Acordei no meio da noite, com um barulho. Rapidamente olhei ao redor, sem entender onde estava, até perceber que era aquele mesmo cantinho, abaixo do grande tronco. É...estávamos na floresta, não havia sido um sonho. Antes, eu poderia achar isso ruim, poderia querer que fosse um pesadelo, pra acordar e me sentir aliviado, achando que ela estaria bem melhor no palácio...ainda acho que ela merece tudo aquilo, mas hoje, vejo que não haveria melhor companhia do que ela.
Eu não queria lembrar do palácio, queria esquecer tudo e só pensar no agora.
Verifiquei ao redor, e o barulhinho havia sido apenas uma movimentação das folhas, por causa do vento. Nossa pequena fogueira já havia se apagado, e estava muito mais frio agora, como nunca acontecia em Angeles.
Observei America, que mesmo com os dois casacos, tremia violentamente de frio. Ah, céus. Mesmo concordando que ela ficasse, só Deus sabia como eu ODIAVA vê-la passando necessidade...eu me sentia REPUGNANTE.
Reparei que nossas mãos ainda estavam entrelaçadas, e a puxei mais para perto, tentado aquecê-la. Não resolvida a situação, a puxei ainda para mais perto, colando nossos corpos e a abraçando com o braço disponível, enquanto o outro se ocupava de manter nossas mãos atadas. Ainda dormindo e com um instinto de se aquecer, ela colocou sua perna delicadamente enrolada na minha, e passou seu braço para as minhas costas, incentivando o "abraço". Ficamos bem próximos, de modo que pude sentir sua respiração em meus lábios. Ela já havia parado de tremer, mais uma vez estava com a expressão calma, suave, longe da realidade, perdida em sonhos.
Sentindo-me protegido e protetor, adormeci, mais uma vez.

AMERICA POV

– Não, me espere! Você trapaceou! Não é justo!!!
– A vida não é justa. Se não gosta, não é obrigada a viver, Meri.
– Ah, não vem com essa, Meredith. Eu sei que você saiu antes de começar. Mas sem problemas, vamos ver quem ganha a próxima! - Eu dizia, voltando ao ponto da partida da nossa "corrida".
– Meri, você pode continuar 5, mas não ganha...
– Cuidado, "senhorita Meredith"... Está empinando tanto o nariz que qualquer dia vai acabar tropeçando nele...
– Por favor, "senhorita Singer"...não fique com inveja do meu progresso...
– Não tenho. Me orgulho de continuar a ser 5.
– Ah, eu sei Meri...eu sei... - Ela dizia, acariciando meus cabelos. - Eu ainda não mudei completamente.
– Mas vai. Você vai embora, Meredith. - Baixei o olhar, lembrando disso.
– Mas eu volto.
– Quando?
Não houve resposta. Nunca houve.

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Acordei daquele sonho, que mais uma vez, como a maioria, trazia pequenos pedacinhos das minhas lembranças, para que nunca fossem esquecidas em meio a tudo. O que eu sonhava, geralmente, merecia ser guardado, porque tinha um lugar especial no meu coração. Meredith, apesar de seu temperamento forte, merecia um espaço bem grande no meu peito.
A primeira coisa que vi além do sol forte, foram os olhinhos castanhos de Maxon, mais uma vez, que me encaravam como se eu fosse um doce muito gostoso que o predador estava pronto pra atacar. Ah...torta de morango. HMM.
– Ah, Maxon. De novo.
– O que foi?
– Estou começando a achar que você tem inveja da minha aparência. Pare de olhar!
– Desculpe, como? - Ele ria. - Não posso mais te admirar?
– Não.
– Ok. - Ele fechou os olhos. Em seguida, os abriu novamente, e soltamos o riso.
Então percebi que estávamos colados. Com um pouco de vergonha, me distanciei, enquanto ele ainda ria. Devolvi o casaco que havia me emprestado noite passada, e tirei o meu, enquanto me dirigia ao riacho, para lavar meu rosto. Foi então, que tive uma ideia brilhante.
Meredith. Ah, nunca pensei que seria tão grata a ela. Era...PERFEITO. Genial. Com certeza daria certo. Eu não...podia acreditar. INCRÍVEL.
– Maxon, acho que sei para onde podemos ir.
Ele arregalou os olhos.
– Prossiga....
– Eu tinha uma amiga...o nome dela era Meredith. Ela era 4...mas nós brincávamos muito quando pequenas. O negócio dos pais dela foi ficando maior e ela se mudou pra uma fazenda meio isolada. Os pais enriqueceram de vez e compraram a liberdade pra "subir de casta" e foram pra 2, devem morar na Europa até hoje.
– Nossa. Vocês eram próximas?
– Sim. Muito. Bom, o fato é que...eles mantêm a fazenda até hoje, arrumada, como uma "casa de férias"...Eu perdi o contato com a Meredith porque essa fazenda ficava muito longe de Carolina, perto de...Angeles.
– Ótimo!
– Podemos passar um tempo lá....
– Não é incrível?
– O que?
– Como coincidências acontecem... Alguém quer mesmo que a gente fuja...
– Ah, como eu não pensei nisso antes? - Comecei a lavar meu rosto, enquanto ele fazia o mesmo.
De repente, ele começou a me olhar, meio malicioso e, mais uma vez, o príncipe educado e controlado deu espaço para...Maxon. Seu lado brincalhão e...próprio de ser. Bem humorado, sempre divertido.
Começamos uma pequena guerrinha de água. Estávamos tão felizes que nossa situação poderia se resolver, que esquecemos do tempo.
Ele tinha razão. O modo como os fatos se encaixavam, o destino realmente queria que seguíssemos o caminho da liberdade.