Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 91
Capítulo 91. Lindas crianças puras


Notas iniciais do capítulo

Comemoração de 20 anos de HP, Facebook todo com feitiços fofos e eu não ia postar hoje? Claro que posto!



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Capítulo 91. Lindas crianças puras 

— O quê? - Acordei meio confuso do meu sonho que... Na verdade eu não lembro o que eu estava sonhando, mas a voz de um Frank igualmente sonolento realmente me tirou dele. 

— “O quê”,  o quê, Frank? Por que me acordou? - Cocei os olhos, enquanto via o dorso de Longbotton meio descoberto e os cabelos parecendo que haviam encarado um furacão de perto, sem sobreviver para contar a história.  

— Você falou comigo, só que eu não entendi o quê. - Ele me disse com a voz engrolada de sono e eu revirei os olhos. 

— Você deve ter sonhado com isso, idiota. - Me virei para olhar o relógio, porra, faltava 12 minutos para a hora de acordar! Deuses, como eu odeio esse garoto cretino! 

— Não, você falou com certeza. - Ele insistiu, porque Frank é isso, né, pessoal? Ele não vai parar até eu desejar ardentemente a morte dele. 

— Eu não falo dormindo, garoto! - Resmunguei ao voltar para a cama. Será que eu consigo cochilar um pouco em 10 minutos? 

— Eu sei disso, vivi no mesmo quarto que um falador por anos, eu... 

— Cala a boca, Frank! - Enfiei a cabeça debaixo do travesseiro, rezando para aquele lazarento calar a boca, afinal ninguém merece ter que ficar... – AH MERDA! 

Sim, dá para voltar a dormir em 10 minutos, por isso mesmo eu tinha acabado de me assustar com o som infernal do meu despertador. Esfreguei o rosto para acordar de vez e depois joguei o travesseiro em Frank. Ele levantou o tronco, confuso com o ataque. 

— O quem?  

— “O quem” nada, levanta, senão você vai se atrasar para a aula. - Falei isso pegando de volta meu travesseiro, o colocando na cama, sob o olhar vermelho de Longbotton. Pelo menos dessa vez sabemos que isso é por causa do sono... 

— Eu tenho o primeiro horário livre... -  Ele se abraçou ao edredom e voltou a se aninhar para dormir. Bati palmas para acordá-lo de novo. 

— Isso é mentira, porque eu sei muito bem que você não tem horário vago nenhum pela manhã! A gente dorme no mesmo quarto há meses, se você não lembra. - Falei indignado, quero dizer, o ser humano tem nem vergonha de mentir assim, na minha cara! 

— E o que te importa se eu chego atrasado ou não? Vai cuidar de sua vida! - Ele falou indignado, virando para o outro lado, então eu fui lá arrancar ele da cama. 

— Me importa porque eu não quero viver num mundo onde você tem mais coragem de faltar uma aula do que eu! - Sacodi ele freneticamente, mas o garoto era duro na queda! 

— Eu sou grifinório, coragem é minha marca! - Ele falou com a voz abafada pelos lençóis. Sacodi ele com ainda mais força. 

— Pois eu não aceito! EU NÃO ACEITO! 

— AH QUE INFERNO DO CARALHO, FÁBREGAS, ACORDEI! - Ele finalmente levantou da cama de um salto e eu me afastei correndo, por motivos de segurança. – Tá feliz agora? 

— Tô menos infeliz, porque não estou mais infeliz sozinho, então tá melhor. - Falei com meu melhor sorriso simpático e recebi em troca um olhar furioso. – Você vai me agradecer um dia por eu ser um colega de quarto tão preocupado com sua educação... 

Ele não se dignou a me responder, então eu terminei de me arrumar correndo e fui logo tomar café, antes que Frank resolvesse que podia sim se atrasar para a aula, enterrando meu corpo no jardim. 

Sai do quarto dando de cara com Potter e ele me olhou com suspeita. 

— Você e Frank estavam gritando hoje mais cedo ou foi impressão minha? - Eu dei de ombros para essa pergunta capciosa, cuja resposta não vai alterar a vida de ninguém. Coisa típica de Potter.  

— Bom dia, Potter. Como vai? Impressão sua, quem em sã consciência briga no início do dia? - Falei bem-humorado e ele fingiu que acreditou, já prestes a entrar no quarto para falar com o melhor amigo. Me lembrei de uma coisa importante.  – Ah, não se esqueça de lembrar a Frank do nosso compromisso hoje mais tarde, viu? 

