Tenebris escrita por Maju


Capítulo 18
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Hey! AS FÉRIAS CHEGARAM! Sabem o que isso quer dizer? Que eu espero que os capítulos de Tenebris saiam mais rápidoooo *Vivas e palmas*
Como eu disse, esse capítulo ainda continua no passado, mas o próximo já é do presente.
Esse capítulo está cheio de revelações hehe
Boa leitura.



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O cansaço venceu-os em uma batalha covarde assim que o silêncio instaurou-se entre Draco e Hermione novamente. Ambos dormiram com a sensação de que a busca pela relíquia tinha-lhes custado mais do que imaginavam. E os pesadelos só foram uma pequena amostra do que havia acontecido dentro dos dois.

Hermione sonhara com as vozes, elas a perseguiram na escuridão e quando seus pés não aguentaram mais correr, Hermione foi envolta por elas como se os donos das vozes lhes sussurrassem aos ouvidos, prendendo-a num meio de um tornado de lamentações. Só livrou-se delas quando acordou ao som de seu próprio grito.

Draco não acordou com o barulho, ou pelo menos não demonstrara, algo que ela agradeceu. Ele mesmo estava numa situação igual a dela, a julgar pelo cenho franzido e o suor escorrendo pela testa.

Na segunda vez que despertou quase pulou do sofá, exaltada, com a impressão de que havia dormido mais do que deveria. Hermione sentou-se ficando de frente para Draco que dormia no outro sofá, de barriga para cima. Tudo que havia ocorrido no dia anterior voltou à tona, assim como sua última conversa.

Acreditava no que havia dito a ele, Malfoy podia ser Malfoy, o garoto desagradável que a chamara de sangue ruim e menosprezara Rony pelo pouco dinheiro e infernizara o trio, mas julgar algo assim?  Hermione era justa e sensata e não deixaria que suas mágoas e desavenças atrapalhassem seu julgamento, fosse quem fosse. Era fácil culpar Draco, é claro, fácil odiá-lo, principalmente com o histórico dele com ela, mas dado às coisas que vira... O lago na Terra do Tempo, as tentativas falhas de matar Dumbledore fizeram-na repensar.

 O que tinha por ele era um grande sentimento de pena.

— Temos que descobrir o que fazer com essa coisa. – A voz rouca do sonserino soou atrás dela, assustando-a. Draco largou-se na cadeira a frente de Hermione, que o observou minuciosamente, esperando algum qualquer sinal de reação à conversa passada, ou que ele soasse afetado com o que vira, mas o tom saiu neutro, como se tivesse se esquecido ou não ligasse para o que acontecera.

Quando ele ergueu uma sobrancelha, deu-se conta que estava encarando-o sem dizer nada, baixou os olhos para a mesa onde se sentara e levou os dedos até o colar em seu pescoço. Além de Draco, outra coisa passou a incomodar seus pensamentos, algo desde que chegaram a Hogwarts, uma coisa que eles estavam ignorando.

— Talvez devêssemos escondê-la... algum lugar que ninguém encontre – sugeriu distraída, preocupada com a outra questão.

— Ainda há a chance de alguém encontrá-la, você disse que o Potter deixou-a no meio da Floresta Proibida e minha mãe a encontrou – retorquiu – Devíamos procurar um jeito de destruí-la, deve haver um jeito.

— Talvez...  – Hermione esticou o braço agarrando a bolsa de contas e remexendo-a por dentro a procura de seu livro do Beedle, o Bardo. Será que havia esquecido no Caldeirão Furado?

— O Potter é quem está com as outras duas relíquias, não é? Santo Potter é quase o senhor da morte – o tom sarcástico voltara junto ao sorriso petulante, embora esse não estivesse tão brilhante, um sinal de que ele não se esquecera do dia anterior – O que ele fez com elas?

— A capa da invisibilidade está com ele, é uma herança dos Potter. A varinha... – ela desviou os olhos da bolsa para Malfoy – Harry a destruiu.

