Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 82
Capítulo 82. Pela bondade de Merlin


Notas iniciais do capítulo

Tava meio tristinha pq não tô podendo responder aos comentários e só tinha chegado dois no último capítulo (provavelmente por causa disso), mas chegou mais dois hoje e vocês sabem q eu NÃO deixo de postar por causa disso e esse cap tá tão divertidinho e grandinho q eu quis trazer logo, tomara q curtam (e comentem).



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Capítulo 82. Pela bondade de Merlin 

Estava bastante concentrado na minha tarefa de busca no Google de Hogwarts, ou seja, a Biblioteca, mesmo que ainda pudesse ouvir os resmungos de Enrique a alguns passos de mim. Quando eu flertei com ele no corredor, não estava dizendo que tinha tempo a perder com ele, tava apenas flertando por flertar, a má interpretação alheia não pode recair nos meus ombros. 

— Não te chamei aqui, então não precisa ficar aí com essa cara de quem foi enganado. - Ele não disse nada, mas eu sabia exatamente a expressão que ele estava fazendo. Joguei mais um livro na pilha flutuante que tinha atrás de mim. – Aliás, você bem que podia me ajudar com minhas pesquisas... 

Me virei completamente pra ele, mas o grande idiota só me encarou com seu melhor olhar de desdém aristocrata. Enrique lembrava muito ao irmão mais velho psicopata quando fazia essa cara de entojo. Na verdade, agora que parei pra pensar, essa deve ser a característica padrão dos Dussel. 

— Eu não faltei a minha aula de Runas para ficar de bibliotecário pra você, Fábregas! - Ui, chamou pelo sobrenome, ele tá irritadinho!  

— Você faltou a sua aula, porque você é um desocupado que acha que tudo gira ao redor do seu... - Avistei um cabelo ruivo na estante seguinte e sorri pra mim mesmo. – Mas isso não vem ao caso, tenho coisas mais importantes pra fazer, crianças para aliciar, já sabe. 

— Eu não vou nem perguntar... -  Enrique se resignou e eu caminhei feliz em direção a Pottinha, Lena e Varvara, a terceira mosqueteira, com igual potencial de destruição das outras duas. 

— Meninas, que surpresa vê-las aqui. - Lena e Lily me cumprimentaram friamente, mas recebi um sorriso com covinhas de Varvie. Covinhas parecidas com as de Lia, então não me enganam. – E por surpresa quero dizer milagre, vocês não são do tipo que estudam. 

— Pois agora somos! - Lily retrucou irritada, segurando precariamente uma pilha de livros. 

— Por que? - Enrique poderia ter perguntado um debochado “desde quando”, mas isso não faria Lena respondê-lo tão rápido quanto aquele tom de incredulidade. Claro que ele não consegue entender a necessidade de amadurecer para os estudos em algum ponto da vida. 

— Descobrimos recentemente que é preciso ter uma média boa nas matérias pra fazer parte do time. - Encarei Lena meio surpreso e ela me olhou com suspeita. – Não é assim, capitão? Porque está no livro de regras... 

Ah bom, o livro de regras. Não vou dizer que está, nem que não está, porque honestamente, por minha vida, não saberia dizer o que tem naquele livro inútil e lógico que também não quero desestimular o estudo das crianças, mas olha, em um time com Romeo, Enrique e Tony, achar que média diz algo, é de uma inocência... 

— Tá demorando muito para responder, eu te disse que era idiotice, ele não se importa! - Lily falou subitamente animada e eu a encarei sério.  

— Me importo sim, ai de vocês que não estudem, querem acabar como Enrique aqui? - Apontei para o dito cujo encostado elegantemente em uma estante qualquer. Ele olhou surpreso com a menção de seu nome. 

— Como? Ricas? - Lily falou com as mãos na cintura e livros abandonados a própria sorte no chão.  

— Bem empregadas? - Lena completou, divertida, sabendo que aquilo iria me irritar. 

— Muito bem sucedido no que faz e parecendo incrivelmente bem enquanto faz tudo de bom que faz? - Varvara terminou sua frase sem sentido com um suspiro e todos encaramos ela com iguais níveis de “nossa garota, tenha dignidade”! Menos Enrique, que gostou muito. – O quê? Só estava entrando na brincadeira! 

— Achei que você gostasse de você sabe muito bem quem!  - Lily olhou indignada e a amiga morena deu de ombros.  

— Eu gosto... - Varvara olhou para Enrique com um olhar de admiração que eu fico feliz que ele não viu, já que estava espanando um pouco de poeira que caiu da estante em suas vestes.  – Mas o último jogo foi tão impressionante, que... 

— Ok, ok, não foi para isso que sai da minha rota de colisão para falar com vocês! - Cortei o assunto descabido, porque já tinha perdido tempo demais.  – Vim aqui porque estava precisando justamente de três garotinhas desocupadas, levemente perturbadas e com um senso de moral distorcido, para me ajudar em um projeto de pesquisa. 

As três cruzaram o braço sincronizadamente, como se algo do que eu disse fosse mentira e elas estivessem mesmo ofendidas. Ah, mas me poupe, essas criaturas devem ser a versão jovem e feminina dos L.P’s, não podem se ofender com tão pouco! 

