Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 97
Capítulo 97. Meu jogo, minhas regras


Notas iniciais do capítulo

Gente, na semana do aniversário de 2 aninhos da fic, eu jurava q não ia conseguir postar nada, mas hoje eu consegui escrever esse capítulo muito explicativo, então aproveitem e nos vemos lá embaixo para um papo sério.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635649/chapter/97

Capítulo 97. Meu jogo, minhas regras

Tony já havia cumprido sua parte no plano - e chorado o quanto foi a mais difícil, mas olha só, a merda da ex-namorada é dele! - e eu também já havia cumprido a minha, Tracy já tinha feito a prova mais horrível já produzida por um ser humano com um sorriso no rosto e agora, só porque eu gosto de atuar, eu estava pronto para colocar a chantagem montada por Scorp em prática. 

— Novamente,  por que você tem que fazer isso? - Enrique me perguntou, assim que eu fiz menção de me levantar rumo a mesa da Corvinal.

— Como assim? A garota quase me matou um dia desses, você acha que eu tenho que deixar barato? - Perguntei indignado, porque parecia que só eu levava a sério tentativas de assassinato por aqui. Enrique fez aquela cara de tédio dele.

— Me referia ao fato de que essa parte do plano deveria ser de Scorpius, não sua. - Ah bom! Sorri para Enrique, depois fiquei sério. Me levantei da mesa e aproximei bem o meu rosto do dele, para fazer valer o meu ponto.

— A primeira regra do Clube do Plano*: você não fala sobre o Clube do Plano. - Ele me olhou incerto e eu sorri ameaçador, porque embora eu não tenha assistido ao filme velho que nos deu essa frase icônica, ela ainda é muito maravilhosa para não ser usada. – Agora fique quieto aí, enquanto eu faço meu trabalho.

— Esse definitivamente não é o seu...

— Quieto! - Rosnei baixo e Enrique prendeu o riso. Dei um último olhar feio para ele, antes de andar decidido para a corvinal meliante.

Ao me aproximar da mesa mais pedante de todas, Louise me olhou intrigada e depois meio assustada, cochichando algo com Rasvan - qual é mesmo o primeiro nome dessa garota? - só que eu não dei atenção a nenhuma das duas, nem mesmo a John, que arregalou os olhos ao me ver bem atrás de Tracy.

— Melhor vir comigo, se não quiser que seu segredinho sujo seja exposto. - Tracy Harmond parou o garfo a caminho da boca, depois o deixou no prato, sem olhar para mim.

— Achei que já tínhamos superado isso em nome da civilidade. - A chinesa problemática falou em um tom baixo, mas decidido, o que me fez dar algum crédito a ela. Gosto de inimigos com classe.

A mesa da Corvinal estava parando de falar, provavelmente prevendo um espetáculo que não iríamos dar a eles.

— Já superamos e por isso mesmo quero falar com você a sós.  - Tracy finalmente virou para me encarar, então eu sorri o meu sorriso mais inocente. – É de seu interesse.

— E como eu saberei que não é uma das suas armadilhas, Fábregas? - Dessa vez ela falou em voz alta e eu ri maldoso. Me aproximei dela, deixando o local e hora escorregar para suas mãos em um bilhete, enquanto dava minha cartada final a lá Scorp Malfoy.

— Ah, minha cara... Definitivamente é uma armadilha. - Deixei ela absorver as palavras, me olhar com aquele ódio profundo e só então sai vitorioso do Salão, sabendo que Tracy, como todo corvinal, era muito curiosa e arrogante para deixar uma ameaça dessas de lado.

Sei disso porque toda a Casa agora acompanhava minha saída triunfal mortalmente curiosa e louca para descobrir que cartas eu tenho na manga hoje.

***

Quinze minutos depois, na Torre do Relógio, a garotinha de pernas de gafanhoto encontrou seu caminho até mim, o grande e supremo mestre da... Ok, deixa eu seguir meu roteiro, senão eu não ganho meu cachê.

