Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 4
Capítulo IV - Matteo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e boa leitura ^=^

Queria agradecer por todos que comentaram. Muito obrigada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635768/chapter/4

Eu estava preocupado. Não havia motivos para isso, mas eu estava. Ela tinha mentido para mim, e lá estava eu, deitado na minha cama, incapaz de dormir porque estava preocupado com uma garota que eu tinha conhecido há menos de um dia.

Eu havia esperado por quase uma hora, no momento que ela desceu, eu dirigi o carro até a esquina mais próxima e esperei ela sair. Só que ninguém veio, eu não acreditava que ela ainda estava lá dentro, mas só existia uma saída e era a que eu observava há mais de 45 minutos.

Quando percebi que ela não sairia de lá, liguei o carro novamente e parti em direção ao meu apartamento. Estacionei na garagem e fui em direção ao elevador, entrei e apertei o botão do meu andar e esperei pacientemente ele subir. Quando as portas se abriram, sai no maior silêncio, meus vizinhos odiavam barulhos de madrugada, eu morava no mesmo andar que três casais de velhos que tinham uma influência muito grande no sindico. Eu tentava o meu máximo para agrada-los.

Abri a porta do meu apartamento e entrei rapidamente evitando assim que Lego fugisse, ele sempre me dava problemas quando resolvia sair por aí. Senti meu gato roçar na minha perna e abaixei para pega-lo no colo e coloca-lo no meu ombro. Lego era um azul russo de cinco anos com uma mania terrível de arranhar os moveis e de se pendurar nos meus ombros e costas. Em meus raros dias de folgas, era assim que passávamos o dia. Ele pendurado em mim enquanto eu andava pelo apartamento.

— Está com fome? — perguntei enquanto ia em direção à cozinha e colocava comida em sua tigela — Eu estou, não como desde ontem.

Eu tinha uma mania estranha de conversar com meu gato, minha irmã dizia que isso é culpa da minha vida solitária e honestamente eu concordava com ela. Lego pulou dos meus ombros para ir comer e eu me afastei indo abrir a geladeira, torcendo para que ainda tivesse alguma coisa comestível ali dentro. Por sorte, o frango de uns dois dias atrás parecia aceitável então fiz dele o meu jantar.

Enquanto comia, pensei novamente em Angelina e seus mistérios. Ela não morava por ali, disso eu tinha certeza, então porque ela insistiu em ficar na faculdade? Como policial eu sei muito bem que estabelecimentos aceitam pessoas nesse horário da madrugada, e tenho completa certeza de que uma faculdade não está inclusa nessa lista. E ela não tinha me pedido para ligar para alguém, nem mesmo na sua ficha constava algum número de emergência. Quase me engasguei com o frango quando percebi que estava preocupado com uma garota que eu mal conhecia.

O que me lembrou de como eu tinha chegado nessa situação. Aldo Bacci. Aquele maldito mentiu para mim e quase fez uma inocente ser presa. Eu não acreditava que estava em condições de ir trabalhar na hora certa no dia seguinte então peguei rapidamente meu celular e liguei para Alex.

— É bom você ter uma bela razão para me ligar a essa hora — Ouvi ele dizer com um tom de raiva — Senão eu sou capaz de ir até a sua casa só para te matar.

— Preciso de um favor — falei rápido, ignorando o que ele me disse — Preciso que coloque Bacci em uma cela e não o tire de lá, até eu chegar amanhã.

— Okay, agora você precisa de dois bons motivos para eu fazer isso — Alex disse enquanto eu segurava o celular com o ombro e o ouvido e levava meu prato para pia. Eu ia lavar a louça quando tivesse paciência.

— Ela não era uma prostituta — falei enquanto apagava as luzes da sala e andava até meu quarto, me lembrando de Angelina no caminho — Ela não era.

— Espere um pouco — falou enquanto eu abria o armário e tirava de lá uma cueca e uma calça — Você está querendo me dizer que Bacci teve a audácia de mentir para mim, você e metade da delegacia? Não é à toa que queira ele preso.

— É — Preferi omitir o fato de que a principal razão de querer ele preso era por causa de Angelina. Rosset não precisava saber de tudo, só precisava cumprir ordens — Quero que o deixe na pior cela possível.

— Sem problemas, chefe — ele disse antes de murmurar um rápido tchau e desligar.