— O dono da varinha das varinhas jogou ela fora? – questionou incrédulo, semicerrando os olhos.

— Ele não queria aquele poder, Malfoy. Ninguém deveria querer... acho que Dumbledore é o único que seja capaz de possuí-la.

Draco não respondeu, não iria entrar naquele assunto, debater com a Granger levaria um tempo que eles não tinham. Focou-se no principal, mas antes que pudesse voltar ao princípio, Hermione lançou-lhe uma pergunta tímida, num fio de voz que terminou abrupto como se tivesse se arrependido:

— Você sabia que foi dono dela por um tempo, da varinha? – A questão escapou-lhe da boca, era algo que ela se pegou perguntando, logo depois da guerra, entre tantas outras que sempre a incomodavam antes de dormir.

— Me dei conta disso um tempo depois que tudo acabou. Sabe, não havia muita coisa para fazer na Mansão Malfoy além de pensar.

Hermione engoliu a outra pergunta que iria fazer. Ou talvez tivesse medo da resposta ou por medo de estar ultrapassando o limite tênue que tinha com Malfoy.

Draco limpou a garganta indicando para que voltassem ao antigo e mais importante assunto, Hermione voltou a desviar os olhos para a bolsa, remexendo-a com mais veemência.

— Se o Potter destruiu a primeira relíquia então também pode ser possível com a segunda... Granger, você está prestando atenção?

— Acho que devemos pensar em algo que estamos esquecendo, Malfoy, antes de tomarmos uma decisão sobre a pedra. A profecia.

A menção fez o estômago do sonserino se contrair, a profecia era outra grande porcaria que ficava em seu caminho para que pudesse voltar ao presente, algo que também lhe dava arrepios. Profecias nunca eram boas, aquela, mesmo que não compreendesse uma linha, parecia ser terrível.

 Hermione desistiu de procurar manualmente e lançou um accio dentro da zona que era a bolsa. Puxou por entre as páginas papel em que havia escrito os versos da profecia e as diretrizes de seu plano e ideias.

“A mais fiel ao amor das trevas guarda a alma maldita junto a miserável, marcadas... o mal não perde sua essência.” – leu a menina cuidadosamente o primeiro verso, logo levantado o rosto para encarar o loiro – Mais fiel ao amor das trevas... Pode estar se referido a Bellatrix.

— Sim, se havia alguém devota ao mal era minha tia – concordou ele, porém dando de ombros em seguida – Mas o resto não tem sentido para mim.

Hermione suspirou, também não fazia sentido para ela, a profecia apareceu quase que no mesmo momento que Lestrange retornara poderia facilmente referir-se a ela, todavia, ainda continuavam mergulhados em incerteza.

— Se estiver ligado a ela, tente pensar, Malfoy, algo fora do comum, algo que... Eu não sei, talvez te lembre da profecia. Ela era sua tia, convivia com vocês.

— Fora do comum? Além de ela ser uma assassina com sanidade duvidosa? – riu ele em deboche – Não, Granger, é meio difícil observar algo fora do comum quando se trata de Bellatrix Lestrange.

— Ela era sua tia, conviviam juntos! – argumentou a grifinória irritada por Malfoy estar rindo dela.

— Minha tia não era... é... do tipo que vai a jantares de família e pergunta como vai a escola, Sabe-Tudo. Eu a evitava o quanto podia, você não faz a mínima ideia... – Draco calou-se subitamente engolindo o resto da frase e terminando a fala com um suspiro descrente – Esqueça.

Hermione fitou-o, esperando que com um pouco de pressão ele terminasse de falar, mas Draco desviou os olhos. Desistiu, era algo pessoal, não insistiria em saber. Não eram amigos, afinal.

— Deixemos nossas apostas com pedra, se a profecia tem a ver com Bellatrix, talvez se não deixarmos que ela volte, a profecia também não exista – argumentou ele, gesticulando.

Draco podia estar certo, mas a questão não parava de importunar a grifinória.  Profecias eram importantes, Harry era um exemplo disso.

