A New Chance. escrita por Izzie


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a todos que não desistiram e ainda dão chance a história :)
Espero que gostem do capítulo !
(PS: Me desculpem pelos erros de escrita. )



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Mac voltava para o quarto acompanhado apenas de seus pensamentos, Lindsay já havia voltado há alguns minutos enquanto ele preferiu ficar na cantina do hospital por mais um tempo, ele tomou um segundo copo de café enquanto seus olhos estavam paralisados em algum ponto qualquer da vista lá fora.

Ao dobrar o corredor avistou a dupla de casais vindo na direção de saída, Danny segurava na mão da esposa enquanto Don tinha seu braço envolto ao pescoço de Jessica, eles conversavam animados e cheio de sorrisos, seus passos mudaram de rumo quando avistaram o amigo.

— Estão indo embora? – Perguntou ao se aproximar deles.

— Sim, os médicos chegaram e encerraram o tempo de visita, disseram que ela precisa descansar e que na UTI é proibido ter todos aqueles visitantes. – Jess se afastou de Flack e segurou sua mão que antes a envolvia. – Todos já foram embora.

— A não ser os detetives de Nova Orleans. – Disse Danny – Mas estavam se despedindo dela quando saímos.

— A doutora Hunt e o doutor Williams perguntaram por você. – Lindsay olhava fixamente para o amigo. – Acho que eles querem conversar mais sobre a Stell.

— Ela viu a Aubrey? – Mac indagou e os quatro assentiram. – Eu vou procurar por eles. – Lindsay e Jessica trocaram um olhar rápido. – Obrigado, pessoal.

Lindsay respirou fundo e olhou para o marido.

— Então vamos indo? Eu quero ver a Lucy antes dela ir para escola.

— Vão contar para ela a novidade? – Indagou Don.

— Sim. – Lindsay abriu um sorriso. – Ela vai ficar tão feliz quando souber que a madrinha acordou.

— Vai mesmo. – Jessica concordou. – E vocês sabem que não vão ter paz enquanto ela não ver a Stella, certo ?!

— Sempre sendo a voz da sabedoria e da razão, Angell. – Danny olhou com deboche para a policial. – Obrigado.

Jess deu uma leve cotovelada no louro que sorriu para ela.

— Nós já vamos também. – Don falou. – Eu vou deixar a Jess na delegacia e vou para uma cena, Jo vai me encontrar lá com o doutor enciclopédia. – Jess cutucou o namorado. – O que foi ?! É um elogio. – Ela revirou os olhos.

— Danny, eu quero que ajude a Jo com a supervisão do laboratório, aquele lugar está uma bagunça por conta de Sinclair e seu afastamento, eu quero que assuma com ela até tudo se resolver e eu voltar. – Danny assentiu.

— Pode deixar, chefe. – Concordou. – Não se preocupe com nada, eu vou estar lá.

— Ainda bem que temos a Jo. – Disse Lindsay em um tom baixo para Jess, mas audível para todos próximos.

Danny olhou para esposa com as sobrancelhas arqueadas, Don e Mac trocaram um olhar e compartilharam de um sorriso.

— Eu te prometo, Mac, que você vai achar um laboratório inteiro quando voltar. – Olhou para o chefe. – Talvez com uma detetive a menos. – Olhou rapidamente para a esposa. – Mas inteiro e intacto. – Eles riram. 

— Eu sei disso, Danny. Confio em você!

— Obrigado. – Agradeceu.

— E o empregado do ano é Daniel Messer. – Jess zombou.  – Eu espero que tenha comprado uma estrelinha dourada, Mac. – Danny sorriu com um ar irônico para a detetive. – Afinal, nosso Dannyzinho merece. – Fez biquinho para o Danny.

— Você e o Flack se merecem muito. – Don desenhou um sorriso orgulhoso. – Sério! Vocês são insuportáveis em níveis extremos e iguais. – Olhava para o casal.

— Eu sei disso e é por isso que somos um casal incrível. – Ela beijou Flack suavemente. – Então, vamos?

Os outros três concordaram e se despediram com curtas palavras de tchau para Mac que os acompanhou se afastar, mas enquanto eles faziam, ele não pode deixar de ouvir Jessica abraçada ao namorado dizer.

— Eu sinto pela primeira vez em meses que consigo respirar e trabalhar normalmente.