— Por que você mesmo não lembra a ele? - James perguntou com pouca paciência e eu sorri cheio de dentes. 

— Porque a gente brigou hoje de manhã.  

*** 

Estávamos participando de uma aula mais difícil do que eu estava preparado mentalmente, o que estava me fazendo literalmente suar na classe 34. Essa era para ser uma das aulas boas, o que é que está acontecendo com o mundo? 

— Meu Merlin, eu gosto de Transfiguração, por que esse feitiço não está dando certo? - Tony finalmente externou sua frustração e eu suspirei cansado, largando a varinha na mesa, com raiva. 

— Essa merda de feitiço não existe, estou bem certo que a professora Gooding está inventando só para nos fazer prestar atenção na aula dela! - Tony apoiou as duas mãos na mesa e olhou esperançoso para mim. – Lembra que ela nos ameaçou depois que aquele babaca do Mike Gibson disse que essa era a matéria favorita dele, porque era fácil? Então! Tá aí o resultado. 

Senti Rebeca me cutucando com a varinha e me virei irritado pra ela, que fez um biquinho.  

— Eu tenho certeza que esse feitiço de conjuração de objetos existe, mas eu acho que meu cérebro já fritou no processo de tentá-lo. - Ela falou apoiando o queixo na carteira, logo em seguida Stoddard fingiu um desmaio na fileira ao lado, nos fazendo revirar os olhos. – Eu quero que essa aula acabe! 

Ok, isso passou dos limites! 

Abri meu livro da matéria - coisa que eu não faço desde o semestre de outono - super determinado, porque eu enfrentei Haardy, eu enfrentei Bradbury, eu enfrentei o djinn, eu enfrentei Iara e seu irmão do mal, eu enfrentei Drakkar, eu enfrentei o djinn! Já disse isso? Porque foi o meu maior feito até agora e eu não serei vencido por um feitiço bobo previsto nos decretos educacionais para crianças da minha idade! 

Decreto 112 - Das competências esperadas em alunos no ano anterior ao NOM de Transfiguração: Feitiços de troca de objetos; de substituição de objetos; transubstanciais; e de conjuração de objetos.  

Não sei como eu sei, só sei que sei desse decreto, então não aceitarei sair dessa aula sem receber um selo de aprovação da professora Gooding, essa senhora horrível, que agora está verificando as pupilas do meu horripilante colega de classe “desmaiado”. 

— Ok, ok, vejamos... Feitiços de conjuração. Hum rum, conjurar um objeto ou animal através da transfiguração do ar. Ok, saquei: ar, ar, ar! - Fechei o livro com determinação e sacodi minhas mãos de olhos fechados, depois uni os dedos como se estivesse fazendo uma pistola apontada para o queixo. 

Pronto, essa é uma posição séria de concentração, tô concentrado.  

Comecei a ignorar os ruídos da sala, troquei a posição dos indicadores e troquei de novo e de novo, porque é isso que o doutor Estranho faz na HQ dele. Abri os olhos e com um movimento de mãos que vi Sharam fazendo milhares de vezes para brincar com o ar, recitei o encantamento e criei um pequeno redemoinho que se transformou em uma tesoura sem ponta, própria para todas as idades! 

— SIM!!! Oh meu Merlin! Sim, eu consegui! Não faço ideia do porquê uma tesoura sem ponta, mas sim, eu consegui! - Me ajoelhei dramaticamente no corredor entre as carteiras e depois continuei com os meus agradecimentos. – Não sei nem o que dizer! Acho que devo agradecer aos meus pais, por não terem desistido de mim e aos aurores, que nunca expediram o mandato de busca e apreensão na... 

— Senhor Fábregas, o que temos aqui? - A professora Gooding se aproximou da minha carteira, pegando a minha linda tesoura conjurada nas mãos.  – Olha só!  Bastante sólida e funcional! 10 pontos para Sonserina! Mas se levante do chão e pare de escândalo ou vou ser obrigada a retirar esses pontos. 

Levantei do chão sem nem encostar nele, porque conseguir pontos dessa mulher é mais difícil do que tirar leite de pedra. Sério.  

— Mas isso não é justo, ele não usou a varinha! - Coloquei a mão no peito ofendido, porque aquela acusação havia partido de ninguém mais, ninguém menos do que Lexa Afonsina Prutt! 