Hermione levantou-se da cadeira, indo em direção à porta e abrindo-a, colocando somente a cabeça para fora do cômodo, olhando os dois lados.

— Hoje deve ser sábado, não tem ninguém por perto e nem barulho, os alunos devem ter ido a Hogsmeade. Vamos checar a biblioteca pelo menos, procurar sobre a profecia e alguma ideia do que fazer com a pedra.

Draco gostaria que a grifinória não complicasse as coisas, mas ele sabia que ela iria de qualquer jeito para lá e ele não estava com vontade de ficar enfornado naquela sala junto com seus pensamentos.

— Do jeito que vamos, você vai me transformar em rato de biblioteca, como você.

— Está errado, Malfoy, você seria uma doninha insuportável de biblioteca.                                        

*

Chegar à biblioteca foi fácil, os corredores estavam desertos, os alunos que não tinham ido ao vilarejo ficaram em seus salões comunais. Porém certa tensão emanava a cada passo que davam como se seus “eus” do sexto ano fosse aparecer a cada esquina que viravam. Hermione, com seu terceiro ano cheio de voltas no tempo para que conseguisse assistir a todas as aulas, não estranhava o fato de já ter que andar por uma Hogwarts que já tinha sido vivenciada, mas para Draco era novo e de certa forma amedrontador, preferia que estivessem num passado mais distante onde não corriam o risco de serem reconhecidos por seus próprios “eus”.

Passar por Madame Pince também não foi tão complicado, apesar da bibliotecária ter visto a grifinória e a cumprimentado, Draco passou reto quando a mulher parou para conversar com Hermione sobre os dois novos livros que havia chego, encaminhando-se para a mesa mais afastada, a mesma que havia se encontrado com a menina quando ainda estavam no tempo certo. Ela encontrou-o logo depois de dispensar Pince sutilmente.  

O resto foi um total desastre. Três pilhas de livros amontoavam-se sobre a mesa, nenhum que lhes desse alguma pista sobre o que fazer com a relíquia ou a profecia. Os olhos de Draco já doíam de ler letras pequenas e termos complicados, jogava mais um livro inútil para o lado quando Granger puxou-o para detrás de sua pilha, escondendo-se de um grupo de corvinos que passavam.

— Provavelmente a Sessão Reservada deve ser mais prestativa, mas não há como passar por lá agora.

— Granger, não tem nada aqui – sussurrou Draco entre dentes assim que os alunos se afastaram – Já achamos a pedra, agora é só destruí-la, nós nem ao menos tentamos. Se não conseguirmos, aí sim podemos nos preocupar.  

— Eu sei, mas tem a profecia e...

— Os outros logo vão voltar de Hogsmeade, temos que ir embora, e eu não estou me referindo à biblioteca – insistiu ele, cortando-a – Eu segui o seu plano. Agora, damos um jeito de que a pedra não chegue às mãos da minha mãe e podemos voltar para o nosso tempo!

— É isso que estou tentando te dizer! Tudo bem... conseguimos destruir a pedra, mas e a profecia, Malfoy? Não podemos ignorá-la! Estamos nos apoiando no fato de que, se nos livramos da relíquia, nós vamos voltar. Mas e se não for simples assim? Podemos tentar entendê-la, ao menos, antes de tomarmos qualquer providência sobre a pedra?

O loiro inflou as narinas, notando que a menina não cederia e talvez sabendo que parte de si concordava com ela, encolheu os ombros em seguida.

— Tudo bem – concordou com amargor – Mas temos que sair de Hogwarts, estamos nos arriscando ficando aqui.

Hermione olhou pela janela, nuvens cinzentas indicavam que choveria a qualquer instante. O sonserino tinha razão, não podiam se arriscar passar mais uma noite em Hogwarts.

— Só vamos voltar para Sala Precisa, nos preparamos, e então nós saímos pela passagem que dá na Dedos de Mel, ficamos próximos a escola, caso precisemos de algo.