Recebi uma mensagem dele um minuto depois dizendo “Se me acordar a essa hora outra vez, espero que seja porque você está morrendo, do contrário, não espere que eu atenda”. Alex ainda teve a cara de pau de escrever um “Com amor, Rosset” no final. Balancei a cabeça não acreditando que eu pudesse ter um amigo tão idiota.

Me direcionei ao banheiro para tomar uma ducha rápida e ir dormir. Lego me seguiu fielmente até a porta do banheiro onde ficou sentando me observando. Estendi a toalha para ele fazendo menção de levá-lo para o banho e o vi sair correndo em direção a minha cama, onde se escondeu entre os lençóis.

Soltei um riso baixo e comecei a tirar minha roupa. Meus colegas diziam que eu tinha a sorte de não precisar usar uma farda, isso era porque não eram eles que tinham que vestir todo dia um terno extremamente abafado no verão e uma gravata torta e mal feita. Entrei debaixo do chuveiro e encostei minha testa no azulejo frio da parede. Eu precisava dormir.

Desliguei o chuveiro e sai rapidamente, pegando a toalha e me enrolando nela, logo em seguida fui em direção ao quarto me vestir. Enquanto colocava a cueca e a calça, reparei em Lego jogado em cima da minha cama com a cauda balançando de um lado para o outro. Uma ótima companhia para um cara solteiro em uma sexta-feira à noite.

Me deitei e senti meu pequeno companheiro se aproximar e se aconchegar ao meu lado. Não percebi o exato momento que eu dormi, mas tão logo que fechei meus olhos, fui acordado com barulhos de panelas e talheres. Acho que estava escrito no destino que eu não iria ter uma boa noite de sono. Primeiro Angelina e agora... Quem estava no apartamento há essa hora?

Obriguei-me a levantar e a passos lentos fui em direção a minha cozinha. A primeira coisa que eu vi foi um saco de farinha jogado em cima do balcão e várias panelas no fogão. Em seguida vi uma cabeça loira surgir entre a bagunça e arqueei a sobrancelha em duvida. Ou a falta de sono estava a me fazer ver coisas ou era mesmo Angelina na minha cozinha coberta de farinha.

Ciao — A vi erguer a mão e fazer um pequeno aceno na minha direção, em seguida desviou o olhar e apontou para mim — Se importa?

Mirei o lugar onde ela estava apontando e compreendi. Eu ainda estava sem camisa e isso a deixava envergonhada. Eu ri de sua timidez e estava partindo para ir para o quarto quando outra pessoa se fez presente no meu campo de visão.

— Finalmente, achei que teria que jogar um balde de água em você — Alex disse enquanto se aproximava e abria a geladeira, pegando uma garrafa d’agua e um copo no armário — Espero que goste de biscoitos, Angelina disse que é especialista neles.

— Como entraram aqui? — perguntei enquanto encarava os dois, Alex deu de ombros, como se isso não fosse importante e Angelina corou até a última raiz do cabelo — Sabe que eu posso prendê-los por invasão de propriedade senão me contarem, certo?

— O Tenente Rosset tinha a chave! — Ouvi Angelina falar exasperada. Alex a encarou e eu olhei feio para ele — Me desculpe Tenente.

— A culpa não é minha se você escode a sua chave reserva embaixo do vaso de planta do vizinho — ele disse enquanto acabava de beber água — E só estou aqui por que a mocinha me pediu.

Olhei para Angelina que parecia se encolher cada vez mais, fiz um sinal para que Alex saísse do cômodo e ele me obedeceu prontamente. Não antes de fazer um gesto extremamente desnecessário indicando que estaria ouvindo nossa conversa.

— Eu tinha prometido para ele que não contaria a você — falou enquanto se sentava no banquinho do balcão — Desculpe invadir sua casa, mas eu queria te agradecer por ontem. E me desculpar por ter sido desagradável com você.

Eu não tinha ideia do que era ser desagradável com uma pessoa, mas Angelina parecia extremamente arrependida então eu só aceitei suas desculpas. Ela me contou como tinha chegado até aqui. Resumindo, Alex era o culpado de tudo. Tinha arrastado a garota que só queria pedir desculpas e me agradecer e a convencido de entrar no meu apartamento e cozinhar biscoitos. Acho que não era só Bacci que iria ficar em uma cela hoje.

