhor amiga.

– Hmmm, saia de perto de minha maninha Bennett, estou com ciúmes de você. - a voz de Mel invadiu o quarto e tivemos que rir. Vi Melissa entrando e jogando suas coisas pelo lado dela no quarto. Ela toda bagunçada.

Melissa Dursley era bagunça em pessoa. Ela brincava falando que eu e Kate éramos a razão e ela era loucura, que nos encaixávamos perfeitamente. Ela tinha razão. Enquanto Kate era pessoa mais organizada e certinha do mundo, Melissa era a bagunça e zoeira. Ela era louca, não se importava com o que pensavam dela, não se importava com o que dizia.

"- Eu mereço e preciso viver a minha vida do jeito que eu quero Bonnie. Acho que todos merecem isso."

Melissa me falou isso uma vez. E eu nunca ouvi nada tão certo em toda a minha vida.

– Já saí. - falei rindo e saindo de perto de Kate com as mãos erguidas em sinal de rendição.

– Sabe, irmãs normais sentiriam ciúmes da outra irmã. Não da amiga. - Kate falou em um muxoxo.

– Você sabe que não sou normal. - Melissa piscou - Mas agora falando sério. Vai ter uma festa no campus B.

– Quando? - perguntei. Desde a minha ida à Seven Sins eu havia me apaixonado por festas.

– Sábado. Começa às 23:00. Nós vamos! - falou convicta e apontou para Kate - Sem desculpas nerds. Você também vai.

– Eu não estou discordando...

Eu parei de ouvir o que elas discutiam, pois saí do quarto e ligue para Alaric.

– Bonnie? Tudo bem? - ele estava com a voz sonolenta.

– Alaric! Sábado já tenho um compromisso para nós dois. - falei animada enquanto me encostava na parede ao lado da porta.

– O que? Bingo? - perguntou animado.

– Bingo...? Não! Vai rolar uma festa aqui na faculdade. Eu e você iremos vir.

– Beleza. Mas, não vai rolar bingo não é?

– Hmm... Não... Mas qual é a sua com os bingos?

– Nada demais. Eu tenho sorte nesse jogo. Só não tenho no amor.

– Não temos...

– Mas temos um ao outro.

– É o bastante.

– Com certeza.

Com toda a certeza do mundo era o bastante.

As aulas, assim como as horas passaram rápidos demais. O que foi um alívio, estava ansiosa demais para ir logo ao salão. A ideia de mudar de visual havia me deixado mais animada que o normal. Eu já sabia o que eu queria fazer.

Eu passei a madrugada pesquisando alguns estilos de cabelos, cores que seriam mais legais para mim. Acabei encontrando uma atriz suíça. Kat Graham. Ela era além de atriz, cantora. Fazia uma série sobrenatural. Fico imaginando se ela descobrisse que essas coisas realmente existem. Eu parecia com ela. Vi um visual dela com os cabelos loiros na altura do ombro, um visual desarrumado.

Seria esse.

Estava com a foto dela que havia impresso e entreguei ao cabeleireiro Jean que me atendia.

Eu não sabia quanto tempo eu fiquei ali, fazendo as unhas, pés e o cabelo. Eu só queria ver o resultado rapidamente. Jean não havia me deixado olhar uma vez sequer no espelho. Eu sempre fui curiosa, era meu ponto fraco.

Assim como eu, Alaric também estava curioso, desde o momento em que eu mandei a mensagem dizendo onde estava. Eu não sei se permaneceu com a ideia louca de pintar realmente os cabelos de verdes. Mas eu podia esperar qualquer coisa dele agora.

– Está pronto. Eu nunca vi uma garota tão linda quanto você. - Jean falou e virou minha cadeira.

Eu arfei. Eu estava linda. E eu jamais me senti assim. Meus cabelos estavam na altura do ombro, repicados, mas sem perder os grandes cachos, loiros muito claros, uma maquiagem leve nos lábios e meus olhos verdes estavam destacados em meio de uma maquiagem forte e preta.

– Estou tão...

– Linda. - Jean completou orgulhoso de seu trabalho.

Eu sorri e logo após pagar tudo, saí me sentindo uma daquelas personagens de filmes românticos que se sentiam poderosas pra encarar o amor de sua vida. Enquanto eu andava eu eu podia ouvir uma música incrível de meus fones. Me sentia Kat Graham em um de seus clipes divos.

Nada podia me abalar.

Eu estava imbatível.

Até ouvir a única voz que me desestabiliza.

– Bonnie...?

Me virei com as pernas bambas.

– Damon.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acham :3



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