— Veio sozinha, como combinamos? - Falei como um bom ator em um filme de ação, Tracy revirou os olhos.

— Você é muito canastrão mesmo... Diz logo o que você tem para mim, criatura, eu não tenho o tempo todo! - A vítima está na defensiva e arisca, eu meio que lembro de um corvinal nessa mesma situação... Tenho para mim que foi Haardy, mas eu não estou afim de trazer essa parte da minha vida a tona agora.

— Tá, que seja, lá vai: - Fiz uma pausa e Tracy arregalou os olhinhos puxados, eu tive que rir disso e ela rosnou impaciente.  – Ok, agora é sério... Eu vi você colando na prova de Transfiguração. 

— O quê? Do que você está falando? Essa é a maior mentira que você já disse! - Ela não se abalou com a minha grande revelação, até porque, para todos os efeitos, ela achava que o que eu tinha a dizer era mentira, só que, infelizmente para ela...

Não é. 

— Achei estranho quando te vi entrando na sala da professora Gooding e logo depois vi a professora conversando com um aluno qualquer no outro corredor, quero dizer, você poderia até ter ido tirar uma dúvida...

— Isso nunca aconteceu. - Ela me interrompeu e eu continuei minha história sem me abalar.

— Mas daí você foi tão bem numa prova que todo mundo do quarto ano passou a semana inteira dizendo que se deu mal, então me veio o estalo. - Estalei os dedos para dar mais dramaticidade a cena, Harmond me olhou bastante envolvida. – E se ela tiver roubado o gabarito da prova da professora, só para ser a única a se dar bem na matéria? 

— Isso é ridículo! Você me chamou aqui só para isso? - Ela riu debochada, com sua já previsível característica de subestimar todo mundo. – Bem, Fábregas, acontece que eu fui bem na prova porque eu estudo, diferente de você que fica por aí fazendo só o que não presta.

— Então não vai se importar se eu levar essa suspeita a professora Gooding, não é? - Pisquei inocente e Tracy finalmente me olhou desconfiada. – Se você não fez nada, então não tem o que temer, não é assim?

— O que você fez? - Ela sibilou ameaçadora e eu apenas coloquei as mãos para cima, em defesa. – Plantou o gabarito da prova no meu quarto? Acha mesmo que a professora vai acreditar em você, justo você que sempre quis me prejudicar por causa de uma rixa boba com meu ex, com esse seu histórico pavoroso e com o meu...

— Então eu posso ir lá contar a ela? - Perguntei e depois mordi os lábios, torcendo para ela me desafiar.

— Você está blefando, quer apenas me deixar aterrorizada... - Ela sondou e eu sorri para isso.

— Talvez... Você vai apostar suas fichas nisso? - Disse todo inocente, mantendo a melhor ameaça que Scorp poderia bolar. Tudo sobre encomenda para Tracy Harmond.

— Vocês armaram algo... Implantaram alguma prova irrevogável e agora... Acha mesmo que pode sustentar isso? A verdade virá a tona, Fábregas! - Ela se mexeu inquieta, ficou ainda mais furiosa quando eu dei risada. Quem está sendo canastrona agora? – Eu vou pagar para ver!

— E se eu te disser que... A verdade é que realmente você trapaceou na prova? - A princípio ela não entendeu, mas depois as coisas foram fazendo sentido na mente dela. – Valendo 10 pontos para Corvinal: qual a única forma de ameaçar alguém com algo que ela pensa que não fez?

Tracy me olhou sem forças, finalmente percebendo onde eu queria chegar com isso.

— Tendo feito a pessoa fazer sem perceber... - Ela sussurrou horrorizada, entendendo que eu só podia ameaça-la, porque realmente ela havia colado na prova. – Eu posso provar que eu não... Vou pedir a professora para refazer a...

— Por favor, não deixe que a minha diversão te impeça de tentar. - Mostrei o caminho da saída para ela e Tracy me olhou enraivecida. – Abra os olhos da professora Gooding para a estranheza da sua nota. Eu posso te garantir que cada vez que ela se aprofundar mais no assunto, mais ela vai ver evidências da sua infração...

