Tenebris escrita por Maju


Capítulo 13
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal! Aqui estou com mais um capítulo e que, infelizmente, encerra nossas férias (choremos)
Como já sabem ele é do Presente e agora as coisas vão ficar bem interessantes hehehe
Boa leitura.



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As cobras sibilavam rastejando abaixo dele, enroscavam em suas pernas, subiam em seus braços, a pele gelada dos animais causavam-lhe calafrios. Não conseguia se mexer, elas o apertavam, sufocando-o. Estava preso em um buraco fundo, enxergava a luz da lua acima de sua cabeça e o cheiro enjoativo de terra molhada envolvia-o. A pele queimava com o sangue que não conseguia fluir em suas veias. Uma sombra indistinta apareceu na borda e, como o último ar que lhe sobrava, gritou desesperadamente por ajuda. Outra cobra enroscou em seu pescoço, e ele pôde jurar que ela sussurrou em seu ouvido. 

Harry acordou subitamente. Puxando todo o ar que conseguia como se realmente tivesse sido enforcado, chutou os cobertores que serpenteavam por sua pele. Os braços e pernas formigavam, o suor frio escorria por sua testa, e esticou-se até o criado-mudo pegando os óculos. A visão corrigida o fez, instintivamente, procurar no chão qualquer coisa que se mexesse. Respirou fundo e a paranoia se dissipou aos poucos.  

 Olhou para a cama ao lado onde Rony dormia em um sono inquieto, remexendo-se. Não fazia nem três horas que haviam pegado no sono, Rony não parara de falar um segundo sequer depois da notícia sobre Trelawney. Harry, pelo contrário, respondia poucas vezes ao amigo, deixando a ansiedade consumi-lo por dentro.   

Observou invejosamente seus outros colegas em um sono em que quase levitavam das camas, não havia nada para atrapalhar-lhes os sonhos. Harry sentia-se um traidor por não contar a seus amigos, que tanto o ajudaram na guerra e ao longo dos anos, o que realmente estava acontecendo. Mas o Ministro havia enfatizado que ainda se devia manter em segredo.

Depois de Minerva acalmar os alunos com a mentira de que Hermione Granger teve que sair apressadamente para ver os pais, todos se aquietaram. E os dois integrantes do Trio de Ouro tiveram que engolir os sorrisos aliviados que lhes lançavam juntamente com as dúvidas que queriam saltar de suas bocas.

O corpo de Sibila Trelaweny relampagueava em sua mente, inerte. O cheiro pútrido ainda vivo em suas narinas. Segundo um auror especialista, o corpo devia estar lá em torno de três semanas. McGonagall explicara que a professora havia tirado licença médica da escola para tratar a saúde, sem parentes próximos, ninguém sentira sua falta.

O cenário era curioso onde o corpo se dispunha, cacos de vidro forravam o chão e estralavam sob os pés dos aurores, os mais próximos de Sibila manchados de sangue. Os globos com suas profecias quebraram-se sobre ela, todos. E as prateleiras onde pertenciam, estranhamente, não mexeram um centímetro. A recordação da luta naquele mesmo lugar contra os comensais assombrou o menino ao passar pelo extenso corredor, ziguezagueando. O clima silencioso e estático ressaltava ainda mais que algo acontecera lá, algo ruim e poderoso.  

Sibila tinha morrido em uma expressão de surpresa e espantosa, suas mãos congelaram curvadas, e a verdade aprisionara-se em seus lábios para sempre. E as dúvidas dos aurores pairavam ao redor do pano preto que a cobria. O que havia acontecido no Departamento de Mistérios?

Restou a Harry e Rony voltarem e tentarem dormir até novas ordens.

Agora acordado, com os fatos balançando em frente aos seus olhos e despertado pelo pesadelo, Harry sentou-se em sua cama.

