Tenebris escrita por Maju


Capítulo 10
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Hey, marotos! Como vão? Here we are com mais um capítulo e agora vocês vão descobrir o que aconteceu com o Draco e a Hermione. Retomando para os Nevilles da vida: O casal está no passado, dezoito anos atrás, foram parar na casa de veraneio dos Black e aparataram repentinamente.
Temos uma música para esse capítulo para quem gosta de ouvir.
Boa Leitura!



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If you were there beware - Arctic Monkeys

O repuxo na região do umbigo passou assim que os pés aparataram no chão. Pontos negros embaçaram a visão de Draco, ele se curvou para frente colocando as mãos nos joelhos sentindo o estômago revirar.

– Por que... aparatamos? – questionou retomando a compostura, a menina já sabia que o sonserino não estava bem, mas ele era orgulhoso demais para não agir normalmente.

Hermione não respondeu de imediato, o coração ainda acelerado não tinha se recuperado do susto.

– Você não viu? – estranhou com a voz afetada do susto – Seu pai iria nos pegar, devia ter percebido algo, eu só consegui pensar nesse lugar.

Hermione não teve tempo para pensar em como estaria o Beco Diagonal de dezoito anos atrás, ele quase não mudara em relação às lojas, estavam todas lá. Mas o clima era diferente, era pesado. As luzes dos postes iluminavam os bruxos escondidos em casacos grandes desviando dos novos visitantes, se encolhendo. Até mesmo os bares pareciam fazer pouco barulho.

O vento forte bagunçava cabelos e batia janelas, folhas presas nas paredes desprendiam-se. Os dois ficaram parados encarando a rua de pedra, perdidos. Olhares de esgueira desconfiados eram lançados em sua direção. Hermione devia ter escolhido outro lugar, mas para onde poderiam ir? Sentiu-se irritada por estar tão paralisada diante daquela situação, ela tinha sobrevivido a uma guerra e encontrado as soluções para os problemas e iria encontrar o dessa, não seria diferente agora!

Ah, era... era sim... ela estava acompanhada de Draco Malfoy.

Um grito agudo cortou o lugar.

Em um piscar de olhos as pessoas foram para a direção oposta ao barulho, bruxos desaparataram, os clientes dos bares ficarem inquietos e as poucas lojas que estavam abertas apagaram as luzes e fecharam as portas.

– Já é a terceira noite nessa semana! – exclamou uma senhora atarracada de cabelos brancos para seu marido que a mandou se calar.

– O que é que eles estão procurando? – perguntou um senhor a outro.

Hermione virou-se para o loiro retirando sua capa da escola e ficando apenas com a camisa de baixo.

– Tire a sua também!

Draco fez o que ela pediu e Hermione tacou-as dentro da pequena bolsa. A fumaça negra dos Comensais da Morte aproximava-se, contornando o Beco, alguns desesperados escondiam-se nas esquinas escuras. Comensais se materializaram em pontos distintos impedindo a fuga daqueles que haviam tomado o caminho oposto ao grito. Os rostos livres de máscaras, uns dez deles.

– Revista! – anunciou um homem de cabelos escuros e encaracolados com a varinha erguida para o céu. Sem esperar, Draco segurou o braço de Hermione e levou-a consigo caminhando sob as sombras em direção a Travessa. Sussurrando em seu ouvido:

– Cale a boca e não corra. Tem uma passagem por aqui...

A tensão ficou no ar, como uma barragem prestes a se romper, aquele pequeno instante onde só se vê as rachaduras aumentarem. Até que se rompe de vez.

Tudo se tornou um caos. As pessoas gritaram e esbarravam umas nas outras, clarões e os sons de feitiços trocados tomaram a noite. Caldeirões passaram rolando rua abaixo, e eles tinham que desviar dos jatos de luz.

– Petrificus Totalus – urravam os Comensais aos que correram, um feitiço passou rente ao lado esquerdo de Hermione que se jogou para a parede junto a Draco. Não se machucaram, porém foram vistos. Um homem aproximou-se andando devagar, divertindo-se com suas duas presas.

– Ei! Não tão depressa. Nomes – sorriu para eles com a varinha apontada, Draco apertou os dedos ao redor do braço dela. O outro levantou as sobrancelhas, esperando.

– Eu cuido dela – respondeu firmemente. O Comensal riu.

– Você é quem? – perguntou, para a surpresa da menina, Draco empurro-a alguns centímetros para o Comensal, sem soltá-la. Estava oferecendo ela?