— Eu posso provar que sou inocente, porque essa é a verdade! - A garota tem nervos de ferro, tenho que admitir. Sorri para isso, estou começando a entender aqueles vilões que apreciam ver a queda dos heróis dramáticos de camarote. 

— Err... O problema todo é que você não é, mas boa sorte tentando. - Sorri uma última vez, dando tchauzinho. – Ah! Quando você finalmente aceitar sua derrota, não deixe de me procurar! Vou adorar te ver implorando para eu não arruinar a sua vida. 

— Não se eu acabar com você primeiro. - Ela falou da boca para fora.

— Para de ser irritante e me deixa ter a última fala! - Falei irritado, porque Tracy Harmond é uma ridícula, não pode nem me deixar ter meu momento de glória vilanesca! – Se eu cair, você cai junto.

— Veremos! 

— Vai se foder, Tracy! - Garota lazarenta dos infernos!

— Vai você!  - A ouvi mesmo ela já estando fora da Torre. Fiz menção de retrucar, mas quer saber? Deixa ela ter isso, a vitória principal é minha hoje.

Ri maleficamente para as paredes velhas da Torre do Relógio, hoje não tinha ninguém para cortar o meu barato.

Que delícia! 

***

Depois de finalizar meu papo fofo e divertido com aquela dama alegre e gentil da China, fui em direção a uma sala mofada em que James Potter presidiria a minha segunda reunião agradável do dia. 

— Boa tarde, crianças, já discutiram o tema de hoje? - Enrique, John, Scorp e James me encararam com diferentes graus de curiosidade. Fiz outra pergunta. – O djinn está ou não ficando mais forte?

— Eu acho que está. - Scorp foi categórico e eu sorri para ele, porque a sua chantagem feita para Tracy havia sido mais divertida do que eu imaginara. – Porque, quando nós tivemos uma boa notícia em relação a isso?

Fiz uma leve reverência para Scorp, porque não seria ele, se não houvesse um toque de pessimismo no discurso, né? 

— Eu concordo, dado o que eu e Cesc sabemos do djinn e sua evolução, ele estar podendo agora ouvir fora dos sonhos do mestre era algo previsível até.-  John falou, provavelmente tendo refletido muito desde que mandei um bilhete para ele e todo o resto do Clube da lamparina com as novas informações. 

Eu estou cheio de clubes, eu hein!

— Ainda não sabemos o que você e Cesc sabem, então... - Eu e John olhamos para James sem paciência, porque ele sabe muito bem que a gente não pode falar sobre àquela noite em Uagadou! – Tá, ok, não podem falar! Que tal chamarmos o djinn para responder então? 

— Eu ainda não dei minha opinião... - Enrique falou e James finalmente deu a entender que notou a presença dele, antes ele estava até de costas para meu namorado, o muito infantil.

— Você não devia nem estar aqui! - James falou irritado e Enrique o encarou de cima abaixo, sem se intimidar. – Meu voto ainda é para que no último pedido, Cesc peça para tudo ser desfeito e se você morrer de novo por conta disso, juro que coloco uma rosa negra em seu túmulo. 

Enrique sorriu cínico para isso, mas antes que eu ou ele pudéssemos retrucar esse comentário desnecessariamente maldoso de James, o próprio James Potter entrou na sala, meio esbaforido.

— Desculpe o atraso, gente, uma das amiguinhas de Lily estava com uma conversa estranha de... Hey! Que merda é essa? - Olhamos assustados do James na porta para o James sorridente apoiado em uma mesa bamba da sala de aula velha.

— Desculpem, eu não resisti! Estou esperando para usar esse visual há um século!  - Eu olhei assustado para o que era - agora que o verdadeiro James Potter chegou - claramente o djinn, muito satisfeito em sua pele de grifinório. 