E não, tenho quase certeza que Afonsina não é o nome do meio dela, mas deveria ser. 

— Lexa, como pôde? Depois de tudo que eu fiz por você!  - Choraminguei doído, porque aquela garota de cabelos vermelhos cor de sangue partiu meu coração.  Ela fez uma careta divertida. 

— Desculpa, chefinho, não leva para o lado pessoal, mas é que 10 pontos para Sonserina me dói na alma! - Ela se defendeu como se ainda tivesse direito a isso!  

— Alma? Que alma? Um ser humano que faz uma coisa dessas não tem alma! - Apontei pra ela que só prendeu o riso, porque é uma desalmada mesmo, por isso tem que pintar o cabelo a todo momento, para nos distrair da sua falta de alma! 

— Tudo bem, senhor Fábregas, o senhor usou ou não usou a varinha? - A professora perguntou curiosa, ajeitando o xale nos ombros magros. 

— Usei a varinha mais especial de todas... - Falei com a voz de criança pequena, que usa tesoura sem ponta e apontei para o meu coraçãozinho puro e inocente. – Essa aqui. 

— Argh, seu ridículo!  - Lexa resmungou, dando risada depois, porque ela não tem alma, mas eu já disse isso. 

— Pois bem, tente com a varinha de madeira dessa vez.-  Ela sorriu divertida pra mim e suspirou se fingindo de chateada. – E mais 5 pontos para Sonserina. Por que me obrigou a fazer isso, senhorita Prutt? 

O lado da Sonserina comemorou e Tony ficou todo feliz e motivado, afinal, se eu pude, todos podem. O que sabemos que não é verdade, porque fui concebido na luz da lua cheia, sob o feitiço de um  canto pagão de uma milenar tribo indígena do norte da Polinésia.  

— Vai tentar com a varinha agora, seu trapaceiro? - Tony perguntou fazendo graça e eu fiz questão de pegar minha varinha e transfigurar aquela tesoura em um garfo dourado. – Não é esse o feitiço que estamos praticando.  

— Você notou que eu fiz um não-verbal? 

— Não é esse o feitiço que estamos praticando. -  Ele continuou confiante de que eu não poderia repetir meu feito, o que provavelmente é verdade, mas eu daria meu melhor ainda assim. 

E... Nada aconteceu.  

Ele cruzou os braços convencido e eu dei de ombros conformado, essas coisas são assim mesmo. Tentei de supetão com um movimento rápido de varinha a conjuração, mas a única coisa que eu consegui foi fazer Tony pular da cadeira com o susto.  

— Você tá querendo me matar, seu meliante? - Ele pôs a mão no peito e me olhou indignado. Rose lá na frente da sala conseguiu conjurar um espelhinho e reagiu com bem mais elegância do que eu, admito. 

— Não, mas foi bom tocar no assunto, porque acabei de... Ei, presta atenção em mim! - Tony estava distraído mandando seus parabéns a sua namorada ruiva que deveria estar na Corvinal, ou seja, na classe de amanhã, bem longe da gente. Ele me olhou bravo e eu sorri misterioso. – Você lembra daquela... Não, melhor: numa escala de 0 a 10, o quanto você ainda quer se vingar de Tracy Harmond? 

Ele sopesou a ideia e depois me deu uma resposta mixuruca. 

— Sei lá, uns 6? 7? - Olhei sério pra ele, porque aquilo era decepcionante. – Você sabe que eu gosto de uma boa vingança, mas eu nem lembrava mais dessa criatura. 

— Ela. Tentou. Nos. Matar. - Fui enfático, porque tudo bem as autoridades, a sociedade e até mesmo nossos amigos se esquecerem disso, mas nós não podemos esquecer! –O Norte se lembra! 

— Essa é uma referência de Game of Thrones? - Tony me perguntou devidamente concentrado e eu mantive o espírito de Wintefell aceso, mesmo que provavelmente nós fossemos os Lannister da história.  

— Sim e eu baixei todas as temporadas no meu novo Ultrabook, porque eu estou oficialmente de mal com a Apple. - Disse com sentimento, já que voltei para casa só para descobrir que meu computador estava quebrado e obsoleto e que eu teria que comprar um novo. 

Comprei na concorrente, porque o Norte se lembra! 

— Sendo assim, eu estou pronto para uma vingança digna do nosso sangue! - Ele bateu o punho na mesa e foi devidamente repreendido pela professora. – O que tem em mente, Cesc? 