Ele esperou os quatros desaparecerem de sua visão para somente depois voltar para o seu caminho de volta ao encontro de Stella. Durante o resto de corredores quietos, ele deixou seus pensamentos voltarem a falar alto, distraído ele mal olhava para as enfermeiras que passava por ele e chegavam a lhe desenhar um sorriso, o chão branco era sempre o seu alvo, pelo menos até chegar ao quarto onde Stella estava, porque quando ele passava pela porta toda sua atenção se voltava a ela, seus olhos ficavam fixos em seu rosto ou em sua mão unida a dele, sua mente se concentrava nas melhores lembranças que tinha deles juntos,  das suas antigas e intimas conversas, dos sorrisos dela quando estavam juntos, das suas risadas em meio ao jantar de amigos no restaurante italiano de sempre.

Ao chegar no corredor do quarto, ele ergueu seus olhos e trombou seu olhar com Anthony e Rosalie que caminhavam em direção a saída da ala, a dupla de detetives o viram e lentamente diminuíram seus passos, o detetive de Nova Orleans se virou para Rosalie que depois de algumas palavras dele assentiu positivamente e ficou parada enquanto o mesmo se afastava e caminhava até Mac.

— Detetive Taylor. – Parou de frente para Mac.

— Detetive Keller. – Mac o cumprimentou.

Os dois se olharam por um mínima fração de segundos até o turista quebrar o silencio.

— Obrigado por ter nos avisado sobre a Stella. – Agradeceu.

— Não precisa me agradecer. – O tom calmo de Mac não fazia jus ao que se passava por dento dele. – Vocês são amigos dela e está bem claro que a Stella é tão importante para vocês tanto quanto ela é para nós.

— Ela é muito importante! – Concordou. – Mas de qualquer jeito, detetive Taylor. – Estendeu a mão em sua direção.

Mac olhou para a mão dele surpreso e aceitou o gesto, selando as palavras de agradecimento com um leve aperto de mão.

— Bom dia. – Rosalie se aproximou deles.

— Bom dia. – A cumprimentou.

A perita de fora se dividiu entre olha-los, era possível sentir a tensão que se estabelecia entre os dois homens.

 – Vamos, Ton? – Olhou para o amigo.

Ele assentiu para ela.

 – Claro, Rosie. – Concordou. – Até mais, detetive Taylor. – Se despediu.

— Até mais, detetive Keller, Stone – Eles se afastaram de Mac depois que Rosalie deu um sorriso como despedida.

E pela segunda vez ele esperou as duas pessoas sumirem de sua visão para se voltar ao seu caminho que agora era mais curto, apenas questão de alguns passos. Ao parar em frente a porta, ele seguir seu ritual habitual antes de abrir a porta e entrar, ele inspirou profundamente e expirou lentamente. Logo que passou da porta recebeu o olhar dela.

— Oi. – Cumprimentou.

— Oi. – Respondeu surpresa. – Eu achei que tivesse ido embora.

— Eu estava na cantina, fui acompanhar a Lindsay e como o quarto estava cheio pareceu uma boa ideia.

— Você mora em Nova York, Mac, nada nessa cidade fica cheio. – Ela desenhou um sorriso. – Ainda não aprendeu isso?

— Existem muitas lições sobre essa cidade, eu ainda me perco as vezes. – Mac por sua vez também ensaiou um curto sorriso. – Mas se você quiser eu posso ir embora. – Falou tentando não transparecer seu nervosismo.

— Não, não é isso. – Se corrigiu. – Eu só pensei que você tivesse ido para casa, você saiu e eu achei essa opção a mais provável já que você tem o laboratório e com certeza deve ter casos. – Explicou. – E tem a Christine, ela deve ficar preocupada com você.

— Christine está bem! Ela está na Filadélfia, está passando uns dias com a mãe.

— É compreensível depois de tudo o que aconteceu. – Mac assentiu. – São férias merecidas!

O silencio que se estabeleceu entre os dois era mais constrangedor que a tensão que unia ele e Anthony Keller, era estranho se sentir daquele jeito ao lado dela. 

— E ele? Clark?

Mac colocou as mãos em seus bolsos e pensou em como começaria a explicar toda a história descoberta depois do fim do sequestro.

— Ele escapou? – Indagou com medo estampado em seu rosto e em sua voz.

— Não. – Respondeu rápido. – Ele está preso na Auburn Correctional Facility, está aguardando julgamento. – Ela expirou aliviada.

— Então por que está assim? – Mac a olhou curioso. – Você está tenso, Mac! O que está acontecendo?