Enrique riu e eu o encarei sério, aquilo nos deixava ainda mais fodidos, porque o djinn realmente estava mais forte agora!

— O quê? Ele salvou minha vida e está zoando com Potter! Eu definitivamente gosto desse cara! - Todos nós reviramos os olhos - metaforicamente ou não - para Enrique e o djinn fez uma vênia elegante para o apoio.

— Que palhaçada, hein? Quer dizer que o senhor gênio poderia ter atendido o pedido de Cesc sem a ajuda de James naquele dia do alagamento, mas não fez de sacanagem! - Scorp maneou a cabeça decepcionado e o djinn fez uma cara de culpa muito digna com as sardas de James.

— Isso nos leva a pergunta:  por que você queria me envolver nisso, criatura? - Ok, ver James Potter questionando James Potter é muito esquisito! O falso James sorriu enigmático. 

— Por que não? Tudo fica mais gostoso com um pouco de tempero. - Ele falou simples e John soprou irritado. – Nesse caso, o tempero é a treta.

— Até o vocabulário está mais moderno, a gente devia ter desconfiado. - O djinn sorriu para isso e eu fiquei bem infeliz, porque no início de tudo ele falava cada palavra rebuscada e verbos de gente culta... Agora ele parecia um maldito moleque do século XXI, com a mente na sarjeta.

— Certo, a verdade é que no passado eu não podia acessar a mente do senhor meu mestre antes dele me chamar e ainda não posso, não completamente, mas isso não quer dizer que não esteja pronto para passear por aí... - O djinn sorriu para mim. – Fico mais forte a cada desejo e já foram 4.

— 4 desejos? - Enrique perguntou confuso e antes que eu pudesse dizer algo, o djinn completou.

— Mas só um com significado, então não nos apeguemos ao passado! - Ele me olhou divertido e eu quase dei um soco na cara do falso James. – Mestre... Tens um desejo para mim hoje?

— Tenho uma pergunta, que pode servir como desejo... - Ele cruzou os braços e bateu o indicador inocentemente na boca, só me fazendo odiar ainda mais James, que olhava irritado do canto da sala. Não deve ser bom ver seu clone fazendo maldades por aí... – Como virou um djinn?

Ele descruzou os braços, provavelmente pego desprevenido, já que eu havia acabado de pensar nessa pergunta. 

— Não tenho permissão para falar, faz parte do meu castigo eterno. - Ele deu de ombros, sentando em uma das carteiras quebradas da escola, que só não caiu porque provavelmente ele não tem peso algum. – Faça outro pedido.

— Mas eu estou realmente curioso djinn, numa escala de zero a dez, o quanto você mereceu esse castigo? - Ele me encarou bem sério e eu o olhei inocente, a epítome da doçura, porque eu realmente quero saber isso. 

— No meu entendimento? Zero. - Ele deu um sorriso de escárnio, que teria combinado mais com o rosto de Enrique do que com o de James. – Mas não fui eu que me coloquei na lâmpada, não foi?

— Só para ficar claro, você se considera mais a deusa Athena, o deus Poseidon ou Medusa? - John perguntou aleatoriamente e todos nós o olhamos sem entender, menos o falso James, que tinha entendido tudo muito bem. 

Quem começa com um “só para ficar claro” e depois usa a porra de uma metáfora sem sentido? 

— Te devolverei a pergunta, senhor Westhampton, visto que agora parece que adquiriu alguma força de caráter. - John não gostou muito disso, mas esse julgamento até explica porque o djinn não ouviu o corvinal lá em Uagadou, me escolhendo como mestre. – Se o que eu fiz ontem, tivesse sido feito hoje, eu seria um gênio?

John pensou um pouco, molhou os lábios, antes de responder a pergunta de um James sombrio, com um sorriso que não era meio pateta como os que eu estava acostumado a ver de vez em quando no rosto do quase ruivo.

— Provavelmente não, porque não punimos mais as pessoas desse jeito. - O corvinal disse incomodado e eu não entendi bem o porquê, até ele completar o raciocínio.  – O que você fez no passado, seria condenável hoje?

