Tenebris escrita por Maju


Capítulo 19
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

Olá, galeris! Espero que vocês estejam bem e curtindo suas férias. Demorei um pouco mais do que o esperado, mas é porque meus pais acabaram de abrir o negócio deles e está uma loucura aqui. Como eu disse no capítulo anterior, esse se passa no presente. Vou retomar já que faz tempo que eu postei um capítulo do presente: Harry e Rony confrontam Bellatrix mais uma vez na casa dos Black, os meninos foram para lá devido a uma visão de Harry com Gina, eles descobrem que o encapuzado é Draco.
Vejo vocês lá embaixo, boa leitura!



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Harry ajudou-a a segurar a xícara antes que a porcelana escorrega-se pelos dedos trêmulos de Gina. Ela desistiu de beber qualquer coisa, colocando o objeto em cima do criado mudo. O namorado sentava-se numa cadeira ao lado da cama, preocupado, a menina desmaiara assim que Harry conseguiu aparatar com ela e Rony para o hospital St. Mungus, porém os curandeiros que a examinaram não constataram nada de errado. Só havia acordado agora, cinco horas depois, na manhã seguinte ao confronto com Bellatrix.

— Eu não sei por que eu fiz aquilo, eu só... Fui até lá – disse atordoada, estava mais pálida do que o normal para um Weasley, até mesmo os cabelos ruivos pareciam desbotados.

— Tudo bem, Gina, não é sua culpa.

Um longo silêncio se instaurou, Harry sabia que tinha que deixá-la descansar, mas a questão não o deixava em paz, tinha o impedido de fechar os olhos, repassava o que acontecera no dia anterior no Largo Grimmauld como uma fita rebobinada.

— Você sabia que era o Draco? O encapuzado – perguntou tímido ajeitando os óculos no nariz. Gina puxou os lençóis que cobriam suas pernas e alinhou as costas, tentava se mostrar confortável com o assunto, mas falhou, ainda que houvesse afirmado que não fizeram nada com ela, algo pareceu estremecer dentro de seu corpo quando Harry voltou a falar do que acontecera.

— Sim. Antes de vocês chegarem, vi o rosto. Eu vi Draco mais vezes... – Ela se interrompeu fechando os olhos com força – Em Hogwarts, enquanto procurava Hermione e depois... – Gina agarrou os cabelos e fechou os olhos com força, gemendo – Minha cabeça dói, não consigo me lembrar.

Harry apertou sua mão, reconfortando-a, escondendo a decepção de não ter mais nenhuma informação, Gina era, até agora, a única pessoa que podia saber de algo. Eles estavam no escuro sabendo que havia um animal a espreita.

— Avise se lembrar-se de qualquer coisa, é importante – pediu.

— Estou bem – gemeu ela, o menino iria replicar, porém uma batida na porta cortou a conversa. Jorge entrou no quarto com um aspecto cansado. Chegara ao hospital uma hora depois de Harry ter mandado uma carta aos Weasley, assim como Arthur e Molly.

— Gina recebeu alta, vou levá-la para casa – avisou, Harry concordou com um maneio de cabeça e deu mais uma olhada na namorada.

— Vou ficar, ele ainda está... – Não foi capaz de terminar a frase, Gina assentiu com pesar e ele notou que Jorge mexia-se desconfortável, Harry esperava que o ruivo não estivesse bravo com ele, mas entendia como devia ser horrível ter que correr até um hospital sabendo que dois de seus irmãos estavam na emergência quando o rapaz perdeu seu irmão gêmeo, seu melhor amigo, um ano antes.

Harry sentia-se péssimo por ele, tão mal que teve dificuldade de olhar em seus olhos. Levantou-se da cadeira, e já estava na batente da porta quando Gina chamou-o:

— Vai me contar o que está havendo, não vai? Depois. – Jorge também o encarou, mostrando que também concordava com o pedido da irmã. Harry retribuiu o olhar a eles, mas nada disse, antes de fechar a porta atrás de si.

