Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 16
Capítulo XV - Angelina


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, mil desculpas por ter ficado mais de um mês sem atualizar. Esse capítulo foi bem difícil de terminar porque eu quase não tive tempo para escrever. Minha aulas voltaram e eu não estou tendo tempo para muita coisa por ser meu último ano. E eu tenho que ir muito bem no começo do ano senão eu vou me enrolar com a matéria de vestibular.

Em segundo, quero agradecer a Trinity por ter feito uma recomendação para essa fic. Muito obrigada, eu realmente fico feliz em saber que essa história esteja agradando você. Esse capítulo é dedicado a você que fez a primeira recomendação da história e me deixou sorrindo que nem uma idiota pelo resto do dia.



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Eu amaldiçoei minha boca por falar demais durante todo o tempo que Matteo levou para se arrumar. Eu não sei por que compartilhei minha vontade de exibir Matteo para as pessoas, eu normalmente gosto de ficar em um canto sem chamar a atenção. Bartolini despertava em mim uma vontade, que até então era desconhecida, de mostrá-lo para todo mundo. Como se ele fosse um prêmio. Eu gostava de pensar que Matteo era uma recompensa por algo que eu fiz nas minhas vidas passadas.

Eu tinha subido para um banho rápido e fui convencida por minha mãe e Loretta a me arrumar totalmente. Aparentemente, era inaceitável eu ir de jeans e moletom. Mesmo depois de colocar uma roupa, que de acordo com minha mãe era mais apresentável, e de escovado meu cabelo até demais, Matteo ainda não havia aparecido. Eu estava começando a achar que algo tinha acontecido com ele lá em cima.

Eu andava de um lado para outro ponderando se eu deveria ir chamá-lo quando passos na escada me fizeram parar. Concentrei meu olhar na escada e esperei ansiosamente o momento que Matteo apareceria. A primeira coisa que entrou em meu campo de visão foi um par tênis que eu suspeitava nunca terem sido usados. Me senti mal por ele sujar seu tênis no barro que teríamos que andar.

Matteo desceu o restante dos degraus em silêncio e parou na minha frente. Eu tentava falar algo, mas era como se minha mente não estivesse presente. Meus olhos viajavam desde sua calça jeans, que estava ajustada perfeitamente, até a camiseta coberta com uma jaqueta. Quando voltei minha atenção para o seu rosto, ele estava sorrindo e eu sabia que tinha sido pega na minha análise.

— Pareço bem o suficiente? — indagou e eu senti minhas bochechas corarem — Não me importo de ser olhado por você anjo.

— Você está ótimo — Me xinguei no momento que as palavras saíram da minha boca. Tentei rapidamente concertar o que eu disse — Quero dizer... Você está bonito.

Que sutil Angelina, muito sutil. Eu deveria ganhar um prêmio. Virei meu rosto para evitar que Matteo visse minhas bochechas corarem ainda mais. Thomas costumava dizer que o fato de eu me envergonhar facilmente era um pé no saco. Eu estava tentando melhorar isso desde então.

— Você também está muito bonita, anjo — sussurrou no meu ouvido e eu senti um calafrio no meu corpo.

Fiz uma nota mental para lembrar de agradecer minha mãe por ter insistido em me fazer usar um vestido e ter me convencido a arrumar meu cabelo com fitas igual a quando eu era criança. Matteo pegou minha mão e fomos em direção ao carro que ele havia alugado. Eu teria que pedir desculpas por ele ter gastado tanto dinheiro só por minha causa.

O olhei pelo canto do olho e fiquei tentada a cancelar nossa ida ao festival. Matteo estava mais lindo que o normal e eu não queria compartilhá-lo com ninguém. De repente, a ideia de mostrá-lo para toda população de Cosenza não parecia ser mais uma coisa boa.

O que eu faria se alguma garota tentasse dar em cima dele? Eu nunca tinha sentido ciúmes antes, Thomas dizia que isso era para meninas bobas que nunca tiveram um namorado. Eu parei de compartilhar com ele minha vida no momento em que eu percebi que minha vida no campo não seria bem aceita.

Por que eu estava pensando sobre todas as coisas maldosas que Thomas havia me dito? Meu cérebro já deveria ter percebido que tudo que ele falou foi apenas para me magoar, mas de alguma forma eu não conseguia me soltar totalmente das manias que eu havia adquirido graças a ele.

Eu sempre tentava não corar, mas Matteo sempre tornava isso impossível. Eu não contava a ninguém sobre eu ter vivido a maior parte da minha vida em uma fazenda. Eu tentava não demostrar em como eu era desinformada nos assuntos de relacionamentos. Eu mal tinha amigos na faculdade porque eu era tímida e desconfiada demais para me aproximar.

