Tenebris escrita por Maju


Capítulo 20
Capítulo XIX


Notas iniciais do capítulo

HELLO, pessoinhas! As férias estão acabando para a infelicidade da nação, mas hoje trago um capítulo do passado. Lembram-se, não é? Qualquer coisa voltem um pouquinho no capítulo 17, só para recordarem a visão. Draco teve uma visão onde viu alguém igual a ele, e Hermione e ele estavam tentando chegar a casa dos gritos... O que será que aconteceu?
UMA COISA NÃO TÃO IMPORTANTE, MAS LEGAL: Amanhã Tenebris faz um ano aqui no Nyah!
Boa Leitura! E leiam as notas finais



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— Invada-o.

A escuridão tomou-o subitamente. Não houve a pequena oscilação entre os cenários quando ele estava prestes a ter uma visão, alertando-o sobre o que viria a seguir, fora diferente daquela vez. Apagara. Quase como se estivesse dormindo.

Quase.

Ele reconheceu a voz de Bellatrix, soava como se ela estivesse ali, sussurrando-lhe aos ouvidos.

E no mesmo instante que tudo apagara, uma dor excruciante apoderou-se de seu ser. Queimava, passando por todas as suas veias em direção à cabeça onde alguém parecia cutucar seu cérebro com agulhas. 

— O que consegue ver?

Draco tentou acordar e abrir os olhos, concentrando-se em voltar para a realidade. Era outro blecaute. Mas por que não estava vendo nada? Por um mínimo segundo conseguiu que o breu se esvaísse, tomando a forma de sua tia, que o olhava fixamente com os olhos arregalados.

Não houve tempo para ver mais nada além, sentiu como se alguém o puxasse de volta com um solavanco para o escuro. Lestrange desapareceu. A dor aumentou.

Repentinamente, como uma janela quebrada iluminando um quarto escuro, pensamentos de Draco explodiram em flashes. Memórias passaram por ele tão rápidas que não conseguia discernir uma de outra.

Viu-se numa sala de aula em Hogwarts junto a Hermione na vez que lhe contara sobre Bellatrix antes de viajarem no tempo.

Draco entendeu o que estava acontecendo. Sabia que tipo de invasão era aquela.

Tinha que se concentrar.

— Eu estava certo. Estão tramando algo, há um plano.

Sobressaltou-se ao escutar a voz que conversava com Bellatrix em sua visão passada. A voz que pertencia ao reflexo no relógio, o reflexo igual a ele. Era a sua voz. Retumbava em sua cabeça, destacando-se das recordações, deixando-as em um plano de fundo.

Estava na cabeça dele.

Tinha que pará-los, Lestrange e quem quer que fosse.

Onde eles estão?!— gritou Bellatrix em meio em meio ao furacão. O sonserino conseguia ouvir uma conversa entre ele e Granger, ao fundo. A conversa que eles tiveram na floresta atrás da casa de veraneio dos Black.

Tinha que fechar a janela.

— No passado.

Reuniu toda a força que lhe restava, ignorou a dor, sabia o que estava acontecendo e que tinha que parar aquilo agora ou seria tarde demais.

Se já não fosse.

Abriu os olhos novamente. O lugar cheirava a terra úmida e poeira, o chão de madeira estralou ao tentar mover o corpo, a única fonte de luz vinha da varinha de Hermione que virou-a para ele assim que mostrou sinal de vida.

— O Salgueiro te arremessou para o outro lado, você desmaiou, mas consegui te empurrar até a entrada do túnel. Estamos na Casa dos Gritos – explicou antes que o garoto pudesse perguntar, não que ele fosse, estava tão assustado que mal lembrou-se da árvore.

 Hermione se mexeu, desconfortável, o pouco de alívio que tivera ao vê-lo acordar se esvaiu ao notar a expressão em seu rosto – Foi outra visão? – indagou hesitante.

— Estamos ferrados, Granger. – Foi a única coisa que conseguiu proferir, ainda em choque com o que vira, não conseguia ordenar os pensamentos e ele pensou que realmente pudesse estar ficando louco. Forçou os cotovelos contra o chão, conseguindo se sentar. A grifinória ajoelhou-se a seu lado, mas Draco não viu seu rosto, nem a ouviu. O coração batia tão rápido quanto pensava.

