A Excêntrica Família Weasley escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo único




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Scorpius trocou de camiseta três vezes de tanto que transpirava.

Girou seu quarto, quase tendo um colapso nervoso. Em menos de trinta minutos iria aparatar diante da casa dos Weasley para conhecer toda a família e ele estava quase tendo um infarto do miocárdio. Correu para o banheiro e tomou um segundo banho, trocando de roupa mais uma vez. Seu pai passou pelo corredor e enrugou a testa:

— Mais um banho? — questionou Draco. — Está com medo de não gostarem do seu cheiro? Isso seria minha última preocupação.

O garoto ignorou o pai enquanto se vestia, mas Draco continuou lustrando um colar de valor¹, com vontade de rir do adolescente surtado. Diferente de Scorpius, Rose não parecia nem um pouco nervosa quando foi visita-los, pelo contrário, Draco engatou em uma conversa tão longa com a garota que Scorpius foi dormir sem se despedir da namorada. O velho Malfoy apresentou a biblioteca para a garota e até mesmo emprestou um livro sobre as Bruxas de Salem. Até mesmo Lucius e Narcissa pareceram gostar da Weasley. Extremamente inteligente e perspicaz. Ela lembrava muito a mãe, o que deixava Draco desconfortável e envergonhado, mas completamente encantado.

— Está bom assim? — questionou Scorpius, acariciando suas roupas, Draco deu de ombros.

— Não sei, detesto essas roupas trouxas. — Astoria entrou no quarto e parou ao lado do marido, avaliando o filho.

— Por que está suando tanto? — perguntou ela. Scorpius deu um gemido agudo e jogou-se na cama, com vontade de chorar. Estava com tudo ao mesmo tempo, dor de barriga, vontade de urinar, vomitar, estava acontecendo uma guerra em seu estomago. Ele conseguia sentir seu coração querer atravessar os ossos e a pele, e seus pulmões berrarem de desespero: Era certo, ele teria um infarto antes de chegar na casa e eles considerariam aquilo uma desfeita, uma grande desculpa esfarrapada.

— Eu acho que não vou. — disse Scorpius, encarando os pais. Draco e Astoria pareciam com muita vontade de rir. Draco deu o colar para a esposa e coçou a cabeça levemente antes de colocar as mãos no bolso.

— Olhe... Você vai ter que fazer isso de qualquer jeito, você gosta da garota, não gosta?

— Claro que sim!

— Então não tem para onde fugir, Scorpius! Vai ter que ir lá, o pior que pode acontecer é ser constrangedor, você não vai morrer e o mundo não vai parar de girar — o garoto considerou o conselho de seu pai enquanto amarrava seus sapatos. Passou a mão no rosto mais uma vez, ainda tendo espasmos de tanto que tremia.

— Ok... Eu vou indo então... Me desejem sorte. — Astoria arrumou o cabelo do filho e Draco apertou seu ombro, ainda com vontade de rir. Em nenhuma hipótese queria estar na pele de Scorpius. O garoto fechou os olhos e aparatou no local combinado. A gritaria de dentro da casa alcançava o outro lado da rua. Ele se perguntou se era o motivo das casas ao redor serem um pouco afastadas da casa dos Granger Weasley. Rose dissera que apenas os avós iriam, talvez Lily pois tinha que fazer um trabalho com Hugo, mas ele jurava que a família toda estava dentro da casa. Engoliu seco e atravessou a rua, indo em direção da porta.

Antes que pudesse bater, a porta foi aberta por uma mulher de meia idade, sorridente. Ele sorriu para ela, sabendo exatamente para quem estava olhando: A mulher mais influente do mundo bruxo, segundo a revista Bruxas Modernas. Os olhos castanhos claros eram avaliativos e criteriosos, apesar do rosto ter um sorriso reconfortante.

— Então você é o famoso Scorpius Malfoy? — sorriu ela, abrindo a porta completamente. A casa ficou em absoluto silêncio enquanto o garoto sentia seu corpo inteiro vibrar e pegar fogo. Assentiu que nem alguém que tinha Parkinson, sem desviar o olhar. Ergueu a mão, trêmulo.

— M-M-Mu-muito p-prazer, senhora Weasley — gaguejou, sentindo vontade de chorar. Ela riu, apertando sua mão de forma firme e profissional.

— Entre, por favor, fique à vontade. — Scorpius finalmente entrou na casa, quase desfalecendo. Toda a família Weasley, exatamente todos os integrantes, que deviam ser uns mil, estavam lá, espalhados. Ele podia ouvir barulho no andar de cima, no possível jardim, na cozinha e ali na sala, onde todos o observavam como se fosse um alienígena. A mãe de Rose praticamente o empurrou para mais perto do sofá. — Cumprimentem o namorado de Rose!!! Ronald, levante agora, Hugo tire os pés do sofá, pode se sentar querido... ROSE, DESÇA!, DESÇAM TODOS, ELE CHEGOU.