— Cesc, você sabe mesmo o que está fazendo, não é?  - Enrique disse pimpão, enquanto se desviava de leve de uma Lily pouco disposta a lhe dar passagem. Olha, a ruivinha um dia vai ter que perdoar aquela brincadeirinha dele em seu primeiro ano, afinal, ele não fez tudo sozinho e eu não vejo ela chateada com a lareira. – Vou deixá-lo a sós com suas bandidinhas em miniatura, porque não posso ter minha imagem associada a isso. 

— Só com produtos defeituosos que explodem na sua cara, falcatrua entre parentes, assassinato e... - Lena levantou as mãos ante o olhar perigoso do herdeiro da indústria mais macabra que você respeita. – Não que seja tudo verdade, né?  

— A parte do assassinato bem pode ser. - Ele disse isso e saiu acompanhado pelos nossos olhares de receio, porque quando um sonserino ameaça,  o outro dorme de olho aberto. 

Assim que ele desapareceu pela porta da biblioteca dramaticamente, voltei a encarar as meninas com um sorriso doce no rosto.  

— O mais bacana é que ele vai ser um dos nossos convidados lá da escolinha do tio Cesc para crianças que não jogam Quadribol bem e não fazem outras coisas bem também. - Lily e Lena me olharam assustadas e Varvara apenas com uma expressão entre o “se ferraram” e o “que diabo de nome é esse?”, que consistia em um cenho franzido junto de um sorriso sacana. – A sigla é ETCC... Ah, não vai dar pra dizer não, é muito grande,  só checando no nosso papel timbrado. 

— Vocês tem um papel timbrado? - A única que não era minha aluna perguntou genuinamente curiosa. 

— Só no boleto de pagamento. - Disse, jogando os livros delas na mesa com um simples aceno de varinha. Depois algum ser iluminado arruma a bagunça para a velha Madame Pince. – Agora vamos tratar de negócios, porque o nosso tempo está acabando. 

***  

Levei as meninas para aquela sala de estudos abandonada, que até já havíamos usado como sala de reunião do Ocaso. Distribui um par de livro para cada e as três olhavam para mim e para os livros como se de alguma forma um de nós fosse sumir. 

— Deixa eu ver se entendi, você quer que a gente faça seu trabalho de História da Magia? - Encarei Lily com meu sorriso esperto de confirmação e ela se largou exasperada na cadeira, como se não soubesse lidar comigo. – Sério, que resposta você esperava receber? 

— Não é meu trabalho de HM, criança, é uma pesquisa encomendada... - Fiz um sinal para as três juntarem cabeça comigo, mas só Lena e Varvie fizeram. – Pelos iconoclastas!  

— Mentira! 

— Ai, nossa! 

— Mentira mesmo. - Essa última reação descrente só poderia ter sido de Lily. 

— Não preciso que vocês acreditem, na verdade, eu nem devia estar contando isso... Vocês sabem, não é qualquer um que eles escolhem como colaborador do Ocaso. - Falei desdenhosamente. As três se entreolharam e acenaram afirmativamente, como se tivessem chegado em um acordo tácito e mudo. 

— Ok, então prove. - Pottinha é mesmo irmã de James Potter, hein? Insuportável!  

— Tem um pergaminho aí? - Perguntei, nada intimidado. Lena tirou um da bolsa. 

Conjurei uma taça de água, escrevi um “ Iconoclastas, vocês estão aí, deuses maravilhosos? Ass: Fábregas” no pergaminho junto com o famigerado símbolo ômega de ativação e o enfiei no líquido até que ele se tornasse negro pela mistura da tinta com a água.  

Em um outro pedaço de pergaminho a prova exigida foi apresentada: 

Não ferra, Cesc, você já fez seu trabalho

— Oh, minha nossa, ele está falando a verdade! - Devia ter ficado ofendido com o tom descrente de Lena, mas preferi ser superior a isso tudo, porque sabia que John e sua doença chamada “corvinalzisse” iria responder automaticamente a mensagem. 

— Agora que as descrentes viram a verdade, vamos dividir os trabalhos: Lily fica responsável por Pompeia e sim, é porque seu cabelo é vermelho que nem o fogo do vulcão que destruiu a cidade. - Ela me olhou ofendida, mas eu não liguei. – Lena fica com Atlântida,  porque eu acho que você combina com cidades naufragadas, não sei porquê.  

— Isso é ofensivo, mas eu até que gosto de Atlântida... - Lena falou, já folheando o primeiro livro da sua pilha. 

— E eu fiquei com quê? - Varvara falou animada, me fazendo sorrir para ela. 

— Você ficou com o melhor, porque é a melhor aluna das três: você vai pesquisar sobre a cidade irmã de Atlântida, a única que sobreviveu a merda que se abateu sobre ela: Lemúria! 

— Curti! - Ela falou empolgada e as amigas a olharam com aquela invejinha típica de sonserinas.  

— Enquanto Lily e Lena pesquisam sobre os sinais que apareceram antes da derrocada de Pompeia e Atlântida, você,  Varvie, vai ver o contrário: o que foi que Lemúria fez para se manter de pé, bem, em parte pelo menos. 