— Certamente não com um “despido de sua identidade e história, apagado da linha do Tempo e condenado a servir aqueles que também desafiaram as teias do Destino”. - O djinn deu de ombros na pele de James, parecendo mais injustiçado do que deveria ter sido de verdade. – Ou vocês realmente acham que eu faço pedidos malfeitos só porque eu gosto? 

— Sim, eu acho bem isso, até porque você me deu exatamente o que eu queria no último pedido e isso de alguma forma me ferrou no futuro. - O Senhor Pobre Djinn me olhou falsamente ofendido. – Você vive dando a entender isso, pode parar de tentar se fazer de vítima! 

— Mas eu sou uma vítima e se quer saber, depois de milênios esperando uma chance de me libertar, eis que vejo um irmão de alma, livre, vivendo em um mundo que lhe vê apenas como uma criança travessa... - Ele falou dissimulado, com olhinhos tristes e tudo. – O que faria se tivesse nascido em meu tempo e eu no vosso, mestre? Teria o coração tão gélido assim?

— Eu provavelmente daria um jeito de roubar essa vida para mim e é por isso mesmo que eu ainda não esqueci que você disse que eu iria virar um gênio! - James falso revirou os olhos, coisa que não combina com ele. – Esse é seu plano, não é? Me fazer assumir seu lugar na lâmpada de algum jeito!

— Talvez seja e o que você vai fazer quanto a isso? - O djinn me desafiou divertido e eu desejei poder apertar o pescoço de fumaça dele de verdade.

— Vou desejar que você volte para a porra da sua lâmpada velha! - Ele arregalou os olhos e pôs a mão no rosto, em falso terror.

— Espera aí, Cesc! Isso não nos ajudaria em nada, você ainda estaria preso a ele por um desejo e... Ele não pode voltar, esqueceu? - O verdadeiro James falou e o falso ficou rindo atrás dele. Vou matar esse filho da puta das Arábias!  – Deixa eu tentar falar com ele!

— Tenho que concordar com Potter nessa, você provavelmente está dando a ele o que ele quer. - Enrique disse calmo, me puxando pra ele. - Deixe Potter tentar...

Ele sussurrou no meu ouvido e eu cruzei os braços conformado. James entendeu o gesto para lidar com o assunto e assim que se virou para o djinn, ele lhe deu um sorriso maravilhoso com seus próprios dentes. Isso deve ter sido perturbador o suficiente para o James verdadeiro saber de que lado deve ficar. 

— Ok, djinn... Você tem um nome? - O djinn fez um biquinho muito indigno com a cara igual a do seu interlocutor. 

— Tenho não...

— Vamos chamá-lo de Erick! - Enrique falou soando ridículo exatamente como Anastácia Fritz ao nomear o maldito inferius que hoje conhecemos por Samuel. Dei a ele um olhar feio. – Era o nome que minha mãe daria para o meu irmãozinho, caso ela pudesse ter mais filhos...

— E por que demônios você quer dar esse nome para a porra de uma criatura das trevas? - Eu perguntei exasperado com a idiotice do meu namorado. Ele levantou uma sobrancelha sem se abalar.

— Não vejo diferença entre isso e um irmão... - Eu revirei os olhos para aquela conclusão absurda e James fez uma careta para o colega de quarto dele. Sim, James, eu entendo a confusão, Enrique Dussel às vezes não faz sentido algum.

— Eu gosto de Erick, podem me chamar assim. - O djinn trouxe a atenção de todos de volta para si. Respirei fundo, porque eu me recuso a chamá-lo pelo nome do quinto filho não nascido de Ciaran Dussel.

— Ok, Erick será. Então, Erick, nós estamos querendo te ajudar a sair dessa prisão injusta que te colocaram, mas... Err... Você vê? Cesc aqui é nosso amigo e não queremos que ele vá parar na sua lâmpada, como parece ser o seu plano original. - Eu não estou ouvindo isso... Olha o nível da negociação de James Potter! O djinn sorriu contente por estar sendo tratado como uma pobre vítima, tão vítima quanto Tracy Harmond! – Será que tem como a gente criar um plano onde você fica livre e Cesc fica livre também?