Foi quando reparei que ela ainda usava as roupas de ontem. Voltei meu olhar para ela que agora encarava o chão. Eu queria perguntar a ela o porquê de ainda estar assim, mas percebi que além de ser falta de educação, não era da minha conta.

— Espero que goste de biscoitos — disse assim que colocou a massa no forno — Já estão quase prontos.

— Angelina tem alguma coisa que... — Ela não me deixou completar a frase e irrompeu em um falatório interminável.

Per Dio! — exclamou enquanto se levantava e batia a mão na blusa tentando tirar o excesso de farinha — Não gosto de fazer isso, mas preciso da sua ajuda. Desesperadamente.

— A minha? — indaguei confuso. A garota rejeitou a minha ajuda não faz nem 12 horas.

— Basicamente, fui expulsa do meu antigo apartamento e não tenho coragem de ir sozinha até lá — Ela se recusava a me olhar enquanto falava, soltei uma pequena risada de sua atitude — Eu sei que é ridículo alguém da minha idade fazer isso, mas... Fui chutada pelo meu namorado e não estou a fim de encara-lo hoje.

Aquilo mudava as coisas. Eu sabia, pelo jeito que ela estava se comportando, que ela não estava confortável contando aquelas coisas para mim. Isso me deixava ainda mais feliz por ser digno, ainda que de uma parte bem pequena, de sua confiança. Fui em direção ao quarto o mais rápido que eu pude, me livrando da calça no caminho. Peguei uma blusa e uma calça jeans qualquer no armário e me vesti enquanto ia na direção da cozinha novamente.

— É o mesmo endereço? — perguntei a ela enquanto calçava apressadamente um tênis e uma meia, a ouvi soltar um “o quê” enquanto me encarava de olhos arregalados — O endereço Angelina, é o mesmo da sua ficha?

— Sim, é — Ela afirmou com a cabeça — Por que quer saber?

— Porque é pra onde estamos indo nesse momento — falei enquanto enxotava Alex do apartamento — Falo com você mais tarde.

— Não é como se você fosse conseguir escapar mesmo — ele disse enquanto acenava para a garota atrás de mim — Foi um prazer conhece-la Angelina.

— Ela também está encantada por te conhecer — falei enquanto desligava o forno na cozinha e arrastava Angelina pelo pulso até a porta — Adeus Rosset.

Angelina parecia em estado de choque enquanto eu a arrastava pelo corredor.

— Estou toda suja de farinha! Não posso ir assim, Thomas irá... — A interrompi antes que ela me dissesse algo que me faria ter vontade de socar o cara.

— Então mande Thomas ir tomar no...

— Bartolini! — Ouvi Alex gritar atrás de mim — Ela é uma dama.

— Que saco! — falei quando chegamos ao elevador e entramos — Não durmo direito há mais de dois dias, então fiquem quietos e felizes por eu estar ajudando.

O elevador parou e eu segui em direção ao meu carro com Angelina no meu encalço. Alex gritou um “Boa sorte” enquanto ia na direção do próprio veiculo. Abri a porta e entrei, esperando pacientemente Angelina fazer o mesmo. Quando o fez, liguei o motor e parti para fora da garagem.

— Não tem que se sentir obrigado a fazer isso — ela disse enquanto mexia nos botões do vidro automático — Não gosto de me sentir em divida com alguém, mas quando Alex me disse o que você fez com Bacci, achei que era uma boa ideia pedir ajuda.

— Não se preocupe com nada, Anjo — Me surpreendi como o apelido tinha saído de forma natural e Angelina parecia surpresa também — Se for necessário posso mostrar a minha arma, tenho certeza que não vamos ter problemas.

— Obrigada Matteo — Era a primeira vez que ela me chamava pelo nome, me senti feliz com isso — Muito obrigada.

Sorri para ela enquanto nos dirigíamos pelas ruas de Florença. Em menos de dois dias, eu tinha desenvolvido um sentimento de proteção por uma garota que parecia não querer ser protegida. A encarei pelo quanto do olho e me surpreendi ao perceber que ela estava dormindo no banco do passageiro. Ela parecia cansada, não teria coragem de acorda-la quando chegássemos. Acho que não faria mal se tivéssemos que fazer uma pequena parada durante o trajeto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo sai semana que vem

Ciao = Olá