Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 2
Capítulo II - Matteo


Notas iniciais do capítulo

Não me aguentei de ansiedade e tive que postar o próximo
Obrigada a todos que comentaram o primeiro capitulo.
Boa leitura ^=^



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Eu estava puto. Entre ter sido acordado de madrugada e ter que virar a noite na delegacia, eu tinha ficado muito puto. A situação só piorou quando um dos prisioneiros tentou escapar e eu mesmo tive que força-lo a voltar para sua cela. Não antes de levar um soco no supercílio que acabou fazendo um belo corte e que por sorte parou de sangrar alguns momentos depois. Voltei a minha sala e me joguei no sofá, colocando um dos braços tampando os meus olhos. Eu não dormia há mais de 24 horas, eu merecia um bom cochilo. Mas nem sempre temos o que merecemos.

— Foi uma bela briga — Ouvi alguém dizer enquanto fechava a porta do meu escritório — Um obrigado já seria o suficiente.

Se tinha alguém que conseguia me tirar completamente do sério era Alex Rosset, meu melhor amigo e minha consciência nas horas vagas. Não era à toa que tinha sido promovido a Tenente, suas classificações iam muito mais longes do que apenas um amigo com um senso de justiça.

— Agradecer o quê exatamente? — disse enquanto movia o braço, me permitindo encara-lo — A situação já estava sobre controle quando você chegou.

— O quê? Sem a minha ajuda você... Esquece, tenho problemas piores para cuidar — ele disse enquanto se jogava na poltrona ao meu lado — Bacci aprontou de novo.

Suspirei cansado, Aldo Bacci era nada mais que um velho obeso que vivia correndo atrás de rabos de saia. Já tinha se metido em vários problemas por isso, mas parecia se importar cada vez menos com as confusões que se metia. Se ele não estivesse para se aposentar, eu já o teria demitido faz tempo.

— O que ele fez dessa vez? — Alex se ajeitou na cadeira e me contou a confusão que aquele velho tinha se metido — A moça está lá fora agora, algemada em um banco. Preciso pegar o depoimento dela.

— Esqueça isso — eu disse enquanto me sentava, jogando os pés na mesa de centro — Já passou da hora de fazer algo com o Bacci. Faça um favor para o departamento e comunique o RH que ele está impossibilitado de praticar suas funções. Isso provavelmente irá lhe render a aposentaria mais rápido.

Alex assentiu com a cabeça enquanto se levantava e batia uma continência desnecessária antes de sair e fechar a porta logo em seguida. Obriguei-me a levantar e andei em passos lentos até a minha mesa, me sentando na cadeira logo em seguida. Eu precisava fazer o relatório do Bacci, precisava escrever exatamente o porquê de eu achar que ele estava impossibilitado e comentar a situação que me levou a essa dedução. Minha cabeça estava cansada de mais para inventar tantas mentiras. Então me permiti ao luxo de abaixar a cabeça e dar um pequeno cochilo, um descanso para um mente que se esforçou muito nas últimas horas.

Acordei em um pulo quando o barulho de algo caindo chegou aos meus ouvidos. Fiquei em silêncio, torcendo para que tivesse sido a minha imaginação quando ouvi o barulho outra vez. Levantei rapidamente e corri em direção à porta, não antes de conferir se a pistola no meu coldre tinha munições o suficiente. Abri a porta e coloquei apenas a cabeça para fora, forçando a minha vista a se acostumar com a escuridão. Ouvi o barulho novamente e sem pensar duas vezes, acendi a luz e mirei a arma na direção do som que estava me incomodando.

Dio mio — Vi a garota dar um pulo e arregalar os olhos na minha direção. Abaixei a arma imediatamente e a guardei no coldre — Me desculpe senhor. Não sabia que ainda tinha alguém aqui.

A garota que estava na minha frente deveria ser de outro mundo. Pele clara e cabelos loiros. Usava uma simples calça jeans e uma blusa de manga cumprida. Eu iria perguntar o que ela estava fazendo ali até que vi as algemas, ligando ela ao banco. A prostituta do Bacci. De repente, ela não me parecia tão perfeita assim.

— Será que o senhor poderia me soltar? — A ouvi dizer enquanto tentava se sentar corretamente — Preciso ir ao banheiro.

— Porque ainda está aqui? — perguntei enquanto caminhava em sua direção — Deveria estar solta ou em uma cela.

— Acho que se esqueceram de mim — ela disse forçando um sorriso — Ah! Aquele porco com pernas foi punido?

— Pode se dizer que ele foi para o abate — Ela riu da minha piada enquanto dava espaço para eu me sentar ao seu lado — Não se preocupe, ele não lhe incomodara novamente.

Estiquei minha mão até o molho de chaves que eu carregava, a chave mestre das algemas ficava ali. Quando finalmente a achei, me inclinei sobre a moça e abri as algemas e as retirei com cuidado. Ela me olhou agradecida enquanto passava as mãos nos pulsos.

Grazie — disse finalmente depois de alguns minutos de silêncio.

Esticou as mãos para cima e para os lados testando as articulações. Levantou e flexionou os joelhos fazendo uma careta muda de dor. Ela provavelmente estava toda dolorida por ter ficado sentada grande parte do dia. Quando ela se esticou de novo, a manga da blusa subiu e pude ver os leves tons arroxeados espalhados por sua pele.

— Preciso assinar alguma coisa? — Olhei para ela novamente, como Bacci se atreveu a machucar alguém que mais parecia um anjo? — Espero que ele tenha sido preso pelo o que me fez passar.

Acordei dos meus devaneios com aquela frase. Devia ser assim que ela arrumava clientes, com uma aparência doce e ingênua. Mas ela não era nada disso, era uma mulher do mundo. Que dormia com centenas de homens para depois gastar em joias e roupas. Senti raiva ao perceber que quase tinha caído no seu jogo.