— E por quê os Iconoclastas querem saber isso? - A ruivinha me perguntou com uma mão no queixo, passando um dedo da outra na lombada de um dos seus livros novos, já com preguiça de começar o trabalho. – Ou melhor, o que você vai fazer? 

— Vou pesquisar sobre um continente perto da América do Sul, recheado de ouro e prata, que também afundou na merda. - No caso, vou pedir a Clara pra pesquisar, porque aqui em Hogwarts não há nada sobre a civilização de Mu, mas Lily não precisa saber disso. – E precisamos pesquisar isso porque... 

Fiz suspense, até Lena dá um tapa forte na mesa, cansada de esperar. Dei risada. 

— Por que, Cesc? Desembucha! - A bonequinha demoníaca também perde a compostura! 

—  Porque Hogwarts pode entrar para essa lista maldita.  

Aa três me olharam solenes e eu levantei, com a certeza do dever cumprido. Não é porque a carta de Claire foi esquisita que eu ignorei as partes importantes que foram ditas, eu sei separar as coisas! 

*** 

Estava no meio do campo de Quadribol com as mãos no bolso encarando um Enrique de braços cruzados olhando para o horizonte daquele jeito meio poético dele. O cabelo estava muito comprido agora, passava dos ombros e isso já estava começando a me irritar... 

— Você desistiu de cortar o cabelo para sempre? - Perguntei em um tom bem tranquilo até,  mas ele me encarou enfezado.  

— Você tem se olhado no espelho? O meu ao menos parece que é proposital,  o seu só parece que você está com preguiça de cortar. - Olhei para um lado e para o outro, sem saber o que responder, porque na verdade é bem isso mesmo, eu estou com preguiça de cortar. 

O vento, muito meu amigo, jogou alguns fios na cara de Enrique e ele ficou lá tirando de cima dos olhos e da boca, olhando pra mim ameaçadoramente, só porque eu estava rindo. Não havia poesia nenhuma agora, me pergunto o que os fãs dele achariam dessa cena... 

— Não, mas falando sério, estava pensando em ir fazer um corte na vila nesse final de semana, você poderia vir também. - Ele tirou um cordão sabe-se lá Merlin de onde e amarrou o cabelo no coque mais desleixado que um ser com polegares já fez. 

E ainda assim ficou bom. 

— Não deixo qualquer um cortar meu cabelo... - Nossa, toda uma criança rica e mimada, revirei os olhos para a babaquice. – Não corto nem um fio sequer desde que o meu barbeiro morreu.  

Olhei para o rosto dele procurando algum vestígio de mentira, porque se esse for o caso traumático, o de um barbeiro familiar morto, nunca mais eu vou perturbar ele com isso. O filho da mãe deu um sorrisinho mínimo, não se aguentando em sua pele. Babaca. 

— Que ser humano horrível é você, fingindo a morte dos outros. - O recriminei sério,  mas ele só abriu ainda mais o sorriso. 

— Na verdade ele morreu mesmo, eu só estou me divertindo com sua cara de consternação. - Olha, vou te dizer, ainda mais filho da puta! Enrique agora estava dando risada mesmo, então eu o ignorei, porque Tony, Rose, Rebeca e Scorp estavam se aproximando. – Olha só, garotinho, encontro triplo! 

— Se comporte. - Sussurrei irritado para Dussel uma última vez, antes que os quatro convidados chegassem onde estávamos. – O que houve, trocaram Romeo por Weasley e Rebeca? Não estou reclamando, só estou curioso. 

— Na verdade eu já estou de saída, mas divirtam-se no parquinho, crianças. - Rebeca se colocou na ponta dos pés, dando um selinho em Scorp. Eu só ganhei um tchauzinho sem graça. Ah, que saudade dos velhos tempos... 

— E você, Weasley? Veio também só marcar seu macho sabe Morgana o porquê? - Enrique perguntou sem propósito algum, além de ter a ruiva fora dos nossos calcanhares. Mal educado...  

Rose piscou surpresa, provavelmente porque ela não fazia ideia de que Enrique Dussel sequer sabia seu nome e... Não,  espera! Rose tem ou teve uma queda por Dussel! Ah, não... Ah, não!  Melhor ela nem pensar em pensar em qualquer um que não seja Tony, senão... 

— Não vivo em função dos garotos, estou aqui profissionalmente. - Ela respondeu daquele jeito professoral de praxe e mesmo quando Enrique encarou sarcástico a mão dela segurando a de Tony, quando disse “profissionalmente”, ela não se intimidou. 

Obrigado por ser incrível, Rose Weasley! 

— Para de ser um pé no saco, Dussel, Rose vai fazer uma matéria para o jornal da escola. - Tony defendeu a namoradinha nova, ti bunitinho, pena que Enrique levantou a sobrancelha naquela expressão irritante “tá, que seja, não ligo”, o que é bem verdade. 

— Ok, crianças, sentem-se! Rose, vou pedir pra que você fique na arquibancada, se não se importa. - Ela já havia concordado com um aceno prático, se preparando para tomar um assento, quando eu completei a ordem, só porque eu não tenho maturidade alguma. – É que seu cabelo de fogo literalmente queima meus olhos quando o sol bate nele. 

Ela me olhou dos pés a cabeça e revirou os olhos. 