— Uma ou duas maldades, mas quero acabar pelo menos a segunda temporada de GoT, para ter a inspiração certa. - Tony aceitou isso e tentou uma última vez o bendito feitiço de Gooding, dessa vez conjurando um tinteiro rachado.  

Cumprimentei ele com um high five, porque isso sim que é motivação.  

*** 

No meu último compromisso do primeiro dia de volta às aulas, esperei elegantemente por meus adoráveis pestinhas da Escolinha do tio Cesc para crianças que não jogam bem e não fazem outras coisas bem também.  

Meus 15 aluninhos não decepcionaram, Brianna, aquela cobrinha venenosa sendo a última a se juntar a turma na Sala de Estudos número 3, do terceiro andar. Gosto muito de tríades, já sabem. 

— Não me olhe assim, capitão, as Escadarias pararam de novo! - Ela se jogou na última cadeira vaga e eu dispensei a notícia com um gesto de mão, porque já sabemos que Hogwarts vai ficar bem. 

— Boa tarde, crianças, como foram de festas? Bem? Que bom, estão todos vivos, com todos os dentes? Então tá bom, hoje vamos iniciar o nosso semestre da primavera, ou seja, será tudo flores, fadas e fogo.  

— Fogo? - Simon perguntou com receio, porque ele já estava sabendo a essa altura o quanto eu adoro deixar uma isca para eles morderem. Mas não dessa vez, porque hoje eu estou só na pureza da resposta das crianças. 

E também porque estou guardando minha maldade para Tracy Harmond. 

— Não se preocupe, não vou tocar fogo em vocês, embora não me falte vontade às vezes. - Sorri sonhador, mas logo voltei para a realidade. – Dessa vez o fogo diz respeito a algo até mais doloroso do que... Olha, aí estão eles.  

Dois toques na porta e a cara sonsa de James Potter pedindo pra entrar e foi o suficiente para a maioria dos meus alunos se animarem e isso porque eles ainda não viram a melhor parte. James e Frank entraram na sala e eu aguardei os ânimos se acalmarem, para poder explicar o que estava acontecendo. 

— Vocês veem, crianças? Eu de fato leio as observações da caixinha de sugestões metafórica que é o correio matinal por onde vocês me mandam indiretas de que eu só chamo meus amigos da Sonserina para cá. - Olhei acusador para Simon e Liana, porque são sempre os corvinais. – O que pra mim é completamente ok, quero dizer, chamar os inimigos faz mais sentido? Então aí está: os inimigos! 

James revirou os olhos e Frank só sorriu de braços cruzados, mas pelo menos de bom humor, pelo que fui grato. Dei a palavra a eles. 

— O capitão Fábregas nos pediu para falar um pouco sobre os diferentes tipos de posicionamentos táticos, já que nas próximas semanas vocês já começam os treinos temáticos.  - Dessa vez todos ficaram animadinhos, até os sonserinos. James me olhou divertido. – Mas antes... Ele disse que ia roubar o protagonismo de volta, porque... 

— Algo sobre ele se alimentar da alegria infantil, eu acho... - Frank completou com o mesmo grau de dúvida de James e eu revirei os olhos para os dois. Dois idiotas que não entendem a mensagem direito! 

— Pois é, aluninhos, são vocês que me mantém jovem! - Eu disse feliz e eles sorriram, mesmo sabendo que eu aparentava cada ano de vida que eu tinha. – Então contemplem a beleza da feitiçaria moderna! 

Com um encantamento elaborado, que provavelmente me sugou o resto de magia que havia sobrado da aula de Transfiguração, acionei os feitiços de transmissão patenteados pela Dussel Inc. 

A parede do fundo da sala se transformou em uma grande tela 3D, onde o brasão Dussel pairava pronto para entrar em uma batalha medieval épica com outros brasões, ou seja lá o que os brasões fazem. Me virei e todos estavam devidamente impressionados, até mesmo os meus convidados. 

— E assim a admiração volta para quem a merece! - Fiz uma vênia ante as palmas impressionadas de todos. Frank cochichou algo para James, que apenas maneou a cabeça com um sorriso conformado. 

Invejosos. 

— Das vantagens de se ter um namorado rico... - Lena cochichou alto para Lily, com quase nenhuma intenção de que eu ouvisse, claro, se o risinho cínico dela dizia algo. A fuzilei com o olhar. 