Sentiu a boca seca e parou em um bebedouro para tomar água, poderia subir ao quinto andar do hospital onde ficava o salão dos visitantes, havia chá e comida lá, o que viria a calhar já que não comia desde ontem, mas certamente encontraria o Sr. e a Sra. Weasley lá.  Harry lembrou-se do desespero deles ao saber           que dois de seus filhos estavam no hospital, Molly teve que ser ajudada por uma enfermeira. Não era justo. Eles haviam sido maravilhosos para o menino, ofereceram sua casa a ele quando não havia mais ninguém e Harry, em troca, tinha deixado sua namorada e seu melhor amigo serem feridos, filhos deles.

Ainda que eles tivessem questionado enfaticamente se Harry ferira-se e refutado seu pedido de desculpas, afirmando que não era sua culpa, estiveram tão atordoados que nem lhe perguntaram o que acontecera, mas agora que as coisas haviam se estabilizado, Harry sabia que teria que respondê-los e não mentiria.

 Checou se os cadarços estavam bem amarrados.

Estava enrolando.

Subiu ao quarto andar devagar e acuado quase como se uma bola de metal estivesse presa a seus pés. A porta do quarto de Rony estava entreaberta, uma enfermeira com vestes verde clara escrevia em uma prancheta, lançou um sorriso empático por trás da pena ao moreno e saiu assim que terminou de preencher os formulários, Harry agradeceu por ela não ter dito nada. Até mesmo em um hospital o “menino que sobreviveu” sentia os olhares sobre ele, recebendo uma admiração que ele não queria, mas já devia ter-se acostumado.

Estava a sós com Rony. O estado era deplorável, quebrara duas costelas ao ser mandado para longe por Bellatrix e o feitiço causara-lhe cortes profundos. Os curandeiros deram-lhe um sedativo, Rony não acordaria tão cedo e provavelmente ficaria no hospital por mais um dia ou dois.

Encostou-se na cômoda branca observando o amigo, já tinha estado naquela situação, no terceiro ano quando o melhor amigo recebera uma mordida de Sirius na perna e depois de ser envenenado três anos depois. Quase sorriu ao recordar-se das memórias, porém elas levavam a Hermione e o que lembrava-o de que ele não sabia onde ela encontrava, se estava bem ou em perigo.

Ele recusava-se a pensar na hipótese de algo pior ter acontecido.

Lestrange não demonstrou saber do paradeiro da menina, no entanto Harry sabia que ela podia estar mentindo.

Olhou para um Rony cheio de ataduras, por mais que quisesse ficar ao seu lado também queria agir, Bellatrix o deixara numa encruzilhada da qual ele não conseguiu escolher e ela fugiu, não iria deixá-la escapar por uma terceira vez.

Fugiu com Draco.

Draco.

Harry ainda sentia aquela sensação que se apossou dele ao ver o antigo inimigo de escola, o calafrio que percorrera todo seu corpo ao receber o olhar do sonserino, Draco conseguia ser um tanto quanto intimidador principalmente quando havia Crabble e Goyle a seu lado, mas de uma forma quase que cômica, ridícula, ele era o valentão como qualquer outro que Harry enfrentara nas escolas trouxas, e o menino conhecia muito bem aquele tipo para ter medo.

 E era verdade que no sexto ano ele mudara, algo escurecera nele, havia uma atenção cautelosa em relação a ele. Mas nada como aquilo.

Draco era Draco, mas não parecia ser ele próprio.

Como poderia? Tudo estava tão estranho e complicado, era como se estivesse num quebra cabeça gigante tentando juntar as peças.

— Potter – chamou Guilden, chefe dos aurores, havia parado na batente da porta sem o garoto perceber. Harry desencostou-se do móvel, retesando-se.

— Senhor – cumprimentou com um leve balançar de cabeça, o auror entortou os olhos para Rony na cama, suspirando.

— Temos assuntos a tratar – iniciou gesticulando para que o garoto e abriu espaço para ele passar, indicando que conversariam lá fora. Harry fechou a porta com cuidado mesmo que soubesse que Rony não acordaria nem com um trasgo quebrando todo o prédio.

 Guilden já subia as escadas para o quinto andar, ele correu para alcançá-lo.