— Se fosse literalmente mesmo, eu já teria uma matéria sem esforço algum. - Sorri para a resposta engraçadinha da namoradinha do meu amiguinho.  – Não tenho tanta sorte assim. 

— Olha aí, Tony, toda afrontosinha ela, eu bem que te avisei... - Ele me olhou com um sorriso condescendente e tomou um dos quatro lugares na mesa bonitinha que eu arrumei para meus convidados ficarem. 

Era uma mesa roubada de uma sala de estudos, claro. Era grande, com direito a prancheta, pena, tinteiro e uma taça de suco de abóbora com brioche de chocolate para cada um dos convidados ilustres, só porque eu sou o melhor anfitrião do mundo e tenho que justificar o aumento da mensalidade da escolinha. 

Romeo veio correndo como se pudesse compensar o atraso esmagando a pobre grama já sofrendo com o frio que antecedia o início do inverno rigoroso da Escócia. Pobre de nós, neve já esperada para o final de semana e Romeo esperado para agora. 

— Está atrasado. 

— Tá, mas isso é um favor que eu tô te fazendo, então não conta.  - Ele se jogou de qualquer jeito na única cadeira vazia e tomou um gole gigante do suco. Ogro. 

— Veremos se não conta, seu traste. - Ele deu um risinho idiota e jogou um papelzinho para Enrique antes de se aprumar melhor na cadeira, se fingindo de profissional. Tenho pena dos professores, sério mesmo, esse negócio de bilhete na aula é irritante! – Agora que estamos todos aqui, vou explicar o que vocês vieram fazer hoje. 

Tive que explicar correndo, antes que os meus queridos alunos chegassem, o que os meus “jurados” iriam fazer hoje: 

Os inimigos alegariam que eu escolhi todos os caras sentados aqui só porque são meus amigos, o que é verdade, mas eu também os escolhi porque são todos campeões, jogam na seleção de Hogwarts e representam, cada um deles, uma posição diferente em uma equipe de Quadribol. 

Logo tive que dizer que eles estariam ali para avaliar os alunos e anotar bem bonitinho, com letra legível - olhei para Romeo ao dizer isso, porque ele só sabe fazer hieróglifos- qual aluno eles achavam que melhor se encaixava em sua posição.  

— Posso opinar a respeito das outras posições?  - Ah, mas que surpresa, Enrique querendo se meter no trabalho dos outros. Mas dessa vez eu sorri simpático.  

— Hoje pode, mas não se acostume. - Ele sorriu satisfeito e começou a rabiscar empolgado no pergaminho. – Para de escrever, os moleques nem chegaram ainda! 

— Mas eu já tenho muito o que dizer sobre eles. - Enrique nem sequer me olhou para dizer essa sandice e eu pude ver que os outros já anotavam qualquer coisa no pergaminho também, talvez só organizando as anotações, se Scorp usando a varinha como régua era indicação de algo. 

Romeo levantou a mão, depois de anotar uma palavra bem grande no pergaminho,  já que ele continuou escrevendo e escrevendo sem pausa, fazendo caras e bocas no processo. Estou aqui me perguntando porque ele estaria escrevendo “paralelepípedos” na prancheta dele. 

— Fale, Romeo. - Pedi com muito medo do que ia ouvir. 

— Você vai colocar todos os alunos para executar exercícios específicos da posição ou vai fazer algo mais prático, tipo um jogo treino? 

— Meu Merlin, eu estou impressionado! - Scorp realmente parecia muito surpreso, de boca aberta e olhos arregalados. – Romeo, você estava prestando atenção?  

Não foi nenhuma surpresa quando o “cansado de ser zoado por sua burrice, que continuará sendo zoado, porque continua sendo burro” Romeo deu um soco no braço de Scorp, que apesar da careta de dor, sorriu satisfeito,  porque ele não se importa em se dar mal, contanto que possa incomodar. 

— Vocês verão na hora, não me perturbem agora. 

Os primeiros alunos, corvinais, claro, começaram a chegar e eu me dirigi a Rose, subindo na arquibancada de vassoura, porque eu só falo com os pestinhas quando estão todos juntos.  

— Acha mesmo que vai conseguir uma matéria boa por aqui? - Ela colocou a mão nos olhos para conseguir me ver, por causa da luz do fim do dia antecipado pela iminência do inverno a atrapalhando. 

— Claro que sim, seu trabalho aqui é muito interessante, na verdade. - Ela puxou um bloquinho de notas e uma pena e me olhou de cenho franzido, por causa do sol. – Agora me diz uma coisa, é verdade que o plano inicial era só um grupo de Quadribol para sonserinos? 

— Sim. - Respondi de boa, mas ela ficou esperando algo mais, então eu complementei. – Sim, é verdade. 

Ela revirou os olhos, mas estava bem humorada, provavelmente porque Tony está “cuidando”  bem dela. Que ele não me ouça, já que está todo melindroso com Rose, aquele grande idiota. 

— Por que mudou de ideia então? - Ela fez sua cara curiosa e eu me encostei na amurada, segurando a vassoura contra o peito, de braços cruzados, vendo de cima que agora a turma estava completa. 