— Uma passagem secreta que dá para fora de Hogwarts?

— Tem muita coisa que você não sabe, Malfoy.

Seguiram para o sétimo andar às pressas, Draco foi a frente mantendo uma distância considerável da grifinória para que não gerassem suspeitas caso algum aluno mais novo os visse. Andando com Hermione Granger, é... Ele já tinha vivido de tudo.

O andar estava vazio para a sorte deles, Hermione alcançou o garoto e ele abriu a porta.

Não havia mais os sofás e a lareira. E sim dezenas de objetos empilhados e espalhados, preenchendo todo o espaço da Sala Precisa, havia escrivaninhas e armários cobertos por lençóis brancos, vassouras quebradas num canto, livros rasgados, caldeirões derretidos, tanta coisa que era difícil identificar, colocadas em desordem, formando um labirinto pelo cômodo. Eram objetos que as pessoas não queriam mais.

Draco os reconhecia.

Havia alguém ali. Alguém que chegara antes deles e estavam na versão da Sala Precisa daquela pessoa.

Draco sabia quem era.

O sonserino empurrou Hermione para detrás de uma estante vazia, tapando a boca dela antes que reagisse. Ajoelhados, ele levou o dedo indicador aos lábios pedindo silêncio e retirou a palma do rosto dela.

O coração de Hermione batia rápido como uma música tocada por um tambor. Iriam ouvi-los, tinha certeza. Puxou o lençol que cobria a estante para o lado, esgueirando-se para ver a pessoa desconhecida, estava a poucos metros deles de frente para um armário negro com uma das portas pendendo das batentes.

O ser virou a cabeça abruptamente, alarmado.  Hermione recuou para trás empurrando Draco que também observava a cena. O outro deu alguns passos insertos em direção a porta de entrada, mas parou, parecia ter mudado de ideia, apenas deu uma olhada para os dois lados e voltou para o armário.

Era o Draco Malfoy do sexto ano consertando o armário sumidouro.

Hermione entortou os olhos para o Draco do presente, tão perplexo em ver a si próprio de dois anos atrás quanto ela. A grifinória tentou buscar alguma solução rápida para a situação em que se encontravam, intercalava os olhares entre os dois Dracos, não havia escapatória, mesmo se pedissem que a Sala criasse uma saída, o outro saberia que alguém estivera ali. Teriam de esperar.

Era só ficarem parados.

Aquilo a lembrou da brincadeira trouxa chamada “estátua”, no entanto, só Merlin sabia o que aconteceria se perdessem o jogo.     

Encolheu-se num canto e só respirou pelo nariz, como uma boa jogadora. Draco pareceu seguir seus passos, mas quando entreabriu os lábios, Hermione pensou que ele fosse gesticular algo para ela, provavelmente contar-lhe algum plano insensato. Mas a boca não se mexeu e os olhos fixaram-se num ponto além dela.

Não, não, agora não. Por favor.

Draco sentiu os olhos embaçarem, os sons arranharam-se e distorceram sendo interceptados por outros que ele sabia que vinham de sua cabeça. O mundo girou e Draco pensou que todas aqueles objetos esquecidos cairiam sobre ele, soterrando-o. Ele ouviu um grito agudo, distante. Era mais uma visão.

A Sala Precisa escureceu.

O corpo desfaleceu lentamente, como na outra vez, Hermione segurou-o antes que pudesse bater a cabeça no chão. Instintivamente, checou o outro Malfoy, sentado no chão de frente para o armário, ele levantou a cabeça mais uma vez, certamente tinha percebido que algo não estava certo.

As veias saltaram no pescoço do Draco caído a seu lado. As costas arquearam-se, e antes que o sonserino fizesse barulho, ela tocou-o no pescoço com a varinha, conjurando um feitiço para emudecê-lo.

— Quietus.

Pela fresta do lençol, viu que o outro desconfiara de vez que não estava sozinho na sala. Apontava a varinha freneticamente para todos os lados, erguendo o pescoço a procura de alguém indesejado.