Então Scorpius congelou onde estavam enquanto ruivos apareciam de todos os cantos. Roxanne apareceu chorando desesperada relatando o que seu irmão fizera, então Lílian vinha comentando algo no ouvido de sua prima Dominique, que ria de Scorpius descaradamente. O pai de Rose apareceu de repente em sua frente, o avaliando de forma ofensiva:

— Scorpius Malfoy, heh? — disse ele, olhando-o com vestígios de desgosto e repugnância. Scorpius forçou um sorriso trêmulo entre o barulho incessante da casa, ergueu sua mão para o homem ruivo, mas ele sequer moveu-se para apertar. — Minha filha falou bastante de você... Como foram seus N.O.M’s?

Scorpius abaixou a mão, traumatizado.

— Hum... É, f-f-foram...

— Você é gago, garoto? — questionou ele, com uma voz que parecia estar extremamente irritado. Scorpius negou freneticamente.

— P-Perdão eu... Eu tenho um... Eu...

Merlin, TRAGAM UM TRADUTOR PARA ESSE GAROTO! — trovejou o senhor Weasley, afastando-se dele, desaparecendo pelo corredor. Scorpius ainda sentia suas pernas tremendo enquanto tentava ignorar os comentários de um garoto de cabelos azuis com sua aparente namorada loura, que também parecia comentar sobre ele. O Malfoy quase desmaiou quando o senhor Weasley apareceu com Harry Potter. Encostou-se na parede, definitivamente passando mal. Onde diabos estava Rose para salvá-lo?

O homem de óculos aproximou-se, sorridente, de mão erguida para que Scorpius apertasse.

— É um prazer conhece-lo! — disse Harry Potter, apertando de forma gentil a mão do garoto anestesiado, mal acreditando para quem estava olhando. Ele arrumou os óculos, ainda sorrindo, olhou-o de forma peculiar. — Perdão... Mas você é idêntico ao seu pai.

— E Rose idêntica a Hermione, isso é um erro da natureza. — pestanejou o senhor Weasley, visivelmente irritado. Mas o senhor Potter apenas riu, encostando-se no sofá, brincando observando o corte pixie de sua filha.

— Aliás, onde ela está? — indagou o senhor Potter, afastando-se. Uma mulher ruiva desceu as escadas gargalhando de algo com uma mulher loura de olhos azuis. Então ela parou assim que batera seus olhos em Scorpius, que conseguiu ficar mais corado do que já estava. A senhora Potter era extremamente bonita. Ela aproximou-se, o avaliando de forma convidativa, com um sorriso malicioso:

— Oh meu Merlin, vamos almoçar com Draco Malfoy. — riu ela.

— Diga-me, Draco, você vai contar tudo para seu pai agora ou depois? — gritou um cara no sofá, conversando com os adolescentes. Scorpius ainda sentia a sensação de enjoo, não conseguindo sequer abrir a boca. Ginny Potter riu.

— Ignore George, ele está brincando. Desculpe te comparar com seu pai, Albus só falta ter um troço quando o chamamos de Harry. EI, LUCY, CHAME ALBUS PARA MIM! — a mulher afastou-se, sumindo pelo corredor. Scorpius continuou encostado na parede como se ela fosse cair assim que ele desgrudasse. Por um momento, todos esqueceram a presença dele. Ele avaliou a casa metodicamente bem arrumada de Rose, e admirou os quadros. Muitas fotos de Rose e seus primos, parentes... A família dela era enorme, não se surpreendia dela ser um pouco surtada. Olhou ao seu redor e ficou impressionado. Todos eram descontraídos, conversavam entre si, as vezes aos sussurros ou berros, gargalhadas e batidas de pratos, panelas e copos. Um casal se beijava na poltrona, Dominique Weasley estava fazendo uma trança nas madeixas de sua mãe, sentada no tapete, conversando sobre algo com o suposto George e mais um homem que Scorpius não fazia ideia de quem era.

Tomou coragem e caminhou até a pessoa mais simpática, tocando seu ombro levemente.