— Porque sua prima tagarela trouxe gente de outras casas e eu tenho um coração mole, já sabe. - Ela deu um sorrisinho de quem sabia mesmo e eu acrescentei articulando bem as palavras para ela anotar direitinho. – Cooraaçãooo moooleee. Anotou? 

— Sim, claro, vá fazer o seu trabalho que eu vou... Ah meu Merlin, seu idiota! - Rose falou isso com a mão no coração duro dela, suponho, só porque eu desci da arquibancada do mesmo jeito que cheguei: de vassoura. A única diferença foi que eu me joguei da amurada, como Romeo gosta de fazer. – VOCÊS JOGADORES NÃO TEM JUÍZO NENHUM, FÁBREGAS! 

Meus aluninhos me olharam chegando triunfalmente, porque não tem anúncio melhor do que uma ruiva desvairada gritando seu nome. Sorri para todos eles. 

— E então, criançada? Preparados para o último treino do ano? 

*** 

Estava conferindo as últimas anotações dos caras, haviam algumas discrepâncias de julgamento entre eles, tipo Enrique sendo o único a colocar Lily de goleira - bem idiota e infantil da parte dele - ou Cameron sendo colocado por cada um em uma posição diferente, porque ele era mesmo muito bom ou ainda com Basil não sendo colocado em posição nenhuma, porque ele era mesmo muito ruim.  

Mas o restante não havia grandes surpresas, Marco realmente seria uma boa opção de goleiro para mim na próxima temporada, Meissa e Brianna foram escaladas como artilheiras por todos e até mesmo Simon, contra todas as probabilidades, provou que realmente podia ser um batedor digno para a Corvinal. 

Agradeci aos meus convidados pela participação e prometi a eles que no ano seguinte, assim que as aulas voltassem, iria marcar com cada um deles um treino temático por posição.  Não sei se eles ficaram lá muito empolgados por ter trabalho a mais, mas eu ligo muito pouco para o querer deles. 

Agora, eu ligo muito para Tony dispensando a namorada alguns minutos antes da hora do jantar para “resolver coisas com os caras”. 

— Você trouxe o você sabe o quê?  - Ele me perguntou sorrateiramente assim que Rose dobrou a esquina a nossa frente. Eu não entendi do que ele estava falando. 

— Epa, o que vocês estão cochichando aí? Estão traficando os ossos do lorde das trevas ou algo do tipo? - Scorp falou tão afetadamente, que conseguiu chamar a atenção de um grupo de lufanas mais a frente. Valeu pela sutileza e discrição, enviado do capeta! Tony deu um cascudo nele. – Oucht, ainda não sei porque me dou ao trabalho! 

— Não é nada ilegal, loiro lombriga, só estou querendo saber se Cesc trouxe aquele ingrediente importante para a gente terminar de fazer nosso trabalho de poções... - Tony fez uma ênfase tão esquisita no “ingrediente” que eu levei dois segundos olhando para a cara tapada dele, até cair na real sobre o que ele estava falando. 

— Ah sim, o ingrediente, lembrei! - Ou melhor dizendo, a capa da invisibilidade de Harry Potter, que será usada para motivos pouco nobres e ortodoxos na noite de hoje. – Nós temos mesmo certeza sobre a formulação dessa poção, Tony?  

Seria pedir muito para que o Senhor tocasse a alma de Tony e fizesse ele sair do mau caminho?  

— Temos certeza sim, para de ser um franguinho chato! - Tony rosnou e fez menção de me dar um soco, mas Scorp nos afastou pelo peito. 

— Vocês, pelo amor de Merlin, não sejam pegos no que quer que estejam aprontando, é só o que eu peço. - Ele tirou as patas albinas de cima da gente, consertando arrogantemente os punhos da camisa por debaixo da capa da escola. – Já está ficando ridículo todos os anexos no histórico escolar de vocês.  

— Não seja ridículo você, só tem um anexo no nosso histórico!  - Falei ofendido e o loiro aguado olhou de mim para Tony com desdém.  

— Vocês estão apenas no quarto ano, tenho certeza que um não será suficiente por muito tempo... 

— Scorp, corra agora ou arque com as consequências. - Tony falou isso enquanto pinçava a ponte do nariz com os dedos e antes que ele levantasse a cabeça, o loiro já tinha sumido. – Nos livramos dele, agora ao trabalho, excelentíssimo senhor Fábregas. 

— Não venha me bajulando não, ainda acho seu plano uma merda. 

E uma merda ele foi. 

*** 

Usar a capa da invisibilidade acompanhado é sempre um risco, mas ao menos Tony e eu tínhamos praticamente a mesma altura e depois de uma discussão sussurrada, conseguimos meio que sincronizar os passos. 

— Dá pra parar de pisar no meu calcanhar? - Tony parou pela milésima vez e eu apenas dei um peteleco na orelha dele, porque ele é um grande bebê chorão.  

— Não! E por que você tem que ir na frente, de qualquer forma? - Perguntei indignado, porque essa é mais uma daquelas decisões arbitrárias do senhor Zabini, que não tem nenhuma razão de ser. 

— Porque eu sou o cabeça do plano, agora fica quieto e para de me sabotar! - Viram? Sem nenhuma razão de ser. – Estamos quase chegando no quadro da Mulher Gorda e vamos ter que esperar algum grifinório estúpido falar a senha, então entramos junto com ele e o resto do plano você já sabe. 