Como aquela coisa conseguira entrar tão rápido? E como podia haver alguém igual a ele no presente? Alguém que entrou em sua mente.

A voz de Hermione tornou-se apenas um zumbido, o sonserino fechou os olhos na tentativa de captar cada parte da visão que tivera, as imagens passaram em câmera lenta diante de suas pálpebras fechadas.

Certas coisas começaram a se encaixar, cheias de dúvidas por trás. Era loucura, porém, de certa forma, o garoto sabia que fazia sentido.

— Minhas visões... ele sabem... – sussurrou para si mesmo ainda entretido em reflexões, mal notou que Hermione acendera uma lareira no canto do cômodo, as sombras das chamas dançavam por seus rostos. 

— Eles? – Hermione enrugou a testa sem entender o que ele dizia. Draco agarrou a cabeça com as duas mãos sem respondê-la.

 – Malfoy – Hermione chamou-o com firmeza, precisa saber o que estava acontecendo, ele enfim olhou para ela, abatido. Dando um leve suspiro.

— Na minha última visão, eu vi... – começou inseguro, os olhos da grifinória eram dois redemoinhos buscando por respostas, o que deixaram-no vacilante – Bellatrix não está sozinha, tem alguém com ela, vi o reflexo da pessoa.

Queria despejar tudo o que sabia, sem interrupções, seu peito iria explodir. Detestava admitir, mas àquela altura, precisava da ajuda dela, queria que ela o fizesse entender o que estava acontecendo. Desejou que ela bancasse a sabe-tudo e desce-lhe uma resposta concreta, não suposições malucas e teorias. Antes que Hermione pudesse questioná-lo, continuou:

— Granger, quando alguém viaja no tempo, tem alguma maneira de uma parte dela ficar no presente? Ou outra versão dela... Eu... Eu não sei... – Bateu o punho no chão irritado por não conseguir se expressar, não encontrava as palavras. Estava assustando-a. Ela apertava os próprios joelhos, Draco até conseguia imaginar a cabeça dela trabalhando para tentar compreendê-lo, aflita para fazer questionamentos.

— Tem alguém no presente igual a mim – contou abruptamente. Hermione fechou os lábios e inclinou-se para trás com a expressão de que havia levado um soco na cara. Demorou alguns intermináveis segundos para ela conseguir digerir a informação. Mordia o interior da bochecha. Talvez achasse que ele estivesse alucinando.   

— O quê? – ofegou com o cenho franzido.  

— O meu corpo e a minha voz, Granger! Eu vi – insistiu, a pele pálida dele esquentou pela agitação – Um outro Draco. Falando com Bellatrix como se fossem aliados.

— Isso é impossível...   

— É, mas eu sei o que vi. Não estou ficando louco, Granger, é real. – Uma ruga se formava entre suas sobrancelhas, mas ela concordou para o alívio dele – Tem mais uma coisa... – Draco parou para dar-se ênfase, esperou por um segundo antes de continuar, revisando os fatos antes de compartilhá-lo com a menina.

“Quem é você?” Potter tinha perguntado a alguém, olhando em sua direção, como se Draco estivesse mesmo lá, como se falasse para ele. E depois Harry arregalara os olhos com o semblante surpreso.

Então, a conversa de Bellatrix. A voz que conversava com ela tinha uma sonoridade parecida com a voz do sonserino, porém discursava de uma maneira diferente, o menino nunca havia usado aquele tom. A mulher falava dirigindo-se a ele e Draco só conseguira ver o outro interlocutor, o ser com a sua aparência, por meio de um reflexo.

Não era como se ele fosse um terceiro observando toda a cena, como um narrador em um livro.

Era essa uma das peças que se encaixava, mesmo que o sonserino não soubesse explicar o motivo.