— Quem está aí?! – gritou, a voz saiu afetada, com medo de que alguém estivesse o espionando. Por fim, saiu do lugar, ficando de costas para a menina, checou uma pirâmide de objetos na extremidade do cômodo, explodiu-os, mas não havia nada lá.

Hermione, trêmula, levantou a varinha, aproveitando a distração do outro, disparou em direção à porta do Armário Sumidouro, que acabara de ter parte dela presa às dobradiças pelo menino, despregando-a e fazendo-a cair no chão em um estardalhaço.

O Draco do sexto ano virou-se, sobressaltado, ao ver o que acontecera xingou-se pelo trabalho mal feito. Curvou os ombros para baixo, e deu um longo suspiro, balançando a cabeça.

— Você está ficando paranoico – disse para si mesmo – Precisa terminar isso, precisa.

 Pareceu se covencer de que não havia ninguém ali, provavelmente, acreditando que fosse sua cabeça assustada pregando-lhe uma peça.

 Olhou para um relógio antigo em cima de uma escrivaninha. Devia ser hora de retornar porque ele pegou a varinha, ainda resmungando, e deixou a Sala Precisa.

Hermione finalmente sentiu que conseguia respirar, porém o alívio durou apenas até o momento de baixar os olhos para Draco. As costas arqueavam-se como se lhe faltasse ar, mas apesar da respiração estar acelerada, não era esse o motivo. Os olhos estavam fechados, as pálpebras tremiam. Um pequeno sibilo escapou dos lábios de Draco tirando Hermione do estupor.

— Malfoy! – chamou, e lembrando-se de Aedes Temperium, apertou os dedos dele, como o próprio havia feito, na esperança que o blecaute passasse.

 Nada aconteceu.

Ela teve a impressão de que as veias em seu pescoço explodiriam. A grifinória agarrou-lhe os ombros, chacoalhando-os. 

— Por favor... – O último blecaute durara poucos minutos, mas aquele... Deviam ter-se preocupado mais com isso, talvez se tivesse falado com Dumbledore...

Hermione pegou um frasco de poção Wiggenweld da bolsa, pingando três gotas na boca do menino, não sabia mais o que fazer. O outro Draco poderia voltar a qualquer momento...  Precisavam sair dali, Hermione precisava trazê-lo de volta.

Derrubou o frasco, o vidro espalhou-se ao seu lado.

Precisava trazê-lo de volta, para a realidade.

Sem pensar, sem nem entender o que estava fazendo, Hermione Granger beijou Draco Malfoy.

Bem, não foi exatamente um beijo, mas um colar de lábios desajeitado e desesperado.

Draco já estava muito longe, mergulhado em um mundo onde Bellatrix duelava com Harry Potter e Rony Weasley, a irmã do Weasley encontrava-se sentada numa cadeira, estática. Assistia a cena de cima, não fazia ideia de onde estava.

Ora, Harry Potter, pelo visto continua caindo na mesma armadilha – provocou sua tia com um sorriso frívolo.

A imagem piscava, como se estivessem com uma má transmissão. Os sons tinham eco de estática.

— Onde ela está, Lestrange?— gritou o ruivo e Draco entendia ao que ele se referia.

 - Não sei de quem você está falando, Weasleyzinho.

— Hermione!

Em seu último blecaute também vira uma briga entre eles, o que estaria acontecendo no presente? No entanto, foi a pergunta de Potter que mais o atormentou:

— Quem é você?

Foi dirigida a ele, em sua direção, em cima.

E Draco sentiu que estava sorrindo.

Bellatrix atacou o Weasley e Harry apontou a varinha em sua direção. Como se ele estivesse lá realmente. Houve um estampido, Potter atacou, mas nada aconteceu, exceto os olhos do menino que se arregalaram para ele, descrentes.

A cena foi cortada.