— Sei mais ou menos... - Resmunguei para mim mesmo. 

— Sabe o suficiente, agora SHIU! 

Continuamos o caminho ascendente para a Torre da Grifinória,  lá no longínquo e isolado por questões de segurança das outras casas, sétimo andar. Sorrateiramente aguardamos por um aluno que nos desse o passe de entrada e não demorou para Stoddard, um garoto do nosso ano cuja a própria existência é absurda, aparecesse com um outro garoto igualmente mal diagramado. 

— Fada mordente. - O garoto falou a senha entediado e um grande buraco na parede se abriu para o famigerado Salão Comunal da Grifinória.  

Bem, era uma overdose de grifinorice mesmo.  

Parecia que havíamos chegado literalmente no inferno, porque tudo era em tons de vermelho e dourado, exatamente como eu imagino meu futuro lar para a eternidade. O papel de parede levemente desbotado tinha criaturas mágicas em tons terrosos misturado com ouro gravadas e do estofamento das poltronas, a cornija da lareira, tudo ali aparentava cada século de vida de Hogwarts.  

Tony fez um esgar horrorizado e eu dei tapinhas consoladores para ele se acalmar, porque um vômito saído do nada, seria muito, muito suspeito. Ele balançou a cabeça para desanuviar o pensamento e então seguimos para a escada de madeira escura, provavelmente única coisa discreta e não agressiva aos olhos do lugar. 

Os corredores do primeiro nível ainda tinham alguns alunos e começavam pelos quatro primeiros anos, duas portas de cada lado, mais uma escada, os três anos seguintes e uma terceira escada, que devia dar nos dormitórios dos monitores-chefes, caso algum deles ou os dois, fossem grifinórios.  

Tony sinalizou a porta do meio quando chegamos no segundo piso, com um seis óbvio e - surpresa! - dourado, então esperamos o corredor cair em um silêncio tranquilo, antes dele empurrar de leve a porta do quarto. Mas é claro que a dita cuja gemeu feito uma prostituta bem paga, Tony virou para mim com uma careta e eu fiz sinal para que ele continuasse empurrando ela, agora a merda já estava feita. 

A porta foi aberta apenas o suficiente para passarmos e quando eu fui fechá-la, ela fez tanto barulho que preferimos deixar aberta mesmo, ia ser outra putaria na saída e eu não estava disposto a ouvir o “nheeeeeemmmm” infernal dela tudo de novo! 

Para a nossa sorte não havia ninguém no quarto, o que era bem pouco provável de acontecer, já que haviam cinco camas grandes - quase um albergue de mendigos - cheias de cortinas e um monte de coisas grifinórias demais para o meu cérebro processar. 

Tinha três delas bem vazias e tristes, sem muita bagunça ao redor, então supus que eram as camas de Longbotton, Segundo e James, que eram obrigados, assim como nós, a usar o dormitório do dirigível ou o nosso oficial. 

Todos na seleção tinham três camas para chamar de sua agora, menos Enrique que tem quatro, então fui obrigado a perguntar a Tony, hoje mais cedo, como ele podia ter tanta certeza que James Potter guardava suas poções teste no da Grifinória, especificamente.  

Ele me respondeu um “Não seja burro, Cesc, é claro que é no da Grifinória, que sempre foi o domínio dele, cercado por seus capangas e comparsas e bem longe de Enrique!”. É,  ele tinha um ponto válido e eu me senti meio burro mesmo. 

Mas voltando para a cena do crime, demos uma olhada na primeira cama vazia, que tinha umas caixinhas suspeitas debaixo e um livro de como cultivar herbáceas hidropônicas - erva, gente, isso é ERVA! - esquecido e cheio de teia de aranha, então dei um tapa na mão de Tony quando ele fez menção de olhar dentro de uma das caixas. 

— Você não vai querer que suas digitais estejam aí quando a Narcóticos fizer uma batida nesse pardieiro. - Falei sério e Tony abandonou a ideia de mexer nas tralhas de Frank Escobar ou Pablo Longbotton, não sei, ainda não decidi. 

— Só para saber, eu não entendi quase nada do que você disse. - Revirei os olhos para a falta de conhecimento de mundo que Tony ainda tem, mesmo depois de 4 anos com o melhor especialista em mundo trouxa que alguém poderia sonhar!  

Seguimos para a cama número dois, inofensiva na superfície, cheia de mistérios nas profundezas, não precisou de muita coisa para sabermos que havíamos chegado ao território do Papai Urso, porque sim, estamos revivendo o conto da Cachinhos Dourados: 

— Segundo? - Tony perguntou divertido. Apanhei uma sacola estranhamente largada no chão, o movimento meio limitado pela capa ainda posta, porque aprendi algo com o mestre dos trambiques: nada de se revelar em campo inimigo. 

— Segundo.  - Confirmei ao enfiar o braço até o ombro na sacola que, aparentemente, não tinha nada dentro. Lembrava muito ao baú herdado por John, então provavelmente precisaríamos de alguma chave para acessar o arsenal dele, mas não custava checar as gavetas, já que estamos aqui, né?  

