Dizem que se empenhar e comprimir bem os olhos

Consegue ver o sentimento das pessoas do outro lado facilmente.

Mas ninguém sabia que podia ver sem se esforçar.

Eu podia ver, porque eu te amava.

Com aquele cachecol em reflexo eu vi isso.

Sem esforço.

(...)

Quisera eu ter entendido aquele pano simples em meu pescoço antes, quisera eu ter percebido que aquele gesto de costura de algumas poucas horas, teria uma longa vida comigo, se é que panos tem vida, quisera eu ter mudado esses pensamentos antes.

Quisera eu ter conseguido abandonar a minha ignorância antes e ter olhado para o cachecol de uma maneira diferente, antes eu olhava para o cachecol como se apenas fosse um presente de uma amiga, que servia pra me aquecer. Quisera eu ter sido menos idiota e ter visto a magnitude disso antes.

Mas hoje eu vejo.

Está no reflexo de nossos olhos, tanto os meus quanto os seus. Aquele pano vermelho era uma porta. Uma porta que quebrava nossa distância, independente se eu estava nesse mundo, em em outro, eu sabia que se olhasse para o cachecol, sentiria seu cheiro, escutaria sua voz, e tremeria pelo seu toque em meu rosto, e me encontraria maravilhado pelo gosto de teus lábios presos nos meus.

Quisera eu ter visto que aqueles simples reflexo fosse notado antes, hoje esse cachecol está em meu pescoço, com um propósito maior do que me manter aquecido no inverno.

Hoje eu o vejo como uma porta pra você, como uma porta por tua bondade e carinho que me fizeram bem nesses anos, quisera eu ter visto isso antes, perdemos vários anos.

Mas no fim eu consegui ver, o reflexo de tua bondade em um simples pano vermelho.

Obrigado, Hinata...

É um espelho muito bonito.