Não estava mais no mesmo lugar, encontrava-se na sala de estar de uma casa com paredes de madeira, o cheiro de pinhas inundava o ar. Ouvia uma conversa, a voz de Bellatrix, mas a outra ele não sabia da onde vinha. Sua tia estava de costas para ele.

— Eu senti, a presença... Estava observando— disse a voz.

— Mas isto é impossível!— retrucou Bellatrix.

Há algum tempo eu sinto. Pensei que se enfraqueceria, mas é como... se fosse real. Há algo errado.

A mulher balançava a cabeça, Draco poucas vezes a vira tão... branda, para não dizer nunca.

— E está tramando algo, posso perceber alguns sentimentos. Há alguém, outra pessoa, talvez uma menina... Mas é difícil dizer se é real.

— Mas...— Ela se virou, o rosto franzido tornou-se azedo, como se lembrasse de algo desagradável – Hermione Granger? Potter e o ruivo procuravam por ela... Desgraçada, sangue ruim! – Bellatrix gritou, arremessando uma jarra de vidro da mesa de jantar contra a parede. Olhava em sua direção, como Harry.

Preciso descobrir o que está acontecendo. Vou impedir. Se ela está no meio disso, vai tentar dificultar as coisas.

Atrás de Lestranger, um relógio prendia-se a parede, Draco viu pelo reflexo do vidro com quem a mulher conversava. Só não podia acreditar.

 Ele viu sua imagem no reflexo.

A visão falhou, relampagueando, Lestrange ainda falava, porém não foi possível ouvi-la. A casa tornou-se um borrão de cores. Sentia como se alguma coisa o puxasse para o vácuo, como um buraco negro.

E Draco, arfando, viu os grandes olhos castanhos de Hermione Granger observando-o de cima, estatelara-se no chão como da última vez. Ela escorregou para o lado, distanciando-se alguns centímetros, assim que ele piscou.

— Temos que sair daqui – disse com a voz trêmula, tentou se levantar, mas os membros pareciam ser feitos de papel. Hermione encarou-o atônita, parecia inquieta, não nervosa porque acabara de vê-lo tendo mais um ataque, inquieta como alguém que faz algo errado e quase fora pego.

Todavia, o sonserino pouco deu atenção àquilo, olhou para trás, constatando que o “ele” do sexto ano havia sumido, perguntou-se como a menina livrara-se dele. E então notou que devia ter causado uma grande enrascada para ela. Bem, não seria a primeira vez.

— O que você viu? – perguntou apreensiva enquanto Draco apoiava a mão ao chão impulsionando-se para se sentar, reprimiu a careta que queria forma-se em sua face.

Ele engoliu em seco, mal conseguia acreditar no que vira, era impossível. Será que estava alucinando? Devia ter enlouquecido de vez, parado de discernir seus sonhos de visões, se é que elas eram verdadeiras. 

Então por que parecia tão real? Não era nada nebuloso como um pesadelo ou uma alucinação, não era como se estivesse flutuando, mas que era material enquanto via aquelas cenas.

Como havia outro Draco Malfoy no presente?

O sangue fluía quente dentro de si. Estava ficando louco.

Hermione fitava-o esperando uma resposta, ansiosa. A primeira tentativa de proferir qualquer coisa foi falha, algo que fez a grifinória agitar-se ainda mais, na segunda ele conseguiu, ao menos a parte mais fácil:

— Potter e Weasley enfrentavam minha tia, de novo. Estão procurando por você, acham que Bellatrix tem algo a ver com seu desaparecimento.

Hermione arregalou os olhos, o mesmo sentimento de descobrir sobre a morte de Oliver, que havia deixado uma brecha para que fizessem mal a quem ela amava, invadiu-a. Com toda a situação que estavam passando, tinha se esquecido de que no presente estava desaparecida e que seus amigos deviam estar procurando-a. Não os avisou, ainda que fosse bem provável que se tivesse, eles estariam com ela. E agora não podia comunicar-se.