A postura de Draco Malfoy mudou, Hermione não compreendeu o que ele estava fazendo, porém o semblante em seu rosto era autoritário e, detestou admitir, mas intimidador, pareceu mais velho do que realmente era. Entretanto, não o encarava com superioridade, era como se já se conhecessem. Aquela versão do Malfoy não parecia o garoto que pregava peças e andava com dois valentões do lado, era sombria.

Então veio o choque.

Draco, sem deixar de olhar para o Comensal, puxou a manga da camisa. A Marca Negra iluminou-se.

– Não conheço você.

– Eu também não te conheço. Ficaria surpreso se alguém se lembrasse de todos os seguidores. – o tom de Draco tinha um leve toque de desafio.

Ele riu novamente abaixando a varinha, virou-se para Hermione.

– Nome.

– Olivia Bloom – respondeu o primeiro nome que lhe veio, com os olhos mirados no chão, rezando para que os deixasse em paz.

– Ela é bonita – disse passando os dedos no queixo da garota, levantando seu rosto – Faça bom proveito, companheiro.

Ele se foi juntando-se a outro Comensal. Hermione estapeou o lugar onde ele tinha tocado-a e Draco soltou-a. A camisa arregaçada ainda mostrava a marca.

Aquilo estava errado, muito errado, um frio percorreu sua espinha. A garota queria perguntar, mas não havia tempo, precisavam sair de lá antes que acabassem mortos. O homem que tinha acabado de interrogá-los torturava o menino.

– Não! Eu juro que sou mestiça, por favor! – suplicou uma mulher jogada no chão. Hermione retirou a varinha das vestes pronta para atacar, antes que pudesse estuporar o adversário o Malfoy empurrou-a e a puxou para o caminho que estavam seguindo.

– Você enlouqueceu?! – ralhou – Não era você que disse que não era para interferir? Isso já aconteceu, Granger!

– Nós podemos impedir!

– Tempo errado, Granger, você não é uma heroína aqui.

Eles seguiam, agora correndo, para onde quer que o loiro quisesse se esconder. Um Comensal tentou pará-los, Hermione atacou, mandando-o em direção a vitrine de uma loja. Outros se viraram para ver quem eram os revoltados, porém antes que pudessem neutralizá-los um clarão explodiu jogando a garota no chão.

Os sons das varinhas abafaram em seus ouvidos, a cota de bater a cabeça naquela semana já havia estourado, rolou para o lado encostando-se em um poste. Imagens da guerra correram por sua mente, suas lembranças assustadoras misturavam-se com a confusão que acontecia. Ela só quis ficar de olhos fechados até tudo acabar, mas aquilo não era de seu feitio.

Um homem postava de costas a sua frente combatia com um Comensal, era um momento impróprio, entretanto a menina admirou seus reflexos. Do outro lado da rua, conseguiu ver, o Malfoy levantava-se com esforço.

– Você está bem? – a pergunta veio do homem que estava a sua frente. Ela não acreditou no que viu, era demais para ela... olhando para os cabelos pretos e os traços iguais ao de...

– James!

Harry Potter.

Ela não conseguiu fazer com que a resposta saísse de sua boca, só concordou enfaticamente com a cabeça. James segurou-a pelos braços e a pôs de pé, sorriu para ela enquanto Hermione só conseguia encará-lo com a boca semiaberta, embasbacada.

Um jato de luz vermelha foi lançado na direção deles, o pai de seu melhor amigo girou e defendeu, petrificando quem tinha feito isso, e depois voltando-se para ela e falando como se nada tivesse acontecido.

– Vi o que fez a pouco, ótima defesa! Seria incrível no grupo!

– Eu... – engasgou.

– James! – a mesma voz chamou-o, por cima de seu ombro a grifinória conseguiu ver um Sirius Black jovem duelando com o Comensal da Morte que tinha parado Draco e ela.

– Preciso ir, tome cuidado! – a forma com que ele disse isso apareceu que realmente se importava com ela, apertou seu ombro antes de ir. E assim James Potter desapareceu em meio ao caos.

“Não fiquem em casa no dia trinta e um de outubro” Ela queria ter dito, mas não o fez, e nem poderia.

Hermione ficou parada enquanto processava algumas coisas. Tinha conhecido o pai de seu amigo antes mesmo que ele. A Ordem da Fênix original, ou pelo menos parte dela, salvou-a.

Perdeu Draco de vista na confusão, os Comensais feridos fugiram, um postava-se jogado no chão inconsciente ou morto, ela não sabia dizer. Cinco continuavam, Sirius, James, um homem e uma mulher duelavam com eles. Agora que a atenção tinha ido toda para a luta, os bruxos puderam fugir, os feridos eram ajudados.