O djinn sopesou a pergunta com a cabeça, dando a James Potter uma expressão sonsa que eu acho que ele nunca teve a oportunidade de ver no próprio rosto. Não é esse tipo de cara que a gente faz quando se olha no espelho...

— Eu acho que o mestre se sairia muito bem de gênio... - Ele disse em dúvida e eu tive que ser segurado por Enrique para não ir lá comprovar se ele pode ou não apanhar. – Olha, vamos fazer o seguinte, senhor Potter, eu continuo com o meu plano e vocês com o de vocês, eu tenho certeza que, de um jeito ou de outro, todo mundo vai ter o que merece!

— Ah não, eu prefiro que a gente foque em não tentar punir mais ninguém! - James ainda tentou, mas o djinn já tinha levantado da carteira, limpado o casaco, polindo depois, com a palma da mão, uma daquelas fivelas de cinto extravagantes que meio que era a marca registrada do sextanista brega.

A criatura tinha mesmo perdido tempo escolhendo o visual.

— Não se preocupe, senhor Potter, eu sei o que estou fazendo. - Ele passou do meu lado, desnecessariamente, diga-se de passagem, já que ele é feito de fumaça e, de novo, ele não precisa sair pela porta. – Todos vamos ter o que merecemos.

Ele desapareceu e Scorp bateu palmas.

— Acabamos de ver um mestre do blefe em ação. - O olhei esperançoso.

— Quer dizer que você acha que ele está blefando e eu tenho uma chance? - Perguntei ansioso e Scorp me deu um sorriso triste.

— Acho que tudo que fazemos faz parte do plano do djinn e com um pouco de sorte, seu final não vai ser tão trágico quanto a gente está pensando. - Ah bom, que loiro mais otimista!

— Cesc, ele não tem como te colocar na lâmpada se você não usar esse suposto futuro em branco de Enrique para nada, então é só... - John se interrompeu, como se tivesse percebido algo importante. – A não ser que...

—  A não ser que o quê, John?  Desembucha! - Scorp falou sem paciência, mas o outro loiro apenas focou em mim para responder.

— Você trouxe a lâmpada do djinn com você? Como você conseguiu ter mais 3 desejos com ele? Embora não estivesse claro, é sabido que não dá para pedir por mais e mais desejos infinitamente! - Ele atropelou as informações e eu fiquei confuso. – Como você conseguiu ser mestre do djinn de novo?

— Eu... Sabe que eu não posso contar, por conta do... Você sabe! - Havíamos feito o pedido - tá, eu fiz o pedido sozinho, admito-  com aquela regra estúpida de que ninguém nunca poderia saber daquela noite dos marduks com defeito, mas agora isso estava se voltando contra mim. Típico.  – Mas eu não tenho a lâmpada, se quer saber.

— Você fez um acordo com o djinn? - Eu olhei nervoso para Enrique, porque o tom de voz dele dizia “que tipo de idiota faz um acordo com um djinn?”. – Cesc, o que acontece quando o último pedido é feito num acordo desses? 

— Teoricamente o djinn retorna para a lâmpada e ela fica perdida para os olhos do mestre anterior e ele nunca mais saberá a localização, ela podendo ou não ficar no mesmo lugar em que foi achada. - James falou, mostrando que havia realmente perdido seu tempo no Yahoo Respostas. – Isso no acordo usual...

— Mas você conseguiu ver a lâmpada depois, do que eu presumo, foi o primeiro encontro com o djinn? - Scorp perguntou e eu não pude confirmar, por conta daquele maldito pedido de segredo. – O que significa dizer que esse novo acordo vale e apesar de seguir as regras, ele não é o acordo usual.