— Foi Bellatrix, de novo – contou aos sussurros, o chefe dos aurores enrugou os lábios não parecendo surpreso, já devia ter chegado a essa conclusão assim que recebeu a notícia do incidente.

Chegaram ao quinto andar, Harry procurou pelo salão a família Weasley, porém eles já não estavam mais lá, Harry ficou aliviado, não queria que o vissem conversando com Guilden, sabendo que ele estava escondendo alguma coisa. Sentaram-se numa mesa isolada, no canto, os visitantes e os pacientes em recuperação que lá estavam preferiam as mesas perto das janelas o que oferecia-lhes uma conversa segura dos ouvidos alheios.

Harry pediu um café forte, era provável que ele também não dormisse nessa noite. Guilden uniu as mãos em cima da mesa e esperou o rapaz continuar falando. E ele contou sobre a armadilha que Bellatrix armara, o sonho com Gina e o Largo Grimmauld.

— Foi uma emboscada para me matar.

— Não deviam ter saído sozinhos. Tinham que nos avisar, sabiam que todos nós estávamos procurando por ela – repreendeu o auror batendo o punho na mesa – Não são aurores ainda.

— Eles estavam com Gina – rebateu trincando o maxilar – Não tínhamos tempo de avisar. O que queria que eu fizesse?

Guilden não respondeu, não estava feliz, mas voltou a atenção para Harry quando ele fez menção de contar mais:

— Eu vi quem era o encapuzado, Rony pode confirmar quando acordar... É muito esquisito – contou hesitante.

— Outra pessoa vinda dos mortos? – arriscou o auror tenso. Harry balançou a cabeça, bem queria que fosse, seria então apenas uma questão a entender. Outro comensal da morte perverso trazido dos mortos seria algo mais compreensível do que aquilo.

— Draco Malfoy.

Levou alguns segundos até o auror processar quem era a pessoa.

— Draco? – perguntou ele cético, arregalando os olhos. Harry assentiu e Guilden franziu o cenho baixando os olhos para a xícara de chã que já havia esfriado.

— Ele desapareceu de Hogwarts assim como Hermione, na mesma época. Faz sentido de certa forma, mas... – Harry parou buscando palavras para expressar-se, nenhuma parecia boa o suficiente, Guilden fitou-o, incentivando-o a continuar.

— Não é como se fosse ele – confessou – Conheço Malfoy desde meu primeiro ano em Hogwarts e aquele com Bellatrix não parecia ele, foi uma sensação estranha... – Harry sabia que precisava de algo mais concreto para a investigação, algo racional e não apenas um sentimento. Tinham que ser minuciosos, não o levariam a sério se trabalhasse só com suposições, fosse ele Harry Potter ou não, e, sendo honesto consigo mesmo, nem o próprio garoto gostaria que fosse diferente, não queria qualquer vantagem por ser quem era.

— Malfoy mentiu para me salvar uma vez, Bellatrix é sua tia, mas não vejo porque ele se aliaria ela – alegou, parando para tomar fôlego – Ele não é mau como ela, entende? Não conseguiu matar Dumbledore dois anos atrás e agora... Ele arma uma armadilha para me matar.

—Mas ele confrontou você várias vezes, não foi? Além disso, ele aceitou a Marca Negra – Guilden inclinou-se para frente ficando mais perto do rosto do menino – Harry, com todo esse histórico... Parece-me que Draco Malfoy fica balançando entre o bem e o mal. Não é confiável.  Ele perdeu tudo, a família, o luxo, o nome... Draco poderia ter juntado-se a ela, por vingança, talvez.

— E as suspeitas de que foi Lestrange quem matou Narcisa? – retrucou – Há muitas brechas, Guilden.

— O que nos resta é investigar, preciso que reúna toda a informação que tiver. Os aurores estão procurando por Lestrange, vou mandar a informação de que Malfoy está com ela – informou e levou o olhar em direção a uma das janelas.

— A imprensa está enlouquecida lá fora, tudo o que eles sabem é que vocês foram atacados, exclui Gina da história, vamos dizer que foi um treinamento de rotina, Rony acabou se machucando.