— Minhas visões – Hermione levantou o rosto, deixando seus pensamentos e sugando novamente tudo o que o menino lhe contava, Draco mordeu o lábio interior, só estava deixando mais questões no ar, mais mistérios e preocupações – Parece que... Acho que consigo ver o que acontece no presente por meio desse falso Draco. Como se eu estivesse na mente dele e conseguisse ver o que ele vê, é assim como sinto, ao menos.

A grifinória balançou a cabeça como se assim assimilasse mais rápido a informação.

— Como se estivesse ligado a ele? – sugeriu Hermione apreensiva a cada palavra. Draco assentiu.

— Como... Eu não sei, é confuso. Pensei que talvez você soubesse de alguma coisa. – Hermione franziu os lábios, pensativa, baixando os olhos. Mesmo que Draco quisesse alguma resposta dela, não podia deixar de contar o grande problema.

— E, agora, não foi uma visão. Droga, Granger, ele entrou na minha cabeça! Bellatrix sabe que estamos no passado.

A boca entreabriu-se exasperada, os ouvidos zumbiram. Nem considerara a possibilidade de serem descobertos pela mulher, bem ou mal, pelo menos dela eles estavam protegidos.

Pelos menos era o que Hermione achava a dois minutos atrás.

— Ela sabe?— Draco concordou com a cabeça, falar aumentava o sentimento de culpa que sentia por ter estragado tudo. Hermione passou as mãos pelos cabelos sujos de folhas. Levantou-se bruscamente com o semblante desesperado.

— Eles sabem em que tempo estamos? Onde estamos? – questionou incisiva, olhando para os lados como se Bellatrix fosse aparecer a qualquer instante.

— Acho que cortei a ligação antes de eles descobrirem.

— Você acha? – debochou ela com um sorriso vacilante, deu-se um minuto para se desesperar, cobriu o rosto com as mãos soltando um longo suspiro junto a um enfático balançar de cabeça.

Tudo bem.

Parecia ter voltado à guerra, pedaços de memória passaram por ela, Hermione tentou expulsá-los. Estavam sofrendo com o perigo de serem pegos a qualquer momento, estavam fugindo. De novo.

Tudo bem.

Harry e Rony não estavam lá. Hermione desaparecera para eles. Havia uma maldita profecia, um Draco Malfoy com problemas dos quais ela não fazia ideia do que eram, e uma assassina que agora sabia que eles estavam tentando atrapalhar qualquer que fossem os planos dela.

Tudo bem.

Ela era Hermione Granger, conseguira passar por uma guerra e passaria por isso. Não podia choramingar, ainda mais na frente de Draco Malfoy. Não podia dar-se o luxo de perder tempo tendo um ataque de pânico.

Pegou a varinha do chão, decidida, e foi até a extremidade da casa, o olhar duvidoso do sonserino estava sobre ela, mas ignorou-o.

Protego Totalum— conjurou o feitiço próximo à janela fechada com tábuas, um clarão escapou por entre as frestas, a chuva transformara em tempestade.

— Ela não tem como nos achar, não é? Quero dizer, Bellatrix não tem um vira-tempo e, na verdade, quem nos trouxe para cá foi o globo – argumentou Draco ao entender que a menina estava armando feitiços de proteção. No fundo, era mais para acalmar a si mesmo do que soar racional.

— Sim, mas você sabe que sua tia faz de tudo para conseguir o que quer, Malfoy. Se ela sabe que estamos fazendo alguma coisa... Prefiro tomar precauções.

E o silêncio instaurou-se, Hermione espiou o sonserino enquanto conjurava os feitiços. Não havia expressão alguma em seu rosto, viajava em devaneios, todavia, a neutralidade demais acabou denunciando-o. Estava fingindo.

Alguém no presente igual à Draco Malfoy. Era insano e assustador. Isso explicava como as visões existiam, mas deixava outras em aberto. Por que e como havia uma conexão entre eles? Lera muitos livros sobre viagens no tempo, vira as denúncias de viajantes que ficaram loucos ou que se perderam, mas nada como uma duplicata.

A cena no banheiro relampagueou em sua mente, assombrando-a.

Aquela viagem, a profecia e Draco. Tinha de haver uma ligação ali, não era possível aqueles fatos todos desconexos.