— Sorte sua não ter ido parar na prisão — eu disse enquanto me levanta e andava lentamente em sua direção — Porque os presos não conseguiriam pagar pelo programa e isso deixaria você nervosa não é? Você empurraria e bateria neles quando eles se recusassem a pagar?

— Do que você está falando? — ela falou enquanto dava passos desesperados para trás — Aquele velho gordo mereceu. Ele me assediou!
— Alguém com a profissão como a sua já deveria estar acostumado — eu disse enquanto a encurralava na parede — Quanto você cobra pelo programa?

Eu a vi erguer a mão para me dar um tapa, então fechei os olhos e me preparei para receber o golpe. Só que nada veio, abri meus olhos e a mão dela ainda estava lá, mas não dava sinais de que iria se mover. Desviei meu olhar para os seus olhos e senti meu coração apertar ao constatar que estavam cheios de lágrimas. Me afastei imediatamente enquanto ainda a encarava.

— Se não estivesse machucado, pode ter certeza que eu te bateria — disse enquanto passavas as costas das mão nos olhos — Você tem um kit de primeiros socorros?

— Por quê? — O quê aquela garota estava pensando em fazer?

— Vou cuidar do seu corte — disse enquanto se aproximava mais de mim e me encarava. Eu conseguia ver o brilho de excitação nos seus olhos — Não sei o que você pensa de mim, mas preciso cuidar disso ou vai infeccionar e aí sim você terá problemas.

Concordei com um gesto e sai em busca do kit que ficava no almoxarifado. Fui a passos rápidos, não queria que a minha companheira fugisse. Peguei o kit rapidamente e voltei apressado para onde ela se encontrava, mas quando cheguei lá não havia ninguém. Olhei instintivamente para porta, mas ela ainda estava trancada. Fui em direção às janelas para verificar se ela desceu por lá, abri a janela e olhei para fora a procura de algum sinal de movimento. Ouvi alguém pigarrear atrás de mim e me virei dando de cara com ela.

— Procurando alguém? — Pude perceber o tom humorado que ela usava, dei um dar de ombros como se pedisse desculpa por aquilo — Eu fui ao banheiro.

— Eu trouxe o kit — Levantei a maleta constatando o que eu disse.

— Obrigada — E ela sorriu. Simplesmente mostrou o sorriso mais bonito que eu já tinha visto — Qual o nome do paciente?

— Capitão Matteo Bartolini — eu disse enquanto me sentava no banco e ela fazia o mesmo de frente para mim — Posso saber o nome da médica?

— Angelina Moretti — ela falou enquanto abria a maleta e pegava o necessário — Isso vai arder está bem?

Antes que eu pudesse responder ou perguntar se ela estava qualificada para aquilo, ela encostou o algodão e eu me afastei em um pulo. Ela soltou um riso baixo e encostou o algodão novamente. Depois de limpar colocou o curativo. Guardou tudo dentro da maleta e se afastou com um sorriso no rosto.
— Pronto — falou satisfeita enquanto limpava as mãos na calça — Lembre-se de trocar o curativo a cada dois dias.

— Obrigado — falei sinceramente enquanto tocava a região com os dedos — Você é muito boa nisso.

— É o meu trabalho — ela disse e eu simplesmente gelei — Bom... Não oficialmente ainda, estou terminando a faculdade.

— O quê? — eu falei perplexo enquanto a encarava, eu estava torcendo para estar certo. Eu queria estar certo. Não me aguentaria de vergonha se eu estivesse errado sobre a profissão dela.

— Sou estudante de medicina — ela disse enquanto colocava a maleta no chão, ao lado dos nossos pés — E garçonete de meio período, faço um bico em uma loja de vez em quando e passeio com os cachorros do bairro nos fins de semana.

— Mas o Bacci disse que você era... — Não tive coragem de completar a frase, suspirei derrotado e me encostei-me ao banco — O que realmente aconteceu?

— Eu estava dirigindo sem documentos e ultrapassei o limite de velocidade — Ela encostou-se ao banco e encarou o teto — Ele viu o meu desespero por não ter dinheiro para multa e o medo de ter o carro apreendido e se aproveitou disso — Eu estava ligando os pontos, e se fosse o que eu estava pensando, Bacci seria um homem morto — Ele me apalpou e tentou me tocar em lugares impróprios.

Fechei os olhos e cerrei os dentes de raiva. Eu ia acabar com ele, quando ele chegasse aqui amanhã iria direto para uma cela e passaria o dia ali para aprender a não abusar de mulheres inocentes. Bacci sempre foi de arrumar confusão, mas eu não podia acreditar que ele tinha chegado tão longe a ponto de acusar alguém inocente de prostituição.

— Desgraçado — Deixei escapar enquanto lembrava as coisas horríveis que tinha dito a ela, não a culparia se ela me odiasse agora — Scusa.

— Não se preocupe — falou enquanto se levantava, imitei seu gesto ficando de frente para ela — Não sou de guardar rancor, mas se não for pedir muito, gostaria que me devolvessem o carro.

— Desculpe, mas essa confusão não muda o fato que estava dirigindo sem documentos e que ultrapassou o limite de velocidade — Ela deixou escapar um suspiro — Mas posso te dar uma carona até a sua casa, se você quiser é claro.

O modo como ela me olhou deixou claro que ela não tinha outra opção a não ser aceitar a minha oferta.


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Notas finais do capítulo

O próximo sai semana que vem e será narrado pela Angelina

Dio mio = Meu Deus
Grazie = Obrigado
Scusa = Desculpa.



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