— Vão continuar escondendo das pessoas o que está acontecendo? – Harry protestou – Alguém vai descobrir a verdade, Guilden, ou um jornalista ou qualquer um que veja Bellatrix por aí.

— Já tivemos essa conversa, Potter. Seremos cuidadosos. – Guilden se levantou, o menino ergueu os olhos verdes por cima dos óculos para poder fitá-lo – Vá para casa e descanse, quero você no Quartel hoje à noite. Saia pelos fundos.

Assim, o chefe dos aurores cruzou o salão em direção às escadas, já devia estar com o discurso na ponta da língua para sossegar os jornalistas curiosos.

O menino deu um longo suspiro e terminou de tomar seu café, recordou-se de seu terceiro ano quando Sibila disse que ele tinha um mau agouro observando a borra do chá, Harry olhou para o restante do que sobrara do líquido na xícara, mas apenas lhe parecia um borrão marrom sem sentido. Ora, estava ficando mesmo desesperado para apelar para adivinhação.

Harry esqueceu a xícara quando um casal entrou no salão, uma enfermeira sorridente os conduzia até uma mesa, era o Sr. e a Sra. Longbottom, pais de Neville. Seus olhos arderam, aqueles dois estavam presos a um hospital sem reconhecer o filho por culpa de Lestrange. O rosto sorridente de Sirius apareceu em sua cabeça, o peito do rapaz apertou-se, como um nó, o padrinho o visitava em seus sonhos, todos os dias.  

Ele não sabia como ou por que a ex-comensal estava de volta, mas Harry iria pegá-la a todo custo, por todos que ela assassinou.

Uma hora depois, quando a maioria os jornalistas cansara-se de esperar por alguma novidade e Rony continuara na mesma situação, Harry achou a saída secundária com a ajuda de uma enfermeira loura e pequena que tentava flertar com ele pelo caminho, Harry não ligou para ela o que pareceu ter deixado-a irritada. Ele saiu nos fundos do hospital onde caixas de poções vazias estavam jogadas e empilhadas.

 - Harry Potter. – Uma voz feminina cheia de pretensão que o menino reconheceu com um revirar de olhos saiu de trás de um caixa.

— Rita Skeeter.

— Há quanto tempo não o vejo, não me encontro com nossa celebridade preferida desde o julgamento dos Malfoy, e que julgamento, não foi? – sorriu ela, sua pena verde de repetição rápida flutuava na altura de seu ombro.

Harry não respondeu, qualquer coisa que dissesse seria distorcida pela jornalista mequetrefe.

— Achei que sairia por aqui, a fama pesa não é, Sr. Potter? Você tem se escondido das mídias depois que matou Você-Sabe-Quem.

— É, de jornalistas como você, Skeeter. Eu tenho mais o que fazer, agora. – Estava pronto para desaparatar, mas a mulher se adiantou, aproximando-se dele.

— Sem rodeios, Harry, é triste o que aconteceu com seu amigo Weasley, acidente no treinamento, não é o que dizem? – O menino notou a pena riscando o papel, pronta para sua resposta, mas ele apenas assentiu.

— Poderia nos contar como aconteceu? – perguntou incisiva, sorria mostrando todos os dentes como uma cobra pronta para dar o bote.

— Acredito que você já saiba que é confidencial, Skeeter, não tenho permissão para contar sobre o treinamento de auror.

 - Que pena, mas sei que esclareceria a todos se pudesse. – Pelo olhar que ela lançara a pena, o garoto notou que não seria bem assim que ela escreveria no jornal – O Trio de Ouro ficará desfalcado por alguns dias. Falando nisso... Onde está Hermione Granger? A grande ladra de corações que salvou o mundo, ouvi rumores de que ela estaria namorando Rony.

Ele mordeu a língua para manter a expressão neutra, a mente trabalhou em uma fração de segundo para formular qualquer desculpa.

— Hermione teve um problema com os pais, não pôde vir – contou a mesma mentira que fora dita para os alunos em Hogwarts, Skeeter mordeu o lábio inferior, encarando-o por trás dos óculos de armação brega, ela queria comer sua alma, Harry manteve-se com sua expressão neutra, ou ele pensava que era.

