Alice - Uma história sobre o amor e o preconceito. escrita por Mila Karenina


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Não tenho muito o que dizer, perdoe os erros ortográficos, eu reviso os capítulos, mas sempre fica aquele errinho né? Boa leitura e qualquer dúvida sobre o enredo é só perguntar!E lembrando... O capítulo está pequeno pois é o prólogo...



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Boston, 1967
Outono

"Se você puder chegar através da neve, da tempestade e da chuva, saberá que poderá chegar quando brilhar o sol e tudo estará bem."

O centro mais uma vez estava cheio. Um jovem de aparentes 30 anos fazia seu discurso inflamado, aquelas manifestações estavam sendo cada vez mais frequentes, principalmente depois que o líder da comunidade negra, Martin Luther King, conseguiu o reconhecimento que a causa precisava, e desde então todos acham que têm algo para dizer.


— Nós vivemos no berço da independência! Por que não podemos torná-lo também o da nossa independência? Dizem-nos que somos todos iguais, mas isso não é verdade! Hoje fui procurar emprego em um jornal. Eu tenho três faculdades e um bacharelado, e sabem o que a entrevistadora teve a audácia de me dizer? Que não tenho o perfil necessário. Então perguntei a ela se eu não tinha o perfil ou a cor necessária! — disse o jovem negro enquanto enxugava o suor de sua testa, que brilhava pelo dia que estava ensolarado.

Algumas pessoas aplaudiram, outras ignoraram, mas uma fez algo inimaginável. Um homem branco e alto, que tinha quilos precisando ser eliminados e um sorriso amarelo pegou uma pequena garrafa de refrigerante. Esta era feita de vidro e continha o nome da marca ao lado, e ele, então, arremessou-a com total fúria no jovem.

A garrafa voou por cerca de um ou dois metros, até que colidiu com a cabeça do jovem e se quebrou, cortando-o assim. O sangue escorreu lentamente pela sua face, transformando-a em um rosto com sangue, em um sangue com rosto, e ele fechou os olhos segundos depois, desmaiando.

O resto pareceu correr em câmera lenta. Algumas pessoas foram correndo socorrer o jovem, outras tentaram segurar o homem que havia feito aquela barbaridade. Mas foi em vão, pois o mesmo correu, deixando o local em caos.

— Polícia! — gritou Alison, nervosa.

Alison era a irmã mais velha de Alice. Elas eram totalmente diferentes. Enquanto Alison era uma garota sem papas na língua, Alice se reservava mais, mas não que ela deixasse que alguém a pisasse ou que cometessem qualquer ato de preconceito. Ela nunca admitia tais coisas, mas não costumava comprar brigas que não eram delas. Alison sempre se irritava com Alice por isso.

— Ele passou do seu lado. Por que não o segurou? — Alison perguntou para a irmã, que fitava o chão.

Alice usava um humilde vestido nude, sem nenhum detalhe chamativo ou um recorte moderno como os das mulheres ricas daquela época. Era de um leve tecido, mas não era estruturado, pois havia sido feito por sua mãe em uma antiga máquina de costura. Mesmo assim, tão humilde, Alice conseguia ser mais bela que todas aquelas mulheres que lá estavam.

Seus escuros cabelos cacheados estavam presos, embora a moda agora fossem os volumosos e trabalhosos penteados. Se você usasse um, era mais aceita na sociedade. Mas além de nunca ter tido dinheiro para aderir àquela moda, nunca quis fazê-lo, pelo desejo de assumir suas origens, não escondendo de ninguém que tinha orgulho de ser negra. Porém, sempre se reprimia não usando nada curto, pois odiava suas coxas generosas e seus quadris largos.

Assim que as palavras de Alison entraram pelos ouvidos de Alice, ela lançou um olhar para a irmã que demostrou toda a sua confusão com os fatos. Havia acontecido tudo rápido demais e ela ainda não havia assimilado o que acontecera. Sua mente limitava-se a imaginar se o jovem havia ou não morrido e aquilo lhe causava um enorme aperto no peito.

Ela imaginava que poderia ser facilmente morta como aquele rapaz. Alice estava se cansando das frequentes discriminações que os negros sofriam, mas ela sabia que reclamar ou fazer discursos não adiantava de nada, a única coisa que ela conseguiria com aquilo seria mais ódio. Ódio dos brancos por estar defendendo os negros, e ódio dos negros homens por ser uma mulher e tentar se meter em assuntos políticos e sociais.

No fundo ela sentia vontade de gritar ao mundo que não era pior por ser negra, que ela era igual a todos, porém conhecia as consequências daquele tipo de ato.

Alison era o contrário de sua irmã. Ela queria participar de todos os protestos e achava que, se queriam uma sociedade mais justa, deveriam lutar, não apenas esperar que a igualdade caísse do céu.

— Eu não conseguiria segurá-lo de qualquer forma! — exclamou Alice, ainda com o olhar perdido.

A mais velha suspirou e se aproximou da mais nova, com um estresse nítido, ela puxou-a pelo braço e afastou da multidão. Alison conhecia a sua irmã e sabia que situações assim eram, no mínimo, traumáticas para Alice.

— Vamos embora daqui. — afirmou Alison.

Londres, 1967
Outono

Edward, ou senhor Wickham, como ele preferia ser chamado, andava de um lado para o outro. Estava impaciente, pois seu voo estava atrasado e ele sabia que precisava estar nos Estados Unidos antes que a sua sobrinha voltasse da casa de seus pais. Ele cuidava dela desde que a sua irmã, em seu leito de morte, o havia feito prometer que cuidaria de sua filha. E ele se esforçava para manter a promessa.

As notícias, ouvidas de um homem que tinha um rádio em suas costas, eram as mesmas: mais protestos e mais um jovem agredido.

Edward não fazia parte dos conservadores, mas também não era nenhum apoiador da causa. Ele, assim como Alice, preferia não dar opiniões sobre o assunto. Simplesmente porque achava que existiam coisas mais importantes a serem tratadas no momento,e a filial de sua empresa em Londres era uma dessas.


O loiro se olhou no espelho e ajustou sua gravata preta pela última vez. Seus olhos claros estavam ainda mais claros naquele dia, e sua barba por fazer lhe dava um charme indiscutível.

Ele sorriu ao ver a sua imagem refletida no espelho. Edward se achava bonito, pelo menos mais bonito que a metade dos homens de trinta anos. Ele não era barrigudo, pelo contrário, possuía um corpo digno de um atleta. Não era demasiado alto, porém não era baixo, tinha por volta dos 1,80m, uma altura considerada respeitável.

Pela última vez ele olhou o seu relógio. O voo estava pelo menos vinte minutos atrasado, mas dessa vez quando ele voltou seu olhar para o céu, observou uma aeronave chegando ao aeroporto. Logo a voz de uma mulher ecoou pelo aeroporto. Seu voo havia chegado e brevemente ele estaria nos Estados Unidos: um país problemático, mas esse era a sua nação. E, mesmo que ele não fosse um patriota, aquele era o seu lar.


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Notas finais do capítulo

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