Salvio Hexia. — A voz dele despertou-a, estava de costas com a varinha erguida para a parede oposta. Permaneceram fazendo os feitiços de proteção sem trocar palavras, ouvindo o som da tempestade cortando a noite, a grifinória queria quebrar o silêncio, não queria ficar com seus pensamentos angustiados e nervosos só para si. Irritou-se, ele havia jogado uma bomba para cima dela e agora não dizia nada!

— Foram as visões.

— O quê? – perguntou Hermione, distraída, virou-se para Draco com varinha pendendo em sua mão.

— Não devia ter acontecido, a invasão na minha cabeça – murmurou ele sem olhá-la – Consigo impedir que entrem.

— Está dizendo que domina Oclumência?

— Surpresa, Granger? – sorriu sarcástico. Hermione não respondeu embora achasse sim surpreendente – As visões devem ter deixado minha cabeça vulnerável, provavelmente – explicou. Hermione queria perguntar mais a ele sobre isso, ansiosa para falar sobre qualquer coisa que a distraísse. Porém Malfoy tomou outro rumo.

— Foi a pior, mais... intensa e dolorosa. Não sei como consegui voltar.

Hermione virou-se de costas novamente sentido as bochechas enrubescerem e um calafrio subir por seu pescoço. Envergonhada ao lembrar-se do que tinha feito para trazê-lo de volta. Havia quase se esquecido, ou ela queria que assim fosse.

É, claro, só podia estar muito desesperada para beijar Draco Malfoy e com a cabeça muito fora do lugar. Podia colocar a culpa na situação. A única coisa que queria era acordá-lo, algo instintivo e que havia dado certo, infelizmente e felizmente ao mesmo tempo.

Havia certas leis que regiam o universo e uma delas era que Hermione Granger e Draco Malfoy nunca se beijariam em suas plenas faculdades mentais.

  - Você fez alguma coisa...? – Draco indagou juntando as sobrancelhas ao notar sua reação. Hermione ergueu o queixo continuando o feitiço. O sonserino permaneceu parado com os olhos na grifinória, ela se movia inquieta murmurando as palavras o mais rápido que podia.

Ele revisou as recordações dos primeiros momentos depois de acordar, Granger estava um pouco mais próxima do que o normal e logo se distanciara ao vê-lo retomar a consciência. Depois ela agira estranho como...

Ah.

— Você...? – iniciou ele sem terminar, num tom sugestivo. O modo como a menina retesara as costas ao ouvi-lo, denunciou-a.

Aquilo colocou um sorriso na boca de Draco Malfoy, um grande e brilhante sorriso malicioso e sonserino. Esqueceu-se dos problemas por um instante. Reprimiu o quanto pôde de uma gargalhada que subia por seu estômago, havia tempos que não sentia vontade de rir, acabou escapando por seu nariz. A grifinória virou-se para ele com um olhar repreensivo  e com a varinha apontada para ele, desafiando-o a testá-la.

— Com total desprazer. De nada por te trazer de volta, Draco Malfoy – gesticulou Hermione com um tom ameaçador em cada palavra.

— Ah, Hermione Granger, não sabia que você teve que esperar eu estar desacordado para me beijar, falasse antes – provocou com o típico tom desaforado que ela conhecia – Talvez pudéssemos ter feito um acordo.

— Doninha imbecil! – xingou enquanto ele ria se aproximando dela de propósito, só para irritá-la, Hermione colocou a varinha em seu peito impedindo-o de chegar mais perto. No entanto, ela já tinha que erguer o pescoço para conseguir encará-lo.

 – Acredite, eu tive que estar muito desesperada para fazer isso.

Ele ergueu as mãos em sinal de redenção, a risada gradativamente transformou-se em um sorriso pequeno, a menina baixou a varinha ainda com os olhos cravados nos dele. Girando nos calcanhares e voltando ao que estava fazendo, para alívio da grifinória.

As bochechas permaneciam quentes, mas ela não deixou as brincadeiras bestas do sonserino a incomodarem, logo o silêncio voltou e tantas perguntas preenchiam seus pensamentos que Hermione achou difícil concentrar-se nos feitiços de proteção.