— Há coisas estranhas acontecendo... O assassinato de Narcisa Malfoy, eu espero que os aurores estejam investigando – insinuou presunçosa, havia um sentido oculto em sua frase, a jornalista não estava satisfeita com as respostas, hipóteses e especulações não vendiam tão bem, não era?  

— Eles estão.

Harry quis calar a boca da jornalista com aquela pena ridícula, antes que ela pudesse perguntar-lhe mais, deixando-o numa enrascada, desaparatou.

*

Ele ouviu uma conversa nervosa na cozinha assim que aparatou na Toca.

— Eu a matei! Como pode estar de volta?

— É isso que estamos tentando descobrir, Sra. Weasley. – Era a voz do ministro. O rapaz deu-se conta de que havia pensado na verdade sendo escondida da população bruxa, mas não perguntara se o mesmo se aplicaria a família Weasley, era mais do que justo eles estarem sabendo quem colocou dois dos filhos deles num hospital, Harry gostaria de ter contado antes.

— Aqueles dois... Como puderam esconder uma coisa dessas de mim? – Harry até conseguia vê-la em sua mente agitando as mãos para cima, com a cara inchada.

— Nós pedimos sigilo, não queremos alarmar as pessoas até sabermos o que está acontecendo de verdade, todos acabaram de recuperar a paz, Molly. Dizer que há um comensal a solta, alguém que devia estar morto, e sem saber o que ele quer, causaria caos. Podemos tentar impedir antes de assustar a todos.

Um intervalo de silêncio instaurou-se, estavam digerindo a notícia, e com toda história revelada, Harry viu sua deixa para entrar na cozinha, sem interromper ou ser obrigado a contar o resto. Entrou no cômodo recebendo um olhar preocupado da Sra. Weasley, o menino notou que, se ela iria brigar com ele por mentir, desistiu, sua cara cansada certamente tinha deixado-a sem graça. Arthur e Jorge também estavam lá, abatidos com a notícia.

— Você devia descansar, Harry, foram dois confrontos seguidos – sugeriu o Ministro colocando a mão em seu ombro. O menino fitou-o se perguntando se ele já sabia sobre Malfoy, o Ministério não devia estar monitorando-o?

— Guilden me enviou uma carta. Draco Malfoy, não? – disse como se lesse sua mente, Harry acenou com a cabeça e com os olhares curiosos dos Weasley em si, ele contou o que aconteceu na casa dos Black e a descoberta de que o encapuzado era Draco.

— Inacreditável – manifestou-se Molly ao final.

— Não tenho certeza se é ele mesmo... É complicado. O corpo é o mesmo, mas a maneira como ele me olhou na casa dos Black, não parecia ele.

— O que pode ser então? Poção Polissuco? – Jorge sugeriu ainda que seu tom fosse como se falasse a primeira coisa que lhe veio à cabeça, porém o moreno se surpreendeu por não ter pensado numa coisa tão óbvia. Onde estaria o Draco verdadeiro se essa fosse a resposta? Lembrou-se de seu quarto ano quando Bartô Crouch Jr se passara por Moody por um ano inteiro, aprisionando o verdadeiro. Teriam usado a mesma estratégia? Mas como teriam pegado Malfoy se ele estava em Hogwarts?

E Hermione? Onde ela se encaixava em tudo isso?

Uma coruja passou rente a cabeça do menino, pousou no ombro de Kingsley dando uma bicadinha em seu brinco dourado, o ministro puxou a carta presa aos pés do animal, era uma mensagem curta, pois logo ele enrolou o papel novamente.

— Harry, creio que seu descanso fique para depois. Mundungo Fletcher disse ter informações sobre Lestrange.

O rapaz mal processara as palavras do homem, alguém descia a escada na sala, Gina gritou por puro reflexo quando tropeçou nos degraus.

— Harry! Escute...

Ele já havia desaparatado em direção ao Quartel.