— Você não faz ideia das coisas que tive que fazer para trazer isso para vocês... - Falei enigmático e obviamente o vulgar primo de Romeo olhou divertido para Cameron ao seu lado, que retribuiu o olhar dele e falou pelos dois, com sua coragem desmedida. 

— A gente até que faz uma ideia. - O grifinório amiguinho da desalmada da Lexa disse pimpão e eu o olhei de cima a baixo, com desdém.  

— Tenho certeza que você faz muita ideia, Cameron, tem cara de que faz coisa pior, só que de graça. - Ele levantou as mãos em defesa, ainda divertido e James estalou os dedos, porque ele gosta de chamar atenção.  

— Não vamos perder o foco e a noção de onde estamos, não é, cavalheiros? - Revirei os olhos e James me encarou com seriedade. – Continue a explicação, capitão.  

— Continuando a explicação, mas só porque eu quero... - Deixei bem claro para James e depois me voltei para a turma. – Todos aqui sabem que estamos, no caso eu e o resto da Seleção, nas semifinais do Intercolegial de Quadribol, não é?  

Os garotos vibraram empolgados, Cameron e Marco até se cumprimentaram ogramente, como se eles tivessem alguma participação direta nisso. Franzi os olhos, porque se não tinham antes, terão agora. 

E porque eu não estou gostando nada de ver essa amizade esquisita. 

— Apesar de já estar claro que Salem é nossa próxima adversária, em um campeonato como esse, não dá para perder de vista os outros times, porque a antecipação é a chave para o sucesso. 

“ Passar de Salem não será fácil, mas o que virá depois dela será ainda mais nefasto. Uagadou já levou a melhor sobre a gente uma vez e a Durmstrang é a grande favorita ao título, as casas de aposta estalam de alegria ao som do nome dos jogadores profissionais deles. 

Admito que contamos muito com a sorte e com a garra da nossa equipe para estar onde estamos hoje, mas os nossos resultados também foram fruto de muito estudo tático. Até mesmo nossa primeira partida com derrota, teve a ver com isso. James, Frank, expliquem.” 

— Ok, primeira partida contra Uagadou, na casa deles. - Frank tomou a dianteira, olhando como se precisasse de muito para lembrar daquela partida horrorosa. – Tínhamos um plano, mas não tínhamos um time. 

Longbotton olhou pra Potter com aquela cara lerda dele e eu resolvi deixar eles darem um pouco dos bastidores de uma equipe de Quadribol para as crianças sonhadoras nessa sala. HaHa, as melhoras falas sempre ficam para eles, né? Eu nem estava naquele jogo, não tive culpa alguma naquele desastre... 

— Nem tudo são flores no jogo. - Potter pausou, tentando identificar a melhor forma de colocar aquilo. – No jogo contra Uagadou, sabíamos que dava para apertá-los com as nossas jogadas individuais, porque assim como nós, eles eram uma equipe fragmentada ainda, mas a nossa estava em um estado pior. 

— O nosso psicológico estava fodido, então perdermos mais tempo discutindo do que focando na estratégia que nos daria a vitória: mano a mano forte contra os artilheiros e nossos batedores com foco na defesa, protegendo a nossa retaguarda. - Frank completou e James dessa vez nem ligou que ele xingasse na frente de sua irmã. – Entretanto, o jogo foi uma bagunça tática para todo mundo, a prova disso foi o apagão que os africanos tiveram no final. 

— Eles nem de longe foram tão bons quanto poderiam ter sido e nós nem de longe fomos tão mal como merecíamos.  - James falou sincero e eu concordei, porque era bem aquilo mesmo, merecíamos perder de lavada. – Por isso nós da Grifinória paramos de lutar, parámos de nos colocar do lado das outras seleções e contra nós mesmos, afinal todas as Casas agora eram uma só.  

— Eu havia brigado com Cesc aqui por coisas bobas, queria ser o capitão da equipe a qualquer custo e quando vi o desastre que éramos, a confusão em que havia me metido... Decidi que a melhor estratégia era me retirar do páreo e apoiar o capitão da maneira que podia. - Longbotton deu de ombros, quando eu o encarei surpreso. – O quê? Eu gosto de ganhar e esquemas táticos também podem ser aplicados fora do campo: poupar recursos, manter a calma, acreditar no plano traçado... Tudo isso ajudou de alguma forma. 

— Mas você bem que gosta de me irritar ainda, não é?  - Perguntei para esclarecer as coisas, antes que o Papa viesse do Vaticano para canonizar esse santo aqui. 