— Você precisa descansar, Stella. – Ele se aproximou da poltrona. – Vamos conversar sobre esse assunto mais tarde, tá bom ?! – Os olhos verdes o acompanhava.

— Mac. – Ela chamou seu nome com um tom sério. – Você está escondendo alguma coisa de mim, eu sei, eu posso ver. – Ele engoliu a seco. – Não me obrigue a descobrir sozinha o que está acontecendo, porque eu posso fazer isso. – Ele reconheceu aquela expressão que tomava o rosto dela. – Me diz o que está deixando você assim, por favor. – Pediu.

Mac demorou alguns segundo mas assentiu em concordância com o pedido, se ele ainda a conhecesse bem sabia que era possível o que ela havia dito, ela conseguiria descobrir sozinha se ele não contasse. Ele se sentou e pensou rapidamente uma forma de começar, mas parecia não ter um início ideal para aquilo.

— Nós descobrimos uma coisa sobre o seu sequestro, Stella. – Ela ajeitou sua postura. –   Richard Clark e seus homens não eram os únicos por trás dele, existia uma outra pessoa por cima daquilo tudo, alguém que pagava Clark para te torturar e no final te matar.

— O que? – Sussurrou em resposta.

A expressão que tomou conta do rosto de Stella não foi algo inesperado por Mac, ela estava visivelmente surpresa com que acabara de ouvir dele.

— Quem? – Perguntou.

Mac respirou calmamente.

— Capitão James Turner. – O nome do homem saiu mais rápido do que ele próprio esperava.

— O Turner? – Sua voz permanecia baixa. – Eu, eu não entendo... – Disse confusa. – Por que? O que foi que eu fiz?

Os olhos dela o interrogavam com a mesma intensidade que seu tom de voz, era visível a curiosidade e o choque em seu rosto.

— Você não fez nada, Stella. – Ele negou.

— Então por que? Tem um motivo, não tem? Ou foi tudo gratuito? – Seu tom de voz saiu tremulo.

Mac se calou por alguns segundos.

— Me diz, Mac.  – Ela pediu. – Qual o motivo? Eu sei o que levou Richard Clark a fazer tudo isso, dele eu sei os motivos, mas o Turner? – Mac se frustrou por vê-la daquele jeito.

— Foi porque o seu nome estava em primeiro lugar para substitui-lo. – Ele sentiu sua voz falhar no meio da frase. – E a ideia de se aposentar e deixar o cargo não o agradava tanto quanto agradava aos outros. – Contou.

— Do que você está falando? – Stella franziu as sobrancelhas.

— Queriam que Turner finalmente se aposentasse depois de quase três décadas na polícia, e quando essa possibilidade surgiu o seu nome veio junto como sugestão para assumir o lugar dele, o que causou um certo agrado aos olhos alheios, principalmente aos do prefeito e do secretário de segurança. – Mac relatava a uma Stella atenta. – Você sabe como eles ficam quando correm o risco de perder todo o seu “poder”.

Stella ficou em silencio olhando para Mac, seus lábios ensaiaram milhares de palavras que vinham em sua mente, mas nenhumas dessas chegavam a ser ditas em voz alta.

— Então... – Começou mas parou. – Então, tudo isso foi por causa de um cargo? – Aumentou sua voz. – Eu quase morri porque ele não queria perder o maldito cargo dele?

— Ele tinha descoberto onde Clark estava escondido com você ainda na primeira parada em Ocean City. 

— Ocean City? – Mac assentiu. – Eu nunca soube onde estávamos, como pode imaginar, Clark nunca me disse nada sobre nossa localização, ele apenas abria a boca para me insultar, debochar ou me provocar, ou então se ele disse alguma coisa eu estava muito dopada para lembrar. – Um nó travou a garganta de Mac ao ouvi-la dizer aquilo. – Eu só soube que estava em Nova York quando Clark disse que o FBI tinha bloqueado todas passagens da cidade, foi quando ele matou Joshua Evans, um antigo amigo. – Sua voz quase sumiu ao mencionar o nome.

— O Turner destruiu qualquer coisa que nos levasse ou sequer aproximasse a gente de te achar, ele era a mente que manipulava Clark.

— Eu não acredito nisso. – Ela balançou a cabeça em negação. – Eu sempre soube que Turner era baixo, claramente era sujo, que ele fazia parte do lado ruim, mas isso... – Desviou seu olhar de Mac. – Ele nem se preocupou em saber se eu aceitaria, se eu queria a droga do cargo dele, ou então se pelo menos eu sabia dessa ideia de substitui-lo.