Sentaram-se perto da lareira ao terminarem. Haviam trocado de roupa, deixando as vestes escolares úmidas perto do fogo para secarem.  Hermione cruzou as pernas e fitou o fogo, girando o vira-tempo entre seus dedos. Os dois haviam decidido, mesmo sem falar nada, que não havia ânimo para debater sobre seus problemas agora, os encarariam pela manhã. Assim, Draco adormecera observando as sombras das chamas bruxulearem pelo rosto da menina, pouco tempo depois, com a cabeça encostada numa das paredes.

Ou ele estava muito calmo ou muito cansado, Hermione refletiu ao notá-lo ressonar, ficando com a segunda opção. Tentou esvaziar a mente e fechar os olhos, mas não conseguia dormir com uma assassina no presente que sabia do sobrinho e da sangue ruim tramando alguma coisa no passado. Se Bellatrix já não entendera o que eles estavam fazendo lá, logo entenderia. Era tão má quanto inteligente.

O barulho da chuva ajudou-a a abafar a mente agitada, mas não o bastante para deixar de pensar em Harry e Rony, só torcia para que o desfecho do conflito tivesse sido a seu favor.

Deixou-se vagar por um dia de chuva, poças de lama e um par de botas vermelhas...

A casa rangeu, um estrondo rompeu acima de suas cabeças. A grifinória se pôs de pé num pulo, olhando para o teto.

— É a tempestade, Granger – murmurou Malfoy acordado. Hermione balançou a cabeça em negativo.

Eles podiam tentar deixar os problemas para amanhã, mas os problemas vinham até eles de qualquer forma.

Outro estrondo, a casa sacolejou. Uma fina poeira caiu do teto, as vigas estremeceram.

Não era a tempestade, era um ataque.

 Draco e Hermione entreolharam-se, o sonserino levantou-se devagar ficando lado a lado com a garota. Ergueram as varinhas, mas não havia um ponto exato para apontar, seguiram os sons, virando-se de um lado para o outro.

Outro baque. Uma rachadura abriu-se no teto, a trinca fez seu caminho passando pela parede até chegar aos seus pés. Hermione encarou-a por um segundo.

 Os feitiços de proteção estavam quebrados.

 Uma das janelas fechadas com tábuas explodiu e uma névoa negra entrou pelo buraco.

Materializou-se uma capa preta e um capuz grande o bastante para cobri-lhe o nariz. Mas eles já sabiam que estava por trás dela. Apontaram as varinhas para a figura, em posição de ataque.

Bellatrix sorriu. Uma varinha também era apontada para eles.

— Se não são meu sobrinho fracassado e a garotinha que se acha esperta. Acharam que eu iria ficar parada? Que um mero colarzinho me impediria de encontrar vocês? – cuspiu ela sorrindo no final.

Hermione engoliu em seco, ouviu o sangue correr em seus ouvidos enquanto ela os encarava com um ar um tanto divertido, como se na verdade estivessem prestes a brincar de fazer encantamentos. Certificou-se de que a bolsinha de contas com pedra da ressurreição estava na parte de trás de sua calça.

Se aparatassem ela os atingiria com um feitiço antes de ficarem intangíveis.

Não podiam correr para Hogwarts e arriscar a vida de outras pessoas.

Teriam que lutar.

A varinha tremia na mão de Draco, o maxilar tão travado que doía. Não haveria problema em matá-la, era a Bellatrix do presente, nem era para estar viva.

Queria matá-la.

— O que está fazendo brincando com o tempo, Draco? Não o avisaram como é perigoso? Sendo o covarde que você é, provavelmente não.

Ele não respondeu a provocação, esperava a melhor hora para atacar. Bellatrix virou-se a cabeça para Hermione que estava a um braço de distância dele.   

— Ora, ora, a sangue ruim! Você tinha que estar por trás disso, não é? Com toda essa bondade e heroísmo – Ela deu um passo, aproximando-se da menina, Hermione levantou o queixo e Draco seguiu a tia com a varinha – A amiguinha do Harry Potter, sempre se intrometendo e causando problemas. Devia ter matado você quando pude, me divertindo com seus gritos!