Tudo no território de Fred era extremamente limpo e organizado - com exceção da sacola - mas não de um jeito obsessivo, era apenas como se a mente dele funcionasse logicamente em cada milésimo de segundo e por isso mesmo não fizesse sentido deixar algo jogado aqui ou uma poeira acolá.  

Era esquisito. 

Tony abriu a primeira gaveta da cômoda dele com extremo cuidado, fazendo caras e bocas a cada centímetro deslizado, mas ao abri-la o suficiente para vermos o que tinha dentro, nada aconteceu. 

Respiramos aliviados, dei até um riso nervoso, porque não é como se Segundo fosse um gênio do crime nem nada... 

— Então... O que temos aqui? - Tony pegou um dispositivo bizarro, parecia metade tecnologia trouxa e metade bruxaria, como uma daquelas peças de steampunk que se vê a venda na internet. Ele deu de ombros e colocou a peça no lugar. 

— Isso aqui é de Uagadou, eu estava lá quando ele pegou. - Peguei um dos artefatos que Fred confiscou para si na nossa visita ao Poço dos Desejos, na época não pude ver bem o que era, mas a madeira escura trabalhada era muito característica. – Será que ele descobriu pra que serve? 

Era uma espécie de caixa de música, que ainda tinha um pouco do acabamento rústico africano em madeira, mas as peças pareciam que tinha sido reviradas do avesso, parte das engrenagens estava para fora e havia uma pequena esfera com um pozinho azul, tipo uma mini ampulheta, unindo tudo. Coloquei o troço de volta em seu lugar depois de dar uma boa olhada nele. 

— Fred Weasley II é muito estranho, melhor deixar as coisas dele em paz. - Tony disse solene e eu concordei com um aceno de cabeça que ele mais sentiu do que viu, pelo movimento da capa, já que estava muito preocupado em fechar a gaveta de volta. – Droga, tá emperrada! 

Ajudei ele, porque não era questão de força e sim de jeito, então a bonitinha da gaveta deslizou faceira de volta para o seu lugar, o deixando irritado por ser tão ogro. 

— O que seria de você sem mim? - Sorri divertido e ele apenas revirou os olhos. 

— Cala boca que ainda nem chegamos no nosso objetivo real! -Tony tinha razão, para quem estava ilegal em território inimigo, estávamos sendo bastante lerdos! 

— Ok, vamos. 

Fomos para a terceira cama, aquela que era ideal e perfeita pra gente, assim como o prato de mingau que não estava nem muito quente, nem muito frio e tal qual a Cachinhos Dourados original, não resisti e me joguei nela. 

— Mas que porra você tá fazendo? - O movimento brusco tirou a capa de cima de nós,  então pude ver a expressão de puro horror de Tony enquanto eu me espreguiçava na cama, a cara dele estava hilária! – Desce daí agora, Cesc! 

— O que acha que James Potter iria dizer se soubesse que eu estou literalmente me esfregando nos lençóis dele? - Fiz um anjo de neve sem neve no edredom vermelho e macio do senhor puritano Potter e Tony apenas encarou a porta, pálido. – Ele está na porta, não está? 

Aqueles segundos onde você pensa de olhos fechados e conformado “é, foi uma vida boa, não longa, mas boa de verdade, embora inútil“. 

— Eu estava esperando por isso, dado o nosso histórico de azar, mas não, ele não está. - Tony falou isso respirando fundo e esfregando as mãos no rosto, de olhos fechados. Respirei aliviado também, agora de olhos bem abertos. – Merlin é bom e ainda está do nosso lado, por favor, Cesc, não teste a bondade dele, volta para a capa. 

Meu amigo nem precisou pedir duas vezes, voltei para a capa da invisibilidade e fui finalmente fazer o que viemos fazer aqui: achar uma poção adaptada, simples, que a gente consiga ao menos descrever para que serve, para entregar a Savage na segunda e fazer Lupin chorar de raiva pelo nosso sucesso. 

Provavelmente esse último não acontecerá.  

Em um silêncio profissional, investigamos a última das camas desocupadas no quarto do sexto ano da Grifinória. Tony usou um simples alohomora para abrir um baú grande, que ocupava quase metade do espaço debaixo da cama de James. 

Fiquei até ofendido com a facilidade com a qual James Potter guardava seus tesouros, porque ao abrir o baú puxado para fora com muito esforço, descobrimos todo um pequeno laboratório de refinamento de drogas dentro dele. 

Tá, não era de drogas, mas era um baú ampliado magicamente para caber frasquinhos com folhas, pós e líquidos suspeitos,  que variavam de lodo até água límpida - acho. No fundo tinha cadeirões, pinças, tubos de ensaio e até um daqueles aquecedores com um tripé de ferro. 

James é um cara preparado. 

— Meu Merlin, eu poderia beijar James Potter! - Olhei para meu amigo sem dignidade, porque eu nunca diria uma coisa dessas em voz alta, não importa o quê. Estávamos ajoelhados, Tony sentado sobre os próprios pés, olhando o que deveria ser o paraíso dos alunos medíocres em Poções!  