— Ele achou que por ser um acordo entre você e Sinclair, você sabia e obviamente aceitaria. – Stella o olhou de imediato. – Eu sei que não era um acordo, mas sim uma promessa de Sinclair.

— Como você? – Indagou sem nem terminar a frase.

— Sinclair me contou. – Ele viu ela prender seu ar por alguns segundos. – Eu sei que era segredo e saiba que ele tentou guardar isso, mas, digamos que eu forcei ele a falar.

Stella suspirou.

 – Eu nunca imaginei que isso fosse para valer, eu nem sequer levei a sério as palavras dele sobre essa promessa.

— Você nunca levou a sério a ideia de voltar? – Sua boca lançou a pergunta involuntariamente, sem ao menos pensar.

Ela ao contrário dele pensou por uma curta fração de segundos antes de responde-lo.

— Eu não sei. – Respondeu por fim calmamente. – É estranho, não é ?! Logo eu que sempre disse que esse lugar era minha única casa.

Mac se esforçou para não demonstrar a decepção ao ouvir aquelas palavras, mas sentiu o arrependimento de ter feito aquela pergunta tomar seu corpo por inteiro.

— Nem um pouco. – Negou. – Você fez um bom trabalho por lá, Stella. – Ela paralisou seu olhar sobre ele.

— É bom ouvir isso de você. – Desenhou um sorriso discreto. – Obrigada, Mac. – Agradeceu.

Antes que o enorme e pesado silencio se estabelecesse novamente entre os dois, os pensamentos de Mac o incomodaram fazendo com que seus olhos caíssem para suas mãos nervosas, ele tentou controlar a ansiedade que tomava conta de si mas parecia ser uma tentativa em vão, as palavras seguradas em sua boca parecia queimar sua língua e fechar sua garganta.

— Me desculpe. – Sua voz saiu por um fio.

O verde e o azul se alinharam e permaneceram fixos por alguns segundos em silencio. Mac jurava que era possível ouvir seus batimentos de tão forte que seu coração batia naquele momento, chegava a ser doloroso todo aquele ritmo, era como se fosse sair para fora de sua caixa torácica.

— Você não precisa se desculpar, Mac. – Foram as palavras dela.

Era visível nos olhos dela a tristeza que aquela frase trouxe, ele fechou o punho ao sentir a raiva de si mesmo aflorar e então sua mente recordou dos momentos passados quando a via triste por algo ou alguém e de como ele se sentia mal por vê-la daquele jeito, Mac se lembrou de como gostava de arrancar os sorrisos dela nesses momentos, ele se sentia preenchido ao saber que a conhecia bem a ponto de ter conseguido fazer o sentimento que a abalava passar.

— Sim, eu preciso, Stell. – Afirmou a chamando pelo apelido carinhoso pela primeira vez.

Mac pensou em tudo o que poderia e queria dizer a Stella, todos os sentimentos presos e agarrados a sua garganta, todos os pensamentos que gritavam em sua cabeça, a vontade de abraça-la para nunca mais soltar, o desejo de poder dizer que havia enxergado a verdade entre eles e que a amava.

— Eu sempre fui a parte péssima da nossa amizade e a verdade é que eu nunca mereci ela. – Os olhos verdes estavam atentos a ele. – Eu nunca mereci a parceira que você era, eu nunca mereci a preocupação que você tinha comigo ou todo aquele seu jeito de cuidar das coisas e principalmente de mim, eu nunca mereci todas aquelas vezes que você fez de tudo para solucionar os problemas que deveriam ser só meus, como a demissão do Adam por exemplo, você se redobrou com favores somente para que eu tivesse mais tempo para pensar, ou então até mesmo os nós das minhas gravatas, você sempre arrumava elas e ao mesmo tempo era a única que se preocupava em desfaze-los porque aparentemente eu estava social demais... – Ela interrompeu.

— Não era aparentemente, Mac. – Negou. – Você sempre estava social demais!

Apesar dela estar sem nenhum tipo de expressão, ele podia sentir em seu tom um leve toque de brincadeira.

— Eu fui egoísta e arrogante. – Mac sentiu suas mãos suarem frio. – Eu pensei apenas em mim, eu ignorei você quando deveria ter parado e ouvido o que tinha para me dizer, eu não te apoiei e principalmente, eu não estive do seu lado quando precisou de mim. – Ela desviou seu olhar por um segundo mas voltou rapidamente a olha-lo. – Eu sempre fui um péssimo amigo quando você merecia um melhor.