A grifinória afilou os lábios, teve a sensação de que o braço formigou na região onde a mulher entalhara, um ano atrás, o pior xingamento do mundo bruxo. Piscou. O coração dava um salto, apertando sua caixa torácica, a cada passo que a assassina se aproximava dela.

Um.

Dois.

Seu braço pesava.

Bellatrix sorriu ao perceber que a fizera vacilar por um momento. Porém os lábios se fecharam enrugando-se nos cantos e sua face mudou para uma expressão de asco, irritada.

— Ah, Draco, eu já sabia que você era uma vergonha, mas juntar-se com uma sangue sujo? – admirou-se em desgosto – Traição! Uma completa desonra aos Black! – gritou torcendo o nariz para ele – Se sua avó fosse viva seria queimado da árvore da família, expulso! Sempre soube que sua mãe o amolecia muito...

Foi como se todo o sangue de seu corpo subisse até sua cabeça, fervendo. As pontas dos dedos estavam brancas onde segurava a varinha.  

— Não ouse falar dela! – bradou agitando a varinha em sua direção – Não tem esse direito! Assassinou sua própria irmã!

Hermione passava o olhar entre as duas figuras, alarmada com qualquer movimento repentino. Podia atacar agora e pegá-la de surpresa, mas também via naquela distração uma chance de conseguir respostas.

— Ela nos traiu. Assim como você! – Lestrange balançou a cabeça, abrandando a voz – Se não tivesse se metido com essa aí, ah, Draco, tudo estaria em ordem...

— Bem, você era essencial, mas, ao que parece, não é mais – murmurou, Draco achou ter ouvido certo tom de dúvida em sua voz. Ele franziu o cenho sem entender o que ela sugeria, entortou os olhos para Hermione por um segundo, porém ela estava concentrada na mulher.

— Por que não me matou no dia que nos encontramos? – perguntou ele pegando a tia de surpresa, ela levantou as sobrancelhas – Por que me pediu para ir até lá?

Queria respostas e investiria em Bellatrix enquanto ela se mostrasse disposta a falar. Tinha que ser rápido. Ela encarou-o por alguns segundos, olhos negros cravados nos dele, intensos e inquisitórios, dois buracos negros tentando sugá-lo.

Eles iluminaram-se.

— Vocês não sabem – ela concluiu, sorrindo mostrando todos os dentes, não era bem assim a resposta que o loiro esperava, como se ele esclarece-se algo a ela e não o contrário.

 – Mas então... O que vocês? – Bellatrix parou franzindo o cenho, os dois jovens entreolharam-se, ansiosos pela tensão que se estendia por todo o cômodo – Estavam procurando por algo, para me impedir.

A mulher arregalou os olhos, compreendendo. Foi quando ela fez o primeiro disparo. Draco abaixou-se por pouco, ainda confuso. E Hermione atacou, a mulher virou-se para ela com o maxilar trincado.

— A Pedra da Ressurreição! Vocês a pegaram?! – vociferou salivando e disparando um jato vermelho contra a menina. Hermione se defendeu virando a varinha para o lado, na frente do rosto.

Estupore— conjurou o sonserino, porém Bellatrix foi mais rápida transformando-se em névoa negra, o feitiço atingiu um lustre velho, que desabou no chão. O vento rugia e agitava o interior da casa, completando a sinfonia para o duelo. A mulher surgiu do outro lado lançando uma azaração, Draco saltou para o lado e lá e ia uma parte da lareira.

— Onde está?! – esganiçou furiosa, Hermione respirou fundo, a relíquia pesava em seu bolso, disparou novamente contra ela, ao mesmo tempo um jato azul partindo de Draco também foi em direção à comensal da morte. Lestrange desviou os dois feitiços, explodindo outra janela. Ela contra-atacou, Hermione conseguiu repelir, mas Draco não teve tanta sorte, sendo jogado contra a parede.

— Só você e eu de novo – provocou – Não vai se livrar de mim, bastarda. Verei você morrer dessa vez. Nós vamos ter mais uma conversinha como a do ano passado.