Draco encontrou Hermione ao lado de um poste de luz, o lado direito da cabeça ainda latejava com a batida, quando um dos caras “bozinhos” acertou um Comensal ele conseguiu chegar perto dela.

– Ótimo lugar para aparatar, Granger – sem esperar resposta agarrou-a pela manga da camisa e arrastou-a até a Travessa do Tranco, viraram na primeira esquina dando de cara com uma parede de tijolos cinza, Draco proferiu palavras estranhas para os ouvidos da menina e uma entrada se abriu revelando um estreito beco. Empurrou-a para dentro e a passagem se fechou.

– Merlin – respirou fundo – Aquele era...

– A Ordem da Fênix, sorte sua terem aparecido, já que você tinha...

– ... O pai do Harry – finalizou e depois olhou para ele com o cenho franzido – Sabe da Ordem da Fênix?

– É claro que eu conheço a Ordem da Fênix – cruzou os braços apoiando as costas na parede, seu tom de voz era mais brando, porém ainda ácido – Eles eram o inimigo.

As palavras bateram na cara dela. Ela tinha feito parte da Ordem. Há um ano estavam apontando a varinha um contra o outro. E por ironia, agora tinham que se juntar.

Concentrou-se no novo lugar que se encontrava, era possível enxergar o lado de fora, mesmo que para quem estivesse olhando do outro lado só visse uma parede. Jatos vermelhos passaram na frente deles, mesmo que não houve um alvo, possivelmente feitiços desviados.

– Que lugar é esse? – perguntou Hermione que não estava a fim de ficar em silêncio e ouvir o barulho da briga.

– Uma passagem oculta – gesticulou impaciente – Para vendas e trocas ilegais.

Hermione preferiu não perguntar como ele sabia daquilo.

Sombras negras e brancas passaram por cima deles afastando-se até não poderem vê-las mais, a Ordem devia ter levado a briga para outro lugar, assim Hermione teve o último vislumbre da Ordem original e também de James.

O Beco Diagonal ficou em silêncio, o único som que se ouviu foi das lamúrias dos bruxos, Draco e Hermione saíram do esconderijo e voltaram à rua principal, cacos de vidro estralavam abaixo de seus pés, parecia que um furacão havia passado por lá. A maioria das pessoas que tinham se escondido nos bares estavam deixando-os. Já era muito tarde e a grifinória precisava pensar, o colar pesava em seu pescoço. Por isso se encaminhou para o único lugar que conseguiu imaginar

– Vamos nos hospedar no Caldeirão Furado – informou decidida. O Malfoy riu irônico:

– Estamos de férias? Porque eu esperava companhia melhor.

– Temos que dormir, não temos? E eu não posso aparatar com você de novo – finalizou e tomou a dianteira.

Não havia ninguém no bar hospedaria a não ser o dono, as mesas descascadas de mogno escuro eram iluminadas por velas, não o bastante para que tornasse o lugar claro. Tom, o dono, limpava o balcão com um pano, cantarolando como se não acabasse de ter um conflito lá fora.

– Dois quartos, por favor – pediu ela se aproximando, o senhor meio corcunda e careca levantou os olhos parando de esfregar.

– Briga feia lá fora. Sim, sim, dois quartos – disse virando-se para um pequeno painel atrás dele com chaves penduradas, pegou duas e entregou-as a ela, olhando de relance para seu infortuno companheiro – Quartos nove e dez.

Hermione agradeceu e jogou uma das chaves para Draco. E ambos subiram as escadas de carpete bege, a grifinória procurou o quarto parando em frente ao número nove enferrujado. A instalação do garoto era ao lado da dela.

– O que nós vamos fazer? – questionou Draco se encostando ao batente da porta.

Ela suspirou colocando a mão na maçaneta.

– Isso tudo – respondeu sem olhá-lo – Só pode estar interligado, a profecia e termos voltado ao passado.

– É, Granger, já entendi. Mas como resolvemos isso, como voltamos para o nosso tempo?

– Não sei, preciso pensar. Até amanhã, Malfoy – encerrou abrindo a porta e fechando-a atrás de si, a porta do lado também fez o mesmo.

O cômodo cheirava a desinfetante. A cama era grande e muito convidativa, mas a morena não arriscaria cair no sono, escorregou para o chão de carpete e ligou o interruptor.

Não havia problema insolucionável para Hermione Granger.

Estava com medo e não queria admitir, tudo o que fizera com aquele pequeno colar era voltar algumas horas, e agora tinha voltado anos e uma profecia misteriosa havia aparecido, era mais uma encrenca que se metera, porém não havia Harry ou Rony. Só havia o garoto que passou todos aqueles anos odiando-a e zombando de qualquer coisa que fosse, o sentimento era recíproco, detestava o Malfoy.