Uma dúvida saltava em meio a todas. Draco Malfoy continuava sumido, mas ninguém mais parecia ter percebido ou, ao menos, fingiam que não, agradecendo a Merlin por ter-lhes livrado do mau agouro. Ele tinha notado e aquilo de alguma maneira, em seu interior, parecia fazer toda a diferença.

Retirou o Mapa do Maroto de baixo do travesseiro e bateu a varinha sobre ele, revelando Hogwarts. Não sabia exatamente o que procurava, olhara o mapa de ora em ora e o nome de Draco não havia aparecido nenhuma vez.  Investigou cada canto, todavia, todos dormiam em seus dormitórios, Filtch estava em seu escritório.  Com suspiro, derrotado, Harry pegou a varinha novamente.

Então algo se mexeu no papel. O nome estranho, ou borrado, que ele e Rony tinham visto andando perto dos banheiros no dia anterior, passava pelo quinto andar.

Não, não era um defeito no Mapa. Um defeito não lhe causava calafrios.

Tomado por uma vontade de ao menos ter o poder de resolver um dos mistérios que os cercava, o menino colocou os sapatos silenciosamente sem tirar os olhos do borrão, como se estivesse com medo do que seja lá o que fosse aquilo o ouvisse e desaparecesse novamente. Parou de pé ao lado da cama, o nome andava rapidamente virando corredores, e subiu as escadas para o sexto andar. O sangue de Harry parecia ter congelado em suas veias, parado, acompanhou o nome subir até o sétimo andar. O seu andar.

Pegaria a coisa de surpresa.

Sem acender a varinha, Harry saiu do dormitório. A coisa já caminhava pelo corredor, distante do Salão Comunal, mas se corresse, conseguiria pegá-la. Caminhou para fora do Salão, andando na ponta dos pés para não fazer barulho. Sentiu a presença de mais alguém na escuridão a sua direita, guiou-se pelas paredes, mantendo uma distância segura. Uma perseguição calada. Mas que só conseguiu passar despercebida por apenas alguns segundos. Como se a coisa pudesse ouvir seu coração martelando dentro do peito, ela correu.

Harry fora descoberto. Não havia mais motivo para ser cuidadoso.

O grifinório lançou-se na escuridão, acendendo a varinha e movendo-a de um lado para o outro a sua procura, porém ela já tinha virado o corredor, retinindo atrás de si seus... passos humanos.

Humana.

Diminuiu a velocidade, o impulso quase o derrubou, levou a luz até o Mapa do Maroto.

Não era possível. Aquilo não era um fantasma, disso ele tinha certeza. Tinha sumido novamente, o nome desaparecera do mapa. Continuou pelo andar em uma expectativa frustrada de que o nome torna-se a aparecer.

A luz da varinha iluminou a tapeçaria com trasgos dançando balé. Harry reconheceu parede onde a Sala Precisa ficava, mas ela não se revelou a ele. O que queria estava longe dos poderes dela.

Seus olhos passaram do mapa para a parede, arregalados, tomando lucidez. O cômodo não aparecia no mapa.

Havia encontrado o esconderijo do nome misterioso.

Já sabia o que desejar. A Sala Precisa se abriu para ele, sem hesitar e com a cabeça cheia demais para nostalgias, Harry entrou no lugar que servira de sala de aula para a Armada de Dumbledore com a varinha em punho. Jogou uma prateleira para o lado, livros caíram em um baque no chão, porém nada se escondia atrás, assim como as várias outras prateleiras e armários que ele olhou.

Passando pelas pilhas de objetos que os alunos haviam lhe confidenciado, o grifinório percebeu que a Sala, de alguma forma, tinha sobrevivido ao incêndio que Goyle provocara, e os pertences continuavam lá... inclusive aquilo. Prendeu a respiração com se estive encarando um animal raivoso.

Voltou para o Salão Comunal em disparada. Fez uma ligação para o Ministro da Magia pela lareira. Demorou um tempo, mas o rosto sonolento de Kingsley apareceu nas chamas.