— O que aconteceu? Eles estão bem? Malfoy! – indagou ela, quase num tom implorativo, chamando a atenção do garoto que voltava seus pensamentos a conversa de Bellatrix com alguém igual a ele. Sua imagem no reflexo.

E se fosse ele mesmo?

— Não sei – respondeu ainda distante – Só consegui ver uma parte da briga, não sei como terminou. Vi outra coisa, mas nós... – Parou, Hermione hiperventilava.

— Hey – balançou uma das mãos na frente do rosto dela – Não dá pra entrar em pânico agora, é inútil de qualquer forma.

— Você não entende, não é? Não tem amigos! – irritou-se, limpando o canto dos olhos onde lágrimas ameaçavam se formar.

Draco estava tão absorto em sua mente que pela primeira vez não seu deu o trabalho de comprar briga com a grifinória. Pelo menos não tanto.

— É, eu sou a pessoa sem amigos que está tentando salvar nosso rabo aqui no passado – encerrou Malfoy, o olhar da grifinória queimava sobre ele, mas se Hermione tivesse visto o que ele presenciara...

— Não dá tempo de explicar – disse levantando-se aos trôpegos – Tem uma coisa que eu vi... Temos que sair daqui, agora.

Hermione concordou, questionava-o com o olhar o que ele teria visto, ainda que parecesse meio perdida.

— Podemos usar a passagem para Dedos de Mel, mas os alunos já voltaram provavelmente, e farão perguntas se nos virem andando por Hogsmeade. Não posso aparatar com você assim – refletiu.

— Não há outra passagem?

Hermione quase fez menção de enrugar os lábios quando a face iluminou-se.

— A Casa dos Gritos.

*

 Como se não bastasse cada parte do corpo de Draco doer, como se um dragão houvesse pisoteado-o e cuspido fogo, teria que levar uma surra do Salgueiro Lutador.

— É sério? Tem uma passagem atrás desse monstro? – questionou com o famoso tom Malfoy, Hermione balançou a cabeça – Como pretende passar por ele?

O tempo escurecera num cinza tempestuoso, uma  chuva fina e gelada caia do céu molhando suas roupas. Estavam de frente para a árvore, próximos, mas não o bastante para que ela começasse a esmurrá-los.

— Hum... correndo. Tem um botão na base que o imobiliza.

Ah, e seria super fácil chegar até a base.

Hermione correu até a árvore, o primeiro galho se moveu em sua direção, ela se abaixou, porém não teve tanta sorte com o segundo que deu-lhe uma rasteira. Draco também aproximou-se, a chuva aumentava dificultado a visibilidade, para a falta de sorte deles. Um galho passou rente a sua cabeça, já com outro pronto para acertar-lhe as costas.

Hermione conseguiu erguer-se, engatinhando. Draco foi derrubado, o galho arrastou-o pelo pé arremessando-o para o outro lado. Caiu de costas, pontos negros formaram-se em sua visão. Não conseguiu se mexer.

— Invada-o.


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Notas finais do capítulo

Tivemos um primeiro beijo, só não me batam HAHA Gosto de beijos em em situações desfavoráveis e em locais desapropriados, mas não se preocupem, eles vão ter o beijo que vocês tanto querem. Mas achei legal porque são poucas as fanfics em que é a Hermione quem beija e eu já estava cansada de primeiros beijos fofinhos. Bem-vindos ao mundo de Maju. Mas me diga o que acharam disso, é importante saber hahha
Vou criar um grupo no facebook, só me deem um tempinho para planejá-lo.
Deixei-os com mais dúvidas ainda depois desse capítulo?
1- Quais são seus palpites sobre essas visões?
2- Vocês gostariam de que eu fizesse um capítulo contando como foi o ritual da Marca Negra do Draco?
Digam-me o que está achando, o que há para melhorar, é importante.
Aos leitores que começaram a ler a história há pouco tempo, sejam bem-vindos!
Os mistérios vão começar a desenrolar... aguardem!
Até o próximo, vamos saber o que aconteceu com Harry e sua turminha (Bem sessão da tarde)
Beijos!