Espantou o sentimento, de nada adiantaria pensar em sua má sorte, colocou a mente para trabalhar. De dentro da bolsa retirou caneta e um papel, como os detetives dos livros que tanto lera, iria escrever todos os fatos e tentar interligá-los.

Bellatrix viva, uma profecia e volta no tempo.

O nome da mulher fez seu braço pesar, as palavras ainda estavam gravadas lá. Sangue Ruim.

O corpo ainda se arrepiava ao lembrar e ela perdera muitas noites de sono com a lembrança da mulher torturando-a, a sensação de total dor e descontrole de seu corpo causado pela maldição da tortura, a lâmina gélida da faca sobre sua pele. Pare, Hermione, pare.

Nunca entenderam porque ela não havia tirado-as de lá, Hermione mesmo não entendia, , certamente a cicatriz não era atraente e era muito autodepreciativa, seus pensamentos se embaraçavam quando pensava sobre. Talvez fosse porque algumas marcas simplesmente não devem ser apagadas.

A voz de Draco atrás da casa dos Black ainda era nítida em seus ouvidos:

“Vamos matá-la. Bellatrix. É por isso que estamos aqui. Se a matarmos muitos dos seus amiguinhos estariam vivos, Granger, e não haveria ninguém para minha mãe trazer de volta.”

O Malfoy estava certo, muitos de seus amigos estariam vivos e por um segundo ela quis concordar com ele. Se tivessem-na matado Sirius estaria vivo, ela não teria sofrido, até mesmo os pais de Neville poderia estar com ele e muitos de seus amigos estariam vivos. Mas ninguém saberia dizer o que aconteceria com todo o resto se tivessem feito isso.

Encarou o nome novamente, podia ouvir o sangue fluindo em seus ouvidos, se pudessem trazer a mente da grifinória para a realidade veriam várias engrenagens e linhas se interligado. Levantou-se e andou com os pés descalços pelo cômodo, o papel agitava-se em suas mãos. Tudo aquilo era como um enorme quebra-cabeça que eles deveriam juntar algumas peças e encontrar outras.

“Não haveria ninguém para minha mãe trazer de volta.”

Na solidão do quarto e com o som do vento soprando as cortinas, algumas fizeram sentido. Saiu novamente e não esperou para bater na porta do Malfoy antes de abri-la.

– Granger! – ele assustou-se. Tinha acabado de sair do banho, entretanto usava as mesmas roupas, o cabelo loiro pingava água. Hermione tão pouco ligou, adentrou no quarto e fechou a porta atrás de si.

– Eu acho que não viemos aqui sem propósito, tem de haver um motivo! A profecia, aquela coisa estranha no banheiro, tudo aconteceu depois que sua tia apareceu. Malfoy, não podemos matá-la, mas podemos impedir que a Pedra da Ressurreição vá para as mãos da sua mãe.

– Você está sugerindo que...?

– Que eu acredito que estamos aqui pela pedra, que devemos destruí-la ou... dar um jeito que ninguém possa usá-la – esclareceu falando como se tivesse resolvido uma pergunta de História da Magia.

O loiro riu pelo nariz, desdenhoso.

– Não sei se reparou, Granger, estamos em uma época que usávamos fraldas! Com quem está essa pedra? Temos que dar um jeito de voltar e matar a Bellatrix no nosso tempo.

– Foi o globo que nos mandou para cá, não acho que conseguiríamos voltar, e como faríamos se pudéssemos também? Ela está com a pedra e pode fazer muitas coisas ruins com ela, Malfoy. Será que não consegue deixar de lado um pouco o seu egoísmo?

Ele cerrou as mãos em punho, as gostas de água escorreram por seu rosto enquanto gritava:

– Olha aqui, sangue ruim! Não se trata de egoísmo, se trata de bom senso! Você sabe onde está essa maldita pedra? Tem algum livro que fale como consegui-la ou você vai ficar fantasiando?

Hermione mal ouviu o que ele tinha dito, seus pensamentos pararam no xingamento. Não era possível que ele não percebesse o que significava? O quão maldosa era aquela palavra? Não havia esperanças para aquele ser medíocre. Fez uma coisa trouxa, demasiadamente trouxa.

Deu um soco na cara dele.

O Malfoy caiu no chão surpreendido pelo ato, ela ficou por cima dele, um joelho de cada lado. Estapeou-o no lado direito do rosto, Hermione apertava o maxilar, os cabelos caiam formando uma cortina sobre eles.