— Harry? O quê...

— Disse que mandou aurores para a Travessa do Tranco quando estávamos em Azkaban. Tem algum lá agora? – indagou agitado.

— Não, não achamos nada lá e agora com o caso de Trelawney... – O Ministro parou tomando uma expressão rígida – O que aconteceu?

— Precisamos ir a Travessa do Tranco. Tem algo lá.

Harry não precisou especificar mais nada, Kingsley concordou em um aceno. E sem despedidas, a ligação terminou. Harry virou-se para ir trocar roupa no dormitório e um Rony já vestido postava-se na porta com os braços cruzados. Ia perguntar como ele sabia, mas o amigo o cortou:

— Quando foi que um de nós saiu de madrugada e aconteceu algo bom?

 O Weasley tinha toda a razão.

*

Aparataram ao lado do Banco Gringotes, os dois amigos já com as varinhas empunhadas. Rony mexia os pés nervosamente, o moreno tinha contado a ele o que acontecera enquanto vestia-se e Rony incentivava ainda mais a investigarem, não queria nem ao menos esperar o Ministro, parecia um cão faminto, louco por respostas. Harry temia que Rony perdesse a cabeça e fizesse algo que colocasse a vida dele em risco. E temia pelos dois que as marcas da guerra os atrapalhassem, precisavam manter-se calmos e sãos para encontra Hermione.

Hermione. Era só o que passava em suas cabeças, o motivo de tanto frenesi.

— Não podemos esperar. Se eu estiver certo, provavelmente a pessoa não vai ficar aqui por muito tempo – disse ele.

O Beco Diagonal permanecia em um silêncio sepulcral, o comércio fechado àquela hora da noite, uma ou outro com a vitrine iluminada. Podiam ver as luzes pálidas da Travessa do Tranco onde algumas lojas mal intencionadas ficavam abertas e seguiram-nas

Avançaram pelo corredor estreito de paredes sujas e descascadas, sombras de bruxos  se esquivaram deles, desconfiados. Harry observava-os com os olhos afiados, qualquer um que lhe parecesse suspeito, o que não era muito difícil naquele lugar. Uma loja pequena com caldeirões fumegantes na entrada estava cheia de bruxos risonhos, as sombras foram diminuindo à medida que adentravam mais no buraco que era o mercado negro. 

Encararam o letreiro da Borgin & Burkes. As luzes apagadas não deram chance de enxergar algo em seu interior. Mas Harry sabia que havia algo lá dentro, o instinto pulsando dentro de si e depois de tudo o que passara, resolveu acreditar em si, era como se estivesse sendo puxado para lá, um prego para um imã.

 Só havia os dois próximos a loja afastada, ao longe alguém parecia ter começado uma briga. Observaram a vitrine com medalhões e estátuas à mostra, e o garoto não sabia se era sua mente pregando-lhe uma peça, mas jurou ter ouvido um estampido de lá dentro. Virou-se para Rony e sibilou para ele a contagem, o ruivo conjurou luz e Harry abriu a porta com a varinha.

Distinguiu o balcão solitário da loja e os estranhos objetos apoiados sobre ele com a placa de preços ao lado, o ar tinha cheiro de perfume feminino e poeira.

Só conseguiram passar da soleira da porta antes de serem atacados com um disparo a sua esquerda.

 Harry abaixou-se empurrando Rony com ele, contra-atacou na direção de onde o jato viera, porém o feitiço foi de encontro com a parede. Outro jato errou-os em bons centímetros, derrubando uma prateleira. Ele não conseguia ver, mas seu oponente também não. Rony, a seu lado, tentava alcançar algo nos pés. Defendeu-se de outro, para seu infortúnio, o adversário duelava bem, as investidas eram confiantes.

Precisava pensar rápido. Não conseguia ver nada, estavam a deriva dependendo da sorte de que um de seus disparos acertasse o desconhecido, ou a outra possibilidade era ele os acertar. Harry lançou um facho de luz vermelha para cima.