Hermione deu um passo para trás. Draco caíra em cima do que era uma mesa, não se mexia, certamente desacordado. Perdeu a vantagem que tinha de dois contra um, o que no caso, não era tão justo assim, antes de morrer Bellatrix duelara com ela, Gina e Luna ao mesmo tempo e a grifinória sabia muito bem o quanto ela era boa.

Sentiu uma fisgada no braço perdendo o foco por um segundo.

Foi o bastante.

Antes que pudesse defender-se a tempo, um feitiço atingiu-a na barriga e a derrubou no chão, sendo arrastada pelo piso para perto da mulher, a varinha escapou de sua mão. Bellatrix riu, fitando-a de cima. Colocou um pé em seu abdômen, mantendo-a parada. Hermione tentou lutar, mas a cabeça zumbia com a batida no chão.

A comensal entortou a cabeça de um lado para o outro como se procurasse alguma coisa na menina. E sorriu abaixando-se, olhando bem em seus olhos e puxando a bolsa de contas de seu bolso. Não se distanciou antes de desferir um tapa no rosto da menina.

Apontou a varinha para ela.

— Cruc...

— Impedimenta!— Draco disse, antes de ela terminar. Bellatrix paralisou, congelada, Hermione aproveitou a distração agarrando sua varinha. Chutou as pernas da mulher e arrancou a bolsinha de suas mãos.

— Estupefaça!— gritou e Lestrange voou pelos ares sendo lançada contra um armário, o impacto quebrou a porta e parte de seu corpo ficou preso no interior, mas não ficara inconsciente como a menina desejara.

 A grifinória engatinhou para perto de Draco e conseguiu colocar-se de pé. Atacaram juntos, porém Bellatrix transformou-se em névoa negra novamente, livrando-se dos escombros. Passou por cima deles atirando feitiços estuporantes.

Hermione abaixou-se, o vento agitou seus cabelos para frente do rosto, viu um trovão cortar os céus pelo buraco onde havia sido uma janela.

Um grande buraco.

Um plano bem idiota.

Malfoy ao seu lado defendia-se e tentava atacar sua tia-névoa.

Hermione agarrou seus ombros, puxando-o.

A grifinória esquecera-se de que tinha medo de altura e o sonserino exclamou com sua saída repentina da luta, mas não havia como se esquivar dela e terminar o confronto com Bellatrix. Já estavam em rumo a uma queda bem dolorosa.


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Notas finais do capítulo

TCHANTCHANTHAN Nunca vou conseguir acabar um capítulo sem deixar suspense, desculpem.
O que acharam dessa parte do capítulo mais "ação"? Sinto que tenho um pouco de dificuldade, então me avisem onde posso melhorar.
Draco finalmente deixou tudo às claras para a Hermione, há muita coisa para eles se preocuparem. E tudo o que vocês, leitores, sabem, esses dois sabem, agora. E tia Maju sabe de tudo, mas não vai contar hehe
Eu percebi hoje que Tenebris faz "aniversário" amanhã. Agradeço vocês por tudo, pelos comentários, favoritos e pela recomendação! Muuito obrigada por todos os acompanhamentos! Nesse meio tempo em que escrevo a história passei por tanta coisa que ela se tornou uma das minhas maiores alegrias, isso inclui vocês, é claro.
Gente, quase ninguém entrou no grupo do facebook (acho que só 4 pessoas -q) vou esperar mais um tempinho, mas se ninguém mais aparecer, vou desistir haha Não dá para formar um grupo com poucas pessoas, desculpem.
Perguntinhas:
1- (Complete) Tenebris é............................
2- Quais são suas expectativas para a história? Gostaria que acontecesse algo?
3- Como você acha que Bellatrix conseguiu ir ao passado? (Essa pergunta será respondida no próximo capítulo, mas quero saber o que vocês acham)
Só uma coisa, pessoal, respondam as perguntas se quiserem, mas não se esqueçam de dizer o que acharam do capítulo também.

Dê um presente a Tenebris, comente! Fará uma autora muito feliz! Favoritem, recomendem, o que quiserem!
Amo vocês!



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