Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 13
Capítulo XII - Matteo


Notas iniciais do capítulo

Eu estou quase de férias!! Só mais algumas semanas e eu vou poder me dedicar integralmente a essa história. Fiquei animada demais escrevendo esse capítulo, a ideia desse capitulo surgiu quando eu estava começando a escrever essa história.
Boa leitura!



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Era o segundo dia sem Angelina. 48 horas. 2.880 minutos. 172.800 segundos. E eu ainda tentava me convencer que ela não fazia tanta falta.

Eu não via sentido em cozinhar só para mim. Elenore viajou outra vez me deixando sozinho com duas bolas de pelos que faziam companhia um para o outro. Nunca me senti tão sozinho, conviver com alguém me fez perceber que minha vida antiga era muito solitária.

Eu estava agora no supermercado, com a dúvida cruel de escolher o sabor do meu macarrão instantâneo, carne ou legumes? Olhei para a prateleira ao meu lado, galinha parecia ter um sabor bom também. Frustrado com uma questão sem importância como essa acabei pegando um de cada, afinal eu ainda tenho alguns dias de solidão pela frente. Estava me virando para ir embora quando notei alguém mais no corredor onde eu estava, praguejei baixinho quando percebi que era o ex de Angelina.

Em busca de um plano para sair daqui sem ser visto, não prestei atenção quando ele começou a vir em passos hesitantes na minha direção. Ele poderia hesitar mais e ficar onde estava hoje não era um dia em que eu estava em posse da minha paciência.

— Você é aquele cara que esteve no meu apartamento com Angelina, não é? — Eu pude ouvir indecisão na sua voz, parecia com medo de se aproximar de mim. Senti meu peito inflar de orgulho, era bom que ele ainda lembrasse o meu aviso.

— Sim, você é o amigo dela, não é? — Parece que eu feri o orgulho dele com essas palavras, mas eu me negava a chama-lo de ex-namorado da Angelina. Eles não haviam tido um encontro, não considerava eles namorados.

— Bem, somos um pouquinho mais que isso — Ele não sabe a hora de ficar calado? Acho que pela minha expressão era óbvio que eu não queria conversa, ainda mais com ele.

— Bem, eu e ela somos um pouquinho mais que amigos também — Sorri vitorioso quando suas feições endureceram — E você já não é nada dela.

Ele estava prestes a dizer alguma coisa quando meu celular tocou de dentro do meu bolso. Puxei-o rapidamente e uma sensação ruim tomou conta de mim ao ver o nome de Angelina piscando no visor. Apertei o botão para atender enquanto me afastava em passos rápidos para um canto vazio.

— Matteo? — Ouvi sua doce voz sussurrar e parecia que a pressão do meu peito suavizou.

— O que foi Anjo? — indaguei rapidamente.

— Acho que estou com problemas — Antes que eu pudesse perguntar outra vez ela sussurrou novamente — Eu fui presa.

— Você o quê? O que aconteceu? — Eu me atrapalhava com as perguntas e me forcei a parar quando percebi que eu não dava tempo para ela responde-las.

— Não tenho tempo de explicar a confusão toda. Eu só tinha um telefonema e estou usando ela agora, mas acho que tem alguma coisa muita errada aqui.

— Alguma coisa errada de que tipo? — perguntei novamente.

— Eu fui acusada de agressão. E o homem que me acusou é a pessoa mais influente da cidade, estou achando que ele usou essa influência para prender eu e a minha mãe.

— Sua mãe também está presa? Dio mio, Angelina. O que você fez? — perguntei exasperado.

Eu larguei a cesta de compras em algum lugar e me apressei a sair do supermercado. Procurei pelo meu carro no estacionamento e suspirei de alívio quando o achei.

— Meu irmão está preso também — murmurou em voz baixa.

Praguejei baixinho torcendo para ela não escutar. Entrei no carro e comecei a dirigir em direção ao meu apartamento.

— Angelina, existe alguma cidade próxima a Cosenza que tenha um aeroporto? — Eu estava dirigindo e falando ao telefone ao mesmo tempo e provavelmente ganhei várias multas no caminho. Eu era um péssimo exemplo de policial.

— Tem um há alguns quilômetros daqui — falou e ouvi uma voz gritando do outro lado da linha — Estão me apressando para desligar agora.

— Anjo, você está na delegacia municipal agora? — Eu precisava saber onde ela estava assim não seria difícil encontra-la.

— Estou... Você não está vindo para cá, não é?

— Nos falamos mais tarde — Desliguei e dirigi por mais alguns minutos até ver meu prédio.

Entrei na garagem e sai em disparada para o elevador. Subi até o meu apartamento e assim que entrei, fui em direção ao meu quarto para colocar algumas roupas dentro de uma mala. Peguei meu distintivo e meu revólver e enfiei na mala. Era bom estar preparado.