Por poucos segundos conseguiu distinguir a silhueta do oponente e, para sua surpresa, eram dois.

 Próximos ao armário. Harry atacou, mas o feitiço foi defendido pela sombra mais próxima, Rony puxou o amigo pelo colarinho da camisa para detrás do balcão, um jato explodiu acima de suas cabeças.

Harry conseguiu ver pela visão periférica que o ruivo finalmente conseguiu tirar das meias o que queria, Rony abriu a tampa do isqueiro de prata e jatos de luz saíram do Desiluminador.

Os olhos arderam, cegos pela claridade repentina.

Levantou parte do corpo desferindo mais um feitiço de imediato, aproveitando a distração. Foi impossível saber quem estava por debaixo das roupas, ambas as figuras usavam capas pretas com capuzes que lhes cobriam os olhos e nariz. A primeira, um pouco mais baixa, punha-se na frente com a varinha erguida, a outra ficava um pouco mais atrás e não empunhava nada. Duelavam diretamente agora. Rony desviou um feitiço que o outro não foi rápido o suficiente para defender, uma estátua do que parecia Medusa explodiu. Eram dois contra um, a figura mais afastada não se mexia, toda vez que tentavam atacá-la era interceptados pela outra.

Sua cabeça parecia diretamente virada para Harry.

Um feitiço atingiu-o no braço, caiu para trás com o impulso, sua cabeça doía. Rony abaixou-se, preocupado. Mas a raiva que o moreno sentia foi o suficiente para fazê-lo pôr-se de pé novamente.

Queria saber quem eram os desgraçados.

No mínimo instante em que Rony atacou e a figura teve que ocupar-se para defender, Harry disparou e derrubou o capuz da primeira pessoa.

Ela sorriu, o mesmo sorriso sarcástico e macabro que ele pensou ter sido destruído, o espanto congelou seus movimentos e Harry pôde ouvir o sangue fluindo em seus ouvidos. A varinha de Rony escorregou de sua mão, o tilintar no chão mais pareceu o estrondo de uma bomba. Era Bellatrix. Seus lábios abriram-se em uma gargalhada.

 - Sentiu saudades, Harry Potter? Devia tomar cuidado, nem sempre os mortos permanecem mortos, às vezes eles voltam para te assombrar.

Ela levantou a varinha mais uma vez, mas o menino não foi capaz de se mover. Foi no momento que a vitrine da Borgin & Burkes explodiu. Bellatrix foi pega de surpresa abaixando a cabeça, Harry a viu a vira-se para o outro encapuzado e, num último olhar para os dois jovens, agarrou a ele e desaparatou.

Os aurores entraram na loja quando os corpos se transformaram num borrão e sumiram. O auror que havia os acompanhando em Azkaban, Jack Hilson parou de frente para os dois.

— Quem era? – perguntou sobressaltado, outros dois adentraram analisando o estado da loja.

Harry molhou os lábios, uma bola parecia presa a sua garganta. Jack ficou ainda mais tenso.

— Bellatrix Lestrange.

O sussurro reverberou arrepiando os pelos da nuca dos presentes como se Harry tivesse dito uma maldição.


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Notas finais do capítulo

A treta foi adicionada com sucesso! Esse capítulo foi pequeno, mas só foi para iniciar a agitação que o Presente vai receber hehehe
Espero que tenham gostado, não sou muito boa com cenas de ação então por favor, me falem o que vocês acharam e no que eu posso melhorar.
Perguntas:
1- Animado para as aulas? Em que ano você está?
2- Quem é você na escola (ex: o quieto, o bagunceiro. Descreva-se)
3- Quem é o ser encapuzado? Quais são suas expectativas para o Presente agora?
Eu estou mudando de cidade e minha vida está um belo de um desastre, mesmo assim tentarei não demorar a postar.