– Nunca mais diga isso! – mais um tapa, foi quando ele acordou do susto – Não te esse direito, seu desgraçado! Foi divertido para você aquele dia? Nunca mais me chama de sangue ruim! – Hermione não aguentou, simplesmente explodiu. Lágrimas marejavam em seus olhos, porém ela as detinha com força. Draco sentiu o gosto de ferro invadir sua boca, o nariz sangrava em uma risca fina e vermelha. A mão da garota foi em direção a sua bochecha novamente, mas ele segurou seus dois braços.

A cicatriz dela escapou do tecido, um calafrio passou pela espinha do sonserino.

– Tudo bem, Granger – disse ele tentando acalmá-la, ela tentava soltar-se empurrando o corpo para trás – Tudo bem, Granger – repetiu. Segurava onde as palavras estavam cravadas em sua pele. Hermione olhou para ele, o peito subia e descia em descompasso. Ela parou de se debater, balançou a cabeça como se tivesse assumido o controle, lágrimas escorreram por seu pescoço. O rosto de Draco formigou, tinha ultrapassado um limite que ele já devia conhecer, que já devia ter aprendido.

Aos poucos afrouxou o aperto ao redor dos braços dela, até soltá-los de vez. Hermione levantou-se dando passos até ficar próxima da porta e segurando os próprios braços com as mãos, como se estivesse se abraçando. Draco também se pôs de pé, limpando o nariz com as costas da mão. Em um segundo tinham voltado ao terceiro ano quando ela também socou-o no nariz. Permaneceram em silêncio até a situação ter esfriado o que levou vários minutos constrangedores.

A última saída da menina era também mexer em uma ferida e abrir os olhos dele caso ainda não tivesse percebido.

– Se conseguirmos achar a pedra aqui, sua mãe estará viva.

Venceu a discussão, soube quando ele deu as costas para ela e não disse nada. Mesmo assim esperou por algo, continuou parada lá, esperava por um pedido de desculpas. Porém “tudo bem” era a desculpa de Malfoy, notou, ele era o tipo de pessoa que nunca diria aquela palavra com oito letras.

– Tá bom, Granger, pode voltar e continuar a ter ideias insensatas. E dizendo por aí que você vive salvando o Potter e o Weasel – o sonserino abriu os braços e sorriu em tom de deboche, tentava esquecer o que havia acontecido há pouco, talvez se a irrita-se com coisas banais ela também fizesse o mesmo – Ou você quer dormir comigo?

– Nunca, Malfoy! – saiu do quarto antes que realmente o ferisse.

O sonserino sentou-se na beirada da cama e retirou os sapatos. Sangue pingou em sua calça, precisava limpar o rosto.

O banheiro era de azulejos brancos um tanto encardidos, mas estava limpo. O espelho acima da pia revelou sua aparência, ela tinha um pequeno aranhão na lateral do lado direito do rosto e o pedaço de pele do nariz até a boca estava manchado de vermelho. Com o resto já tinha se acostumado, as olheiras arroxeadas abaixo dos olhos cinzas, a palidez excessiva. Aquele era ele, podre. Por dentro e por fora.

Abriu a torneira deixando a água escorrer por suas mãos, e lavou o rosto, fechando os olhos. Ficou um tempo assim, esperando que talvez pudesse se lavar por dentro também, ouvido o som do líquido indo para o ralo. Levantou a cabeça.

Seu reflexo sorriu.

Ele não estava sorrindo. Tocou seus lábios para ter certeza, fechados. O Draco do espelho continuava sorrindo, mas não era feliz, era um sorriso perverso.

Sem pensar, socou o objeto. Trincando-o por inteiro.

Afastou-se do espelho. Tornou a fechar os olhos e abriu-os.

O reflexo, dividido em uma teia de aranha, agora tinha a mesma expressão assustada que ele. Como deveria ser, mas um segundo atrás...

Estava enlouquecendo.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou bem grande, espero que tenham gostado. E novamente terminamos em mistério hehehe Eu acho que essa é a marca registrada de Tenebris.
Olhem a tradução dessa música... muito, muito misteriosa.
Ficamos muito felizes com o feedback de vocês em relação aos dois períodos! Vocês são lindos!
Perguntas:
1- Qual foi o maior mico que vocês já passaram?
2- O que gosta de fazer nas férias?
3- Tem algum lugar para onde vocês gostariam de viajar?
(Perguntas bem aleatórias hoje, mas ok)
Malfoy ficando louco? Palpites?

Eu vejo vocês logo, logo! Beijos!