Ambas as bocas se calaram, vozes sumiram por quase um minuto e meio, até os olhares se desviaram e mantiveram-se em outros pontos fixos.

—  Isso não é verdade. – Ela quebrou o silencio. – Você se lembra disso? – Indagou deixando seu olhar cair.

Os olhos azuis seguiram o olhar dela, ambos olhavam para o próprio pulso de Stella que alisava com o dedo levemente a pequena e quase invisível cicatriz que existia em sua pele.

— Foi uma das marcas que Frankie deixou antes de eu mata-lo. – Ela tinha seus olhos perdidos em seu pulso. – Mesmo eu tendo que repensar sobre isso, aquela noite foi uma das piores da minha vida, mas, quando eu acordei no chão do meu apartamento naquele fatídico dia você estava lá do meu lado. – As esmeraldas e safiras se encontraram. – Você foi até o hospital e não saiu de lá até me ver de novo no quarto, inteira e consciente, você estava em um caso e deixou ele de lado para cuidar do meu, Mac, você tomou a providencia de encaminhar o Flack para cuidar de mim enquanto você não estava lá porque você sabia como um policial podia ser duro quando se interroga uma suspeita de assassinato  mesmo não tendo todos os fatos da história, você deu um jeito de não tornar as coisas piores do que já estavam e no final de tudo você estava lá, pronto para me levar embora do hospital e ainda me oferecendo sua casa como refúgio. – Ela sorriu singelamente. – Você estava do meu lado quando meu apartamento pegou fogo, me ajudou a encontrar um corretor e até mesmo um novo lugar para morar, você passou por cima de todos os seus princípios e de todas as regras do laboratório para ir até a Grécia me buscar e me ajudar, porque você já sabia das respostas que sempre precisei e quis sobre mim e de alguma forma sabia que seria difícil quando eu conseguisse elas. – Os olhos dela se encheram. – Mac, você não foi apenas um bom amigo, você sempre foi um ótimo amigo!

— Isso não chega perto do que você já fez por mim.

— Você nunca foi uma pessoa competidora, Mac.

— Você me tirou do fundo do buraco, Stella, e não foi apenas de um só. – Recordou – Mesmo que eu tentasse me esconder, mesmo que eu quisesse isso, de algum jeito você conseguia me achar e me tirava do escuro, e você nunca desistia de fazer isso.

 – Porque é o que fazemos, Mac, nós achamos um ao outro quando é preciso. – Ele sentiu uma onda de calor em seu peito ao ouvir a voz dela tão perto dizendo aquela frase. – Ou então nós apenas cavamos o suficiente para o outro conseguir respirar. – Falou calma. – É isso o que parceiros fazem, cuidam um do outro, não é ?!

Mac petrificou seu olhar sobre ela, admirando-a e se lembrando do que era ter Stella novamente por perto, o som da sua voz e seu olhar brilhante, as vezes preocupado mas na maior parte carinhoso, o seu jeito de falar e sua expressão calma.

— O que foi? – Ela perguntou.

— Nada. – Stella lançou um olhar desconfiado. – Eu apenas estou feliz de poder te ver novamente.

Ela lhe deu um sorriso familiar, era o mesmo sorriso do qual ele se lembrava, aquele qual ele nunca viu ela dar a outra pessoa, apenas para ele, o que fez seu coração que batia em ritmo normal se acelerar.

— Tem certeza de que está tudo bem? 

— Seu sorriso. – Stella olhou curiosa. – É muito bom ver ele tão de perto de novo.

As bochechas dela se coraram e aquilo não passou despercebido por Mac que adorou ver aquela cena.

— Encantador, Mac. – Sorriu tímida. – Obrigada.

Eles trocaram um olhar por longos segundos em silencio junto de um curto e escondido sorriso. Era como nos velhos tempos e tudo o que Mac sentia naquele momento era nostálgico, não era apenas felicidade mas também era uma certa paz por estar tão perto dela e ter tudo aquilo de volta, com os flertes discretos e disfarçados de uma longa amizade.

Antes que pudessem quebrar aquele momento com alguma palavra, leves batidas na porta fez por eles. Stella desviou o olhar para porta adquirindo uma expressão mais leve e séria, ao ouvir o som da porta sendo aberta vagarosamente Mac se ajeitou e se virou para mesma direção que a paciente.