— Ah, oi querido, esqueci de você por um segundo. — A senhora Hermione sorriu para ele, apertando seu ombro. — Acho que Rose está no quarto dela, vamos subir, ela tem a insuportável mania de lançar um Abaffiato sobre a porta, não escuta nada, apesar de que eu entendo o porque, essa casa está sempre... Com licença, querida... — os dois desviaram de Molly II, lendo na escada. Desviaram da Angelina Weasley, que apertava a orelha de seu filho, que gritava, jurando que não fora ele. — Enfim, é complicado. Às vezes eu também quero me trancar no quarto e lançar um feitiço, mas infelizmente eu já não tenho dezessete e nem a... JAMES!

O garoto virou-se de supetão, afastando-se de uma garota que ele pressionava contra a última porta do corredor. A menina negra, que Scorpius reconheceu imediatamente como a namorada de James desde há mais tempo que podia lembrar, parecia apavorada enquanto descia as escadas às pressas, prendendo seus cachos. James sorria para a tia descaradamente, cobrindo a parte da frente de seu corpo com as mãos, levemente inclinado pra frente.

— Você... — a Senhora Hermione respirou fundo, tentando controlar-se. — Espero que não tenha colocado seus pés dentro do meu quarto.

Ele ficou em silêncio alguns segundos.

— Claro que não. — disse ele, com mentira escrita na testa. A mulher suspirou, parecendo exausta, simplesmente desceu, esquecendo-se de Scorpius. O garoto olhou as portas fechadas, tentando adivinhar qual seria de Rose enquanto James o avaliava como todos da casa. Ele deu uma risadinha, girando o anel de compromisso em seu dedo.

— É essa porta atrás de você. — avisou o garoto, ainda debochado. Ele tinha um jeito zombeteiro que deixava Scorpius levemente irritado, preferia mil vezes Albus. — Tio Ron vai te enforcar se entrar ai dentro.

Scorpius olhou-o por alguns segundos antes de bater na porta de Rose, aguardando em silêncio, ignorando a presença de James.

— Eu falei com você. — disse ele, agora num tom que Scorpius definitivamente odiava. Arrogante, o nariz era empinado de prepotência. Continuou o ignorando quando encostou-se na parede, batendo na porta mais uma vez. James começou a armar seu circo de sempre como todas as vezes que via o Malfoy. — Você é surdo?

Rose saiu do quarto de forma violenta, parecendo irritada, apontou a varinha para a cara de James.

— SAI, DESCE, DESCE! — Scorpius segurou o riso, olhando a garota expulsá-lo como se fosse um cachorro. Ela virou-se, sentindo sua presença, e seu rosto bravo transformou-se em um sorriso surpreso. — Scorps! Você já chegou? Eu estava tão entretida com o livro de seu pai, nem notei...

— Eu estou aqui há horas, eu acho. — disse ele, notando estar mais tranquilo, afinal, a família inteira estava lá embaixo. Ela ajeitou seus jeans e o cabelo armado como o da mãe, guardando a varinha no bolso. Pegou a mão de Scorpius, que continuou grudado na parede, temeroso. — Hum... Rose...

— Não precisa ter medo, vamos, ninguém morde. EI, PAI, MEU NAMORADO CHEGOU! — urrou a garota. Scorpius é filho único. Apenas quatro pessoas moram em sua casa, com ele, cinco. Ninguém grita, o ambiente é silencioso e confortável, sempre muito limpo. Mas ali todos precisavam gritar para se comunicar e muitas vezes entravam em conversas onde cada pessoa falava sobre algo diferente. Scorpius ainda estava se tremendo mesmo depois do hilário relato de Fred II sobre ter enviado o diário de Roxanne para seu namoradinho, mas ficou mais calmo após o sorriso da senhora Angelina.

Gostou do sotaque da senhora Fleur, e sentiu-se confortável em conversar com Molly II sobre como a torta de morango de sua tia Ginny era deliciosa. Aos poucos, os olhares de Ron já não o afetavam tanto, e se chegassem a tocá-lo, sempre tinha os olhos marejados com o sorriso enorme da senhora Hermione, admirando o casal. O senhor Potter, entretanto, o fitava com uma expressão divertida, como se visse nele e Rose algo engraçado.

Era uma excêntrica família, Scorpius tinha que assumir.

Desde de a escala do mais branco ao mais negro, orientais, latinos, de todos os tipos e trejeitos. Ele sorriu para a mesa barulhenta.

Talvez tivesse espaço para ele.


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Notas finais do capítulo

¹Li em algum lugar, acho que no Pottermore, que o Draco mais velho coleciona artefatos antigos.


Eu gosto de escrever sobre a 3º geração, mas eu prefiro me arrastar um pouco pelos nossos amados personagens só que mais velhos. Eu acho bonitinho hahahahaha

O que acharam? Hoje é aniversário de Harry, não é uma fanfic sobre ele, mas está valendo.

Comentem!!! :)