— É só pra manter você ligado. 

— Até parece! Antes que as asas desses anjos na terra apareçam, vamos ao esquema tático da Durmstrang, porque o jogral de vocês já está me dando sono e não foi pra isso que vocês vieram. - Peguei na mesa as esferas com as cenas que eu havia escolhido e atirei uma delas no chão, fazendo a cena do jogo no Japão se desenrolar na nossa frente, Durmstrang e o time da casa frente a frente na tela. – Longbotton fala do esquema da Durmstrang e Potter das falhas dos japoneses. Valendo. 

— Ok, plano aéreo, por favor, capitão. - Frank falou assumindo seu jeito prático e eu atendi o pedido. Ajustei com a varinha a imagem, porque esse recurso de análise visual do jogo já era usado lá na câmara de treino.  – Desde o apito inicial podemos ver o posicionamento da escola ofensiva de Viktor Krum: vejam como os dois artilheiros fora da disputa já estão avançados. 

— Os orientais escolheram a marcação por zona, o que seria perfeito, se não fosse uma merda contra uma equipe que literalmente não sai do campo de ataque, prendendo todo o jogo em um só lado do campo. - James completou maldoso, como se o time que ele estava criticando pudesse prever o desastre que se abateria sobre ele. 

— Agora pessoal, isso é muito importante: conheçam sempre seus adversários. Dossiê Krum, Cesc. - Revirei os olhos para a pressa que Frank tentou me dar, enquanto eu procurava a esfera certa para pôr para rodar. Abri com cuidado, porque aquela eu não tinha cópia e tinha que devolver ao arquivo do técnico depois. – Aí está, Krum é cria de Artamanov, técnico conhecido por literalmente desenhar uma linha em seu plano de jogo, da qual ninguém podia passar. Caso o ataque adversário furasse a linha, o goleiro literalmente estava sozinho. Avança o jogo, por favor. 

Peguei o manual dos feitiço da empresa de Enrique e recitei o encantamento para ativar o aumento da velocidade na tela, em substituição a ficha técnica de Krum. O jogo com o ponto de vista aéreo era um presente para qualquer estrategista, então Frank começou a mostrar a equipe do norte da Europa mantendo a goles no campo japonês e até mesmo nas mãos dos adversários, como o pior presente de todos. 

Os japoneses se desgastavam e eram forçados a dar passes laterais sem sentido, buscando uma brecha para o gol, enquanto os búlgaros esperavam o erro e davam o bote. Era bem triste de ver, na verdade. 

Os contra-ataques rápidos, a maneira como os batedores complementavam o esquema mantendo a ação exatamente onde eles queriam, tudo era tão sincronizado, que, sob a narração de James dos japoneses, o jogo todo parecia uma dança bem coreografada pela Durmstrang. 

Meus alunos estavam muito entretidos, acrescentando observações e James Potter e Frank Longbotton obviamente estavam dominando o palco perfeitamente sem a minha ajuda. Peguei meu caderno de jogadas e comecei a preparar meu próprio dossiê sobre cada seleção semifinalista e quando o último lance do jogo de Salem contra Beauxbatons dançou na tela, após quase duas horas de explanação, eu já havia sugado tudo de ideias que esse grupo podia me dar. 

Ah, não me julguem, eu preciso mostrar serviço! Os velhos lazarentos do Conselho colocaram um treino televisionado - gravado do jeito bruxo, já sabem - para daqui a algumas semanas e o senhor Dussel até conseguiu meu cargo de volta, para desespero do treinador Potter, mas eu tenho que mantê-lo!  

A essa altura ninguém tá muito focado no “como” eu vou fazer para continuar no trono de ferro, não é mesmo? 

E pelo menos Longbotton está sendo um bom menino, não tentando mais passar a perna em mim... É, acho que vai dar tudo certo! Hogwarts é uma terra de boas e inocentes crianças agora, né? Tudo vai dar certo. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Cês prestem atenção nas pistas que eu dou, viu? Rai ai!

Só para esclarecer as notas do cap passado, de forma alguma eu quero parar de escrever HOH, só andei me perguntando se não estava fazendo disso aqui um Lost ou qualquer outra série que começou bem e depois se enrolou.

Eu tenho um monte de ideias e gosto da rotina de escrever, só não quero estragar tudo enrolando demais, mas já que vocês não se importam com uma fic sem final a vista, vou continuar!

Bjuxxx