Tinha vidrinhos de todos os tamanhos, cores e formatos, dentro de pequenos compartimentos, junto com pergaminhos, cobrindo toda a parede esquerda do baú. Tony abriu o primeiro papel e eu vi, por cima de seu ombro, que se tratava de todas as observações e alterações, mais as descrições dos efeitos esperados e obtidos da poção ao lado. 

— Olha que lindo, Cesc! Só vamos precisar achar a receita da poção original e escrever um relatório menos bom que esse, porque senão Savage vai desconfiar. - Tony guardou de volta aquela primeira poção, porque nunca que quartanistas medíocres iam conseguir fazer um elixir da mente rápida, pior ainda adaptá-lo!  

— Tony, você chama método de preparo de receita, Savage vai desconfiar da gente pelo simples fato da nossa poção não explodir na cara dela! - Ele deu risada e catou o próximo frasquinho, passando por debaixo da capa com certa dificuldade. 

— Que tal um... Preparado de zingmo... Zibi... 

— Se você não sabe pronunciar, não vamos levar de jeito nenhum!  - Dessa vez eu tentei a sorte e peguei um frasco bojudinho, de uma coloração azul meio perolado, tipo sabonete líquido de  shopping. – Que tal uma poção do sono leve? 

— Serve pra quê? Por que alguém iria querer ter um sono leve? - Tony me perguntou confuso de verdade, então passei o vidro pra ele e abri o pergaminho de instruções.  

— “Da série erros que viram acertos, essa poção ficou ideal para os dias que estou muito cansado e preciso de meia hora de um descanso revitalizador, mas não posso cair em um sono profundo.” - Recitei o primeiro parágrafo da definição e olhei para Tony, animado. – Parece bom. 

— Parece ótimo, estamos desesperados, não dá pra ficar escolhendo! - Ele enfiou o frasco no bolso interno e travou a tranca do baú, mas quando já estávamos prontos para levantar, a porta do quarto foi escancarada, tanto que bateu na parede com um estrondo. 

— Fred, pelo amor de Merlin, isso tá virando obsessão! - A voz de James reverberou pelo aposento e eu arregalei os olhos pra Tony, porque, PUTA QUE PARIU, ELES ESTÃO AQUI! Nos encolhemos ainda mais ao lado da cama. 

— Não é obsessão, meu feitiço alarme foi ativado e aqui, minha gaveta foi mexida! FILHOS DA PUTA! - Segundo falou irritado, acertando um chute raivoso na pobre cômoda. Isso explica porque ela tá toda empenada! 

Tony fez sinal para que eu rolasse junto com ele para debaixo da cama de James e eu rezei para todos os santos que eu conheço, para nem fazermos barulho e muito menos deixar algo de fora da capa com o movimento. 

— Calma, cara, deve ter sido Albus procurando alguma coisa, você sabe como aquele moleque é sem noção. - Ah, que beleza, Longbotton também veio! Ouvimos o som dele se jogando em sua cama, provavelmente muito chapado para se sustentar em pé.  

— A punição de Albus tá quase extrapolando o limite, daqui a pouco só a cadeira elétrica vai resolver, mas tenho certeza que dessa vez não foi ele, tá tudo arrumado demais, como se ainda estivessem... 

Fred parou de falar e apenas ouvimos os passos dele se aproximando da cama de James, meu Merlin, que psicopata, o que ele vai... Ele levantou o lençol da cama onde estávamos escondidos embaixo e é sério, meu coração não parou de bater apenas por tecnicalidades. 

— Alguma coisa? - James perguntou soando longe e Fred ainda olhava para o exato lugar onde estávamos, com o cenho franzido. Nem mesmo piscando eu estava, acho que nunca mais vou voltar a piscar na vida, na verdade. 

— Não, mas tenho quase certeza que você não deixou seu baú aqui fora... Ou deixou, James? - Segundo se levantou e eu vi os sapatos de James se aproximarem de sua cama, ele chegando até a se inclinar nela, provavelmente para ter uma visão melhor do dito baú.  

— Devo ter deixado... Olha, quer saber, Fred? Frank tá certo,  isso é falta de uma boa foda, vou te arrumar uma garota para o final de semana. - O tom do Potter não tão puritano assim soou divertido, enquanto os passos dele iam para longe da gente.  

— Eu estou falando sério, Jay, se... Espera, o que vocês estão fazendo? - Um barulho de corpos batendo, mais a risada de James e Longbotton aos sons de “vumbora” e “para de maluquice” soaram pelo quarto. – Deixa eu pelo menos... 

A última tentativa de Segundo de permanecer no quarto foi finalizada com o baque surdo da porta. Respirei fundo, mas ainda silenciosamente, porque esse foi o melhor som que eu já ouvi na vida! 

— Minha Morgana de lingerie, eu vi minha vida passar diante dos meus olhos... - Tony sussurrou e eu nem pude culpá-lo, coragem sonserina até existe, mas é limitada e nunca em um dois contra três com caras dois anos mais velhos. – E que vida bandida, viu? 

Eu ri e o abracei de lado, ai meu Deus, vida bandida mesmo! 


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Notas finais do capítulo

Quem achou q Tony e Cesc iam rodar dessa vez? Eles bem q mereciam, esses vadios q me forçam a escrever essas maluquices...

Bjuxxx