*

Não havia aurores transitando pelos corredores como formigas, como era usual, estavam todos procurando pela inimiga ex-morta, os que restavam se encontravam na sala de reunião onde se discutia os novos casos, a mesma onde ele havia contado sobre a volta de Bellatrix. Harry nunca achou que veria todos aqueles aurores, cheios de cicatrizes ou com uma parte do corpo faltando, em volta de uma coisinha mínima como Mundungo.

 E, aparentemente, o comerciante não era muito apreciado por eles. Bem, isso o grifinório conseguia entender, Fletcher tinha a incrível habilidade de irritar qualquer um, somando isso a moralidade quase duvidosa.

O homem atarracado tinha um corte feio no lábio inferior e outro próximo ao olho, as roupas largas demais estavam em farrapos. Tinha os braços cruzados sobre o peito, lançando um olhar desafiador a Guilden e a outros quatro aurores que o menino não conhecia. O semblante dele mudou quando viu o bruxo famoso e o ministro da magia aproximando-se da cadeira onde ele se sentava, perdendo um pouco da aspereza.

— Podemos começar, agora? – perguntou Guilden impaciente. Harry por fim deu-se conta do porque estavam ali, novidades sobre Bellatrix. Fletcher a vira e havia mais, se ele dera-se o trabalho de ir até o Quartel. Talvez finalmente descobrissem alguma coisa que os deixassem ao menos mais próximos dos planos da assassina ou dela.

— Na verdade, é necessário discutir os termos primeiro – alegou ele estendendo as mãos pela mesa que separava-o de seus ouvintes, unindo dos dedos.

— Termos?

— É, meus termos. Quase fui morto por aquela vadia que devia estar morta. Estou me arriscando aqui e se eu falar tudo o que sei e não a pegarem, ela virá atrás de mim.

Os aurores nada disseram, esperando a continuação.

— Primeiro, eu quero que parem de atrapalhar meus negócios, estão afastando meus fornecedores, trabalho como todo mundo aqui, larguem do meu pé.

— É ilegal.

— Segundo – prosseguiu o homenzinho, rolando os olhos – Quero minha ficha limpa em Azkaban.

Guilden já tinha a boca pronta para replicar quando Kingsley cortou-o:

— Feito. – A palavra colocou um sorriso ordinário no rosto do comerciante, ele ergueu o queixo, pigarreando.

— Estava em Portsmouth quando ela me encontrou. Sabem do susto que eu levei ao vê-la viva? Pensei que fosse uma impostora, mas ela foi bem convincente. – Ele tocou o corte próximo do olho.

— Havia alguém com ela? – indagou Harry – Encapuzado talvez?

— Não, sozinha. E parecia bem irritada... Estava procurando por algo, pensou que talvez eu tivesse algum deles para vender, mas acredite, ela seria a última pessoa do mundo que eu venderia uma coisa daquelas.

— O que ela queria, Fletcher?

— Um Vira-Tempo. 


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Notas finais do capítulo

HEHEHEH Agora eu incendiei esse lugar! Gostaram?
Rony dodói, Gina querendo falar alguma coisa e Harry saindo na hora errada e agora Mundungo aparece. Gostaram de um personagem na Ordem da Fênix ter aparecido? Mesmo que seja um meio duvidoso como o Fletcher?
Dica: o final desse capítulo se relaciona com o final do capítulo passado, teorias?
NOVIDADE: Criei o grupo de Tenebris no facebook: https://www.facebook.com/groups/1262308103781295/ Só tem eu e a Lorde lá por enquanto, entrem e vamos compartilhar amor hahaha
E decidi que vou escrever o capítulo do ritual da Marca Negra do Malfoy quando completarmos 200 comentários como uma forma de presenteá-los, o que acham? Estamos perto!

Perguntinhas:
1- O que vocês acham da Gina, quero tanto a opinião sobre a dos livros quanto a dos filmes. Shippam o casal Harry/Gina?
2- Falando sobre casais, qual a opinião de vocês sobre os casais formados pela JK? Sei que se estão aqui é porque shippam Dramione, mas nada os impedem de gostar de Rony e Hermione também.

Voltarei com um capítulo do passado no próximo, até lá!
Beijos.



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