— Você está bem? — Senti a mão de Matteo em meu ombro e me virei para encará-lo.

Ele estava segurando a porta do carro aberta para eu entrar e me encarava com o cenho franzido.

— Só estou pensando — falei enquanto entrava no carro e esperava ele dar a volta para poder entrar também.

— Pensando em quê? — perguntou novamente e eu sabia que ele estava preocupado. Não existia segredos entre eu e ele, não porque eu não queria, mas por eu ser mentalmente incapaz de esconder algo dele quando ele me encarava com aqueles brilhantes olhos castanhos.

— Em algo muito desagradável — Eu não queria chateá-lo falando sobre Thomas. Eu iria me esforçar para esquecer todos os insultos que eu havia recebido.

— Seja o que for, eu estou aqui — Ele tirou uma das mãos do volante para segurar a minha.

Definitivamente, Matteo era o meu porto-seguro.

Não demorou muito para chegarmos ao festival. Na realidade, era mais uma grande feira, mas era o maior evento da cidade. Desci do carro rapidamente e comecei a entortar a barra do vestido. Eu estava começando a ficar nervosa. Multidões não era o meu forte.

Como se sentindo a minha apreensão, Matteo segurou minha mão e me deu um sorriso tranquilizador. Sorri com a sua atitude e respirei profundamente para me acalmar. Eu iria sobreviver a isso.

— Aonde você quer ir? — perguntei para ele assim que me acalmei o suficiente — Eu posso te mostrar tudo.

Não é como se tivesse muita coisa para ver de qualquer jeito. Algumas barracas de comida, alguns com jogos e uma barraca de lembrancinhas. Se seguíssemos pela rua de um lado e voltássemos pelo outro, poderíamos ver a feira toda em um piscar de olhos.

— Vamos andar por aí — A resposta que ele me deu não foi exatamente como eu esperava — Vamos ver tudo.

De mãos dadas seguimos de barraca em barraca para olhar seus conteúdos. Parei meus passos quando paramos na primeira barraca de lanches e senti minha boca salivar com o seu conteúdo.

— Você quer? — Matteo perguntou com um tom divertido. Estava estampado no meu rosto — Já que é grande, vamos comprar um e dividir.

Acenei freneticamente com a cabeça e agarrei o abraço de Matteo esperando ansiosamente para que o cannoli de chocolate chegasse as minhas mãos. Matteo deu uma pequena mordida antes de me dar o doce.

Delizioso! — exclamei quando senti o doce gosto do chocolate em minha boca — Vamos lá, Matteo. Ainda tem muitas coisas para eu comer.

— Você ainda nem acabou esse, anjo — Ele riu do meu entusiasmo e me levou para ver as outras barracas.

Na cafeteria em que eu trabalho eles vendem doces como esse, mas eu não me lembro do connoli que eu havia comido ter sido tão macio e gostoso como o que eu estava comendo agora. Eu iria voltar naquela barraca novamente antes de irmos.

Andamos mais um pouco antes de pararmos em outro estande. Matteo queria experimentar a piadina que estavam vendendo. Estiquei meu pescoço para dar uma olhada no prato enquanto era preparado.

— Posso comer também? — perguntei enquanto olhava o vendedor fechar o pão com o recheio dentro.

— Você nem acabou seu doce — Matteo respondeu enquanto pagava e se virou para mim.

— É só uma mordida — pedi novamente e vi quando Matteo suspirou e ofereceu para mim.

Sorri vitoriosa antes de dar uma pequena mordida. Eu queria experimentar para saber se era bom. Eu estava acostumada a comer as piadinas que minha mãe preparava. Contive um suspiro de deleite quando senti o gosto do tomate se misturar com o manjericão. Talvez, eu devesse voltar lá também.

— É muito bom! — exclamei surpresa.

Eu não esperava que os lanches daqui fossem tão bons. Essa comida ganha facilmente da cafeteria onde eu trabalho. Compartilhei minha opinião com Matteo e ele me respondeu:

— Acho que qualquer comida ganha da cafeteria onde você trabalha.

Apesar do café de lá ser péssimo e os lanches piores ainda, eu recebia boas gorjetas. Eu planejava trabalhar lá por um bom tempo, mesmo com as constantes reclamações de Matteo sobre não ser necessário eu trabalhar. Eu normalmente fingia que não ouvia.

— Quer sentar ali? — Matteo apontou para um conjunto de bancos de madeira encostados ao muro — Podemos comer ali.