Parei no meio do caminho ao ver dois pares de olhos negros me observando. Fui para cozinha e peguei os pacotes de rações dos animais, os potes e a coleira. Prendi os dois e os levei até o apartamento do casal de idosos que morava ao lado. Toquei a campainha e esperei pacientemente até alguém abrir.

Após uma longa conversa com uma senhora que eu não conseguia me lembrar do nome e uma série de súplicas para ela aceitar cuidar de um cão e um gato, voltei ao apartamento em paz por não ter que me preocupar com eles enquanto estava fora. Peguei minha mala, me certificando que não faltava nada, e sai do apartamento.

Fiz todo o caminho de elevador-garagem novamente e assim que entrei no meu carro dirigi até o aeroporto. Ultrapassei o limite de velocidade, mas não me importei. Cheguei ao aeroporto em tempo recorde e corri para comprar uma passagem. Fiz todos os procedimentos e não demorou muito para eu estar acomodado na sala de embarque.

Eu não prestei atenção ao nome da cidade onde eu iria pousar. Minha cabeça só pensava em Angelina e na confusão que ela tinha se metido. Meu voo foi chamado e alguns instantes depois eu estava sentado na poltrona esperando avião decolar.

É incrível como certas pessoas mudam sua vida. Se me dissessem cinco meses atrás que eu estaria desesperado e pegaria um avião sem pensar nas consequências por alguém, eu iria rir de tamanho absurdo. Eu nunca tive alguém que dependesse ou necessitasse de mim para alguma coisa, mas isso mudou quando eu conheci Angelina.

Ela dependia de mim. Ela dependia de mim para dar o impulso que ela precisava, dependia de mim para dar a confiança que ela precisava. E eu era dependente dela. Dependente dos sorrisos dela, dependente do seu jeito carismático e afetuoso quando falava comigo. Todo o meu ser dependia dela.

Dormi pelo resto da viagem e fui acordado por uma aeromoça. Sai do avião e esperei muito só para ter meu passaporte e os outros documentos verificados. Peguei minha mala, que por sorte foi uma das primeiras a aparecer, e fui em busca de um carro de aluguel. Pelo mapa, Cosenza fica apenas alguns quilômetros de distância de Catanzaro, que é onde eu estou agora.

Após muito tempo, que foi ocupado comigo preenchendo papeladas. Eu não sabia que a região da Calábria era tão rígida. Consegui sair da cidade ao pôr-do-sol e com sorte não iria chegar tão tarde na delegacia. Agradeço ao sol por se pôr às 16hrs quando é inverno.

Duas horas depois entrei em Cosenza a procura da delegacia. Eu pude observar que os habitantes locais tinham certo receio por forasteiros, mas depois de várias tentativas finalmente consegui fazer alguém dizer onde estava a delegacia.

Estacionei em uma vaga para visitantes e logo entrei. O recinto estava cheio demais para uma cidade tão tradicional, logo que entrei parecia que todos tinham congelado. Alguns tinham até os olhos arregalados quando se viravam para mim. Examinei as pessoas a procura de Angelina e suspirei de alivio quando a vi encolhida em um canto algemada em um banco. Quase ri ao ver uma situação tão familiar como essa. Andei até ela em passos rápidos e em instantes eu já estava agachado com suas mãos entre as minhas.

— Matteo! O que você está fazendo... — Não dei tempo para ela responder e colei nossos lábios. Ah! Como eu sentia falta dela! O pior era que nem tinha se passado tanto tempo assim.

— Vai me contar o que aconteceu agora, Anjo? — perguntei enquanto me afastava um pouco dela e passava minha mão em seu rosto. Ela parecia sem fala com os olhos vidrados na minha direção.

— Angelina Caterina Moretti! — Ouvi uma voz de homem atrás de mim e vi que o grupo de pessoas na delegacia estava se aproximando de nós — É bom que você tenha um bom motivo para eu não bater nesse cara, já basta de pessoas da família presas.

Angelina escondeu seu rosto na curva do meu pescoço e eu soltei um riso por ver ela tão tímida. Ele ficava fofa desse jeito, com as bochechas rosadas.

Papa, esse é Matteo Batorlini — Papa? Levei um tempo para perceber que era o pai de Angelina. E que essas pessoas ao nosso redor eram da família dela — Ele é meu...

Ela parecia não saber como responder essa questão. Resolvi o problema por nós.

— Sou o namorado dela — finalizei com um sorriso que aumentou quando Angelina corou até a raiz do cabelo.

Essa viagem não podia ficar melhor.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários/acompanhamentos/favoritos. Fico muito feliz!
Incrível que na Itália o sol se põem tão cedo no inverno e muito tarde no verão. Beijos e até o próximo!