John olhou para mim, porque ele também não sabia como eu havia feito aquele maldito acordo mental com o djinn de apenas apagar a chama da lâmpada e ganhar mais 3 desejos, blábláblá, pior decisão da minha vida, blablabá,  já sei!

— Difícil com vocês sob influência de um segredo mágico, mas se não dar para saber se o que faz Erick ficar tão confiante é o fato de que ele está aqui e a lâmpada não, a solução óbvia é ir até a África, pegar a lâmpada, dando a Erick um novo mestre. O que vocês acham?

Enrique disse isso tudo com uma conclusão absurda e eu tive que deixar James apontar o fato.

— Essa não é a solução óbvia, até porque isso é loucura: invadir uma escola, roubar um artefato das trevas e colocar outra pessoa para se envolver com o gênio! Isso não é óbvio, isso é terrível!  - James falou exasperado e Enrique desconsiderou tudo com um gesto de mão.

— Eu disse óbvio, não fácil!  Eu tenho certeza que a lâmpada tem mais apelo para o gênio do que qualquer acordo maluco que ele tenha feito com Cesc! - Enrique me olhou confiante e eu o olhei em dúvida.  – Para a nossa sorte, Uagadou ainda está no campeonato promovido pela minha família e eu posso conseguir entrar lá dizendo que faltou desconectar um ou outro feitiço e pronto, pego a lâmpada! 

— Pode funcionar, mas talvez seja exatamente o que o djinn quer... - Scorp lembrou e Enrique deu de ombros.

— Ele fez questão de que Cesc largasse a lâmpada lá, tenho para mim que ele não quer ver ela no mesmo continente, o que dirá na mesma sala! - Enrique tem um ponto, mesmo não sabendo disso, já que o acordo que eu tenho com o djinn se baseou no meu ato de apagar aquela chama, de alguma forma libertando ele da prisão, se não inteiramente, em parte pelo menos.

— Mas e se ele estiver contando com isso para trazer a lâmpada aqui, só para prender Cesc nela? - James perguntou a Enrique e todos nós ficamos em dúvida.  – Ele sabe que Cesc salvou você e que você tentaria salvar ele e se... Tudo isso for parte do plano dele?

— Ele não pode prender Cesc na lâmpada como castigo! O que quer que ele esteja planejando, nós não estamos mais presos no maldito deserto do Saara, a gente pode reverter qualquer que seja o truque que ele esteja escondendo!  - John falou seguro e enfático e eu olhei esperançoso para o cara que havia começado toda essa merda comigo.

— Você acha mesmo isso? - Perguntei, porque uma coisa era falar, outra bem diferente era acreditar de verdade!

— Claro! Se lembra o que foi a verdade derradeira que fez com que nós decifrássemos o enigma da lâmpada?  - Olhei sem entender para ele e John sorriu, consertando seus óculos azuis esquisitos. – Os homens que aprisionaram o djinn ali eram homens de seu tempo, os homens do nosso tempo fariam de tudo para te tirar de uma lâmpada maldita, eu não tenho dúvidas! 

Sorri para Enrique depois desse discurso convincente - e um pouco macabro - de John e ele piscou confiante para mim.

— Ok, senhor “tenho passe livre para entrar em qualquer lugar do mundo” Dussel, nos mostre um pouco da sua mágica.  - Falei bem humorado. Meu namorado sorriu e nos deu as costas, provavelmente indo resolver seus acertos em Uagadou antes da viagem da Seleção para Salem.

Vamos dobrar o djinn porque estamos jogando no nosso tempo, com as nossas regras, ele gostando disso ou não!  

Assim espero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Luta - mas não posso falar sobre tal clube, rs.

O papo sério: estou com os prazos do meu projeto de pesquisa bem apertados, hoje tirei o dia para não fazer muito e pude escrever, mas temo que no futuro será o contrário, então peço paciência porque os próximos capítulos são bem complexos e interligados (todos são, mas esses são mais), então só postarei quando estiverem todos juntos, para garantir que não haverá furos, então tenham paciência!

Bjuxxx