— Com licença. Me desculpem por atrapalha-los, mas eu vou precisar da senhorita por um tempo. – Disse a enfermeira parada na porta apontando para Stella. – Temos uma agenda cheia hoje. – Seu tom era bem humorado.

— Mais exames? – Stella sugeriu.

—Eu não vou mentir para você. – Ela entrou no quarto. – Uma verdadeira maratona.

Mac a observou fechar os olhos e suspirar derrotada, foi impossível ele não sorrir. A enfermeira se aproximou e Stella trocou algumas palavras com ela, essas que Mac nem ouviu pelo fato de estar tão focado em admira-la. Depois de rir de algo que a enfermeira disse, ela se virou para ele.

— Você ouviu ?! Pode ir tranquilo.

— O que? – Ele quebrou a barreira.

Stella riu enquanto o olhava.

— Em qual mundo você estava? – Manteve um sorriso. – A enfermeira disse que vou me manter ocupada por muito tempo com exames, consultas e mais exames. – A enfermeira se retirou do quarto.

— Onde quer chegar?

— Você vai ir para casa descansar.

— Eu não preciso fazer isso. – Negou.

— Me desculpa, mas isso pareceu um pedido? – Ela arqueou a sobrancelha. – Vai para casa, Mac! Você já fez demais por mim.

— Você também nunca foi competidora, Stella. – Ensaiou um sorrisinho. 

— Mac, eu não preciso perguntar para ninguém se você ficou aqui comigo durante esses dias em que estive em coma, eu sei a resposta, eu te conheço apesar de tudo o que aconteceu, do tempo afastados. – Disse ela. – Eu ainda posso ver nos seus belos olhos azuis, Taylor. – Apontou. – Você ainda se preocupa comigo. – Sorriu.

— É claro que eu me preocupo com você, isso nunca mudou. – Concordou com as palavras dela. – Você é Stella Bona será, a mulher mais teimosa do mundo, aquela que me deixa louco as vezes, mas que ... – Stella o interrompeu.

— Você adora. – Completou.

Mac demorou alguns segundos para concordar positivamente com aquela frase que ela insistiu em terminar. Ele não adorava ela, ele a amava.

— Eu estou bem, não se preocupe. – Assegurou confiante. – Eu estou acordada e vou passar meu dia me divertindo entre exames e consultas com enfermeiras e médicos. – Os lábios dela mantinham um dócil sorriso. – E você não faz parte desse meu dia super. divertido, não foi convidado, então, vai para casa! Vai descansar e quando digo isso, eu quero dizer como uma pessoa normal, sem laboratório.

Ele falhou em não sorrir das últimas palavras dela.

— Viu ?! Eu disse que ainda te conheço. – Olhou orgulhosa.

— Pelo visto sim.

— E não preocupe, eu não vou fugir. – A sua voz expressava diversão. – Pelo menos, vou tentar não fazer isso.

— Você promete? – Perguntou. – Promete que quando eu voltar, você ainda vai estar aqui?

Stella aos poucos recolheu o resto de sorriso que tinha, ela o observou por alguns segundos, seus olhos estavam parados no par de safiras que também a olhava.

— Eu te prometo. – Suas palavras saiu como sussurro. – Eu ainda vou estar aqui quando voltar.

Ambos trocaram sorrisos familiares junto de novos olhares tímidos.

...

“Já se passava das oito horas da noite e o laboratório era tomado pela rara tranquilidade no mundo criminal, com os casos encerrados e relatórios finalizados a equipe se sentiu com ânimo de sair para beber e comemorar a semana sem longas noites e sem os diversos copos de café durante as madrugadas. Todos já haviam partido, exceto por Mac que havia decidido ficar em seu refúgio trabalhando, enquanto todos se divertiam regados do bom álcool e das divertidas conversas jogadas fora ele se mantinha centrado em seus arquivos, assinaturas e documentos, aquela basicamente era sua noite, a perfeita e ideal prisão para sua mente que vinha sendo inquieta.

O toque do celular atrapalhou a leitura de um dos depoimentos anexados a pasta do caso encerrado naquele dia, Mac ainda com os olhos grudados nas palavras esticou o braço para alcançar o seu celular um pouco distante, ele tateou a mesa de vidro e antes mesmo do terceiro toque ele o achou e trouxe para si.

“– Stella Bonasera chamando “— Seus olhos leram na tela.