Acenei com a cabeça e nos dirigimos para lá rapidamente. Sentamos e comemos nossos lanches em meio a uma conversa sobre a feira onde estávamos. Matteo parecia confortável ali e eu tentava disfarçar o sentimento de orgulho dentro do peito quando comecei a perceber que muitas pessoas o encaravam. A maioria eram mulheres.

Eu tinha alcançado meu objetivo. Sorri confiante pelo fato de que Matteo parecia não ligar ou não perceber os olhares que estava recebendo. Ele parecia ter sua atenção totalmente focada em mim.

Comi o restante do meu doce e esperei Matteo terminar o dele para podermos voltar a andar. Ele terminou rapidamente e limpou as mãos no guardanapo extra que tinha pegado. Olhei para minha mão que estava grudenta por causa do chocolate e me arrependi por não ter pegado algo para limpar as mãos.

— Será que eles têm um banheiro por perto? — perguntei me virando para Matteo — Preciso lavar as mãos.

Matteo olhou para mim por alguns segundos antes de começar a rir. Franzi o cenho, por que ele estava rindo?

— De vez em quando, acho que você é uma criança — Não tive tempo para ter uma reação.

Matteo esticou a mão na minha direção e passou o polegar no canto da minha boca. Antes que eu pudesse perguntar o motivo, ele levou o dedo até os lábios e os lambeu vagarosamente. Minhas bochechas rapidamente pegaram fogo e eu desviei meu olhar para um canto qualquer.

— Angelina? — Ouvi ele me chamando, mas me recusei a olhar — Olhe para mim, anjo.

Eu não podia ignorá-lo quando ele usava esse apelido. Eu não conseguia recusar nada quando ele me olhava com aqueles olhos castanhos e me chamava de “Anjo”. Eu tinha percebido que estar apaixonada tinha seus lados ruins, mas eu sempre prestei mais atenção no lado bom.

— Não me olhe! — pedi enquanto fazia esforço para não encará-lo — Eu devo estar mais vermelha que um tomate.

Ele riu novamente e trouxe meu rosto mais perto do seu. Perdi o ar quando estávamos frente a frente.

— Você fica ainda mais linda quando está toda vermelha — Ele se aproximou ainda mais e depositou um beijo na ponta do meu nariz.

Eu queria tanto acreditar nessas palavras, mas sempre que eu tentava, a voz de Thomas enchia minha cabeça. Talvez eu devesse começar a ir ao psicólogo para acabar com essas inseguranças.

— O que foi? — Matteo deve ter notado minha ligeira mudança de expressão — Você estava com essa mesma cara no carro.

Eu fiquei indecisa sobre contar. Eu sabia que se eu falasse algo, Matteo iria bater em Thomas na primeira oportunidade que ele tivesse. Parei para ponderar uns instantes, seria bom que Thomas aprendesse uma lição, mas eu não conseguia me forçar a gostar do fato dele apanhar. Não era da minha natureza ser vingativa.

— Se eu falar — falei hesitante enquanto sentava direito — Promete que não vai bater em ninguém?

— Prometo tentar — respondeu e eu vi quando um olhar de determinação apareceu em sua expressão. Ele iria tentar. Já era um começo.

Expliquei para ele como Thomas e Aurora tinham o costume de soltar comentários maldosos sobre a minha personalidade. Na época, eu pensava que eles estavam querendo me ajudar. Eu preferi omitir os insultos que eu recebi quando eu fui expulsa do apartamento de Aurora. Não valia a pena lembrar esses.

— Esqueça a promessa que eu fiz — Matteo falou quando eu acabei o meu relato — Quando eu encontrar aquele mauricinho de novo...

Ele fechou os olhos para se acalmar. Eu ainda não sabia se tinha sido a coisa certa contar para ele. Ele abriu os olhos e passou o braço pelos meus ombros me trazendo para mais perto. Senti um arrepio quando senti a sua respiração no meu ouvido.

— Você não precisa mais se preocupar com isso — Ele sussurrou e eu senti outro calafrio — Eu nunca irei dizer uma coisa dessas para você.

Eu sabia que não. Afinal, ele era o Matteo. O cara que me deixou ficar na sua casa mesmo sem me conhecer, o cara que me levou ao meu primeiro encontro, o cara viajou vários quilômetros só para me tirar de uma prisão.

— Eu sei — Me separei dele para que pudéssemos estar frente a frente. Reuni toda a coragem existente dentro do meu corpo para o que eu dissesse a minha próxima frase — Eu sei que você nunca faria isso comigo. É por isso que estou apaixonada por você.


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Notas finais do capítulo

Eu só vou ter os finais de semana para escrever agora então como eu tenho duas fics, vou dedicar um dia para cada uma. Espero que assim eu não me atrase muito. Espero que tenham gostado, beijos e até o próximo!



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