Mac encarou o objeto vibrando e tocando em sua mão, depois de alguns segundos observando o nome escrito na tela ele silenciou o toque mas não recusou a chamada, ele respirou fundo e devolveu o celular para o mesmo lugar onde estava mas dessa vez o virando de cabeça para baixo, afim de evitar ver novamente aquele nome que o procurava todos os dias, era a segunda vez que ela tentava contata-lo naquele dia, ambas vezes ignoradas por ele. Mac largou os papeis que estavam em suas mãos na mesa e suspirou girando sua cadeira e ficando de frente para cidade observando-a por trás das paredes de vidros, ele permaneceu calado e com olhar fixo nos arranha- céus por alguns minutos. Ele sentia que aquilo o arruinava toda vez, era torturante toda aquela situação e por consequência seus dias também se tornavam daquele jeito. “

...

Os olhos azuis estavam parados no mesmo ponto onde sempre ficavam quando recebia e ignorava uma ligação dela. Seus pensamentos viajam para longe enquanto ele recebia a luz do sol da manhã em seu rosto, aquecendo sua pele e invadindo seus olhos.

 – Mac? – A voz tirou ele dos pensamentos.

Ele se virou e viu Jo entrando na sala com um olhar surpreso e mãos ocupadas segurando uma caixa.

— O que você está fazendo aqui? – Indagou.

Mac olhou ao seu redor por alguns instantes e voltou seus olhos para a mulher de cabelos escuros e olhos claros.

— Essa é a minha sala e eu trabalho aqui. – Se sentou em sua familiar cadeira.

Jo arqueou as sobrancelhas e ficou encarando o parceiro.

— Eu não achei que te veria tão cedo por aqui. – Ela colocou a caixa em uma das cadeiras que ficavam de frente para a mesa do chefe. – Eu soube que a Stella acordou. – Eles trocaram um sorriso. – Como ela está? – Se sentou na segunda cadeira vazia.

 – Ela está bem. – Respondeu. – Eu tive um breve conversa com o médico dela antes sair do hospital, ele disse que vão fazer mais exames e outras novas consultas para garantir melhores repostas.

— Isso é bom. – Mac assentiu positivamente. – Mas a minha pergunta ainda é a mesma:  O que está fazendo aqui? Eu pensei que ficaria no hospital com ela. 

— Foi a Stella quem insistiu para mim vir embora, ela vai passar o dia entre os exames e as consultas, então ela me obrigou a vir embora para descansar.

— Hum. – Jo fez uma expressão pensativa. – E a sua casa não fica do outro lado da cidade?

— Eu não preciso ir para casa, Jo.

— Sim, você precisa. – Contrariou ele. – Você está cansado, Mac! E ela sabe disso, por isso mandou você ir descansar, ela te conhece melhor do que ninguém, lembra ?! Você não é o superman, Mac. – Jo se levantou e pegou a caixa na cadeira. – Vai para casa e descanse um pouco até você ir encontra-la novamente, tá bem ?! Está tudo sob controle por aqui, todos estão ajudando o máximo que podem. – Ela sorriu.

— Eu sei que estão. – Ele concordou. – Obrigado por tomar o conta desse lugar nesse momento, Jo.

— Você não precisa me agradecer. – Disse calma.  – Agora cai fora daqui. – Ela fechou a cara e Mac riu.

Jo desenhou um pequeno sorriso para ele e caminhou até a porta, enquanto segurava a caixa com um de seus braços, ela abriu a porta de vidro, mas antes de atravessar a passagem olhou novamente para o parceiro.

— E vai logo antes que eu ligue para o hospital e converse pela primeira vez com a Stella antes do esperado. – Brincou.

— Eu já estou indo. – Ele levantou as mãos como sinal de redenção. – Não precisa tomar uma atitude tão drástica. – Jo riu.

— Tchau. – Ela se despediu e saiu para os corredores.

Mac deixou um riso escapar da situação, ele ainda esperou alguns instantes antes de se levantar e recolher o seu casaco que estava pendurado na cabideiro, após vesti-lo, ele pegou seu celular em cima da mesa junto das chaves e guardou os pertences em seu bolso caminhando para fora de sua sala enquanto fazia tal ação.

...

“Ele bateu na porta de vidro do escritório ocupado por ela, os olhos verdes imediatamente se desviaram dos papeis e se encontraram com os dele.

— Oi. – Ela desenhou um sorriso.

— Posso entrar? – Indagou com a porta entre aberta.

— Você sabe que sim. – Stella largou os papeis em sua mesa.

Mac entrou dentro da sala da perita e caminhou até uma de suas cadeiras de visita devidamente agasalhado para combater o vento frio da cidade naquela noite.

 – Mas o que ainda faz no laboratório? – Perguntou ela. – Pensei que tivesse um compromisso hoje.

— E eu tenho. – Afirmou. – Na verdade, nós temos. – Ela arqueou as sobrancelhas.

— O que?

 Mac abriu o casaco e retirou de dentro dele uma pequena caixinha azul turquesa envolvida por um laço branco, ele colocou sobre a mesa de vidro e levemente empurrou a embalagem para mais perto dela.

— Feliz aniversário. – Os olhos dela se ergueram para olha-lo. – Eu sei que você gosta dessas caixinhas tanto quanto gosta daquele bistrô na 120 W com a 44th St. Por isso, vamos comemorar lá!

— Você sabe que é impossível conseguir uma reserva naquele lugar.

— Eu sei. – Concordou. –Ainda bem que eu fiz a reserva há quase duas semana atrás.

— Mac. – O chamou séria. – Você não deveria ter feito isso. – Negou. – Eu disse sem comemorações.

— Eu também sempre digo isso. – Ele deu a volta na mesa dela. – Mas você sempre dá um jeito de me fazer sair daqui. – Mac pegou o casaco dela pendurado no cabideiro atrás dela. – Hoje é minha vez. – Desenhou um sorriso. – Vamos?

Stella manteve seu olhar sobre ele por alguns segundos.

— Posso abrir meu presente primeiro? – Questionou.

— Claro. – Concordou.

Ela ensaiou um sorrisinho e se virou para a mesa, suas mãos trabalharam agilmente no laço branco que foi desfeito com facilidade, ela abriu a caixinha azul e os olhos de Mac ainda distante puderam ver o sorriso dela se abrir ainda mais.

— Espero que goste!

Stella retirou de dentro da caixinha cuidadosamente a corrente com o pingente de coração que estavam escondidos.

— É linda, Mac. – Sussurrou. – Obrigada. – Se voltou para ele. – Eu amei. – Sorriu docilmente. – Se importa? – Apontou para seu pescoço.

Mac apenas deu alguns passos para mais perto e Stella lhe entregou o seu presente afastando em seguida seus cachos para que ele pudesse fazer o que ela pediu. Mac envolveu o fio de ouro no pescoço da grega e encaixou o fecho no final da corrente.

— Pronto! – Avisou a ela.

Stella acariciou o pingente e se virou para ele com um sorriso nos lábios.

— Obrigada. – Agradeceu novamente.

— A noite ainda mal começou para você me agradecer. – Mac devolveu o sorriso. – Vamos? – Estendeu a mão para ela.

— Tudo bem. – Concordou. – Mas saiba que no seu próximo aniversário, eu vou fazer uma festa enorme. – Ele riu.

— Contanto que você esteja lá. – Mac abriu o casaco dela e colocou sobre seus ombros. – Eu aceito a festa. – Ela bufou.

— Eu vou chamar o Sinclair também.

— Sinclair? Você vai chama-lo para uma festa onde o foco sou eu e que não vai ter políticos, filantropos e milionários? – Abriu a porta para ela. – Você realmente conhece seu chefe? – Ela riu sonoramente. – Acho que ele vai preferir ir para forca do que para essa festa.

Eles se olharam e trocaram risadas enquanto saiam do laboratório.  “

...

Mac abriu os olhos despertando do sono em que estava  e consequentemente interrompendo o resto do memória que visitava seu sonho. Ele piscou forte duas vezes antes de se apoiar na cama para ver a hora exposta do relógio do criado mudo da cama, havia se passado horas desde que voltara para casa. Mac respirou fundo e alcançou seu celular, certificou-se de que não havia nenhuma mensagem ou ligação perdida e se sentou na cama por alguns minutos pensativo, ele abriu a primeira gaveta do movel ao seu lado e retirou a joia guardada pertencente a Stella, ele sorriu ao ver o coração com o S gravado. 

— Acho que tá hora de voltar para sua dona. — Pensou sozinho.

 


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Notas finais do capítulo

E então ? Comentem, please !

OBS > São os comentários, suas opiniões que fazem a fic andar, quem estimulam os autores a continuar ! Fantasminhas, apareçam !! Também preciso de vocês, por favor.

Beijos ♥ até o próximo.